Só quando me enviaram o vídeo de ontem do Canal A Cor do Dinheiro de Camilo Lourenço me dei conta de que poucos dias depois de ter insinuado propósitos políticos à PGR, o Dr. Marcelo meteu no mesmo saco da conversa com os correspondentes estrangeiros o caso das gémeas e do seu filho, juízos pessoais sobre o Dr. Costa e o Dr. Montenegro, a escravatura, os crimes coloniais e as suas indemnizações aos descendentes das vítimas. Só há uma justificação que se poderia considerar aceitável: demência senil.
Para mim não deixou de ser porque nunca foi o meu presidente, pelas razões que venho explicando há oito anos. Os dois mandatos do Dr. Marcelo tornam um exemplo de dignidade e decência os mandatos dos seus homólogos durante o Estado Novo, generais Carmona e Craveiro Lopes e almirante Américo Thomaz.
2 comentários:
O que mais impressiona no caso do Marcelo é que parece ter havido uma "evolução" (notar bem aspas) da sua posição ideológica em relação ao passado colonial de Portugal.
Como bem nota o Prof. João Pedro Marques numa crónica publicada hoje no Observador,
https://observador.pt/opiniao/um-presidente-woke-ou-apenas-falador/
«Quando, em Abril de 2017, Marcelo Rebelo de Sousa visitou o Senegal e foi confrontado com as usuais perguntas sobre culpas dos portugueses no tráfico transatlântico de escravos, resolveu muito adequadamente lembrar que Portugal fora um dos países que abolira essa horrível actividade.
(...)
em 25 de Abril de 2023, no contexto do discurso proferido na AR, decidiu pedir desculpa ao Brasil pela escravatura e “assumir responsabilidades para o futuro” pela sua existência nesse território.
Critiquei duramente esse aspecto do discurso presidencial e, alguns meses depois, lembrei-lhe, e a todos os meus concidadãos, que, de acordo com os estudos e reivindicações woke, o montante a pagar ao Brasil pelo envolvimento de Portugal no tráfico transatlântico de escravos seria de 20 biliões de dólares.[assim mesmo, biliões com 'b', i.e. milhares de milhões]
(...)
Marcelo veio agora [25 Abril de 2024], no contexto de um jantar com correspondentes estrangeiros, reconhecer de forma inespecífica a responsabilidade de Portugal por crimes cometidos durante a época colonial, e terá sugerido o pagamento de reparações por esses erros passados.»
Reparem: há aqui uma clara mudança de posição no espaço de meia-dúzia de anos. O (Im)Pertinente defende a tese da senilidade, mas eu não partilho do seu optimismo. Alguém fez a cabeça de Marcelo, alguém o convenceu a mudar de posição e a virar-se contra os portugueses. Resta saber a troco de quê.
O que é certo é que as declarações do Marcelo já tiveram repercussões do outro lado do Atlântico, com a ministra da igualdade racial brasileira a pedir Brasil pede “acções concretas” por parte de Portugal na sequência da “importante e contundente” declaração do Presidente da República:
https://www.publico.pt/2024/04/24/mundo/noticia/brasil-pede-accoes-concretas-apos-declaracao-marcelo-reparacao-colonial-2088250
Um Povo que, maioritariamente, elege um "compère" revisteiro, de secundaríssima categoria , para seu Presidente , auto-define-se...e auto-qualifica-se...
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