Ao contrário do que tinha anunciado aqui, não será possível dividir a tese de APS em apenas 4 partes. Possuído por um impulso criativo irreprimível, incontornável, e, receio, incomensurável, APS ampliou a tese com novos desenvolvimentos. Assim, publica-se hoje a 4.ª de n partes (n=logo se vê).
(continuação de (1), (2) e (3))
1 – Enquadramento (4.ª parte)
O conteúdo do terceiro problema é toda uma outra questão e desde sempre o desgraçado do Homo Sapiens se debateu com ela, quase sempre da pior maneira. À custa deste problema inventou a ética e a politica bem como a ciência e a tecnologia e todos os males e alguns bens que estas invenções implicaram.
Não me parece possível desenhar uma matriz do conteúdo do terceiro problema que sirva a todos e respeito todos os requisitos. Não a há e basta a existência de uma meta programação para atestar aquela impossibilidade. Não é possível ordenar, sequer, os possíveis conteúdos segundo uma escala de valores, isto é, não há uma ética que nos valha nesta tarefa.
Cada exemplar do Homo Sapiens escolhe (ou pensa que escolhe) um conteúdo para o terceiro problema segundo critérios, as mais das vezes insondáveis: porque é que o Frege escolheu um projecto na área da lógica no qual trabalhou a vida inteira e na véspera de ser publicado o Bertrand Russel demonstrou que ele estava errado num dos pilares da teoria? Ou o Einstein se obstinou a vida inteira na teoria da unificação dos campos sem qualquer resultado, porque embirrou com a mecânica quântica? Se calhar não podia ser de outra maneira. De qualquer modo o que importa é fazer qualquer coisa, caso contrário o terceiro problema dá connosco em doidos.
Estas duas situações paradigmáticas e extremas facilitam-nos a definição de alguns termos:
- “Mal de Frege” para definir o caso de alguém que se envolve a vida inteira num projecto altamente difícil e complexo e que na véspera de o enunciar ao mundo a sua resolução ou à beira de morrer descobre por si só ou por interposta pessoa que estava tudo errado
- “Bem de Albert” para definir o caso de alguém que se envolve a vida inteira num projecto altamente difícil e complexo e que nunca o consegue resolver, muitas vezes devido a uma razão ou um detalhe estúpidos
- “Mal Pior de APS”que é o caso do Mal de Frege mas na circunstância de o projecto ser absolutamente simples, fácil e trivial
- “Bem Melhor de APS”que é o caso do Bem de Albert mas na circunstância de o projecto ser absolutamente simples, fácil e trivial.
(Continua até à extinção)
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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