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16/02/2014

DIÁRIO DE BORDO: Engano-me muito e tenho imensas dúvidas

É muito improvável que, se dispusesse de uma impressora 3D e me competisse imprimir um primeiro-ministro, depositando camadas sucessivas de material de boa qualidade fabricasse um clone do Dr. Passos Coelho. Contudo, como se sabe, ainda vamos ter que esperar algum tempo por impressoras com essas capacidades e tive de escolher em 2011 entre os vários candidatos a primeiro-ministro que se apresentaram a concurso.

Limitando-me aos partidos ditos com assento parlamentar (uma bela expressão) e começando da esquerda para direita, poderia ter escolhido o professor doutor Louçã, um trotskista, que inventou a marca BE agora perto de ser retirada do mercado. Não escolhi porque não saberia o que fazer com a legalização do casamento com animais, tenho dúvidas se a distribuição de maconha pelo SNS seria uma boa ideia e não tenho a certeza se os nossos credores aplaudiriam a maravilhosa ideia do professor Louçã de cortar o cabelo à dívida.

Também poderia ter escolhido o camarada Jerónimo de Sousa, mas não tinha vontade nenhuma de viver numa democracia popular a caminho da ditadura do proletariado, nem de correr o risco de ser engavetado e, sobrevivendo, ser condenado por dissidência num tribunal de camaradas.

Ainda considerei a hipótese de escolher o camarada António José Seguro mas o facto de se declarar herdeiro das políticas que conduziram o país ao estado de protectorado falido e só apresentar ideias miríficas para sair do buraco, ideias em que até um adolescente mimado teria dificuldade em acreditar, convenceu-me rapidamente que não seria uma boa opção.

Quanto ao doutor Paulo Portas, achei-me incapaz de avaliar quais as políticas que a criatura defendia e se teria uma doutrina, se seria eurocéptico ou eurófilo, de direita, de centro ou de esquerda, liberal ou socialista, amigo dos lavradores ou dos feirantes ou dos velhinhos.

E foi assim que me encontrei uma bela manhã de domingo de Junho de há 3 anos a depositar na urna um papelinho com uma cruz num partido pelo qual nunca dei grande coisa - sendo certo que também nunca dei grande coisa pelos restantes.

Da próxima vez vai ser diferente – pelo menos vou imprimir a cabeça com
 a MakerBot Replicator 2, uma 3D capaz de imprimir volumes até 6,7 litros
Daí a minha dificuldade de perceber o que passa nas meninges dos portugueses quando vejo os índices de popularidade das criaturas que mencionei ou dos seus sucessores. É certo que devo descontar ser o estudo de mercado da responsabilidade da Eurosondagem. É certo que devo também ter em conta que em todos os povos existe uma fracção de criaturas dispostas a acreditar em qualquer treta, incluindo milagres.

Ainda assim, como compreender que o político com maior saldo de opiniões positivas (19,5%) seja um António José Seguro, seguido de um Jerónimo de Sousa (8,4%) quase empatado com um Paulo Portas (8,1%)? É certo que um casal Martins-Semedo tem um saldo negativo (-6,4%) o que poderia indiciar algum senso do eleitorado, mas receio que seja apenas um indicador inequívoco de ameaça de extinção da agremiação. Será isto que explica Passos Coelho ser o líder com maior saldo negativo (-14,3%)? Poderia ser de outro modo? Talvez não, quando se sabe que José Sócrates depois de uma dúzia de casos (desde o diploma forjado até ao Freeport, passando pelas manobras na TVI e muitas outras) e de uma governação que nos conduziu aonde nos encontramos tinha saldos positivos significativos.

1 comentário:

JSP disse...

Talvez " o outro", o do " bíblicamente estúpidos" , tenha razão.
E talvez o primeiro " talvez" seja incuràvelmente optimista...