Estória
Entrevista de Patrick O'Connor, embaixador da Irlanda, ao Independente de 30-01-2004:
I. Falamos muito do milagre irlandês...
PO'C. O nosso sucesso baseou-se na associação entre sindicatos, empregadores e governo. Acreditamos que esta ideia também pode ser usada na Europa.
I. Pode comparar a situação irlandesa com a portuguesa?
P'OC. O chamado milagre irlandês ocorreu num período de 20 anos. Por outras palavras, começámos a investir na educação no final dos anos 50 e seguintes. Muito antes de aderir à UE. Depois usámos os fundos europeus... É uma questão de escolhas. As infra-estruturas portuguesas são melhores que as irlandesas. Provavelmente tivemos sorte. Mas voltamos à minha questão: talvez a situação irlandesa seja única. Algumas partes do modo poderão ser aplicadas em Portugal e na Europa, mas não todo o conjunto.
I. Que partes poderiam ser aplicadas em Portugal?
PO'C. Agora que tem boas infra-estruturas, a prioridade deveria ser a melhoria do sistema educativo. Não sei como o esquema de parcerias funcionaria aqui. Tenho que enfatizar que a associação [entre sindicatos, empregadores e governo] aconteceu na Irlanda numa época de grave depressão económica. Estou a falar do final dos anos 80. A situação era tão má que os sindicatos conseguiram persuadir os trabalhadores a aceitar a austeridade durante vários anos. E o governo também a suportou. A nossa dívida nacional ultrapassou os 120 por cento do Produto Nacional Bruto. Tudo foi feito numa altura em que as condições eram muito más. Talvez tenhamos de descer muito fundo.
Moral
Talvez tenhamos de descer ainda mais fundo, mas não até arrumadores de carros.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
02/02/2004
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Perdidos no continuum espacio-temporal.
Secção Universos paralelos
A câmara foca a primeira fila da bancada socialista na assembleia da República e mostra o par doutor Ferro Rodrigues / doutor António Costa, recriações dos velhos marretas Statler and Waldorf do Muppets Show, com aquela linguagem corporal, aqueles trejeitos faciais e aquelas interjeições sui generis. Fecho os olhos, flashback de 30 anos – lá estão aquelas criaturas aprisionadas numa RGA (Reunião Geral de Alunos) dos 70’s, encalhadas numa qualquer fenda do tempo, boiando num universo paralelo.
Três bourbons para cada um, pela «coerência» (acho que é assim que se costuma chamar a esta incapacidade de mudar), e quatro chateaubriands pela confusão de coordenadas no continuum espacio-temporal.
A câmara foca a primeira fila da bancada socialista na assembleia da República e mostra o par doutor Ferro Rodrigues / doutor António Costa, recriações dos velhos marretas Statler and Waldorf do Muppets Show, com aquela linguagem corporal, aqueles trejeitos faciais e aquelas interjeições sui generis. Fecho os olhos, flashback de 30 anos – lá estão aquelas criaturas aprisionadas numa RGA (Reunião Geral de Alunos) dos 70’s, encalhadas numa qualquer fenda do tempo, boiando num universo paralelo.
Três bourbons para cada um, pela «coerência» (acho que é assim que se costuma chamar a esta incapacidade de mudar), e quatro chateaubriands pela confusão de coordenadas no continuum espacio-temporal.
01/02/2004
BLOGARIDADES: Os orizicultores foram ao esthéticien.
O Vareta Funda fez um facelift, plantou aqui e ali uns Noronhas Warhol da Costa pós-modernos e ganhou mais um Tratador. Ficou com um aspecto refrescante. Parabéns.
Mas, no melhor pano cai a nódoa. Vários Tratadores foram contaminados pela pieguice e fizeram coro com a choraminguice nacional a propósito do imigrante húngaro Fehér.
Deve ser passageiro. As melhoras.
Mas, no melhor pano cai a nódoa. Vários Tratadores foram contaminados pela pieguice e fizeram coro com a choraminguice nacional a propósito do imigrante húngaro Fehér.
Deve ser passageiro. As melhoras.
31/01/2004
CASE STUDY: Talvez arrumadores de carros?
Li aqui:
«Os mais de 116 mil alunos do 6º ano que, em Maio de 2002, realizaram as provas de aferição não conseguiram mais do que uma média de 33,5 por cento, numa escala de 0 a 100.»
Como se isto não fosse já um desastre, em matemática as coisas são muito piores (o Público não refere números) .
Estamos condenados a ser o sudeste asiático da Europa? Nada disso. Eles afastam-se rapidamente do ponto para onde nós caminhamos. Lembrei-me de ir reler o artigo «Banking on education to propel a new spurt of growth» do Economist de 13 Dez para confirmar que a percentagem de alunos matriculados em relação ao grupo etário no ensino secundário e no ensino superior é, para a maior parte dos países da região, superior a 70% e 30%, respectivamente.
E por falar em ensino superior, o gráfico aqui mostra como gastamos com as universidades uma percentagem do PIB muito maior do que a da Grécia e praticamente igual á de países que têm um ensino terciário de muito melhor qualidade, como Suíça, Japão, Alemanha e Grã Bretanha. Não vale refutar com o argumento que estes países têm um PIB per capita superior, porque o que conta nos custos com a educação são as despesas com o pessoal docente e administrativo e é evidente que um professor universitário português não pode ganhar pela bitola suíça.
