Já contei como um dia cheguei à fala com Alf e porquê, uma vez ou outra, me telefona – quase sempre a propósito de notícias sobre Portugal que vê na Holomac (a TV por holograma de Melmac). Desde o caso da sugestão do bastonário dos economistas de juntar os ministérios da Economia e das Finanças que Alf não dava notícias.
Telefonou ontem a questionar-me sobre o Face Oculta, o segredo de justiça e outras trapalhadas que a Holomac tratou num programa sobre costumes tribais em regiões atrasadas da galáxia. «Porque chamam segredo a coisas que toda a gente conhece? E porque chamam justiça a uma coisa que todos classificam de injusta? Porque não comunicam os ministros entre si e com os amigos por telepatia, como fazem aqui em Melmac?» Foram algumas das incontáveis questões que em torrente espasmódica me colocou.
Lá lhe fui explicando que o governo, os amigos, a maçonaria, as corporações, os interesses, a corrupção, patati patatá. Interrompeu-me, impaciente: «E a oposição não diz nada, não faz nada?» A oposição tem telhados de vidro e enrola-se na manta da presunção de inocência, do segredo de justiça, patati patatá, lá fui dizendo. «A oposição? E vocês não conseguem um governo melhor do que esse? Não há outros partidos?» Há sim, expliquei, porém as coisas também não correram bem. O PCP e os apêndices arruinaram o país em 74 e 75, e desde então o PS, o PSD, sozinhos ou acolitados com o táxi, que agora é um autocarro, do CDS, revezaram-se para continuar a arruiná-lo. «E não há mais partidos?». Há aquela esquerdalhada do Bloco de Esquerda, disse. «Quem? Os que antigamente eram trotskistas, marxistas-leninistas e maoístas?» Perguntou, demonstrando um insuspeitado conhecimento do PREC. Esses mesmos, juntamente com bichas e outras criaturas de género indeciso, acrescentei. «E esse gajos já governaram?» Ainda não, só fazem manifestações, esclareci. «O que estão à esperam para lhes dar uma oportunidade?»
Arrepiei-me e mudei de conversa, falando de gatos que é a única coisa que faz Alf mudar de conversa.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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01/12/2009
DIÁRIO DE BORDO: estórias do outro mundo (2) – dêem-lhes uma oportunidade, disse ele
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