«O provincianismo de Merkel, uma engenheira química que cresceu do outro lado do Muro, mostra-se nos discursos. A senhora Merkel tem a eloquência prudente e limitada de um alemão da Alemanha interior, um território mental sem pingo de cosmopolitismo, conservador nos costumes e nos hábitos, inspirado pela frugalidade luterana ou a centrifugação ideológica do marxismo-leninismo soviético.»«O fim do mundo num gemido», Clara Ferreira Alves na Actual do Expresso de 04-02
Repare-se no «provincianismo» de Merkel contraposto ao «cosmopolitismo» (de Ferreira Alves), na «engenheira química» sem cultura e com «eloquência prudente e limitada de um alemão do interior» implicitamente contraposta à bem-pensância e eloquência da luminária de O Eixo do Mal, na «frugalidade luterana» que poderia ser contraposta à mistura de miséria com jactância novo-riquista dominante na sociedade portuguesa, na «centrifugação ideológica do marxismo-leninismo soviético» que poderia ser contraposta ao batido de salazarismo com «marxismo-leninismo soviético», consumido avidamente pela intelectualidade cosmopolita doméstica na época de juventude de Ferreira Alves.
É todo um programa de vida.
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