Ou somos capazes de reformar o sistema educativo rapidamente ou cumpriremos o destino que nos reserva o doutor José Manuel de Mello - «talvez arrumadores de carros».
«Os mais de 116 mil alunos do 6º ano que, em Maio de 2002, realizaram as provas de aferição não conseguiram mais do que uma média de 33,5 por cento, numa escala de 0 a 100.»
Como se isto não fosse já um desastre, em matemática as coisas são muito piores (o Público não refere números) .
Estamos condenados a ser o sudeste asiático da Europa? Nada disso. Eles afastam-se rapidamente do ponto para onde nós caminhamos. Lembrei-me de ir reler o artigo «Banking on education to propel a new spurt of growth» do Economist de 13 Dez para confirmar que a percentagem de alunos matriculados em relação ao grupo etário no ensino secundário e no ensino superior é, para a maior parte dos países da região, superior a 70% e 30%, respectivamente.
E por falar em ensino superior, o gráfico aqui mostra como gastamos com as universidades uma percentagem do PIB muito maior do que a da Grécia e praticamente igual á de países que têm um ensino terciário de muito melhor qualidade, como Suíça, Japão, Alemanha e Grã Bretanha. Não vale refutar com o argumento que estes países têm um PIB per capita superior, porque o que conta nos custos com a educação são as despesas com o pessoal docente e administrativo e é evidente que um professor universitário português não pode ganhar pela bitola suíça.
Ou somos capazes de reformar o sistema educativo rapidamente ou cumpriremos o destino que nos reserva o doutor José Manuel de Mello - «talvez arrumadores de carros».
30/01/2004
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: A semiótica da inesquecível socióloga
Secção Perguntas Impertinente
Escrito no Público pelo doutor Eduardo Prado Coelho e lido no DN:
«Não deixa de ser sociologicamente significativo que entre os anúncios da secção 'Relax' de um grande quotidiano português apareça esta sugestiva proposta: 'Inesquecível socióloga, 26 anos, exótica, elegante, corpo perfeito, convive distinto cavalheiro'.»
Escrito isto, o doutor PC faz as perguntas que todos gostaríamos de ter feito, mas só ele é capaz:
«Será inesquecível enquanto socióloga? Será inesquecível apesar de ser socióloga?»
Enquanto o doutor Eduardo se corrói com a semiótica da inesquecível socióloga, o Impertinente oferece-lhe, para o consolar, 2 chateaubriands pela confusão do «apesar de ser», que nada tem a ver com o caso, como se as sociólogas não fossem tão capazes como as antropólogas, por exemplo, de proporcionar momentos inesquecíveis, a um praticante da semiótica ou mesmo a um ser humano normal. E ainda 3 bourbons, não por continuar a ser praticante, que disso não tenho a certeza, mas por continuar a ser um bonzo.
Escrito no Público pelo doutor Eduardo Prado Coelho e lido no DN:
«Não deixa de ser sociologicamente significativo que entre os anúncios da secção 'Relax' de um grande quotidiano português apareça esta sugestiva proposta: 'Inesquecível socióloga, 26 anos, exótica, elegante, corpo perfeito, convive distinto cavalheiro'.»
Escrito isto, o doutor PC faz as perguntas que todos gostaríamos de ter feito, mas só ele é capaz:
«Será inesquecível enquanto socióloga? Será inesquecível apesar de ser socióloga?»
Enquanto o doutor Eduardo se corrói com a semiótica da inesquecível socióloga, o Impertinente oferece-lhe, para o consolar, 2 chateaubriands pela confusão do «apesar de ser», que nada tem a ver com o caso, como se as sociólogas não fossem tão capazes como as antropólogas, por exemplo, de proporcionar momentos inesquecíveis, a um praticante da semiótica ou mesmo a um ser humano normal. E ainda 3 bourbons, não por continuar a ser praticante, que disso não tenho a certeza, mas por continuar a ser um bonzo.
DIÁRIO DE BORDO: Maiêutica do aborto (nº. 1).
É tempo de trabalhos de parto socrático.
Segundo um estudo do Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, citado pelo DN aqui, «uma em cada cinco mulheres do Porto ... já teve uma interrupção voluntária da gravidez» e «nas idades inferiores a 30 anos, uma faixa etária em que o acesso aos métodos contraceptivos orais está generalizado e facilitado, as inquiridas admitem uma média superior a três abortos».
Este estudo será fiável?
Se não for, porque será tão fácil falsificar estudos em Portugal?
Se for, como explicar que mulheres jovens não usem os meios anticoncepcionais?
Se não usam por não conhecer, porque não conhecem? Não se fala disso em todo o lado, nas escolas, na televisão?
Se conhecem, porque não usam?
Não encontram? Porque não encontram? Não são vendidos preservativos à porta das farmácias, nos WC das discotecas, bares, et alia?
São impedidas de usar anticoncepcionais pelos parceiros? Os anticoncepcionais intrauterinos podem ser impedidos de usar pelo parceiro? E a pílula convencional? E a pílula do dia seguinte?
