«Crime era o Algarve não ter estado no Euro 2004.» «Mas ... o estádio custa 450 mil contos por ano», lamenta-se o jornalista de O Independente, citando o outro candidato, que na página ao lado diz que são 8% das receitas correntes da câmara de Faro.
Sem se atrapalhar, o doutor Apolinário, cabeça de lista do PS por Faro, saca do argumento definitivo:
«As soluções passam por parcerias com privados para dinamizar a vida em torno do estádio, por exemplo, construir um hotel que permita melhor aproveitamento do turismo desportivo, passam pela construção de um parque de lazer para aquela região e por resolver o problema do hospital.»Esperava-se que o doutor Apolinário explanasse o seu grandioso desígnio, por exemplo explicando onde irá desencovilar «privados» para torrar dinheiro no estádio. Ou, por exemplo, sugerindo a sua utilização para jogos de solteiros britânicos contra casados alemães, jogos que certamente produziriam inúmeras lesões que seriam tratadas no hospital a construir com o dinheiro de investidores russos amigos do presidente Putin.
Em vez disso, o doutor Apolinário arruma a questão negando que se trate dum «elefante branco» e classificando o bicho de «projecto estruturante». A ensombrar o radioso panorama ele só vê um pequeno problema: a câmara tem uma dívida de 74,5 milhões de euros (o que pelas minhas contas de merceeiro corresponde a 32 meses de receitas correntes).
Dito isto, é justíssimo atribuir ao doutor Apolinário 5 chateaubriands pela confusão genuinamente socialista entre «privados» e «tansos» e outros 5 bourbons pela sua capacidade notável de não esquecer nada e nada aprender. Enfim, tem tudo para ser um verdadeiro estradista na equipa do doutor Coelho.
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