Outros exercícios.
A vacuidade gongórica de da Nóvoa vista por Vasco Pulido Valente no Público:
«Dizem que, no fim da vida, Lenine lamentava a falta de “cultura” dos russos. E, se foi esse o caso, tinha razão: o comunismo não foi mais do que uma máscara do império dos czares. É evidente que a Frente Nacional de Le Pen tem uma longa história, que vai da Restauração ao “caso” Dreyfus e do “caso” Dreyfus a Vichy e ao general de Gaulle. As raízes da maioria de Costa também já estavam no arcaísmo do Partido Comunista, no espectáculo político e na insubstancialidade do Bloco e na amálgama da Maçonaria e da classe média bem-pensante, donde nasceu o PS. Não admira que dessa confusão sentimental, treinada na intriga e sem ideias, tivesse saído um candidato à Presidência da República, chamado António Sampaio da Nóvoa. Ontem esse misterioso indivíduo apareceu na televisão.
Num português impreciso e vago, tentou apresentar a sua indistinta pessoa aos portugueses. Infelizmente para ele, continuou a ser um cabide velho em que a esquerda pendurou alguns lugares-comuns, que começam por não fazer sentido e acabam por não convencer ninguém. O dr. Nóvoa apresenta como a sua maior credencial o facto de Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio lhe darem a sua bênção e o seu apoio. Mas nenhum dos três se explicou ainda a esse respeito e o país continua sem saber o que eles, com a sua suposta clarividência, viram naquela tristíssima personagem. Além disto, que não é nada, o dr. Nóvoa tentou tomar um arzinho de Estado, coisa que lhe saiu postiça e aprendida de cor: ele nunca tomou uma única decisão de Estado, nem nunca decidiu sobre nada de verdadeiramente importante.
A título de recomendação pessoal, o dr. Nóvoa garantiu que a sua “imparcialidade” resistiria a tudo, que amava a liberdade extremadamente e que não se candidatava “em nome de tricas políticas”. Há milhões de portugueses que podiam com a mesma cara garantir o mesmo. Só que o dr. Nóvoa quer “abrir agora um novo ciclo”, embora não explicasse exactamente do que se tratava, e acha que Marcelo representa a “austeridade” e o “antigamente”. Melhor: se o elegerem Presidente, ele abrirá uma “discussão pública” sobre “três pontos de interesse nacional”: a “qualidade da democracia”, a importância do conhecimento e da cultura e, calculem, sobre a “Europa”. A Pátria agradece, porque sem ele não lhe ocorreria falar sobre assuntos tão originais. Com estas e com outras, o dr. Nóvoa tem 13,2 por cento nas sondagens. Mas se tiver mais do que um voto (o dele) os portugueses que se envergonhem e que não se queixem.»
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
11/12/2015
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (11)
Outras avarias da geringonça.
Segundo o Barómetro da Católica, as intenções de voto da coligação subiram para 41% e as do PS para 34%, as do BE aumentam para 11% e as do PCP descem para 7%, mostrando-se um quarto dos eleitores do PCP insatisfeitos com o seu voto. Quanto às avaliações dos chefes, o da geringonça baixou de 52% para 47% as avaliações positivas, abaixo de Passos Coelho com 56%; Catarina Martins é a chefe mais apreciada com 58% - o que é pouco ou muito conforme se tome ou não em consideração que faz o papel do Pai Natal, respectivamente. Interessante é também saber que a maioria dos inquiridos (52%) entende que Passos Coelho deveria ser o primeiro-ministro contra apenas 37% que pensam que deveria ser António Costa.
São resultados muito interessantes e mostram, a meu ver, várias coisas:
Como não são boas notícias as «negociações» sobre o aumento do salário mínimo onde o PS está a ser confrontado pela crescente rigidez do PCP que insiste no aumento do salário mínimo para 600 € e diz que não recua «como o Bloco de Esquerda», a confirmar o que acima referi.
No meio de toda esta azáfama não deixa de ser curioso o anúncio de Mário Centeno de que não vai deixar derrapar o défice de 2015, agora que faltam 3 semanas para o fim do ano. O Expresso expressa, sem aparentemente querer ironizar, uma ideia divertida num título: «Centeno anuncia três semanas de austeridade no Estado para cumprir défice».
Esperemos que o zelo que Centeno parece demonstrar no défice de 2015 - essencialmente da responsabilidade do governo anterior – se mantenha nos défices futuros quebrando a tradição do PS.
Segundo o Barómetro da Católica, as intenções de voto da coligação subiram para 41% e as do PS para 34%, as do BE aumentam para 11% e as do PCP descem para 7%, mostrando-se um quarto dos eleitores do PCP insatisfeitos com o seu voto. Quanto às avaliações dos chefes, o da geringonça baixou de 52% para 47% as avaliações positivas, abaixo de Passos Coelho com 56%; Catarina Martins é a chefe mais apreciada com 58% - o que é pouco ou muito conforme se tome ou não em consideração que faz o papel do Pai Natal, respectivamente. Interessante é também saber que a maioria dos inquiridos (52%) entende que Passos Coelho deveria ser o primeiro-ministro contra apenas 37% que pensam que deveria ser António Costa.
São resultados muito interessantes e mostram, a meu ver, várias coisas:
- Se os eleitores votassem hoje, os votos dos partidos não seriam muito diferentes, com excepção do PCP;
- O PCP corre o risco de ver a erodida a sua base eleitoral de dinossauros, risco cuja percepção juntamente com o aumento da popularidade dos berloquistas augura menos jogo de cintura dos comunistas e maior confusão no galinheiro;
- A imagem de Costa está a começar a degradar-se, sendo surpreendente a avaliação positiva de Passos Coelho que ainda recentemente, enquanto primeiro-ministro, andava pelas ruas da amargura.