Algum meio anticoncepcional não está ao alcance das suas bolsas, no país que tem a taxa de penetração de telemóvel mais alta da Europa (95%) e onde é maior a percentagem da despesa privada em comunicações, que é tripla da educação? (A propósito, ver a ESTÓRIA E MORAL: Comunicar é preciso).
Porquê as mulheres jovens que fizeram um primeiro aborto, não usaram o dinheiro gasto com o segundo aborto, ou o terceiro, ou o quarto, ou o quinto, etc. (recorde-se que a média é 3), para comprar anticoncepcionais para o resto da sua vida fértil poupando os abortos seguintes?
(Continua)
Segundo um estudo do Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, citado pelo DN aqui, «uma em cada cinco mulheres do Porto ... já teve uma interrupção voluntária da gravidez» e «nas idades inferiores a 30 anos, uma faixa etária em que o acesso aos métodos contraceptivos orais está generalizado e facilitado, as inquiridas admitem uma média superior a três abortos».
Este estudo será fiável?
Se não for, porque será tão fácil falsificar estudos em Portugal?
Se for, como explicar que mulheres jovens não usem os meios anticoncepcionais?
Se não usam por não conhecer, porque não conhecem? Não se fala disso em todo o lado, nas escolas, na televisão?
Se conhecem, porque não usam?
Não encontram? Porque não encontram? Não são vendidos preservativos à porta das farmácias, nos WC das discotecas, bares, et alia?
São impedidas de usar anticoncepcionais pelos parceiros? Os anticoncepcionais intrauterinos podem ser impedidos de usar pelo parceiro? E a pílula convencional? E a pílula do dia seguinte?
Algum meio anticoncepcional não está ao alcance das suas bolsas, no país que tem a taxa de penetração de telemóvel mais alta da Europa (95%) e onde é maior a percentagem da despesa privada em comunicações, que é tripla da educação? (A propósito, ver a ESTÓRIA E MORAL: Comunicar é preciso).
Porquê as mulheres jovens que fizeram um primeiro aborto, não usaram o dinheiro gasto com o segundo aborto, ou o terceiro, ou o quarto, ou o quinto, etc. (recorde-se que a média é 3), para comprar anticoncepcionais para o resto da sua vida fértil poupando os abortos seguintes?
(Continua)
29/01/2004
SERVIÇO PÚBLICO: (1) «Não lhe peçam para organizar um boteco» e (2) «Oil runs thicker than blood».
SERVIÇO (1)
O sempre atento repositório liberal de O Intermitente transcreve aqui um notável e bem humorado escrito, sobre o Fórum Social Mundial, de Percival Puggina que vai sofrer, pela segunda vez em Porto Alegre no próximo ano, a pesporrência da «elite da esquerda mundial» sorvendo «uísque e gelo ... nos hotéis cinco estrelas onde se instala», enquanto planeia a construção de um mundo novo alternativo que, em boa verdade, é o mundo velho que já existiu até à derrocada do muro de Berlim.
SERVIÇO (2)
O imprescindível Merde in France remete-nos para a denúncia, com base em documentos iraquianos, pelo Washington Times do petróleo que Saddam utilizou para comprar cumplicidades no governo francês.
Se (um pequenino se, dados os antecedentes criminais do Sr. Chirac na câmara de Paris e no governo) for verdade é, de facto, caso para dizer que o petróleo é melhor lubrificante do que o sangue.
O sempre atento repositório liberal de O Intermitente transcreve aqui um notável e bem humorado escrito, sobre o Fórum Social Mundial, de Percival Puggina que vai sofrer, pela segunda vez em Porto Alegre no próximo ano, a pesporrência da «elite da esquerda mundial» sorvendo «uísque e gelo ... nos hotéis cinco estrelas onde se instala», enquanto planeia a construção de um mundo novo alternativo que, em boa verdade, é o mundo velho que já existiu até à derrocada do muro de Berlim.
SERVIÇO (2)
O imprescindível Merde in France remete-nos para a denúncia, com base em documentos iraquianos, pelo Washington Times do petróleo que Saddam utilizou para comprar cumplicidades no governo francês.
Se (um pequenino se, dados os antecedentes criminais do Sr. Chirac na câmara de Paris e no governo) for verdade é, de facto, caso para dizer que o petróleo é melhor lubrificante do que o sangue.
BLOGARIDADES: Upgrade de O Meu Pêpê (4).
Para quem não se recorde ou para leitores acidentais, propus-me desde aqui construir o meu Abrupto virtual, baptizado de O Meu Pêpê. Já houve 3 números dedicados ao tema e é agora a vez do quarto, que não é bem um upgrade.
O Meu Pêpê seguiria definitivamente o paradigma do Abrupto no repúdio da «masturbação da dor», a propósito do acidente de trabalho do jovem futebolista e imigrante húngaro Fehér.
O Meu Pêpê também não hesitaria em classificar a coisa de «insuportável mediocridade... falta de respeito pelos mortos ... e ... falta de dignidade».
