Este é o meu contributo para esclarecer algumas dificuldades linguísticas à volta da discussão do OE 2016.
- Questão técnica: é uma questão de aritmética elementar, salvo se for uma questão política; exemplo: se a despesa aumenta 2 e a receita diminui 1, o défice aumenta 3, salvo se o aumento da despesa for considerado one-off.
- Questão política: é uma questão para os políticos discutirem; exemplo: despesa recorrente é uma despesa que se repete todos os anos mas que no quadro de uma discussão política pode ser considerada one-off, isto é uma despesa irrepetível que se repete todos os anos.
Esclarecida a hermenêutica, estamos agora em condições de interpretar o texto seguinte, da
autoria de Ricardo Costa (podia ser outro qualquer das dezenas que dizem a mesma coisa):
«Há, assim, um claro desfasamento entre as críticas técnicas – muito duras – e algum otimismo político, que parece estranho e ainda é pouco tangível neste contexto.
Embora a negociação seja eminentemente técnica, há questões sobre a forma de contabilizar certas operações que só podem ser desbloqueadas politicamente. E parece ser aí que o executivo socialista está a apostar todas as fichas.»
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