Se as teorias segregadas pelo marxismo-leninismo forem avaliadas pelo seu rigor preditivo, um critério em última instância que separa a ciência da superstição, as previsões do marxismo-leninismo seriam comparáveis às profecias de Nostradamus.
O empobrecimento da classe operária nos países capitalistas transformou-se primeiro em aburguesamento e depois na sua quase extinção. A revolução socialista que deveria acontecer nos países capitalistas avançados foi acontecer numa Rússia rural, atrasada e retrógrada. O caminho para a sociedade sem classes, a que supostamente conduziria à revolução socialista, desembocou numa sociedade sem liberdades, sem prosperidade, esmagada por um poder despótico que implantou um imperialismo predador e agressivo e num estertor final implodiu. Sempre segundo a vulgata, teria sido o capitalismo monopolista a culminar no imperialismo – o último estádio do capitalismo, os países da periferia deveriam ter sido vítimas de uma exploração impiedosa e deveriam ter-se empobrecido, tal como a classe operária dos países imperialistas.
A queda do império soviético abalou profundamente estas tretas ideológicas até ao ponto que só mesmo os sacerdotes da religião continuaram a ter lata para as defender. O fenómeno da globalização veio revigorar uma espécie de teoria pós-moderna do imperialismo que no essencial previa o mesmo caminho da clássica: o progressivo empobrecimento os países subdesenvolvidos, depois rebaptizados pelo politicamente correcto como países em via de desenvolvimento.
Uma vez mais a realidade contradiz a profecia. Uma imagem vale mais do que mil palavras, poderia ter dito Mao Ze Dong. Neste caso quatro imagens valem mais do que quatro mil palavras.
O culminar da impiedade com que a história trata o marxismo-leninismo é começo da inversão da relação de dominação. Hoje o capital das ex-colónias invade as antigas metrópoles. Para só citar dois exemplos de antigos impérios coloniais, além do clássico Estados Unidos–Inglaterra e do recentíssimo pedido de «ajuda» da UE à China: a Índia compra empresas britânicas em dificuldades e Angola e o Brasil fazem o mesmo com Portugal. Marx, Engels e Lenine revolvem-se nas respectivas tumbas e Mao Ze Dong prepara um Grande Salto no Além.
[Algumas leituras recomendadas na Economist: Power shift; Why the tail wags the dog; The new special relationship; The celestial economy; A game of catch-up]
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Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
30/10/2011
CASE STUDY: As previsões do marxismo-leninismo são comparáveis às profecias de Nostradamus
Etiquetas:
ciência de causas,
comunismo,
Desfazendo ideias feitas,
globalização
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