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12/06/2013

Pro memoria (115) - O que Mário Soares explicava ao país no 2.º bailout do FMI

Palavras de Mário Soares em 31 de maio de 1984, citadas por Rui Ramos no Expresso;
«Jogando com os descontentamentos naturais, sem contudo se apresentar qualquer programa coerente alternativo, intencionalmente procurou fomentar-se um clima deletério; de descrença generalizada, de pessimismo total, assacando todas as culpas ao Governo - a este Governo - esquecendo o passado ainda tão próximo, denegrindo por sistema, entravando ou mesmo sabotando iniciativas em curso, silenciando ou minimizando os aspetos positivos de uma atuação que todos sabem ser feita em condições singularmente difíceis, que se pretende? Derrubar apenas o Governo? Mas como, se parece difícil fazê-lo no Parlamento, que é o único sítio, em democracia, onde se devem derrubar legitimamente os governos? Na rua? Para dar lugar a que confrontações e a que novo surto de anarco-populismo? Desagregando-o por dentro, desencorajando as pessoas e tentando destruir as suas imagens políticas? Para abrir caminho a que tipo de aventuras?»
Há outras explicações para a contradição irreconciliável entre o primeiro-ministro Mário Soares de 1984, encurralado pelos antecessores dos que hoje encurralam o governo de Passos Coelho e exigem a sua demissão, e o ex-presidente Mário Soares que quase 30 anos depois lidera os sucessores dos antecessores, mas prefiro pensar que são as inevitáveis consequências dos 30 anos que passaram na sua lucidez. As outras explicações são piores para a memória que os portugueses têm de Mário Soares.

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