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15/04/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (2)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta».

Agora que o governo do Dr. Costa já se retirou não será excessivo esgravatar as sequelas da sua governação?

Se adoptar o critério do Dr. Costa que após oito anos de governação ainda se desculpava com o governo anterior, seguramente não é demasiado. Sossegai, porém, porque não tenho o propósito nem a pachorra para mais do que umas quantas sequelas.

Tirou-me as palavras da boca

«É mesmo estranho ouvir quem teve 3050 dias para resolver tantos problemas estar agora a incitar o Governo a fazê-lo em 60», disse o Dr. Montenegro comentando a carta aberta do Dr. Pedro Nuno e esquecendo que isso é apenas mais um expediente de quem andou esses mesmos 3050 dias a queixar-se da herança.

A Dr.ª Marisa também me tirou as palavras da boca...

... ao comentar a carta do Dr. Pedro Nuno sobre as medidas que esperava que o Dr. Montenegro adoptasse nos próximos 60 dias, a deputada berloquista considerou «curioso que parece que haja agora uma descoberta de que afinal há condições e condições orçamentais». 

Um dos problemas que o Dr. Pedro Nuno incita o governo a resolver...


Não me admiraria que o PS também quisesse reduzir os ajustes directos...

... que o ano passado representaram quase metade dos contratos públicos, representando um aumento de 1% do número de 8% do valor.

Durante vários anos teremos de circular na autoestrada mexicana do investimento público

Esta é uma das sequelas mais duradouras da herança costista que resultou de apresentar défices baixos ou mesmo superávits (política a que ele chamou "contas certas") à custa da redução continuada da execução do investimento público disfarçada com as habilidades aqui descritas. Desde 2011 até 2022, segundo a estimativa de Ferreira Machado, o stock de capital fixo do Estado reduziu-se cerca de 14.000 milhões de euros, o equivalente a 5% da dívida pública.

O buraco do BES é outra sequela da parceria DDT-Animal Feroz 

Desde 2014 o pletórico passivo resultante da resolução de BES vem crescendo e atingiu 7.400 milhões de euro, o triplo do valor inicial.

Choque da realidade com a Boa Nova

Lembram-se do futuro risonho que o governo do Dr. Costa, principalmente pela boca do Dr. Galamba, augurava ao hidrogénio verde em Sines? Caso a memória não ajude, podem refrescá-la na série de posts «O balão de hidrogénio do Dr. Galamba ou mais um elefante branco a caminho». Fast rewind e chegamos a 2024 e o consórcio Engie-Shell anuncia o cancelamento do projeto de hidrogénio verde em Sines.

E os "cofres cheios" não são uma boa herança?

Não, não são. Já aqui lembrei que o excedente de 3,2 mil milhões só existiu em consequência do excedente de 5,5 mil milhões da Segurança Social, que não é excedente nenhum porque terá de ser afectado às reservas para garantir a sustentabilidade a longo prazo. Na verdade, sem a Segurança Social as contas da administração pública apresentaram défices: 2.329 milhões de euros na administração central e de 147,8 milhões na administração local.

Fonte
E, para fim de conversa,  acrescento agora que um excedente não é cofre nenhum e a única coisa que vagamente se poderia considerar como tal são os depósitos em bancos das administrações públicas que em percentagem do PIB são hoje mais baixos do que em 2014 (estimativas de Óscar Afonso).

2 comentários:

Anónimo disse...

“É só fazer as contas”........

Anónimo disse...

Diria mais
"É só fazer de conta"