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20/02/2022

A lei de Merton e o conflito entre a redução da pobreza e a redução das emissões

Uma equipa de investigadores, liderada por Benedikt Bruckner da Universidade de Groningen, publicou há dias na Nature Sustainability o paper Impacts of poverty alleviation on national and global carbon emissions onde avalia o conflito entre a erradicação da extrema pobreza e a redução das emissões para metade até 2030 que constituem os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. A  razão é simples, as pessoas com maior rendimento (e os países mais desenvolvidos) têm, por razões óbvias, uma pegada de carbono muito maior do que os pés-descalços, passe a piada.  


O diagrama acima, extraído do paper citado, mostra claramente que a desigualdade da pegada de carbono está relacionada com a desigualdade de rendimento. Há por isso que ter cuidado com as consequências indesejadas de se pretender melhorar a distribuição de rendimento e, sobretudo, eliminar a pobreza, que aumentarão inevitavelmente as emissões, a não ser que os ricos reduzam drasticamente a sua pegada. Segundo o estudo, se a metade das pessoas de maior rendimento diminuísse para metade as suas emissões as emissões totais cairiam 40%. Se, um gigantesco se, apesar serem os mais ricos os que mais badalam o seu amor ao ambiente.

[Lei de Merton ou das «consequências imprevistas da ação social intencional» enunciada por Robert K. Merton em 1936 em “The Unanticipated Consequences of Purposive Social Action”]

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