Como não são boas notícias as «negociações» sobre o aumento do salário mínimo onde o PS está a ser confrontado pela crescente rigidez do PCP que insiste no aumento do salário mínimo para 600 € e diz que não recua «como o Bloco de Esquerda», a confirmar o que acima referi.
No meio de toda esta azáfama não deixa de ser curioso o anúncio de Mário Centeno de que não vai deixar derrapar o défice de 2015, agora que faltam 3 semanas para o fim do ano. O Expresso expressa, sem aparentemente querer ironizar, uma ideia divertida num título: «Centeno anuncia três semanas de austeridade no Estado para cumprir défice».
Esperemos que o zelo que Centeno parece demonstrar no défice de 2015 - essencialmente da responsabilidade do governo anterior – se mantenha nos défices futuros quebrando a tradição do PS.
10/12/2015
SERVIÇO PÚBLICO: A obra de Costa. A herança. (2) A tesouraria
Outras heranças.
Em retrospectiva: a tesouraria socialista estava à beira da ruptura no final do 1.º trimestre de 2011 e foi essa iminência que retirou a margem a Teixeira dos Santos para enfiar outra vez o problema para debaixo do tapete, como andava a fazer há muitos meses, e o forçou a encostar José Sócrates às cordas e obrigou este a lançar a toalha ao chão pedindo a intervenção da troika.
O Memorandum of Understanding foi negociado em Abril e Maio e é assinado a 17-05-2011. O governo PSD-CDS toma posse a 5 de Junho e a primeira tranche do empréstimo chega nesse mês, escassamente a tempo de cobrir mais de meia dúzia de mil milhões de euros de pagamentos previstos para os quais não havia dinheiro. É a entrada dessa 1.ª tranche que explica o salto no saldo de caixa no final do 2.º trimestre de 2011.
Desde então, os saldos da responsabilidade do governo PSD-CDS chegaram a atingir quase 30 mil milhões e ficaram sempre acima dos 10 mil milhões - as barras a verde representam o n.º de dias de despesa com base no trimestre em causa que o saldo permitiria cobrir.
Entretanto, à medida que foi melhorando o risco percebido da dívida pública portuguesa, o acesso ao mercado tornou-se gradualmente mais fácil e a necessidade de liquidez reduziu-se. Isso e o facto do programa de assistência ter terminado a 17-05-2014 e a partir daí a pressão da troika ser substituída pela pressão das eleições do ano seguinte contribuíram para a redução da tesouraria do governo PSD-CDS a partir do 2.º trimestre de 2014.
Não obstante, o governo PSD-CDS, que recebeu do governo socialista de Sócrates uma tesouraria suficiente para 4 dias de despesas, deixa agora de herança ao governo da geringonça uma tesouraria suficiente para mais de 30 dias (dados de 30-06, ainda não está disponível a conta provisória do Estado de 30-09).
Esperemos para ver a obra de Costa
Em retrospectiva: a tesouraria socialista estava à beira da ruptura no final do 1.º trimestre de 2011 e foi essa iminência que retirou a margem a Teixeira dos Santos para enfiar outra vez o problema para debaixo do tapete, como andava a fazer há muitos meses, e o forçou a encostar José Sócrates às cordas e obrigou este a lançar a toalha ao chão pedindo a intervenção da troika.
O Memorandum of Understanding foi negociado em Abril e Maio e é assinado a 17-05-2011. O governo PSD-CDS toma posse a 5 de Junho e a primeira tranche do empréstimo chega nesse mês, escassamente a tempo de cobrir mais de meia dúzia de mil milhões de euros de pagamentos previstos para os quais não havia dinheiro. É a entrada dessa 1.ª tranche que explica o salto no saldo de caixa no final do 2.º trimestre de 2011.
Desde então, os saldos da responsabilidade do governo PSD-CDS chegaram a atingir quase 30 mil milhões e ficaram sempre acima dos 10 mil milhões - as barras a verde representam o n.º de dias de despesa com base no trimestre em causa que o saldo permitiria cobrir.
Entretanto, à medida que foi melhorando o risco percebido da dívida pública portuguesa, o acesso ao mercado tornou-se gradualmente mais fácil e a necessidade de liquidez reduziu-se. Isso e o facto do programa de assistência ter terminado a 17-05-2014 e a partir daí a pressão da troika ser substituída pela pressão das eleições do ano seguinte contribuíram para a redução da tesouraria do governo PSD-CDS a partir do 2.º trimestre de 2014.
Não obstante, o governo PSD-CDS, que recebeu do governo socialista de Sócrates uma tesouraria suficiente para 4 dias de despesas, deixa agora de herança ao governo da geringonça uma tesouraria suficiente para mais de 30 dias (dados de 30-06, ainda não está disponível a conta provisória do Estado de 30-09).
Esperemos para ver a obra de Costa
09/12/2015
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (10)
Outras avarias da geringonça.
«O meu colega transmitiu-me os cumprimentos dele, e, se o meu colega mantiver a sua palavra, ele também vai receber os meus cumprimentos», disse Schäuble a Centeno sobre Costa. Aguardo, ansioso, para ver Costa resolve a circularidade do quadrado deixando Centeno manter a sua palavra e conseguindo assim receber os cumprimentos de Schäuble, sem receber os insultos de Jerónimo.
Jerónimo de Sousa que vai dizendo aos seus camaradas que a geringonça é uma coisa e o PCP outra. «Há muitos camaradas e amigos que dizem: 'bom, agora já lá estamos no Governo'. Não, isto não é um governo de coligação, não é um governo de esquerda ou de esquerdas, é um governo do PS».
