Uma actualização deste post.
«Economia portuguesa confirma tendência de retoma», título do Público de ontem para noticiar o crescimento homólogo no 1.º trimestre de 1,4% contra um crescimento da zona euro de 1% .
Recordando a espiral recessiva:
A propósito das «Projeções para a economia portuguesa: 2014-2016» do BdeP resumidas no quadro acima, divulgadas 4.ª feira, pareceu-me oportuno revisitar as previsões da «espiral recessiva» que percorreram um caminho que descrevo a seguir por ordem cronológica.
«Portugal corre o risco de entrar numa espiral recessiva» postulou em Outubro de 2011, Manuela Ferreira Leite, várias vezes ministra em governos anteriores, que parece ter sido a criadora da versão doméstica desta espiral, fazendo o papel de precursora das análises da Mouse Square School of Economics.
«Todos os indicadores económicos e financeiros apontam para que Portugal esteja numa clara e indiscutível espiral recessiva», disse em Janeiro de 2012 Carlos Zorrinho, nessa altura líder parlamentar do PS.
«É a espiral recessiva, estúpido!», titulou num artigo publicado em Novembro de 2012, João Maynard Galamba da Mouse Square School of Economics, talvez o maior teórico nestas matérias.
«Temos urgentemente de pôr cobro a esta espiral recessiva, em que a redução drástica da procura leva ao encerramento de empresas e ao agravamento do desemprego», prescreveu na mensagem de ano novo de 2013, Cavaco Silva, economista da escola do Maynard adoptando assim, com mais de um ano de atraso, o prognóstico da sua amiga MFL.
«Estamos mergulhados numa espiral recessiva», garantiu em Março de 2013 Eugénio Rosa, um especialista em economia soviética.
Passos Coelho colocou o país «nesta crise social e na espiral recessiva», disse em Abril de 2013 António José Seguro, o sucessor de José Sócrates que colocou o país na bancarrota.
«Urge uma inflexão das políticas do Governo porque mais políticas de austeridade agravam a espiral recessiva do país», advertiu em Maio de 2013 Carlos Silva secretário-geral da UGT.
«Portugal está numa espiral recessiva que leva à harmonização no retrocesso e só há uma forma de responder a isto, é vencer o medo, o que implica promover o colectivo e a coesão», vaticinou em Janeiro de 2014 Carvalho da Silva, ex-dirigente do PCP, ex-dirigente durante 35 anos da CGTP, putativo proto candidato a presidente da República e promotor do movimento 3D para as eleições europeias.
«Política de desastre nacional, que aumenta o desemprego, a exploração, as injustiças e desigualdades sociais, compromete a soberania e independência nacionais e mergulha o País numa perigosa espiral recessiva», escreveu-se no editorial do Avante em Fevereiro de 2014, com bastante atraso, que devemos relativizar porque ainda hoje, decorrido um quarto de século, os comunistas não se aperceberam do colapso da Pátria do Socialismo e continuam a prescrever a colectivização da economia que os seus homólogos em todo o mundo (excepto, por enquanto, da Coreia do Norte) já abandonaram.
Não é extraordinário que todos estes videntes, e ainda a legião que ficou por citar, tivessem antecipado uma espiral recessiva, que de facto poderia acontecer, e não tivessem antecipado a espiral progressiva da dívida pública e privada?
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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