Recordemos, uma vez mais, os inúmeros manifestos pela defesa dos centros de decisão nacional, alguns deles assinados por empresários que passado algum tempo venderam a estrangeiros as suas empresas e as inúmeras declarações no mesmo sentido da esquerdalhada em geral. Recordemos também que esta necessidade de vender o país aos retalhos surge pelo endividamento gigantesco de públicos e privados e pela descapitalização da economia portuguesa, consequência de décadas a viver acima das posses.
A propósito, recordemos a nacionalização dos bancos como parte da nacionalização das empresas críticas em vários sectores económicos durante e em consequência do chamado PREC (Processo Revolucionário Em Curso), com vista a quebrar a espinha do "capitalismo monopolista", como então se dizia segundo o Zeitgeist da época.
Decorridos cinquenta anos, o que resta desses Bancos do Povo? Para além da CGD e das miudezas que não foram nacionalizadas, como o Banco Montepio e as Caixas Económicas, os outros bancos foram sendo vendidos a accionistas estrangeiros e, por último, restava o BES resultante da compra pelo GES grupo controlado pelos antigos accionistas.
O BES que a família Espírito Santo, pela mão de Ricardo "Dono Disto Tudo" Salgado, levou à falência, seria resgatado em 2014 dando origem ao BES Mau (que até agora custou aos contribuintes mais de 8 mil milhões de euros) e ao BES Bom, sendo este último comprado pelo fundo americano Lone Star em 2017, mantendo-se o Fundo de Resolução como accionista minoritário.
Foi há dias anunciado que o Novo Banco seria vendido ao grupo francês BPCE por 6,4 mil milhões de euros dos quais cerca de 2 mil milhões serão recuperados pelo Fundo de Resolução, reduzindo assim os custos para os contribuintes para uns 6 mil milhões de euros.
Moral da estória, os Bancos do Povo nacionalizados para os subtrair ao controlo pelo capitalismo monopolista doméstico são hoje controlados principalmente pelo capitalismo espanhol, francês, chinês e angolano.
Sem comentários:
Enviar um comentário