A affirmative action foi o resultado das lutas contra discriminação racial nos Estados Unidos no início dos anos 60. Começou no domínio laboral, alargou-se à discriminação de sexos e mais recentemente ao ensino universitário com decisões dos tribunais autorizando as faculdades e universidades a considerar a raça ou etnia como um factor de admissão.
Há poucos dias o NYT publicou um estudo muito bem documentado cujo título sumariza as principais conclusões: «Even With Affirmative Action, Blacks and Hispanics Are More Underrepresented at Top Colleges Than 35 Years Ago». Segundo Confúcio (ou Mao Ze Dong para os seus seguidores que hoje se sujeitam à liderança dos trotskistas no BE, o que fará Mao e Estaline rebolarem de raiva nos seus mausoléus), uma imagem vale mais do que mil palavras. Aqui ficam alguns dos diagramas que confirmam as principais conclusões.
Em consequência da affirmative action a representação dos negros e dos hispânicos diminuiu no conjunto e em especial nas admissões às faculdades e universidades «altamente selectivas», apesar de ter aumentado nas «menos selectivas». De acordo com os especialistas consultados pelo NYT «a sub-representação persistente decorre geralmente de questões de equidade que começam anteriormente.
As escolas primárias e secundárias com grande número de estudantes negros e hispânicos têm menos probabilidades de ter professores experientes, cursos avançados, materiais de instrução de alta qualidade e instalações adequadas».
Nem os especialistas nem o NYT explicam porque razão outras minorias, como a asiática que aumentou a sua representação, não são afligidas por este fenómeno. Nem explicam as razões dessas escolas com grande número de estudantes negros e hispânicos terem menos probabilidade de ter professores e condições adequadas, mas parece evidente isso resulta de se situarem em zonas mais pobres. E porque são mais pobres essas zonas com maiores representações de negros e hispânicos (mais dos primeiros do que dos segundos)? A resposta mais óbvia é que são mais pobres porque têm mais negros e hispânicos. E porque negros e hispânicos são mais pobres? Porque vivem em zonas mais pobres?
Deixando a circularidade argumentativa, o que me parece claro é que estes problemas de desigualdade não se resolvem com a engenharia social baseada em ciências ocultas e na vulgata do politicamente correcto.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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29/08/2017
CASE STUDY: Consequências indesejadas das políticas de affirmative action
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1 comentário:
Sempre é bom seguir os vossos escritos que advéem das vossas leituras.
E bem ilustrado.
A melhor denúncia é da argumentação circular.
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