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07/10/2003

Diário de Bordo: a oposição radical chic em acção, vista de Melmac.

A estória é conhecida, ou melhor tem partes conhecidas e outras especulativas.
A menina Diana tinha média de 18,5 para entrar para Medicina mas, à cautela, requereu a admissão na quota reservada aos filhos dos diplomatas que concluíram o 12º ano no estrangeiro. Não era o caso dela porque o último ano foi feito em Portugal e no Liceu Francês (a segunda é uma excelente escolha).
O colega de governo do pai dela deferiu o requerimento, o que segundo as luminárias jurídicas não se sustenta na lei. O colega diz que voltaria a fazer o mesmo e o pai diz que não pediu nada ao colega. Este demitiu-se a semana passada e o pai demitiu-se hoje.
No entretanto, esta trivialidade ocupa desde então as pantalhas da comunicação social, ofuscando assim o caso Casa Pia, e mantém toda a oposição ocupada a masturbar-se, liderada pelo tele-evangelista radical chic Sr. Prof. Louçã que pediu um inquérito parlamentar à actuação dos dois ministros por uma comissão eventual porque, segundo ele, as instituições democráticas estão em perigo.
Se já estava embasbacado, mais fiquei quando recebi, caída em plena sopa do jantar, uma chamada de Melmac a pagar no destino. Era um telefonema do Alf, de férias dos Tanners, na terra natal, a perguntar what a fuck is that shit?, desabafou tentado perceber se havia alguma damned opposition in your bloody country.
Expliquei-lhe pacientemente que a oposição in this bloody country não se ocupa de coisas insignificantes como empurrar a reforma administrativa, pressionar as medidas anti-evasão fiscal, exigir o fim do mordomado das reformas dos funcionários públicos, etc., etc.
Nada disso, expliquei, a oposição ocupa-se da defesa das instituições democráticas. I see, disse ele. That’s exactly what Malmecian opposition assholes were making at the time I left. See the reason I came to your shitty planet and crashed my ship in Tanners’ backyard?

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