[Continuação de (1) e (2)]
Segundo os jornais, 350 farmácias já foram penhoradas, 48 estão em processo de insolvência, 457 têm processos judiciais, 1.000 têm o fornecimento de medicamentos suspenso por grossistas, 10 fecharam temporariamente e em média cada farmácia perde 40 mil euros por ano.
João Cordeiro, o presidente da ANF, um sujeito até recentemente com um poder imenso que reduziu há 3 anos o «animal feroz» José Sócrates à condição de cordeirinho, lamenta-se estar o sector «ingovernável» e dos «60 milhões de euros (que) vão ser retirados à facturação da farmácia» em 2013, como se trata-se de uma quota que é devida por direito divino ao lóbi.
Com o seu estilo faz que não anda mas anda, Paulo Macedo, o ministro da Saúde, que um dia uma «tia» do grupo Mello me disse com desprezo mal disfarçado ser filho de um operário da CUF (*), tem vindo a apertar o garrote e em Março haverá uma nova queda de 8% dos preços dos medicamentos em resultado de uma nova forma de cálculo. Nos últimos 3 anos a facturação com medicamentos reduziu-se mil milhões de euros queixou-se João Cordeiro e alguns medicamentos custam agora apenas uma fracção do que custavam.
Como chegámos ao ponto de ter quase 3 mil farmácias, a maior parte delas inviáveis, como agora se está a ver? À custa da cartelização dos preços e de margens brutas inimagináveis num mercado concorrencial. Se a facturação segundo a ANF se reduziu mil milhões de euros por ano, sem que isso tivesse efeitos negativos visíveis, significa que todos os anos se engordarem de muitas centenas de milhão as despesas do SNS e do mesmo passo se inchou o défice e a dívida pública.
Os patetas e os patéticos que chamam gatunos aos cobradores de fraque agora no governo deveriam lembrar-se de todos estes rios que alimentaram durante décadas o mar de dívidas onde nos afogamos.
Informação de última hora: dado o papel que João Cordeiro desempenhou no saque do SNS, quem melhor do que ele para ser o candidato do PS à presidência da câmara de Cascais?
(*) Esclarece amavelmente jsn neste comentário que o pai de Paulo Macedo é o artista plástico e poeta Moita Macedo. Isso não muda nada na boa conta em que o tenho, mas mostra que a «tia» em causa além de preconceituosa está mal informada (como eu, que, aja deus, ao menos, escapei ao preconceito).
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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11/01/2013
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: O caminho fez-se caminhando (3)
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1 comentário:
"For the record": Paulo Macedo é filho do artista plástico e poeta Moita Macedo, infelizmente já desaparecido.
Trabalhou na Siderurgia Nacional.
Ignoro os seus primeiros passos no mundo do trabalho,mas o comentário da "tia" ( em português corrente a coisa podia ser dita de outra maneira...), bem elucidativo do povo que somos,só vem trazer "valor acrescentado" ao progenitor do ministro...e ao próprio.
Cpmts.
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