Estamos no país que tem o nível de vida mais baixo da Europa dos 15 e está a caminho de ser sucessivamente ultrapassado pelos outros 10, saídos das ruínas do colapso do comunismo. Como conseguimos ter mais telemóveis do que habitantes, mesmo contando os cidadãos que se babam? A explicação é fácil, dirão: saímos do fassismo com um grande défice de comunicação e um telemóvel pode comprar-se por uma pequena fracção do salário mínimo e pode ser usado apenas para receber chamadas de quem tem mais do que o salário mínimo.
Mais difícil de explicar é como os portugueses conseguem aumentar o número de automóveis por 1.000 habitantes de 258 em 1990 para 572 em 2004, ganhando uma honrosa medalha de bronze, apenas suplantados pelo Luxemburgo e pela Itália. Aqui trata-se não já de uma fracção do salário mínimo mas um múltiplo, que não é inferior a 25 para o chaço mais baratinho do mercado (excluindo as trotinetes com 4 rodas e um motor de 50cc).
Quem não deve achar piada a estas performances são os contribuintes alemães que pagam uma parte da nossa festa, financiada com os fundos comunitários. Aguentam-se com estoicismo porque recebem a grana de volta dos portugueses mais abonados que compram os seus carros, todos eles mais caros do que a concorrência, mas com um certo charme (os pretos sobretudo) que atrai irresistivelmente as nossas classes A e B, bem como os servidores do estado que também um penchant pela espécie.
(Fonte: Jornal de Negócios)
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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