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05/04/2020

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (4) - Os dados podem não reflectir adequadamente o impacto do Covid-19 (II)

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva.

Na opinião de John Lee em How to understand – and report – figures for ‘Covid deaths’, a taxa de letalidade real do Covid-19 pode não ser muito diferente da gripe comum. Essa taxa que é a relação n.º de óbitos causados pelo Covid-19 / n.º de pessoas contaminadas parece estar sobrestimada por estarem a ser considerados todos os óbitos em que existe infecção por Covid-19, independentemente deste ser a causa da morte, isto é contam-se as mortes “com Covid” e não apenas com “por Covid”, o que faz tanto sentido como classificar como morte por gripe comum os casos em que um doente terminal morre constipado. Em Portugal isso foi confirmado na conferência de imprensa da DGS de 3.ª- feira.

Por outro lado, porque não estão ainda a ser feitos testes em grande escala como recomenda a OMS, o número real de infectados é superior, ou mesmo muito superior. porque só se fazem testes a quem já tem sintomas e há inúmeros casos assintomáticas. No Reino Unido, por exemplo, Patrick Vallance, o consultor científico principal do governo, estima que o número real de infectados possa ser 10 a 20 vezes superior ao dos identificados.

Entretanto, a equipa de Neil Ferguson do Imperial College COVID-19 Response Team, que começou por estimar em 0,9% a taxa real de mortalidade do Covid-19 na China, reviu essa estimativa para 0,66% no estudo publicado na Lancet,

Todos os dados apontam para que o impacto é sobretudo nos idosos, também na Suiça onde só 15% dos testados são positivos e as idades médias de falecimentos e hospitalização são 82 anos e 70 anos, respectivamente. 

Pelo menos o Reino Unido e a Alemanha vão aumentar o número de testes e ponderaram emitir certificados de imunidade para permitir às pessoas curadas voltar ao trabalho. Outros países, como a Suécia e Suiça, não estão em estado de emergência com confinamento e optaram por medidas mais leves, em nalguns casos voluntárias.

Se é duvidoso que as estratégias da Suécia e da Suiça sejam socialmente viáveis em Portugal, o que, só por si, não deve ser um álibi para prolongar o estado de emergência, o aumento dos testes e os certificados de imunidade fazem todo o sentido, mesmo em Portugal.

1 comentário:

Anónimo disse...

De novo agradeço os vossos 'posts' para ensino da glebe.
Abraço,
ao