Não é que se possa confiar sem reservas nas estatísticas de causas que regularmente o Governo nos oferece, mas é provável que o aumento de 10% da criminalidade anunciado pelo ministro da Presidência seja tão rigoroso quanto podem ser rigorosas as estatísticas neste país. Não por causa da reduzida credibilidade do Governo, mas por uma razão bem mais prosaica: fenómenos desta natureza evoluem normalmente com uma lentidão face à qual o incremento anunciado num só ano já representa uma mudança relevante.
Mas é claro que o histerismo com que neste mês de Agosto a mídia tratou este tema e a percepção pública do fenómeno da criminalidade e o sentimento generalizado de crescente insegurança contrastam em absoluto com os tais 10%. Na dúvida, talvez a maioria opte por não acreditar nas estatísticas, nem no Governo. A ser assim, será caso para pensar que o feitiço do mediático (neste caso relativamente espontâneo) se voltou contra o feiticeiro - o Governo que à força de usar intensamente o feitiço (neste caso deliberada e manipulativamente) acaba por ser sua vítima.
Mas é claro que o histerismo com que neste mês de Agosto a mídia tratou este tema e a percepção pública do fenómeno da criminalidade e o sentimento generalizado de crescente insegurança contrastam em absoluto com os tais 10%. Na dúvida, talvez a maioria opte por não acreditar nas estatísticas, nem no Governo. A ser assim, será caso para pensar que o feitiço do mediático (neste caso relativamente espontâneo) se voltou contra o feiticeiro - o Governo que à força de usar intensamente o feitiço (neste caso deliberada e manipulativamente) acaba por ser sua vítima.
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