Sendo um governo do PS, o papel dele, segundo Jerónimo, é fazer o que lhe mandam. Por exemplo, se «PC e Bloco entregam no Parlamento propostas para acabar com portagens nas antigas SCUT», o papel do PS é aprová-las, Até pode ser que o PS as rejeite, como garantiu o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, mas rejeitará, se rejeitar, mediante um preço, ou mais provável, mediante dois preços, que a seu tempo o PC e o BE lhe apresentarão.
«O meu colega transmitiu-me os cumprimentos dele, e, se o meu colega mantiver a sua palavra, ele também vai receber os meus cumprimentos», disse Schäuble a Centeno sobre Costa. Aguardo, ansioso, para ver Costa resolve a circularidade do quadrado deixando Centeno manter a sua palavra e conseguindo assim receber os cumprimentos de Schäuble, sem receber os insultos de Jerónimo.
Jerónimo de Sousa que vai dizendo aos seus camaradas que a geringonça é uma coisa e o PCP outra. «Há muitos camaradas e amigos que dizem: 'bom, agora já lá estamos no Governo'. Não, isto não é um governo de coligação, não é um governo de esquerda ou de esquerdas, é um governo do PS».
Sendo um governo do PS, o papel dele, segundo Jerónimo, é fazer o que lhe mandam. Por exemplo, se «PC e Bloco entregam no Parlamento propostas para acabar com portagens nas antigas SCUT», o papel do PS é aprová-las, Até pode ser que o PS as rejeite, como garantiu o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, mas rejeitará, se rejeitar, mediante um preço, ou mais provável, mediante dois preços, que a seu tempo o PC e o BE lhe apresentarão.
ESTADO DE SÍTIO: Habituem-se
Quem pensar que a geringonça constituída pelo PS com procuração do PCP e do BE para governar está destinada a ruir em pouco tempo, pode estar muito enganado. Como costuma dizer a esquerdalhada, é mais forte o que os une do que o que separa - durante algum tempo.
O que os une é a necessidade imperiosa de apresentar provas de vida. Costa para evitar a sua morte política depois da derrota eleitoral que era para ser uma estrondosa vitória. O PCP para manter os seus bastiões nas empresas públicas de transporte que lhe permitem transformar uma qualquer greve de vão-de-escada numa greve quase geral. O Bloco de Esquerda porque, estando praticamente esgotada a agenda fracturante (falta ainda o casamento com animais), saiu-lhes a sorte grande de ter um PS à sua mercê para governar e têm a esperança de o sangrarem em seu benefício.
O que os separa é imenso mas, nesta fase em que ainda há a magra herança dos 4 anos de «austeridade», vai ser possível durante algum tempo distribuir umas migalhas do orçamento para aplacar as fomes mais urgentes, enquanto Bruxelas andar entretida com os refugiados.
Depois, claro, há as câmaras de eco espalhadas pelos mídia, suportadas por centenas de jornalistas de causas que tratam de compor a imagem da geringonça. Resultado segundo a última sondagem Correio da Manhã/Aximage: as intenções de votos em relação a Novembro desceram para a coligação e subiram para o PS e o BE. Segundo a mesma sondagem, as expectativas de vida da geringonça mostram que muita gente também já percebeu que o funeral não está para breve:
Haverá também, provavelmente, um amigo em Belém, seja ele uma criatura da geringonça sem pruridos de independência, seja ele um picareta falante e catavento volúvel fingindo independência, que ajudará a geringonça a sobreviver até a sua secção socialista estar em condições de vitimizar-se pelas traições das outras secções e pela oposição da … oposição. Aí dissolve-se a assembleia, voltamos à estaca zero e Costa pode ganhar por um pouco mais do que poucochinho ou não, dependendo também da coligação ainda estar ou já não estar na fase ressabiada.
O que os une é a necessidade imperiosa de apresentar provas de vida. Costa para evitar a sua morte política depois da derrota eleitoral que era para ser uma estrondosa vitória. O PCP para manter os seus bastiões nas empresas públicas de transporte que lhe permitem transformar uma qualquer greve de vão-de-escada numa greve quase geral. O Bloco de Esquerda porque, estando praticamente esgotada a agenda fracturante (falta ainda o casamento com animais), saiu-lhes a sorte grande de ter um PS à sua mercê para governar e têm a esperança de o sangrarem em seu benefício.
O que os separa é imenso mas, nesta fase em que ainda há a magra herança dos 4 anos de «austeridade», vai ser possível durante algum tempo distribuir umas migalhas do orçamento para aplacar as fomes mais urgentes, enquanto Bruxelas andar entretida com os refugiados.
Depois, claro, há as câmaras de eco espalhadas pelos mídia, suportadas por centenas de jornalistas de causas que tratam de compor a imagem da geringonça. Resultado segundo a última sondagem Correio da Manhã/Aximage: as intenções de votos em relação a Novembro desceram para a coligação e subiram para o PS e o BE. Segundo a mesma sondagem, as expectativas de vida da geringonça mostram que muita gente também já percebeu que o funeral não está para breve:
Fonte:Negócios |
08/12/2015
Chávez & Chávez, Sucessores (38) – Porque foi derrotado nas urnas o chávismo?
Não apareceu o pajarito. Apareceram os passarões da secção comunista da geringonça a explicar:
Porque as «eleições se realizaram no contexto de uma conjuntura económica particularmente desfavorável em resultado da baixa do preço do petróleo e no quadro de grandes operações de desestabilização e boicote económico dos sectores mais reaccionários venezuelanos articuladas com a ingerência do imperialismo contra a Revolução Bolivariana.»
Precisamos estar atentos à «tentativa do imperialismo utilizar os desfavoráveis resultados eleitorais na Venezuela para intensificar o seu combate aos processos de soberania e progresso social que tem subtraído o continente latino-americano ao seu domínio e apela à solidariedade com os povos e as forças progressistas e revolucionárias venezuelanas e de toda a América Latina».
