Já comentei as reacções de indignação, algumas bastante hipócratas, à nomeação de Durão Barroso para o Goldman Sachs. Como então escrevi, não encontrei conflitos de interesses na passagem de um cargo sem responsabilidades financeiras especiais num órgão político-administrativo comunitário para um cargo não executivo num banco internacional de investimento.
Isso não significa que não considere respeitáveis algumas opiniões em contrário, como esta que Pedro Arroja defende não muito convincentemente, a meu ver. Porquê respeitável? Essencialmente porque Pedro Arroja é uma criatura respeitável.
Como considero respeitáveis, pela fundamentação em si mesma, opiniões como esta de Ricardo Costa no Expresso que faz uma leitura política, sublinhando os argumentos dos indignados baseados em ódios velhos e considerando legal e legítima a opção de Durão Barroso, apesar de errada precisamente por ir alimentar os mal-entendidos.
Respeitabilidade que falta de todo a François Hollande que considera «moralmente inaceitável que José Manuel Barroso se junte ao Goldman Sachs». Porquê? Porque o Goldman Sachs, «também esteve envolvido no problema grego, uma vez que aconselhou os gregos e maquilhou os dados que a Grécia enviou para a União Europeia.»
Como pode invocar moral um sujeito como Hollande que usa o dinheiro público para pagar a um barbeiro 120 mil euros por ano (uma média por cabelo que deve ser um record mundial) ou para pagar 400 mil euros por ano pela segurança da namorada?
Como podem os políticos franceses (os mais indignados de todos a estes respeito) indignar-se pelo envolvimento do Goldman Sachs na maquilhagem das contas gregas quando era um segredo de Polichinelo a trafulhice que os gregos fizeram para entrar para o euro com toda a clique política europeia a assobiar para o lado? Ou como puderam não se indignar com a ida de Gerhard Schroeder para a russa Gazprom com quem tinha assinado um contrato enquanto chanceler alemão?
Como se vê, a doutrina Somoza faz escola entre os socialistas.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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15/07/2016
Exemplos do costume (42) – As indignações selectivas
Etiquetas:
dois pesos,
doutrina Somoza,
verdade inconveniente
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2 comentários:
Excelente post. Como é vosso hábito.
Abraço de felicitação.
«Em política o que parece é» já dizia o Senhor Professor no século passado.
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