Com as nomeações para a Caixa, seria difícil o governo fazer pior. Escolhas inadequadas de gente que não tem nenhuma experiência de gestão de bancos, a começar pelo presidente José Agostinho de Matos e a continuar com Nuno Fernandes Thomaz ou Pedro Rebelo de Sousa. Óbvios conflitos de interesse, como por exemplo o segundo e o terceiro citados, ou Nogueira Leite, saído do grupo José de Mello interessadíssimo na compra do negócio dos hospitais da Caixa. Violação grosseira das regras de independência dos reguladores, com a nomeação de José Agostinho de Matos saído directamente de mais de 20 anos de Banco de Portugal. Modelo de governação que não faz sentido para um grupo financeiro com um accionista único e que já deu fiasco na Caixa com outros protagonistas.
PS: Não são admissíveis críticas feitas por novos situacionistas ou pelos restos da guarda pretoriana de José Sócrates. Quem silenciou a maioria das nomeações dos governos de Sócrates durante 6 anos, não tem moral para criticar seja o que for antes de se retratar publicamente pelo silêncio e/ou pelo manteiguismo.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/07/2011
30/07/2011
Estado empreendedor (50) – Sindicatos querem que os contribuintes continuem a suportar o custo da ineficiência dos transportes públicos
«A Federação Nacional dos Transportes e Comunicações ... [acha] que a dívida das empresas públicas de transportes é um problema estrutural, e que “só se resolve se for o Estado a pagar”».
Etiquetas:
Conversa fiada,
procurando o acolhedor colo estatal
Lost in translation (116) – Pergunta mais parva. Ele julga-me imbecil?
- «É um miúdo normal?» - perguntou o jornalista ao Miguel de Alcanena, acabado de ganhar um prémio nas Olimpíadas da Matemática em Amesterdão, que resolve problemas «por gosto».
- «Espero bem que não», respondeu prudentemente o Miguel de Alcanena.
[Lido algures]
Etiquetas:
eu diria mesmo mais,
insultos à inteligência
29/07/2011
ESTADO DE SÍTIO: Conflito de interesses? Qual conflito? Tá tudo legau.
Já aqui se tinha comentado o acontecimento extraordinário da demissão do chefe dos espiões Jorge Silva Carvalho em plena cimeira da Nato e a sua contratação pela Ongoing onde foi trabalhar ao lado de Soares Carneiro, ex-administrador da PT. O mesmo Soares Carneiro que decidiu sozinho aplicar o dinheiro das pensões da PT em fundos geridos pela Ongoing, e também ao lado de José Dirceu, gestor do Mensalão e cabeça-de-turco de Lula da Silva, e da sua namorada (dele Dirceu).
Talvez por coincidência, o jornal Expresso do grupo Impresa de Balsemão, em guerra surda com a Ongoing também accionista da Impresa, divulgou ter Silva Carvalho transmitido à Ongoing informação confidencial, ainda antes de pedir a demissão de chefe dos espiões.
Vão-se conhecendo mais pormenores e sabe-se agora que a transmissão dessas informações à Ongoing foi autorizada, nos termos da lei, pelo chefe do chefe dos espiões: José Sócrates.
Entretanto, o advogado de Silva Carvalho, por acaso Nuno Morais Sarmento, ministro do governo de Durão Barroso onde foi responsável pela RTP, em cuja putativa privatização está por acaso interessada a Ongoing, apresenta queixa-crime contra desconhecidos (a designação que deu aos hackers que podem ter actuado por conta do Dr. Balsemão) por violação da conta pessoal de email do chefe dos espiões. Ontem Morais Sarmento comparou na televisão este caso com o do jornal NOW, agora encerrado, elevando assim o Dr. Balsemão às alturas de Rupert Murdoch. É bom para o ego lusitano amachucado pela Moody's, pela Sr.ª Merkel e até pelo jornal Der Spiegel que nos convida a vermo-nos ao espelho e nos lembra termos prantado no Cabo da Roca uma tabuleta premonitória: «O fim da Europa».
Como diria a namorada de José Dirceu, consultora da Ongoing no Brasil: tá tudo legau.
Talvez por coincidência, o jornal Expresso do grupo Impresa de Balsemão, em guerra surda com a Ongoing também accionista da Impresa, divulgou ter Silva Carvalho transmitido à Ongoing informação confidencial, ainda antes de pedir a demissão de chefe dos espiões.
Vão-se conhecendo mais pormenores e sabe-se agora que a transmissão dessas informações à Ongoing foi autorizada, nos termos da lei, pelo chefe do chefe dos espiões: José Sócrates.
