Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

19/03/2018

ESTÓRIA E MORAL: Um Bourdieu de província

Estória

«Em 2005, farta de presidir a júris académicos, reformei-me. Continuei a fazer a vida de sempre, embora com menos atenção ao que os meus colegas iam publicando na "Análise Social". Eis senão quando me deparei, no seu último número, com um artigo de Augusto Santos Silva, intitulado "Sociologia e Política Pública: sobre avanços recentes em Portugal". A prosa é suficientemente confusa para dela afastar qualquer leitor, mas temo que o jargão ali utilizado possa vir a influenciar os jovens que por aí andam a tentar ser sociólogos. O artigo procura inculcar nas mentes indefesas a ideia de que há "uma epistemologia do Sul", a qual nos permitiria debater o papel do "intelectual activista". Não contente com isto, louva uma das unidades de investigação mais nefastas do país, o Observatório do CES da Universidade de Coimbra que, sob a batuta de Boaventura Sousa Santos, por aí anda a pregar "as crises e as alternativas". 

Em tempos lera uma pequena obra de Santos Silva intitulada "Oliveira Martins, Ensaio de Leitura Crítica", um chorrilho de disparates, o que não impediu a Associação Portuguesa de Autores de lhe atribuir o Prémio Revelação de Ensaios. Uns anos mais tarde, comprei outro livro seu, "Palavras Para um País", equiparável à primeira em mediocridade. Tal não impediu este Bourdieu de província de subir na carreira universitária e agora na vida política. Admito que o actual ministro dos Negócios Estrangeiros tenha passado uma vista de olhos por algumas obras de Max Weber, mas tenho a certeza de que a sua cabecinha ex-trotskista não entendeu o que o sociólogo alemão defende em "A Ciência como Vocação e A Política como Vocação''. Se o Adérito estivesse vivo, teria desmaiado ao ler o nº 225 da "Análise Social"

«Um ministro que se julga sociólogo», Maria Filomena Mónica no Expresso

Moral

The truest characters of ignorance are vanity and pride and arrogance.
Samuel Butler

1 comentário:

Unknown disse...

Feliz pátria que tais abranhos produz...
Além dos "títulos e dos tachos," este pássaro é, directa e geneticamente, proporcional ao "nanico" de Berkeley...