O mês passado as vendas de veículos ligeiros aumentaram 31%, tendo sido vendidos cerca de 30 mil veículos nos dois primeiros meses. Segundo as previsões da ACAP as vendas de veículos ligeiros devem atingir 187 mil. Lá se vão uns 2 mil milhões de euros em importações ou 1,1% do PIB.
O que posso dizer sobre isto? Nada que não tenha já dito. Vou por isso repetir-me.
É certo que, com cerca de 4,5 milhões de veículos de passageiros em circulação com uma idade média de quase 12 anos, 187 mil novos veículos por ano são insuficientes para a renovação do parque automóvel que careceria de 400 – 500 mil por ano. Contudo, se por um lado cada novo automóvel significa pelo menos dezena de milhar de euros no saldo da balança comercial, por outro o parque automóvel português é desproporcionado em relação à população e ao poder de compra quando se compara com as médias europeias. É o resultado de incentivos errados desde a adopção do Euro: crédito artificialmente barato e fácil.
Com um parque com a dimensão actual, para se ter uma idade média compatível com a segurança – por exemplo 8 anos – seria necessário importar mais de meio milhão de carros novos todos os anos, ou seja uma quantia astronómica superior ao défice de 2013 ou a 3 anos de exportações da AutoEuropa. Mais um sinal de vivermos acima das nossas posses.
Disso resulta que, não se podendo reproduzir a primeira década prodigiosa deste século, por nos faltar o crédito externo, ou importamos menos automóveis e reduzimos gradualmente o parque automóvel à dimensão da nossa capacidade de o pagar ou aumentamos a exportação de outros bens. Sol na eira e chuva no nabal não será possível.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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08/03/2015
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Here we go again (7)
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3 comentários:
Na relação entre os carros com uma idade média de 12 anos com os modelos actuais não se observa uma diferenciação que compense a troca.
As diferenças passam mais pelo design e pela electrónica (o que reduziu até a fiabilidade das marcas).
Fazer crédito para ter uma carroça com leds é um risco que não vale a pena. Só o excesso de km da viatura
justifica a troca e é sempre de considerar um carro semi-novo ou com poucos km.
Nunca esquecer que comprar um carro novo implica IVA e o IA (dupla tributação).
Completamente de acordo, caro Vivendi.
Há 8 anos que passo sem carro. Fiz as contas: um carro com 84.000Km em 9 anos, e ainda com preços de combustíveis sem a loucura de agora, não se justificava para o dia-a-dia. Vivo em Lisboa. Voltei a aprender as carreiras da Carris (tenho uma cábula das previsivelmente mais necessárias no TM). Ando na Carris, no Metro, noutras transportadoras e de táxi (não é caro). A minha conta bancária não se reduziu. Posso ir a Sintra, Cascais, Setúbal, Seixal, etc. (e arredores). Posso ir ao País (quase) todo: temos uma excelente rede de autocarros.
Abraço
eao
Segundo ouço dizer, mas não pude confirmar, há importações de veículos para re-exportação, explorando pequenas diferenças de preço e fiscalidade.
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