A fábula do surto inventivo é apenas mais uma fábula que a comentadoria e o jornalismo de causas recorrentemente contam, com a certeza que o sentimento de inferioridade lusitano lhes proporciona audiência. Como todas as fábulas, também esta é desmentida pelos factos como mostram os outros 11 posts sobre este tema.
No fim do dia o indicador mais relevante para inovação não é o quanto se gasta ou quantas pessoas se dedicam à inovação, mas o número de patentes pedidas e aceites. Portugal com 2,2% da população da UE, em 2020, último ano disponível nas estatísticas do European Patent Office, pediu o registo de 249 e foram concedidas 119 patentes que representaram 0,14% e 0,09% dos números de patentes europeias, 180.089 e 133.709, respectivamente.
Quando passamos dos factos às narrativas baseadas em indicadores que se prestam a manipulação (como por exemplo o investimento em inovação em que se incluem despesas correntes ou o emprego em empresas inovadoras em que se conta o emprego em actividades perfeitamente correntes) as coisas podem mudar drasticamente. Foi o que aconteceu desde que o governo do Dr. Costa conseguiu o milagre de fazer subir o país desde 2016 seis lugares no ranking europeu da inovação.
Para se ter uma ideia do milagre, comparem-se os números de patentes de Portugal em 2020 (249 e 119) com da Espanha (1.790 e 909), que estava nesse ano dois lugares abaixo no ranking da inovação e com uma população 4,3 vezes maior pediu 7,2 e obteve 7,6 vezes mais patentes.
Com a passagem de comunicação dos dados, que foi feita até 2020 pelos apparatchiks da Agência Nacional de Inovação, para o INE em 2021 o Portugal miraculoso da inovação caiu de 12.º para 19.º, com grande desgosto e embaraço dos gabinetes de agitprop do governo socialista que agora procuram explicações para a queda, quando que deveriam é procurar explicações para a subida artificial com dados manipulados.
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