Correndo o risco de cruzar a fronteira do populismo e da demagogia, O Meu Pêpê acrescentaria ao que escreveu o Abrupto que faria mais sentido reservar as lágrimas para chorar a morte dum desgraçado licenciado em física pela universidade de Kiev, esmifrado pelas mafias que sobraram dos paraísos do socialismo, soterrado por toneladas de terra escorregada dum qualquer talude, duma qualquer obra às ordens dum qualquer empreiteiro, num qualquer buraco deste Portugal choramingas.
É claro que já nem comento quanto a dar voz aos detractores, como o Abrupto agora fez aqui - isso para O Meu Pêpê será tão natural como beber água (apesar de O Meu Pêpê só beber vinho tinto).
O Meu Pêpê seguiria definitivamente o paradigma do Abrupto no repúdio da «masturbação da dor», a propósito do acidente de trabalho do jovem futebolista e imigrante húngaro Fehér.
O Meu Pêpê também não hesitaria em classificar a coisa de «insuportável mediocridade... falta de respeito pelos mortos ... e ... falta de dignidade».
Correndo o risco de cruzar a fronteira do populismo e da demagogia, O Meu Pêpê acrescentaria ao que escreveu o Abrupto que faria mais sentido reservar as lágrimas para chorar a morte dum desgraçado licenciado em física pela universidade de Kiev, esmifrado pelas mafias que sobraram dos paraísos do socialismo, soterrado por toneladas de terra escorregada dum qualquer talude, duma qualquer obra às ordens dum qualquer empreiteiro, num qualquer buraco deste Portugal choramingas.
É claro que já nem comento quanto a dar voz aos detractores, como o Abrupto agora fez aqui - isso para O Meu Pêpê será tão natural como beber água (apesar de O Meu Pêpê só beber vinho tinto).
28/01/2004
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Tony’s guts (Part 2).
Secção Res ipsa loquitor
Os factos falam por si mesmo: uma comissão independente liderada por um juiz independente, Lord Hutton, que durante a investigação não poupou o governo e em particular Tony Blair, concluiu, segundo as palavras da própria BBC, que «the suggestion in BBC reports that the government "sexed up" its dossier on Iraq's weapons with unreliable intelligence was "unfounded"».
O resultado normal num país normal é, e foi, o pedido de demissão do presidente da BBC Gavyn Davies, não sem se lamentar «that you cannot choose your own referee, and that the referee's decision is final», no que me fez lembrar os nossos treinadores e presidentes dos clubes quando levam uma abada do adversário.
Dois afonsos para Tony Blair (atingindo o máximo diário de 5) e 2 ignóbeis para Gavyn Davies (levaria 5 se não tivesse pedido a demissão).
Os factos falam por si mesmo: uma comissão independente liderada por um juiz independente, Lord Hutton, que durante a investigação não poupou o governo e em particular Tony Blair, concluiu, segundo as palavras da própria BBC, que «the suggestion in BBC reports that the government "sexed up" its dossier on Iraq's weapons with unreliable intelligence was "unfounded"».
O resultado normal num país normal é, e foi, o pedido de demissão do presidente da BBC Gavyn Davies, não sem se lamentar «that you cannot choose your own referee, and that the referee's decision is final», no que me fez lembrar os nossos treinadores e presidentes dos clubes quando levam uma abada do adversário.
Dois afonsos para Tony Blair (atingindo o máximo diário de 5) e 2 ignóbeis para Gavyn Davies (levaria 5 se não tivesse pedido a demissão).
ESTÓRIA E MORAL: La politique pragmatique.
Estória
Jacques Chirac garantiu ontem ao presidente chinês Hu Jintao, de visita a França, a sua oposição ao referendo marcado para 20 de Março em Taiwan, para os habitantes da ilha decidirem sobre o reforço da defesa no caso dos mísseis chineses continuarem apontados para a terra deles, e sobre eventuais negociações com vista a um acordo com Pequim.
O que tem isto de extraordinário? Nada. Business as usual. Chirac está apenas a jogar ao ataque, posicionando-se no mercado chinês – 1.300 milhões de consumidores e um PIB que cresceu na década de 90 à média anual de 11%.
Os grandes princípios são reservados para o Iraque, onde Chirac não joga ao ataque. Jogava à defesa para segurar o resultado: anos de colaboração com o regime de Saddam.
Moral
«A Inglaterra não tem nem amigos eternos, nem inimigos eternos, mas apenas interesses eternos», disse Lord Palmerston, ministro dos NE inglês que durante 40 anos defendeu os interesses ingleses contra a Rússia e a França. E a França também não.
Jacques Chirac garantiu ontem ao presidente chinês Hu Jintao, de visita a França, a sua oposição ao referendo marcado para 20 de Março em Taiwan, para os habitantes da ilha decidirem sobre o reforço da defesa no caso dos mísseis chineses continuarem apontados para a terra deles, e sobre eventuais negociações com vista a um acordo com Pequim.
O que tem isto de extraordinário? Nada. Business as usual. Chirac está apenas a jogar ao ataque, posicionando-se no mercado chinês – 1.300 milhões de consumidores e um PIB que cresceu na década de 90 à média anual de 11%.
Os grandes princípios são reservados para o Iraque, onde Chirac não joga ao ataque. Jogava à defesa para segurar o resultado: anos de colaboração com o regime de Saddam.
