«Governo planeia gastar milhares de milhões de euros em três parcerias público privadas para a construção da linha férrea de passageiros entre Lisboa e o Porto que serão pagos por nós, em vez da União Europeia (UE) se a bitola utilizada fosse europeia em vez da bitola ibérica. Resta saber o que está por detrás de tão estranha decisão.
A UE planeou uma rede ferroviária normalizada em toda a Europa com a mesma bitola, o mesmo sistema elétrico e as mesmas normas de segurança, de forma a permitir o livre acesso das diferentes empresas ao transporte de passageiros e de mercadorias a preços baixos, com maior eficiência e rapidez e com menor poluição. Dessa rede faz parte o Corredor Atlântico pensado para servir a Espanha e Portugal, em via dupla com entrada a norte em direção a Aveiro, depois Lisboa e entrada novamente em Espanha por Badajoz. O que deu origem ao acordo luso/espanhol que sobreviveu até 2016, quando o Governo do PS decidiu manter a bitola ibérica e transformar Portugal numa ilha ferroviária. Enquanto isso Espanha construiu a mais moderna rede ferroviária da Europa com a ajuda dos fundos europeus e em Portugal nem um único quilómetro foi construído em bitola europeia, com a perda de milhares de milhões de euros de fundos de Bruxelas.
A única razão apresentada para tão estranha decisão foi a de evitar a concorrência das empresas europeias. Concorrência que Espanha aceitou de bom grado e hoje circulam em Espanha comboios de passageiros franceses e em França comboios espanhóis. Com o resultado dos preços terem caído, as viagens internas de avião terem praticamente desaparecido e com uma redução dos índices de poluição. Além dos ganhos para a economia espanhola no desenvolvimento de uma forte indústria ferroviária hoje exportadora e da capacidade de atração do investimento industrial estrangeiro, dadas as novas condições logísticas oferecidas através da combinação dos transportes ferroviário e marítimo.»
Excerto de Ferrovia: um crime económico, Henrique Neto no Expresso
Tentativa de resposta à pergunta retórica do título:
Uma vez que não há nenhum racional económico nem nenhuma vantagem visível para a trupe socialista que resulte desta decisão insensata, resta atribuí-la, na melhor hipótese, à ignorância, estupidez ou incompetência que infectam a agremiação ou, na pior, à tentativa de evitar o investimento na adopção da bitola europeia em toda a rede ferroviária portuguesa, investimento que na óptica socialista é provavelmente inútil e exigiria serem desviados fundos do dinheiro de helicóptero que faz ganhar eleições.
2 comentários:
A bitola ibérica foi criada nos inícios do caminho de ferro que por ser diferente da bitola francesa era, e sempre foi, uma defesa estratégica para invasões.
Uns engenheiros espanhóis criaram uns rodados que se alargaria ou encolheriam conforme a bitola.
Mas os espanhóis (um saco de gatos de nacionalidades) é que sabem da sua vida.
Portugal ao manter a bitola ibérica ficará nos anos próximos arredado da concorrência da Óropa.
Desde que se compreendeu (na I dinastia) que os castelhanos nem aos Pirenéus nos deixavam chegar, virá-mo-nos para o Oceano. Então criámos um Império.
O sr Neto é um trânsfuga que foi para a Holanda. Pode ir para Tomar no...
A bitola ibérica como defesa estratégica para invasões no século XXI. A melhor piada deste ano.
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