Nota do gabinete de imprensa do PCP

Precisamos estar atentos à «tentativa do imperialismo utilizar os desfavoráveis resultados eleitorais na Venezuela para intensificar o seu combate aos processos de soberania e progresso social que tem subtraído o continente latino-americano ao seu domínio e apela à solidariedade com os povos e as forças progressistas e revolucionárias venezuelanas e de toda a América Latina».
Nota do gabinete de imprensa do PCP
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (9)
Outras avarias da geringonça.
Gostava de saber como vai Mário Centeno fazer conviver as garantias que ontem deu no Eurogrupo a Dijsselbloem e a Schäuble com os estudos que prometeu ao BE sobre a sustentabilidade da dívida e as cedências às outras secções da geringonça que aumentam a despesa e reduzem a receita.
Ah, já sei. Vai ser o crescimento da economia induzido pelo aumento do consumo com o dinheiro que vai brotar não se sabe de onde. Não se sabe de onde, mas já se sabe para onde: em boa parte para aumentar as importações e fazer crescer a economia dos nossos parceiros. (*)
Também gostava de saber quanto vai custar, para além da reversão das concessões, a «plataforma de diálogo» que o governo estabeleceu com os sindicatos dos transportes para estes desconvocarem a greve anunciada de 6 dias. A coisa não deve ficar barata porque foi classificada como «um momento histórico».
(*) Entretanto, João Galamba, o ideólogo júnior da geringonça, explica no Económico que a desaceleração da economia é causada pelo «comportamento menos favorável do consumo. Para garantir que o consumo mantém taxas de crescimento robustas no futuro, é necessário apostar na recuperação sustentável e duradoura do rendimento». E isso consegue-se com a «aceleração da reposição do rendimento das famílias, com particular incidência nos escalões mais baixos de rendimento». E como se consegue essa reposição? Ele não explica, mas a gente sabe que só pode ser aumentando os impostos sobre escalões menos baixos de rendimento e/ou com mais dívida pública. Ou seja, tirando agora dinheiro de uns bolsos para outros e/ou tirando no futuro dos bolsos dos contribuintes para pagar a dívida. É este o milagre socialista que acaba quando acaba o dinheiro dos outros,
Gostava de saber como vai Mário Centeno fazer conviver as garantias que ontem deu no Eurogrupo a Dijsselbloem e a Schäuble com os estudos que prometeu ao BE sobre a sustentabilidade da dívida e as cedências às outras secções da geringonça que aumentam a despesa e reduzem a receita.
Ah, já sei. Vai ser o crescimento da economia induzido pelo aumento do consumo com o dinheiro que vai brotar não se sabe de onde. Não se sabe de onde, mas já se sabe para onde: em boa parte para aumentar as importações e fazer crescer a economia dos nossos parceiros. (*)
Também gostava de saber quanto vai custar, para além da reversão das concessões, a «plataforma de diálogo» que o governo estabeleceu com os sindicatos dos transportes para estes desconvocarem a greve anunciada de 6 dias. A coisa não deve ficar barata porque foi classificada como «um momento histórico».
(*) Entretanto, João Galamba, o ideólogo júnior da geringonça, explica no Económico que a desaceleração da economia é causada pelo «comportamento menos favorável do consumo. Para garantir que o consumo mantém taxas de crescimento robustas no futuro, é necessário apostar na recuperação sustentável e duradoura do rendimento». E isso consegue-se com a «aceleração da reposição do rendimento das famílias, com particular incidência nos escalões mais baixos de rendimento». E como se consegue essa reposição? Ele não explica, mas a gente sabe que só pode ser aumentando os impostos sobre escalões menos baixos de rendimento e/ou com mais dívida pública. Ou seja, tirando agora dinheiro de uns bolsos para outros e/ou tirando no futuro dos bolsos dos contribuintes para pagar a dívida. É este o milagre socialista que acaba quando acaba o dinheiro dos outros,
SERVIÇO PÚBLICO: Empurrai-os para fora da zona de conforto (2)
Nem de propósito, Henrique Raposo veio (sem o saber) em meu socorro. O post de ontem foi acusado de crueldade intolerável, como o título do filme do canastrão Clooney.
Pergunta-se Raposo no Expresso, a olhar para o quadro da Revista de sábado que completei no meu post, «Porque é que o trintão português não sai de casa dos pais?» e responde:
«Talvez fosse inteligente mudar já a premissa da pergunta: porque é que o trintão português não sai da casa da mamã? É que a questão não é económica, não está relacionada com desemprego ou oportunidades de carreira, não está no bolso, está na cabeça ou talvez no coração. Com a ajuda da avó, a mamã portuguesa estraga com mimos e roupa lavada o rapazola que já devia ter saído de casa. Não, não comece a abanar a cabeça, porque é verdade. Na palhota ou no palácio, a minha geração ainda foi educada no velho molde oitocentista: o menino não devia aprender a lida da casa; um rapaz a estender roupa era sinal inequívoco de mariquice; estrelar um ovo estava ao nível da física atómica. Ao invés, a menina tinha de aprender tudo, assumia-se que a lida da casa era da sua exclusiva responsabilidade, mesmo se trabalhasse fora de casa. É por isso que Portugal ainda tem uma assimetria terceiro-mundista no campo da partilha do trabalho doméstico. Elas trabalham 5 horas por dia em casa. Eles “ajudam" pouco mais do que uma hora. Não macem o rapaz com loiça por lavar ou fralda por mudar, que ele não pode perder um minuto com minudências.»