Moral
«A Inglaterra não tem nem amigos eternos, nem inimigos eternos, mas apenas interesses eternos», disse Lord Palmerston, ministro dos NE inglês que durante 40 anos defendeu os interesses ingleses contra a Rússia e a França. E a França também não.
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Tony’s guts.
Secção Res ipsa loquitor
311 contra e 316 favor foi o resultado apertado da votação de ontem no parlamento inglês para aprovar a flexibilização das propinas das universidades inglesas. Uma vitória para Tony Blair que arriscou a sua cabeça por uma reforma do financiamento das universidades que vai no caminho certo.
Para mais pormenores é melhor comprar o Economist da semana passada, que trata do tema com a atenção que ele merece. Em alternativa pode ler excertos em O Intermitente.
Três afonsos para o Tony que mostra guts à altura da saudosa Margareth, que se desfez dos escombros do estatismo trabalhista e pavimentou a estrada para duas décadas de prosperidade.
311 contra e 316 favor foi o resultado apertado da votação de ontem no parlamento inglês para aprovar a flexibilização das propinas das universidades inglesas. Uma vitória para Tony Blair que arriscou a sua cabeça por uma reforma do financiamento das universidades que vai no caminho certo.
Para mais pormenores é melhor comprar o Economist da semana passada, que trata do tema com a atenção que ele merece. Em alternativa pode ler excertos em O Intermitente.
Três afonsos para o Tony que mostra guts à altura da saudosa Margareth, que se desfez dos escombros do estatismo trabalhista e pavimentou a estrada para duas décadas de prosperidade.
27/01/2004
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: «Falhamos na implementação» (felizmente, digo eu).
Secção Entradas de leão e saídas de sendeiro
Segundo o Diário Económico, o doutor Diogo Vasconcelos, gestor da UMIC (Unidade de Missão Inovação e Conhecimento) anunciou no Wireless Communications Simposium que iria ser instalada em Portugal «a maior rede wireless académica do mundo».
Do mundo? Sim, do mundo. O homem poderia contentar-se com ser o maior da rua dele, ou da península, ou do sul da Europa, ou, vá lá, a sul do paralelo 42º Norte. Mas não. Não faz a coisa por menos do que o mundo.
A coisa é preocupante? Sem dúvida, e ainda não sabem tudo.
O doutor Diogo anunciou que vai «contaminar toda a sociedade a partir do estudante». Contaminar? Estudante? Quem paga as propinas? Agora, sim, será o fim. O doutor Diogo fará o que nem a pesada herança do fascismo, nem a revolução dos cravos chegaram a fazer, nem ainda os subsídios comunitários, nem o engenheiro Guterres, nem a Casa Pia.
A única coisa que nos resta é a esperança. «Em Portugal somos excelentes em estratégia mas falhamos na implementação», diz ele. Uhf! Afinal vai ser tudo vapourware.
Dois chateaubriands pela fantasia e 5 pilatos porque o homem nem as primeiras 20, das 200 anunciadas, zonas de acesso Wi-Fi vai conseguir instalar.
Segundo o Diário Económico, o doutor Diogo Vasconcelos, gestor da UMIC (Unidade de Missão Inovação e Conhecimento) anunciou no Wireless Communications Simposium que iria ser instalada em Portugal «a maior rede wireless académica do mundo».
Do mundo? Sim, do mundo. O homem poderia contentar-se com ser o maior da rua dele, ou da península, ou do sul da Europa, ou, vá lá, a sul do paralelo 42º Norte. Mas não. Não faz a coisa por menos do que o mundo.
A coisa é preocupante? Sem dúvida, e ainda não sabem tudo.
O doutor Diogo anunciou que vai «contaminar toda a sociedade a partir do estudante». Contaminar? Estudante? Quem paga as propinas? Agora, sim, será o fim. O doutor Diogo fará o que nem a pesada herança do fascismo, nem a revolução dos cravos chegaram a fazer, nem ainda os subsídios comunitários, nem o engenheiro Guterres, nem a Casa Pia.
A única coisa que nos resta é a esperança. «Em Portugal somos excelentes em estratégia mas falhamos na implementação», diz ele. Uhf! Afinal vai ser tudo vapourware.
Dois chateaubriands pela fantasia e 5 pilatos porque o homem nem as primeiras 20, das 200 anunciadas, zonas de acesso Wi-Fi vai conseguir instalar.
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saídas de sendeiro
26/01/2004
DIÁRIO DE BORDO: Alguém descobriu como emagrecer a vaca marsupial sem matar os vitelos?
Não consegui cruzar-me com o Jornal de Negócios para ler a famosa entrevista completa do professor Valadares Tavares, onde ele deveria ter explicado como vai ser conseguido o milagre que anunciei aqui. Supõe-se que o prof deveria explicar como enxugar sem dor a bolsa marsupial da vaca pública reduzindo-a de 1/3.
Há por aí alguma alma que tenha lido e ficado iluminada?
Há por aí alguma alma que tenha lido e ficado iluminada?
SERVIÇO PÚBLICO: Jornalismo com aspas.
Partindo daqui, passando por aqui, cheguei aqui.
