Secção A título póstumo
Há anos que escuto o discurso miserabilista dos nossos artistas, intelectuais e outras classes sociais improdutivas, queixando-se da crónica “falta de verbas” para fabricar os seus produtos culturais, discurso apenas contrariado, aqui e acolá, por vozes isoladas de almas impertinentes, lembrando timidamente que a falta talvez não seja das verbas mas do público, de clientes.
Ao fim de tanto anos, vencido pelo cansaço e convencido que a extorsão dos contribuintes era afinal negligenciável, fiquei siderado quando, ao folhear o caderno Actual, o 23º anexo da edição 1615 do semanário de referência do Saco de Plástico, os meus olhos caiem no título “Portugal apostou forte na cultura”.
Ao ler a prosa fiquei informado que em 1999, em pleno consolado do Sr. Engenheiro das Correntes Frouxas e do seu empertigado Ministro Filósofo, se gastou 1,2% do PIB na “cultura”, índice que só a Suécia, o Luxemburgo e a Dinamarca ultrapassaram.
Por este feito, O Impertinente atribui a título póstumo 3 chateaubriands ao Eng. Guterres e 2 ao Prof. Carrilho, que também teria 3, mas desconta um porque, segundo à época disseram as más-línguas, nunca desmentidas, gastou uma parte da faltosa verba para forrar a casa de banho com belos mármores, talvez à altura do seu ego, mas claramente acima do magro pecúlio cultural, mostrando assim ter uma noção clara do que é realmente importante.
Musgo viscoso
Ontem o Eng. Sócrates, na Conversa Afiada da SIC, perguntado pela D. Maria João Avillez, explicou as três razões porque a candidatura presidencial do Eng. Guterres seria uma inevitabilidade. O Impertinente prefere considerar essa candidatura do Sr. Engenheiro como uma putativa fatalidade, devido a duas das três razões do Eng. Sócrates, que são o perfil e o currículo. A terceira – o prestígio internacional, não comento, porque afinal é vulgar num país de navegadores e de imigrantes.
Esquecendo o perfil, cujos contornos O Impertinente sempre achou difícil distinguir, e focando apenas o currículo, uma retrospectiva superficial dos seus 6 anos de governo é suficiente para nos deixar antever a fatalidade que seria o país ensopado de diálogo escorrendo pelas paredes cor de rosa de Belém.
Por esta confusão de ideias O Impertinente atribui ao Eng. Sócrates entre 1 a 5 chateaubriands, dependendo do grau de cinismo com que ele defendeu estas ideias.
Secção Res ipsa loquitor
Mas se a oposição anda perdida em cabalas e currículos, o governo também não passa bem. Na gestão da crise da admissão a Medicina da menina Diana filha do ex-MNE, ou crise das instituições democráticas, como a classificou o tele-evangelista Prof. Louçã, o Dr. Durão Barroso tentou primeiro assobiar para o lado e apaziguar o crocodilo oferecendo-lhe um dedo, para de seguida correr o risco de ficar sem braço e ter de lhe sacrificar mais outro dedo (desta vez o polegar).
Ou o Dr. Durão Barroso se cuida, ou ainda acaba num pântano igual ao do seu antecessor, com o inconveniente de ser muito novo para se candidatar à presidência e ter uma longa lista de espera à sua frente.
A continuar assim fica difícil seguir o Cherne, mesmo com a Dr.ª Teresa no governo. Leva 2 pilatos, por ser a primeira vez.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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