Assinaria por baixo a resposta não fosse o caso de Raposo ter caído naquela armadilha do «género», porque sendo certo que os rapazolas são bastante mais idiotizados pelas mães, as raparigas também se deixam ficar no colo da família (no caso delas mais no colo do paizinho). E, já agora, o problema não acabou na geração de Raposo - a luta continua.
Pergunta-se Raposo no Expresso, a olhar para o quadro da Revista de sábado que completei no meu post, «Porque é que o trintão português não sai de casa dos pais?» e responde:
«Talvez fosse inteligente mudar já a premissa da pergunta: porque é que o trintão português não sai da casa da mamã? É que a questão não é económica, não está relacionada com desemprego ou oportunidades de carreira, não está no bolso, está na cabeça ou talvez no coração. Com a ajuda da avó, a mamã portuguesa estraga com mimos e roupa lavada o rapazola que já devia ter saído de casa. Não, não comece a abanar a cabeça, porque é verdade. Na palhota ou no palácio, a minha geração ainda foi educada no velho molde oitocentista: o menino não devia aprender a lida da casa; um rapaz a estender roupa era sinal inequívoco de mariquice; estrelar um ovo estava ao nível da física atómica. Ao invés, a menina tinha de aprender tudo, assumia-se que a lida da casa era da sua exclusiva responsabilidade, mesmo se trabalhasse fora de casa. É por isso que Portugal ainda tem uma assimetria terceiro-mundista no campo da partilha do trabalho doméstico. Elas trabalham 5 horas por dia em casa. Eles “ajudam" pouco mais do que uma hora. Não macem o rapaz com loiça por lavar ou fralda por mudar, que ele não pode perder um minuto com minudências.»
Assinaria por baixo a resposta não fosse o caso de Raposo ter caído naquela armadilha do «género», porque sendo certo que os rapazolas são bastante mais idiotizados pelas mães, as raparigas também se deixam ficar no colo da família (no caso delas mais no colo do paizinho). E, já agora, o problema não acabou na geração de Raposo - a luta continua.
07/12/2015
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (XLIII) – O futuro da geringonça portuguesa é a geringonça grega?
Outros purgatórios a caminho dos infernos.
Enquanto por cá a geringonça dos admiradores do Syriza decreta o fim da austeridade, a cavalo dos magros resultados conseguidos pelo governo da direita/neoliberal (cortar conforme o gosto), na Grécia a geringonça Syriza-Anel, conseguiu aprovar no parlamento à tangente (153 votos contra 145) um orçamento «austeritário» que inclui «enormes» aumentos de impostos e cortes nas pensões e outras despesas, totalizando 5,7 mil milhões em 2016, entre redução da despesa e aumento da receita.
Irritado com a imprensa alemã, Tsipras divulgou um comunicado garantindo que «a Grécia já não está sozinha na Europa» - não explicou se estava a referir-se à geringonça portuguesa ou à ascensão da Frente Nacional em França – o partido irmão do Anel.
Entretanto, os indignados atenienses fizeram ontem mais uma festa com cocktails molotov.
Enquanto por cá a geringonça dos admiradores do Syriza decreta o fim da austeridade, a cavalo dos magros resultados conseguidos pelo governo da direita/neoliberal (cortar conforme o gosto), na Grécia a geringonça Syriza-Anel, conseguiu aprovar no parlamento à tangente (153 votos contra 145) um orçamento «austeritário» que inclui «enormes» aumentos de impostos e cortes nas pensões e outras despesas, totalizando 5,7 mil milhões em 2016, entre redução da despesa e aumento da receita.
Irritado com a imprensa alemã, Tsipras divulgou um comunicado garantindo que «a Grécia já não está sozinha na Europa» - não explicou se estava a referir-se à geringonça portuguesa ou à ascensão da Frente Nacional em França – o partido irmão do Anel.
Entretanto, os indignados atenienses fizeram ontem mais uma festa com cocktails molotov.
Chávez & Chávez, Sucessores (37) – Desta vez o pajarito não apareceu
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Depois da primeira e da segunda, não houve terceira |
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Fonte: Economist |
Oxalá tudo não acabe numa guerra civil.
SERVIÇO PÚBLICO: Empurrai-os para fora da zona de conforto
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Fonte: Eurostat |
Quando vemos uma correlação significativamente negativa entre a idade de saída de casa dos jovens e a capitação do PIB ppc podemos concluir que os jovens ficam em casa porque o país é pobre ou que podemos concluir que o país é pobre porque os jovens ficam em casa.
Quando juntamos as duas podemos concluir que os paizinhos (tecnicamente, as mãezinhas) devem enxotar a suas crias e exortá-las a darem corda aos sapatos e a fazer pela vida.
Lembremos Ferguson: «Tornar mais difícil estar-se desempregado. Fazer com que as pessoas aceitem empregos mesmo que eles não sejam os melhores.»
06/12/2015
SERVIÇO PÚBLICO: Uma entrevista desalinhada
Excertos da entrevista da Revista do Expresso a Niall Ferguson, historiador, autor de vários livros conhecidos, incluindo «Colossus and Empire», «Civilization» e, o mais recente, uma biografia de Kissinger que dá o pretexto à entrevista.
Há uns anos, Ferguson envolveu-se numa polémica para a qual lhe falecia o domínio da dismal science. Foi triturado porque, apesar de falar direito por linha tortas, foi encostado por Paul Krugman que falou torto por linhas direitas. Repare-se como o entrevistador ficou chocado com algumas blasfémias de Ferguson face à vulgata do jornalismo doméstico de causas ou, se preferirem, do jornalismo de causas domésticas.
Acha que o euro vai acabar?
