Pode não ser maquiavelismo. Pode ser apenas desorientação
Desde o dia 7 de Novembro em que anunciou estar a ser investigado, iria demitir-se e possivelmente não viria a ter no futuro qualquer cargo político (depois corrigiu para “cargo executivo”), o Dr. Costa já disse quase tudo e o seu contrário e ziguezagueou dia sim, dia não. Os seus admiradores exaltam a sua capacidade táctica, evidente para eles, e os seus detractores apontam o igualmente evidente maquiavelismo. Ouso pensar que a criatura apenas está desorientada porque parece ter um objectivo difuso (sair do rodapé da História), não tem obviamente uma estratégia e, portanto, falta-lhe um plano.
Terá o Dr. Costa dado um tiro no pé há cinco anos?
Há cinco anos o Dr. Costa preparou cuidadosamente a manobra e mandou a ministra da Justiça de então concluir, dez meses antes do termo do mandato, que não poderia ser reconduzida a procuradora-geral Joana Marques Vidal, que havia causado sérios embaraços ao governo e sofria de perigosa independência. Em sua substituição, e em conúbio com o Dr. Marcelo, foi nomeada Lucília Gago sugerida pela ministra da Justiça. Decorridos cinco anos o Dr. Costa, e com ele os apparatchiks e os escribas socialistas, apontam o dedo acusador à actual PGR por ter incluído uma referência ao primeiro-ministro no comunicado sobre a operação Influencer o que, segundo ele, o terá forçado a demitir-se.
"Jobs for the boys", "No men for the jobs"
mais liberdade |
Quem disse que o governo do Dr. Costa não fez reformas?
Quereis exemplos? Tomais três, entre muitos outros possíveis.
- Exemplo 1: O esvaziamento da CReSAP (ver tópico anterior), criada pelo governo PSD-CDS para seleccionar dirigentes públicos com base na competência.
- Exemplo 2: O combate os alojamentos locais que são uma prova de algo que deve ser evitado a todo o custo – a iniciativa privada – prossegue em bom ritmo. Este ano em Lisboa só metade dos alojamento existentes apresentaram comprovativos de actividade.
- Exemplo 3: A aprovação in extremis pelo parlamento dissolvido da criação de um “responsável pela identidade do género” encarregado de receber a comunicação da «situação de crianças e jovens que manifestem uma identidade ou expressão de género que não corresponde à identidade de género à nascença».
Esgotados os ímpetos reformativos do governo na identidade de género, não admira que, apesar de em oito anos o número de alunos no ensino público não universitário ter diminuído de 120 mil, os governos do Dr. Costa aumentaram em 10 mil o número de professores, e ainda assim três meses depois do início do ano lectivo foi necessário contratar mais 3.100 sem formação em Ensino (o que talvez seja uma vantagem) e continua a haver alunos sem aulas em Português, Inglês ou Ciências (fonte).
O Dr. João Costa tira a casaca e faz um flic-flac para a frente
Secretário de Estado desde 2015 e ministro da Educação desde 2022, o Dr. João Costa anda há oito anos a explicar aos professores que não é possível a recuperação total do tempo de serviço congelado durante o resgate que se seguiu ao governo socialista do Eng. Sócrates. Desembarcado do governo em demissão, o Dr. Costa entrou a bordo da embarcação do Dr. Pedro Nuno e apressou-se a declarar considerar que a recuperação não só é “justa” como a considera possível.
Continua)
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