Entretanto, o advogado de Silva Carvalho, por acaso Nuno Morais Sarmento, ministro do governo de Durão Barroso onde foi responsável pela RTP, em cuja putativa privatização está por acaso interessada a Ongoing, apresenta queixa-crime contra desconhecidos (a designação que deu aos hackers que podem ter actuado por conta do Dr. Balsemão) por violação da conta pessoal de email do chefe dos espiões. Ontem Morais Sarmento comparou na televisão este caso com o do jornal NOW, agora encerrado, elevando assim o Dr. Balsemão às alturas de Rupert Murdoch. É bom para o ego lusitano amachucado pela Moody's, pela Sr.ª Merkel e até pelo jornal Der Spiegel que nos convida a vermo-nos ao espelho e nos lembra termos prantado no Cabo da Roca uma tabuleta premonitória: «O fim da Europa».
Como diria a namorada de José Dirceu, consultora da Ongoing no Brasil: tá tudo legau.
28/07/2011
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Para que serviu a golden share do governo na PT?
[Sobre a PT como rameira do regime, ver também este e este posts]
Agora que chegou ao fim a golden share do governo na PT é oportuno fazer um balanço da serventia dessa participação. Uma das serventias foi o nepotismo endémico que contaminou a PT e se manifestou de diversas formas, como o emprego oferecido ao longo dos anos às luminárias e sobretudo à descendência e familiares das luminárias do regime.
O inventário feito pelo Correio de Manhã há 6 anos está certamente desactualizado, mas é um bom ponto de partida para identificar alguns políticos e luminárias diversas do regime com sinecuras no grupo PT ou com familiares a quem as mesmas foram concedidas.
Agora que chegou ao fim a golden share do governo na PT é oportuno fazer um balanço da serventia dessa participação. Uma das serventias foi o nepotismo endémico que contaminou a PT e se manifestou de diversas formas, como o emprego oferecido ao longo dos anos às luminárias e sobretudo à descendência e familiares das luminárias do regime.
O inventário feito pelo Correio de Manhã há 6 anos está certamente desactualizado, mas é um bom ponto de partida para identificar alguns políticos e luminárias diversas do regime com sinecuras no grupo PT ou com familiares a quem as mesmas foram concedidas.
27/07/2011
Lost in translation (115) – Rigor? Já fizemos engenharia orçamental no passado. Voltaremos a fazê-lo no futuro, queria ele dizer (XXVII)
[Mais engenharias orçamentais: pesquisa Google]
Serão necessários anos para identificar todas as falsificações orçamentais da dupla Sócrates-Teixeira dos Santos. Já depois das eleições ficaram a conhecer-se mais trafulhices e agora ficou a saber-se de mais uma: o montante de facturas por liquidar do SNS foi estimado pelo actual ministro Paulo Macedo (tenho sérias razões para pensar que domina a tabuada) em 3 mil milhões de euros, ou o equivalente a 35% do orçamento do SNS - em consequência o prazo médio de pagamento anda pelos 4,2 meses. Os jornais falam em dívida do SNS induzindo na mente dos inocentes estarem esses montantes incluídos na dívida pública. Não é assim, porque a dívida pública é constituída apenas por instrumentos próprios (OT, BT, etc.).
Estas facturas por pagar são quase 2% do PIB a adicionar aos mais de 172 mil milhões de dívida no final do 1.º semestre, provavelmente mais de 100% do PIB de 2011 e ainda estamos a meio do ano.
Serão necessários anos para identificar todas as falsificações orçamentais da dupla Sócrates-Teixeira dos Santos. Já depois das eleições ficaram a conhecer-se mais trafulhices e agora ficou a saber-se de mais uma: o montante de facturas por liquidar do SNS foi estimado pelo actual ministro Paulo Macedo (tenho sérias razões para pensar que domina a tabuada) em 3 mil milhões de euros, ou o equivalente a 35% do orçamento do SNS - em consequência o prazo médio de pagamento anda pelos 4,2 meses. Os jornais falam em dívida do SNS induzindo na mente dos inocentes estarem esses montantes incluídos na dívida pública. Não é assim, porque a dívida pública é constituída apenas por instrumentos próprios (OT, BT, etc.).
Estas facturas por pagar são quase 2% do PIB a adicionar aos mais de 172 mil milhões de dívida no final do 1.º semestre, provavelmente mais de 100% do PIB de 2011 e ainda estamos a meio do ano.
26/07/2011
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Em estado de negação
Secção Musgo Viscoso
O Pertinente no seu último Lost in translation apontou o dedo acusador a Santos Ferreira pela sua revelação tardia sobre as consequências do que andou a fazer nos últimos 6 anos, primeiro na Caixa e depois no BCP, emprestando dinheiro ao governo.