Não. Fui contra a sua criação, mas uma vez que foi criado não faz sentido acabar com ele. Durante a crise da zona euro, quando pessoas como Paul Krugman diziam que ia tudo desmoronar -se, eu disse que não acreditava. E não acreditava porque o projeto é político, e os alemães não deixariam que tal acontecesse, independentemente da dor que tivesse de ser infligida. O que acontece é que na Europa criaram um sistema que não é bem federal, é mais confederal, com um centro fraco, têm uma união monetária e legal, mas o resultado líquido é um crescimento medíocre e dívidas muito altas.
Há uns anos, Ferguson envolveu-se numa polémica para a qual lhe falecia o domínio da dismal science. Foi triturado porque, apesar de falar direito por linha tortas, foi encostado por Paul Krugman que falou torto por linhas direitas. Repare-se como o entrevistador ficou chocado com algumas blasfémias de Ferguson face à vulgata do jornalismo doméstico de causas ou, se preferirem, do jornalismo de causas domésticas.
Acha que o euro vai acabar?
Não. Fui contra a sua criação, mas uma vez que foi criado não faz sentido acabar com ele. Durante a crise da zona euro, quando pessoas como Paul Krugman diziam que ia tudo desmoronar -se, eu disse que não acreditava. E não acreditava porque o projeto é político, e os alemães não deixariam que tal acontecesse, independentemente da dor que tivesse de ser infligida. O que acontece é que na Europa criaram um sistema que não é bem federal, é mais confederal, com um centro fraco, têm uma união monetária e legal, mas o resultado líquido é um crescimento medíocre e dívidas muito altas.
ACREDITE SE QUISER: Os pensadores da Mouse School of Economics ainda podem ganhar um Nobel
Porque não? Joseph Stiglitz ganhou o Nobel em 2001 com a teoria dos mercados com informação assimétrica, trabalho meritório que mina os fundamentos das elucubrações teoréticas sobre a perfeição dos mercados e proporciona mais um exemplo do chamado efeito de halo: o enviesamento cognitivo que nos leva a concluir que se uma criatura fizer algo de notável numa área significa fará igualmente coisas notáveis noutras áreas.
Stiglitz veio cá perorar na Gulbenkian, nesta altura, com o mesmo propósito que já tinha vindo o outro Nobel Paul Krugman - dar crédito às teses da esquerdalhada. Se com Krugman a coisa correu mal – acabou por confessar, com enorme desgosto de Soares, que, nas mesmas circunstâncias em que se encontrava o governo de Passos Coelho na altura (Março de 2012), faria mais ou menos a mesma coisa – com Stiglitz a coisa correu bem melhor.
Desta vez, com grande gáudio da esquerdalhada, Stiglitz disse o que se esperava que dissesse e prescreveu a medicina que, mais tarde ou mais cedo, a geringonça, se continuar no governo, vai adoptar: aumentar os impostos. Nas suas próprias palavras no final da conferência:
Alguém deveria mostrar o diagrama acima a Stiglitz e informá-lo que a estratégia que ele preconiza vem sendo adoptada há décadas com grande zelo por todos os governos, com especial relevo para os governos socialistas, com os resultados conhecidos.
(*) Certamente não por acaso, o Público omite na tradução do vídeo «em parte».
Stiglitz veio cá perorar na Gulbenkian, nesta altura, com o mesmo propósito que já tinha vindo o outro Nobel Paul Krugman - dar crédito às teses da esquerdalhada. Se com Krugman a coisa correu mal – acabou por confessar, com enorme desgosto de Soares, que, nas mesmas circunstâncias em que se encontrava o governo de Passos Coelho na altura (Março de 2012), faria mais ou menos a mesma coisa – com Stiglitz a coisa correu bem melhor.
Desta vez, com grande gáudio da esquerdalhada, Stiglitz disse o que se esperava que dissesse e prescreveu a medicina que, mais tarde ou mais cedo, a geringonça, se continuar no governo, vai adoptar: aumentar os impostos. Nas suas próprias palavras no final da conferência:
«A estratégia de crescimento tem de ser baseada em parte (*) na possibilidade de aumentar impostos de forma a não prejudicar a economia e eu acredito que há maneiras progressivas de aumentar os impostos não prejudicando os pobres o que tem sido o problema no passado».
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Quanto mais, menos (Fonte: Pordata) |
(*) Certamente não por acaso, o Público omite na tradução do vídeo «em parte».
05/12/2015
Mitos (215) - os socialistas são amigos dos pobres (VI)
[Continuação de (I), (II), (III), (IV) e (V)]
A semelhança entre socialistas e capitalistas é que ambos querem manter ou aumentar a sua clientela. A diferença é que os primeiros querem manter pobres os pobres e acabar com os ricos e os segundos querem que os pobres tenham mais dinheiro para comprar os seus produtos.
É por isso que os socialistas tentam extrair dinheiro aos outros (pobres, remediados e ricos) para distribuir pelos pobres e os capitalistas (alguns capitalistas) distribuem o seu próprio dinheiro.
Alguns exemplos a adicionar aos já mencionados:
A semelhança entre socialistas e capitalistas é que ambos querem manter ou aumentar a sua clientela. A diferença é que os primeiros querem manter pobres os pobres e acabar com os ricos e os segundos querem que os pobres tenham mais dinheiro para comprar os seus produtos.
É por isso que os socialistas tentam extrair dinheiro aos outros (pobres, remediados e ricos) para distribuir pelos pobres e os capitalistas (alguns capitalistas) distribuem o seu próprio dinheiro.
Alguns exemplos a adicionar aos já mencionados:
- Bill Gates (Microsoft), Mark Zuckerberg (Facebook) e Richard Branson (Virgin) são alguns dos ricalhaços das tecnologias que lançaram o fundo Breakthrough Energy Coalition para promover tecnologias zero-emissões;
- Mark Zuckerberg comprometeu-se a doar 99% das suas acções da Facebook para filantropia.
