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19/10/2020

ARTIGO DEFUNTO: O jornalismo de causas infecta quase toda a imprensa (continuação)

Este post é uma espécie de resposta ao pedido para indicar «os jornais de direita que lê, publicados em Portugal» do leitor Carlos Conde no seu comentário ao meu post sobre a notícia do NYT. O pedido parece-me um pouco retórico, talvez destinado a demonstrar que não há jornais de direita em Portugal, e vou responder omitindo o «que lê», que para o caso não importa nada. Talvez possa acrescentar, como nota pessoal, que estou pouco interessado na orientação ideológica do jornalista e mais na sua objectividade, na separação entre facto e opinião, na independência e no profissionalismo, sendo certo que estes atributos são raros à direita e à esquerda.

Direita e esquerda são conceitos muito fluidos e historicamente mutáveis. Quando escrevi direita - e seria mais adequado escrever "direitas" - não tinha em mente "a direita" quimicamente pura e certificada, seja o que isso for. Para complicar, os jornais portugueses não assumem publicamente uma orientação política  e fazem o possível por disfarçá-la. Para simplificar, consideremos de direita aquilo que a esquerda diz que é de direita.

Leio jornais há mais de 60 anos e durante mais de 1/3 desse tempo li jornais portugueses dos quais a grande maioria era de direita. Durante décadas foi mais fácil encontrar um lince da Serra de Malcata a atravessar a N233 do que um jornal de esquerda em Portugal.

Dito isto, a esquerda, cujos jornalistas de causas ocupam hoje maioritariamente as redacções de grande parte dos mídia, costuma considerar de direita actualmente O Diabo, Correio da Manhã, SOL, Jornal i e Observador e no passado recente ocorrem-me os semanários O Semanário, O Jornal e O Independente. É claro que existem jornalistas que a esquerda possivelmente considera de direita em quase todos os jornais, mas as suas vozes perdem-se no meio da gritaria.

2 comentários:

Unknown disse...

Creio que "O Jornal" era abertamente de esquerda.
Cpmts.

Carlos Conde disse...

A questão só podia ser de retórica.
Com que idade se é velho? Com que altura se é baixo?
A qualificação de esquerda e de direita encontra-se com facilidade utilizando o bom senso e a inteligência.
Ouvir um esquerdeado para saber onde está a imprensa de direita não me parece ser grande critério.