Continuação de (1)
The Economist |
O glass-ceiling index da Economist mede o papel e a influência das mulheres na força de trabalho abrangendo dez factores. O diagrama mostra os valores do índice para 29 países da OCDE. Com valores mais elevados estão os países nórdicos e com valores mais baixos o Japão e Coreia do Sul, onde as mulheres têm de escolher entre família e carreira profissional. A Suíça continua com alguma surpresa em 26.º, sobretudo devido aos factores "Higher education" e "Net child-care costs".
Portugal foi o país que mais subiu entre 2016 e 2021 de 12.º para 5.º lugar, onde se mantém em 2022, só superado pelos países nórdicos. É difícil encontrar algum outro índice onde Portugal esteja mais bem colocado, com excepção dos indicadores relativos à dívida pública e privada ou da produtividade, em ambos os casos numa escala invertida.
Nos dez factores considerados, Portugal está acima da média, excepto em "Paid leave for mothers". A maior progressão foi em "Gender wage gap" e "Women in managerial positions".
Vem a propósito citar os estudos, várias vezes aqui referidos, do antropologista holandês Geert Hofstede, comparativos das culturas de dezenas de países, usando um modelo que desenvolveu e que distingue 4 dimensões na cultura dominante numa sociedade. Uma dessas dimensões é a masculinidade / feminilidade, definida com base nos estereótipos comuns a quase todas as culturas (confronto/consenso, simpatia pelo sucesso/simpatia pelo desgraçadinho, grande e rápido/pequeno e lento, orientação para as coisas/orientação para as pessoas, performance/qualidade de vida, concorrência/cooperação, etc.). Num país que alimenta a mitologia de ser muito "macho", na verdade é o oitavo país mais "fêmea" do mundo, logo atrás dos países que precisamente no glass-ceiling index estão à nossa frente.
Enquanto o mulherio (entenda-se o mulherio da classe média-alta) progride, o facilitismo, a orientação dos métodos para os estereótipos femininos de aprendizagem e a infecção do sistema de ensino pelo politicamente correcto estão a avariar irremediavelmente o elevador social e, em consequência, a reduzir as oportunidades de progressão social dos pobres, principalmente dos homens pobres. Ninguém parece incomodar-se com isso.
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