- 43,6 + 3,1 Warren Buffet
- 16,4 Helen Walton
- 5,2 Leona Helmsley Helmsle
- 4,5 James Sorensen
- 1,5 Mark Zuckerberg (não inclui os 99% das suas acções)
- 1,2 Barron Hilton
- 1 Peter Peterson 1 Ralph Wilson.
Para ver muitos outros seguir os links no princípio deste post.
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Desfazendo ideias feitas,
eu diria mesmo mais
CASE STUDY: Um imenso Portugal (18)
O segundo mandato de Dilma Rousseff parece cada vez mais sujeito à conhecida Lei de Murphy «qualquer coisa que possa correr mal, correrá mal, no pior momento possível».
O PIB caiu 4% nos últimos 12 meses, o desemprego e a inflação subiram para altitudes há muito não atingidas, as despesas orçamentadas esgotaram, dois terços dos brasileiros apreciam negativamente o governo, a taxa de aprovação de Dilma desceu aos infernos da impopularidade. Os diagramas seguintes traçam um retrato do estado deplorável em que o PT está a deixar o Brasil. (Fonte: «Brazilian waxing and waning»)
O presidente da Câmara dos Deputados, pressionado por investigações no caso Lava Jacto em que está implicado, aceitou o pedido de impugnação de Dilma Rousseff como moeda de troca para pressionar o governo a travar as investigações.
Como se fosse pouco, Dilma chegou a Paris esta semana para participar na COP-21 e discutir as questões de clima e ambientais, trazendo no passivo o maior acidente ambiental jamais registado no Brasil, o derrame 40 milhões de metros cúbicos de detritos tóxicos da mineração de uma barragem em Minas Gerais, detritos que afluíram ao Rio Doce e estão a chegar ao oceano podendo atingir 10 km da linha da costa do estado de Espírito Santo.
O PIB caiu 4% nos últimos 12 meses, o desemprego e a inflação subiram para altitudes há muito não atingidas, as despesas orçamentadas esgotaram, dois terços dos brasileiros apreciam negativamente o governo, a taxa de aprovação de Dilma desceu aos infernos da impopularidade. Os diagramas seguintes traçam um retrato do estado deplorável em que o PT está a deixar o Brasil. (Fonte: «Brazilian waxing and waning»)
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O presidente da Câmara dos Deputados, pressionado por investigações no caso Lava Jacto em que está implicado, aceitou o pedido de impugnação de Dilma Rousseff como moeda de troca para pressionar o governo a travar as investigações.
Como se fosse pouco, Dilma chegou a Paris esta semana para participar na COP-21 e discutir as questões de clima e ambientais, trazendo no passivo o maior acidente ambiental jamais registado no Brasil, o derrame 40 milhões de metros cúbicos de detritos tóxicos da mineração de uma barragem em Minas Gerais, detritos que afluíram ao Rio Doce e estão a chegar ao oceano podendo atingir 10 km da linha da costa do estado de Espírito Santo.
04/12/2015
Pro memoria (277) - E se de repente o em breve ex-presidente Cavaco Silva...
.. vier a chocar o seu Mercedes S320, que os contribuintes lhe oferecerão, com outro veículo, recusar preencher a declaração amigável e recusar esperar pela polícia mandando o motorista seguir viagem e deixando o lesado a apanhar bonés?
Uma onda de indignação varrerá os mídia e as redes sociais, o caso será tratado no parlamento pelos deputados da geringonça, o Pacheco falará da coisa na sua Circularidade do Quadrado, o da Nóvoa, a Matias e o ex-padre Edgar acusarão «o» Cavaco, e Marcelo garantirá que quando for ex-presidente não atropelará ninguém.
É claro que, tratando-se de Mário Soares, a quem perdoamos tudo, a coisa fia mais fino.
Uma onda de indignação varrerá os mídia e as redes sociais, o caso será tratado no parlamento pelos deputados da geringonça, o Pacheco falará da coisa na sua Circularidade do Quadrado, o da Nóvoa, a Matias e o ex-padre Edgar acusarão «o» Cavaco, e Marcelo garantirá que quando for ex-presidente não atropelará ninguém.
É claro que, tratando-se de Mário Soares, a quem perdoamos tudo, a coisa fia mais fino.
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TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Para memória futura
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Linguagem gestual |
Mas, tarde ou cedo, Costa pagará esse erro infame. Está agora suspenso das lutas da meia dúzia de potentados que mandam no PC. Nem ele pode por puro desconhecimento intervir nelas, nem se pudesse o deixariam intervir. Fica assim à mercê de um corpo estranho que ele próprio instalou na sua maioria, insensível a qualquer argumento que venha de fora ou a qualquer tipo de sedução. Não há em última análise um governo socialista. O que há são dois governos sob a estranha designação de “maioria”: um do PS, sem força própria para se sustentar, e outro do PC, que estará quieto e cooperante, enquanto lhe derem o que ele pedir (conste ou não conste o que ele pedir das ridículas “posições conjuntas” que por formalidade assinou). Costa e a sua gente vão aprender muito nos próximos meses.»
Os dois governos, Vasco Pulido Valente no Público
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (8)
Outras avarias da geringonça.
Começo por citar o ministro das Finanças Mário Centeno a dizer no parlamento durante o debate do programa: «no que depender deste governo», o défice ficará abaixo dos 3%. No que depender deste governo? Terá a criatura perdido os últimos resquícios de lucidez? Então se parece pensar que há factores críticos que o governo não controla num orçamento por si apresentado, contendo as despesas por si orçamentadas por exigência da geringonça e as receitas resultantes de impostos aprovados pela geringonça, como é que tem a lata de tentar convencer a populaça que a economia - movida pelas empresas e pelas famílias - depende imenso do que a geringonça fizer?