Fiquei a saber (obrigado VALETE FRATES!), que só agora foi mostrada uma entrevista de David Kelly à BBC, dada vários meses antes da sua morte que está a ser objecto de investigação pela Comissão Hutton.
Nessa entrevista Kelly disse «even if they're not actually filled and deployed today, the capability exists to get them filled and deployed within a matter of days and weeks». Kelly disse, mas ninguém reparou. Talvez por distracção, a entrevista não foi incluida no programa Panorama para a qual foi gravada.
Talvez também por distracção, esta notícia da SkyNews onde a história é contada não foi aparentemente referida pela comunicação social cá da terra.
Fiquei a saber (obrigado VALETE FRATES!), que só agora foi mostrada uma entrevista de David Kelly à BBC, dada vários meses antes da sua morte que está a ser objecto de investigação pela Comissão Hutton.
Nessa entrevista Kelly disse «even if they're not actually filled and deployed today, the capability exists to get them filled and deployed within a matter of days and weeks». Kelly disse, mas ninguém reparou. Talvez por distracção, a entrevista não foi incluida no programa Panorama para a qual foi gravada.
Talvez também por distracção, esta notícia da SkyNews onde a história é contada não foi aparentemente referida pela comunicação social cá da terra.
ESTÓRIA E MORAL: A profecia do doutor Mello e a troca do machimbombo da Xana por uma bela berlina.
Estória
A Xana Macedo é directora-geral da Best Models, nome que poderia ser de uma fábrica de aviões miniatura no vale do Ave, mas de facto é uma agência de manequins - aquelas meninas e meninos que desfilam com uns trapos pendurados que deixam entrever os seus órgãos mamários e genitálias, dizem os cínicos, ou a salvação do nosso têxtil, dizem os sonhadores. A Xana tem uma vivenda nas Antas e um Grand Cherokee.
O Grand Cherokee dela não é o Grande Chefe John Ross, que tentou manter a nação Cherokee fora da guerra dos brancos, mas acabou por escolher o lado errado – a Confederação. É um jeep da General Motors do tamanho duma diligência puxada por 6 cavalgaduras.
Possivelmente em resposta a uma audaciosa pergunta do semanário do saco de plástico, a Xana disse que queria o Grand Cherokee «para poder subir os passeios» da cidade invicta. Invicta não porque o FêCêPê ainda não perdeu neste campeonato, mas porque o Porto nunca foi conquistado pelo inimigo, ainda que isso tenha custado comer tripas durante umas semanas, o que explica muita coisa – os descendentes dos sitiados ainda hoje têm como maior ambição na vida ganhar aos mouros, prova definitiva que as tripas estavam contaminadas pela doença das vacas loucas.
O doutor José Manuel de Mello não precisa de apresentação. Não tem nem um Grand Cherokee, nem já tem pachorra para aturar a nação, no que é acompanhado por muito boa gente, até mais nova, como este vosso criado.
O que têm em comum a Xana e o doutor Mello? Aparentemente só facto de ambos terem falado para o caderno nº 432 do Expresso.
Aparentemente. Uma leitura mas cuidada mostra que é muito mais do que isso.
À pergunta metafísica do doutor Nicolau Santos, o senhor do lacinho, «qual é o nosso destino como país e como povo?», o doutor Mello, mostrando o profundo conhecimento da alma lusa, adquirido durante a sua prisão em Caxias sob a acusação de «capitalista monopolista», às ordens do Conselho de Revolução, respondeu «talvez arrumadores de carros».
Quer isto dizer que se os tugas cumprirem o destino profetizado pelo doutor Mello, a doutora Xana pode vender o machimbombo e comprar uma bela berlina, que será encostada milimetricamente ao passeio com a ajuda dum galdério munido duma carteira profissional e devidamente inscrito na associação dos arrumadores, em vias de se transformar na Ordem dos Gestores de Parqueamento.
Moral
Teremos o destino que merecermos (Albert Einstein).
A Xana Macedo é directora-geral da Best Models, nome que poderia ser de uma fábrica de aviões miniatura no vale do Ave, mas de facto é uma agência de manequins - aquelas meninas e meninos que desfilam com uns trapos pendurados que deixam entrever os seus órgãos mamários e genitálias, dizem os cínicos, ou a salvação do nosso têxtil, dizem os sonhadores. A Xana tem uma vivenda nas Antas e um Grand Cherokee.
O Grand Cherokee dela não é o Grande Chefe John Ross, que tentou manter a nação Cherokee fora da guerra dos brancos, mas acabou por escolher o lado errado – a Confederação. É um jeep da General Motors do tamanho duma diligência puxada por 6 cavalgaduras.
Possivelmente em resposta a uma audaciosa pergunta do semanário do saco de plástico, a Xana disse que queria o Grand Cherokee «para poder subir os passeios» da cidade invicta. Invicta não porque o FêCêPê ainda não perdeu neste campeonato, mas porque o Porto nunca foi conquistado pelo inimigo, ainda que isso tenha custado comer tripas durante umas semanas, o que explica muita coisa – os descendentes dos sitiados ainda hoje têm como maior ambição na vida ganhar aos mouros, prova definitiva que as tripas estavam contaminadas pela doença das vacas loucas.
