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14/12/2003

ESTÓRIA E MORAL: Em memória de Saddam – um caso de psicose varonil de origem maternal.

Intróito
A minha amiga e mentora doutora Ana, que também dá aulas na universidade da terceira idade, está a trabalhar numa tese com o título "A disfunção maternal na construção do self identitário dos filhos varões - Uma contribuição para a compreensão das psicoses varonis de origem maternal". Apesar desse título, a tese foca mais as consequências na formação da personalidade do jovem varão resultantes dum pai ausente ou dum pai frouxo, cujo papel é apropriado por uma mãe, por necessidade, no primeiro caso, ou por desígnio no segundo.
Foi a doutora Ana que me chamou a atenção, há uns meses, para a estória que agora recordo no Impertinências, em memória desse grande líder da resistência à hiperpotência, poucas horas após ser conhecida a sua captura pelas forças de ocupação, como lhes chamou justamente o doutor Sampaio, há uma semana em Argel.
É uma grande perda para a luta de libertação. Doravante maiores responsabilidades recairão sobre outros grandes vultos do combate à hegemonia da hiperpotência: Arafat e Ben Laden, na frente, e na retaguarda onde, para só citar o nosso país, se destacam o professor tele-evangelista Louças e o doutor Carvalhas.

Estória
«Pela parte do pai, Hussein, que faleceu antes do seu nascimento, Saddam pertence ao clã al-Majid; pela mãe, Sabha, ao al-Tifah. Sabha, por decisão paterna, acaba por casar - como segunda mulher - com Ibrahim Hassan. Este é primo em terceiro grau de um meio-irmão de Sabha, Khayr Allah, e pertence ao clã al-Muhammed. Saddam passa, assim, a integrar um outro clã que já não é o do pai nem da mãe mas do padrasto.
A infância de Saddam não parece ter sido feliz: criança belicosa, não se sentia particularmente amado em casa do padrasto e, mais tarde, revelou preferir os violentos jogos de rua à escola. Aos 14 anos, a situação torna-se intolerável para Saddam - que tem de partilhar a mãe com mais três irmãos - e opta por fugir para a casa do tio materno, Khayr Allah, regressando assim ao clã al-Tifah

(Lumena Raposo, no DN de 6 de Abril 2003, salvo erro)

Moral
Uma psicose varonil de origem maternal pode ser mortal para muita gente - mesmo para o próprio doente.

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