Nota prévia: nesta série de posts citam-se fragmentos da entrevista do jornal SOL a Fernando Nunes da Silva, antigo vereador; esta série pode ser lida como sequência de uma outra série Câmara de Lisboa, uma aplicação prática da lei de Parkinson,
[Continuação de (1) e (2)]
«Nesta visão autocrática do Salgado, da sua cidade, ele é que escolhe quem são os protagonistas para o seu desenho. Não acha estranho que 12 anos depois não haja um único concurso público em Lisboa? (...)
A partir do momento em que, por exemplo, o Carrilho da Graça ganhou o concurso do terminal, tudo o que se passa à volta do terminal passa a ser atribuído ao Carrilho da Graça sem nenhum concurso. (...)
Porque a ordem dos arquitetos está capturada pelos arquitetos estrela que é a quem o Salgado atribui. Não é estranho que em 12 anos, por exemplo, Gonçalo Byrne não tenha nenhum projeto em Lisboa? A empresa Estoril Sol, quando era para demolir o hotel e construir outra coisa, primeiro contactou o Salgado, mas esse projeto não foi para a frente. Depois, contactou o Byrne, que fez o projeto e o Salgado nunca mais lhe perdoou. E por isso Byrne não trabalha em Lisboa. (...)
(...) porque o poder do Salgado é mesmo muito grande. O Salgado teve o desplante de dizer numa reunião de um projeto com um colega já falecido, Vasco Massapina, na zona de Sete Rios ao pé da C. Santos, em que estando presente o arquiteto da C. Santos e os administradores, o Manuel Salgado disse que enquanto o arquiteto fosse o Vasco eles não teriam nenhum projeto aprovado para ali. Assim, numa reunião com o cliente. Não se esqueça que o Manuel é primo do Ricardo Salgado, são muito próximos e o Ricardo era mesmo o dono disto tudo, não tenha dúvidas. O Manuel já é o dono disto tudo na CML. E, portanto, enquanto o Ricardo e a teia não for efetivamente condenada, as pessoas não se querem meter nisto. (...)
Sabe porque saí da Assembleia Municipal? Porque o apanhei numa coisa que dá perda de mandato e eventualmente cadeia, que é o edifício novo da Fontes Pereira de Melo. O processo esteve na PJ… (...)
Isto já se passa com o Salgado, ele diz não ao projeto por causa do PDM. E há uma carta em que os homens da KPMG escrevem ao Armando Martins a dizer que não vão falar mais com a CML porque não são pessoas de confiança. O Armando Martins faz um pedido de informação prévia para ficar com um documento escrito, que é assinado pelo Salgado e diz que se pode chegar a 12 mil metros quadrados para escritórios ou a cerca de 14 mil e tal para habitação. E o Armando entregou o terreno por um euro ao Banco Espírito Santo. (...)
É muito grave. A PJ ouviu, isto veio cá para fora para os jornais, foi investigado. O Armando Martins foi ouvido, o Vítor Gonçalves do PSD também e depois de nós sermos ouvidos passam meses e o Vítor Gonçalves telefona à inspetora e pergunta pelo processo. E ela diz que o processo tinha sido avocado a nível superior e não sabia o que tinha acontecido. Foi abafado. (...)
Por que é que ao fim deste tempo todo ele não foi preso? Por causa dos interesses do grupo Espírito Santo. Aliás, eu continuo a achar que face a alguns processos que continuam a ocorrer na câmara, como a Quinta da Matinha, muita coisa ainda se vai descobrir. Esses terrenos eram da família Espírito Santo que passaram para um fundo fechado de que ninguém sabe quem são os verdadeiros proprietários…»
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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