O artigo de opinião da economista Teodora Cardoso publicado ontem no Eco é uma pedrada no charco das conversas da treta da maioria dos economistas que se dedicam ao negócio da comentadoria.
Teodora Cardoso considera inevitável a estaglação, isto é a estagnação do crescimento coexistindo com a inflação, da economia mundial que resulta da «escassez e o correspondente aumento do custo da energia, dos cereais e de matérias-primas essenciais» em consequência da guerra, da pandemia e das políticas «macroeconómicas expansionistas», isto é o alívio quantitativo, confirmando o que escrevi a semana passada no último post da série «O alívio quantitativo aliviará? Unintended consequences».
Sendo a actual uma crise da oferta e não da procura, não farão sentido medidas como o controlo dos preços que terá «o resultado perverso de não incentivar, nem do lado da procura, nem da oferta, a poupança e o uso mais eficiente de recursos escassos, exatamente o objetivo que é necessário promover». Um exemplo, é subsidiar o preço dos combustíveis pela redução dos impostos em vez de apoiar as famílias mais pobres.
Contra a corrente predominante que pretende empurrar o problema com a barriga, Teodora Cardosa entende que «o apelo ao prolongamento da suspensão das regras orçamentais e à mutualização da dívida, no contexto de um vazio programático em todas essas áreas, apenas prenuncia o aprofundamento da estagnação».
Teodora Cardoso critica ainda a política orçamental do governo socialista «baseada num aumento de receitas cada vez menos preocupado com a sua transparência e impacto económico, e em cortes discricionários de despesa, geridos em função do (não) impacto mediático e da miopia dos mercados financeiros» e a falta de «um conjunto coerente de reformas (...) que tenha em vista a competitividade e o crescimento da economia».
Sem comentários:
Enviar um comentário