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27/01/2008

ARTIGO DEFUNTO: a aflição de monetaristas, neo-liberais e até do Presidente Bush e o alívio do doutor Nicolau perante o bom senso

«Em alturas de aflição, monetaristas, neo-liberais e até o Presidente Bush pedem auxílio a John Maynard Keynes. Vai daí, a Casa Branca anunciou um pacotaço de 150 mil milhões de dólares para estimular o consumo das famílias e aliviar o balanço das empresas, enquanto a Reserva Federal fez o maior corte de juros desde há 15 anos.» Tudo isto, escreve o doutor Nicolau Santos para debelar «a crise criada em casa, como ovo da serpente». No contexto do seu artigo na coluna «Cem por cento» que alimenta no Expresso, a expressão «ovo da serpente» não é apenas um figura de retórica, ela parece traduzir a visão subliminar que o analista tem do funcionamento da economia americana comandada pensa ele por monetaristas, neo-liberais e até pelo Presidente Bush.

Entre monetaristas e neo-liberais, por um lado, e o Presidente Bush, por outro, há menos doutrina em comum do que entre este último e o doutor Nicolau. Acresce que se o maior corte de juros desde há 15 anos poderia ter sido inspirado do além por Keynes, já a devolução de 150 mil milhões de dólares de impostos fica mais a dever aos monetaristas, neo-liberais e até ao Presidente Bush do que a Keynes, que, diferentemente, na circunstância teria recomendado torrar os 150 mil milhões de dólares em obras públicas esperando que o miraculoso multiplicador estimulasse a economia e a não deixasse entrar em recessão.

A mesma urticária que monetaristas, neo-liberais e até o Presidente Bush causam nas meninges do doutor Nicolau explica o regozijo com o «bom senso (que) prevaleceu» no PSD por não «avançar com um inquérito parlamentar para apurar as eventuais falhas da supervisão no caso BCP». Inquérito que provável e inconvenientemente exporia a roupa suja de mais duma dúzia de luminárias do bloco central que têm passeado nas últimas décadas pela administração do Banco de Portugal.

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