Continuando, como pode Centeno ter tido a lata de dizer que não deve ser o governo mas sim o BdeP e o Fundo de Resolução a resolverem os problemas do Banif, usando os argumentos do governo anterior para o Novo Banco que o PS atacou desde o princípio?
Uma vez mais, o Berloque de Esquerda insistiu na necessidade de reestruturar a dívida pública. Como é isto compatível com as garantias que o PS deu a Bruxelas?
Registe-se no campo das anedotas, o riso até às lágrimas de Passos Coelho com os argumentos de Centeno e sobretudo a magnífica piada de António Costa. Não, «magnífica piada» não é uma piada minha. Para memória futura, aqui fica a piada de Costa dirigindo-se à direita:
E fica também a expressão eloquente do camarada Jerónimo ao ouvir a piada que deixa antever um aumento das facturas que irá apresentar ao governo. Expressão que ilustra a pouca clarividência de Costa que com o seu sorriso meio alarve julgará ter a sua piada contribuído para reforçar a união entre as secções socialista e comunista da geringonça.
Começo por citar o ministro das Finanças Mário Centeno a dizer no parlamento durante o debate do programa: «no que depender deste governo», o défice ficará abaixo dos 3%. No que depender deste governo? Terá a criatura perdido os últimos resquícios de lucidez? Então se parece pensar que há factores críticos que o governo não controla num orçamento por si apresentado, contendo as despesas por si orçamentadas por exigência da geringonça e as receitas resultantes de impostos aprovados pela geringonça, como é que tem a lata de tentar convencer a populaça que a economia - movida pelas empresas e pelas famílias - depende imenso do que a geringonça fizer?
Continuando, como pode Centeno ter tido a lata de dizer que não deve ser o governo mas sim o BdeP e o Fundo de Resolução a resolverem os problemas do Banif, usando os argumentos do governo anterior para o Novo Banco que o PS atacou desde o princípio?
Uma vez mais, o Berloque de Esquerda insistiu na necessidade de reestruturar a dívida pública. Como é isto compatível com as garantias que o PS deu a Bruxelas?
Registe-se no campo das anedotas, o riso até às lágrimas de Passos Coelho com os argumentos de Centeno e sobretudo a magnífica piada de António Costa. Não, «magnífica piada» não é uma piada minha. Para memória futura, aqui fica a piada de Costa dirigindo-se à direita:
«É verdade que fui eu que negociei com o PCP, mas pelos vistos foram os senhores que ficaram com a cassete».
Remoendo a cassete |
03/12/2015
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (128) – Juízes consideram imbecil terminal ex-ministra do PS (2)
«Relação baseia-se em testemunhos de ministro e secretário de Estado do PS para atestar competência de João Pedroso e atesta legalidade do contrato assinado com Pedroso com lei que não é aplicável» e «classifica de “hercúleo” o trabalho que João Pedroso (o irmão do ex-ministro Paulo Pedroso) teria de realizar para o Ministério da Educação (ME) em 2005 e 2007», trabalho que consistiu durante três anos numas dezenas de pastas com fotocópias cujo custo total ultrapassou 300 mil euros. Leia mais delírios no Observador)
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Trilema de Žižek |
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Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (7)
Outras avarias da geringonça.
Acumulam-se as contradições. Por um lado Centeno, apertado em Bruxelas garante que «constitui um compromisso deste Governo prosseguir uma trajectória de redução do défice orçamental da divida pública no ciclo desta legislatura», por outro, o controleiro do PCP garante que a CGTP quer influenciar a mudança de políticas e que o novo Governo tem de levar a cabo «as promessas que fez». Qualquer criatura com dois dedos de testa percebe que são garantias perfeitamente incompatíveis.
Uma das promessas que os comunistas estão a cobrar é abolir as portagens na A23, alegando «não haver alternativas viáveis» (com este argumento podem acabar com todas as portagens).
Para o caso de a secção socialista da geringonça não ter percebido a mensagem que promessas são para cumprir, o braço sindical do Partido Comunista já marcou greves na CP, CP Carga, Metro de Lisboa e STCP, para não nos esquecermos das vantagens das empresas públicas de transportes.
Entretanto, a secção socialista desiste de governar e compromete-se a discutir todas as semanas com as outras secções da esquerdalhada, antes de debater no parlamento as propostas de lei que antes aprovara em conselho de ministros. Cada discussão arrisca-se a ser uma odisseia se não se entendem nem para marcar uma data ou mesmo se uma data foi ou não marcada.
Acumulam-se as contradições. Por um lado Centeno, apertado em Bruxelas garante que «constitui um compromisso deste Governo prosseguir uma trajectória de redução do défice orçamental da divida pública no ciclo desta legislatura», por outro, o controleiro do PCP garante que a CGTP quer influenciar a mudança de políticas e que o novo Governo tem de levar a cabo «as promessas que fez». Qualquer criatura com dois dedos de testa percebe que são garantias perfeitamente incompatíveis.
Uma das promessas que os comunistas estão a cobrar é abolir as portagens na A23, alegando «não haver alternativas viáveis» (com este argumento podem acabar com todas as portagens).
Para o caso de a secção socialista da geringonça não ter percebido a mensagem que promessas são para cumprir, o braço sindical do Partido Comunista já marcou greves na CP, CP Carga, Metro de Lisboa e STCP, para não nos esquecermos das vantagens das empresas públicas de transportes.
Entretanto, a secção socialista desiste de governar e compromete-se a discutir todas as semanas com as outras secções da esquerdalhada, antes de debater no parlamento as propostas de lei que antes aprovara em conselho de ministros. Cada discussão arrisca-se a ser uma odisseia se não se entendem nem para marcar uma data ou mesmo se uma data foi ou não marcada.
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