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04/03/2007

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: ainda é só a buzina dos 2 anos

(Fonte: Sol)
Secção Entradas de leão e saídas de sendeiro

Ainda não é o buzinão dos 10 anos de governo do doutor Cavaco, mas pequenos incêndios alastraram por todo o país a propósito do fecho dos Serviços de Urgências.

Não está agora em causa se a decisão é certa ou errada. Provavelmente não fará sentido económico e social, pelo menos em vários casos, manter aqueles serviços - não é viável ter uma urgência em cada aldeia, monte, povoado. Não está em causa se a medida era polémica - era previsível que fosse. Está em causa que o governo estava convencido da necessidade da medida e, atento como está sempre à gestão mediática, não se acredita que imaginasse ir ser aplaudido por esse país fora quando a anunciasse. E, se estivesse, mostraria incompetência na única área em que ninguém contesta que a tenha - a gestão mediática.

E que faz o governo quando a primeira medida que tem de facto impacto imediato no povinho, que vai para além dumas páginas de tretas que pouca gente lê, de planos que jamais se executarão, de leis que nunca se cumprirão, é mal recebida pelo mesmo povinho que se levanta em protesto? Mete a viola no saco, assina protocolos a correr, adia, mantém, continua.

É a queda de mais um mito: o animal selvagem «assustou-se com as manifestações» (Sol) e manda o ministro assinar protocolos. Onde se imaginava determinação e coragem política vê-se agora apenas teimosia e pesporrência. Tanto capital político delapidado em vão durante dois anos. A montanha mediática em trabalhos de parto do rato das reformas.

Cinco urracas para o governo (4 para o primeiro ministro e 1 para o ministro da Saúde) pelas saídas de sendeiro e cinco chateaubriands (mesma distribuição) por não ter percebido a diferença entre as reformas no papel do Diário da República e as medidas no país real, como era moda dizer-se.

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