O doutor José Manuel de Mello não precisa de apresentação. Não tem nem um Grand Cherokee, nem já tem pachorra para aturar a nação, no que é acompanhado por muito boa gente, até mais nova, como este vosso criado.
O que têm em comum a Xana e o doutor Mello? Aparentemente só facto de ambos terem falado para o caderno nº 432 do Expresso.
Aparentemente. Uma leitura mas cuidada mostra que é muito mais do que isso.
À pergunta metafísica do doutor Nicolau Santos, o senhor do lacinho, «qual é o nosso destino como país e como povo?», o doutor Mello, mostrando o profundo conhecimento da alma lusa, adquirido durante a sua prisão em Caxias sob a acusação de «capitalista monopolista», às ordens do Conselho de Revolução, respondeu «talvez arrumadores de carros».
Quer isto dizer que se os tugas cumprirem o destino profetizado pelo doutor Mello, a doutora Xana pode vender o machimbombo e comprar uma bela berlina, que será encostada milimetricamente ao passeio com a ajuda dum galdério munido duma carteira profissional e devidamente inscrito na associação dos arrumadores, em vias de se transformar na Ordem dos Gestores de Parqueamento.
Moral
Teremos o destino que merecermos (Albert Einstein).
25/01/2004
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Como emagrecer a vaca marsupial sem matar os vitelos?
Secção Sol na eira e chuva no nabal
O presidente do Instituto Nacional da Administração, professor Valadares Tavares, deu uma entrevista ao Jornal de Negócios na 6ª feira, que vai ser publicada amanhã 2ª Feira, onde propõe os seguintes objectivos:
* abater 200.000 utentes da vaca marsupial pública, passando o número de funcionários públicos para qualquer coisa entre 500 a 550 mil, número ainda assim astronómico;
* manter o «ponto de honra do Governo (de) não haver despedimentos na Função Pública»;
* mas para fazer isso, «recusa a ideia de não substituir os funcionários públicos que entretanto se vão aposentando»;
* porque «necessitamos de uma Administração Pública com mais competência ... 30% a 40%, nos próximos cinco anos».
Aguardo ansiosamente a leitura integral da entrevista, onde certamente o professor Valadares Tavares nos vai explicar como se realizará esta maravilhosa quadratura do círculo, num horizonte razoável de tempo – por exemplo na altura em que o George W. resolveu que um seu sucessor irá colocar homens (e mulheres, espera-se) em Marte.
Enquanto aguardo, atribuo-lhe 5 chateaubriands à consignação. Se ficar convencido da praticabilidade do milagre troco-os por afonsos e fico eu com os chateaubriands.
O presidente do Instituto Nacional da Administração, professor Valadares Tavares, deu uma entrevista ao Jornal de Negócios na 6ª feira, que vai ser publicada amanhã 2ª Feira, onde propõe os seguintes objectivos:
* abater 200.000 utentes da vaca marsupial pública, passando o número de funcionários públicos para qualquer coisa entre 500 a 550 mil, número ainda assim astronómico;
* manter o «ponto de honra do Governo (de) não haver despedimentos na Função Pública»;
* mas para fazer isso, «recusa a ideia de não substituir os funcionários públicos que entretanto se vão aposentando»;
* porque «necessitamos de uma Administração Pública com mais competência ... 30% a 40%, nos próximos cinco anos».
Aguardo ansiosamente a leitura integral da entrevista, onde certamente o professor Valadares Tavares nos vai explicar como se realizará esta maravilhosa quadratura do círculo, num horizonte razoável de tempo – por exemplo na altura em que o George W. resolveu que um seu sucessor irá colocar homens (e mulheres, espera-se) em Marte.
Enquanto aguardo, atribuo-lhe 5 chateaubriands à consignação. Se ficar convencido da praticabilidade do milagre troco-os por afonsos e fico eu com os chateaubriands.
24/01/2004
DIÁRIO DE BORDO: Maiêutica do aborto (nº. 0).
De acordo com as minhas nebulosas recordações «maiêutica» significa em grego, mais coisa menos coisa, «arte de ajudar a parir». Sócrates, filho de uma parteira, aplicou as competências da mãe para extrair dos seus discípulos a verdade que, segundo ele, lá pré-existia nas suas mentes, soterrada nas profundezas. A essa operação chamou – ou alguém por ele - maiêutica.
Deve reconhecer-se que extrair seja o que for duma mente é um propósito que requer mais engenho, e, sobretudo, é bem mais perigoso, do que ofício de parteira. Talvez por isso, Sócrates sucumbiu à cicuta antes do tempo que lhe era devido, enquanto a sua mãe esperou por Thanatos na sua vez.
Lembrei-me de usar a maiêutica para tentar extrair alguma coisa da minha mente, verdade ou mentira, sobre o tema do aborto em que a minha única certeza são imensas dúvidas, a que acrescento mais esta: será a arte de ajudar a parir adequada para discorrer sobre o aborto?
À medida que os trabalhos de parto forem prosseguindo aqui prestarei a devida conta.
Deve reconhecer-se que extrair seja o que for duma mente é um propósito que requer mais engenho, e, sobretudo, é bem mais perigoso, do que ofício de parteira. Talvez por isso, Sócrates sucumbiu à cicuta antes do tempo que lhe era devido, enquanto a sua mãe esperou por Thanatos na sua vez.
Lembrei-me de usar a maiêutica para tentar extrair alguma coisa da minha mente, verdade ou mentira, sobre o tema do aborto em que a minha única certeza são imensas dúvidas, a que acrescento mais esta: será a arte de ajudar a parir adequada para discorrer sobre o aborto?
À medida que os trabalhos de parto forem prosseguindo aqui prestarei a devida conta.
23/01/2004
SERVIÇO PÚBLICO: O mercado descomplicado.
O Serviço público é uma nova Área temática hoje acrescentada à oferta de serviços do Impertinências.
A estreia do Serviço público faz-se com o notável texto de Ubiratan Iorio, A emenda e o soneto, citado e comentado pelo inevitável O Intermitente aqui.
O texto é de uma simplicidade e clareza típicas do jornalismo brasileiro de qualidade, difíceis de igualar nas mentes pomposas deste lado do Atlântico. Poderia ser uma leitura obrigatória no 5º ano.
A estreia do Serviço público faz-se com o notável texto de Ubiratan Iorio, A emenda e o soneto, citado e comentado pelo inevitável O Intermitente aqui.
O texto é de uma simplicidade e clareza típicas do jornalismo brasileiro de qualidade, difíceis de igualar nas mentes pomposas deste lado do Atlântico. Poderia ser uma leitura obrigatória no 5º ano.
DIÁRIO DE BORDO: Questões impertinentes sobre a imigração.
Escreveu o Público aqui que a nova lei da imigração em preparação prevê que «o conhecimento da língua portuguesa deve ser tido em conta, podendo, nos casos de contingentação do número de vistos, constituir factor preferencial». Como o Público reconhece, esta preferência poderá fazer atribuir grande parte do contingente anual (6.500 para começar) a nacionais dos PALOPs.
Parece um gesto bonito para compensar as vítimas passivas duma colonização incompetente? Lá isso parece.
Quem pagará o preço desta preferência?
Em primeiro lugar, as vítimas do colapso do socialismo real (ucranianos, moldavos, russos, et alia), por sinal com um nível de literacia claramente mais elevado do que a maioria das vítimas do nosso sistema educacional, salvo na língua portuguesa, que aprendem rapidamente, e ao fim de um ano falam melhor.
Em seguida, nós os tugas, vítimas, sucessivamente, do fascismo beato, do colonialismo activo, das revoluções de pacotilha, e last but not least vítimas de nós próprios.
Parece um gesto bonito para compensar as vítimas passivas duma colonização incompetente? Lá isso parece.
Quem pagará o preço desta preferência?
Em primeiro lugar, as vítimas do colapso do socialismo real (ucranianos, moldavos, russos, et alia), por sinal com um nível de literacia claramente mais elevado do que a maioria das vítimas do nosso sistema educacional, salvo na língua portuguesa, que aprendem rapidamente, e ao fim de um ano falam melhor.
Em seguida, nós os tugas, vítimas, sucessivamente, do fascismo beato, do colonialismo activo, das revoluções de pacotilha, e last but not least vítimas de nós próprios.
22/01/2004
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O e-gov e a destruição da floresta.
Secção Res ipsa loquitor
Para estar ao corrente das ejaculações dos órgãos legislativos condenei-me a ser cliente (ou será utente?) do acesso ao Diário da República Electrónico, desde que foi criado. Recebi há dias da dinossáurica Imprensa Nacional, o novo preçário para 2004 e verifico que o absurdo se instalou irremediavelmente naquelas mentes.
Se quiser dar o meu contributo à desflorestação e subscrever uma assinatura para receber a I Série do DR impressa em lascas de árvores devidamente trituradas e lexivadas “só” tenho que despender 150 euros por um ano. Mas se eu quiser gastar a minha electricidade (pouca) e uma ligação internet barata (é cara, mas sou eu que pago e não a IN) e poupar um eucalipto por ano, tornando-o disponível para exportação, terei que desembolsar 500-euros-500 para ter acesso ilimitado.
Como é que isto se chama? O e-governo, claro.
Três chateaubriands e dois ignóbeis para o órgão de gestão da IN que ejaculou o preçário.
Para estar ao corrente das ejaculações dos órgãos legislativos condenei-me a ser cliente (ou será utente?) do acesso ao Diário da República Electrónico, desde que foi criado. Recebi há dias da dinossáurica Imprensa Nacional, o novo preçário para 2004 e verifico que o absurdo se instalou irremediavelmente naquelas mentes.
Se quiser dar o meu contributo à desflorestação e subscrever uma assinatura para receber a I Série do DR impressa em lascas de árvores devidamente trituradas e lexivadas “só” tenho que despender 150 euros por um ano. Mas se eu quiser gastar a minha electricidade (pouca) e uma ligação internet barata (é cara, mas sou eu que pago e não a IN) e poupar um eucalipto por ano, tornando-o disponível para exportação, terei que desembolsar 500-euros-500 para ter acesso ilimitado.
Como é que isto se chama? O e-governo, claro.
Três chateaubriands e dois ignóbeis para o órgão de gestão da IN que ejaculou o preçário.
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ejaculações legislativas
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