Para sermos justos e rigorosos temos que colocar na fotografia pelo menos mais 3 criaturas, a saber: Ricardo Salgado (o banqueiro do regime), Fernando Ulrich (o enfant terrible - diz os que os crescidos deixam para ele dizer) e Faria de Oliveira (diz aquilo que não pode deixar de dizer).
E porquê temos de fazer este retrato de família? Ora, porque não é só Tavares Moreira, eu também «não me recordo de uma posição destas dos bancos nos últimos anos, em especial nos últimos 6 em que eles foram especialmente pródigos em conceder crédito ao Estado, enchendo os seus balanços com “toneladas” de dívida pública, crédito a empresas públicas e a parcerias público-privadas... Houve mesmo alguns que ainda não há muito tempo elogiaram publicamente a política de grandes obras públicas, dizendo que era benéfica para o desenvolvimento do País – e que, a ter continuidade, teria levado o Estado a endividar-se ainda mais pesadamente junto da banca...».
E agora queixam-se da troika, como faz o enfant terrible, que lhes vai espiolhar as carteiras de crédito infestadas de mal-parado disfarçado e concluir ser preciso provisioná-lo. E não há dinheiro para capitalizar os bancos, nem mesmo dividendos suficientes para os accionistas pagarem as suas dívidas. Como aqui conclui Pedro Santos Guerreiro, «a banca … está agora em negação. Vai ter de perder dinheiro. Vai ter de tirar as pequenas e médias empresas do espremedor. Vai ter de deixar de achar que a troika é idiota.»
Por tudo isto, debita-se ao quarteto um total de 15 chateaubriands, por ainda não terem percebido a força dos factos ou em alternativa 16 pilatos por terem percebido bem demais, e 13 bourbons por terem esquecido muito e aprendido pouco. Tudo a distribuir proporcionalmente ao mal-parado.
O Pertinente no seu último Lost in translation apontou o dedo acusador a Santos Ferreira pela sua revelação tardia sobre as consequências do que andou a fazer nos últimos 6 anos, primeiro na Caixa e depois no BCP, emprestando dinheiro ao governo.
Para sermos justos e rigorosos temos que colocar na fotografia pelo menos mais 3 criaturas, a saber: Ricardo Salgado (o banqueiro do regime), Fernando Ulrich (o enfant terrible - diz os que os crescidos deixam para ele dizer) e Faria de Oliveira (diz aquilo que não pode deixar de dizer).
E porquê temos de fazer este retrato de família? Ora, porque não é só Tavares Moreira, eu também «não me recordo de uma posição destas dos bancos nos últimos anos, em especial nos últimos 6 em que eles foram especialmente pródigos em conceder crédito ao Estado, enchendo os seus balanços com “toneladas” de dívida pública, crédito a empresas públicas e a parcerias público-privadas... Houve mesmo alguns que ainda não há muito tempo elogiaram publicamente a política de grandes obras públicas, dizendo que era benéfica para o desenvolvimento do País – e que, a ter continuidade, teria levado o Estado a endividar-se ainda mais pesadamente junto da banca...».
E agora queixam-se da troika, como faz o enfant terrible, que lhes vai espiolhar as carteiras de crédito infestadas de mal-parado disfarçado e concluir ser preciso provisioná-lo. E não há dinheiro para capitalizar os bancos, nem mesmo dividendos suficientes para os accionistas pagarem as suas dívidas. Como aqui conclui Pedro Santos Guerreiro, «a banca … está agora em negação. Vai ter de perder dinheiro. Vai ter de tirar as pequenas e médias empresas do espremedor. Vai ter de deixar de achar que a troika é idiota.»
Por tudo isto, debita-se ao quarteto um total de 15 chateaubriands, por ainda não terem percebido a força dos factos ou em alternativa 16 pilatos por terem percebido bem demais, e 13 bourbons por terem esquecido muito e aprendido pouco. Tudo a distribuir proporcionalmente ao mal-parado.
25/07/2011
Lost in translation (114) – esta manhã acordei e senti-me um homem novo, terá dito ele com os seus botões
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«Descobri esta manhã ter andado 6 anos a emprestar dinheiro a um Estado insolvente» |
Depois de vários anos à frente da Caixa, participando depois no assalto do complexo político-empresarial socialista ao BCP, Santos Ferreira descobre uma bela manhã ao acordar o montante absurdo que ele, o banqueiro do regime e outros emprestaram directa ou indirectamente ao governo de José Sócrates e dá o seu grito de Ipiranga. Terá tido uma revelação? Ter-se-à o homem convertido ao liberalismo?
24/07/2011
Exemplos do costume (4) - miscelânea
O PS prepara-se para votar contra uma medida que parece ser indispensável para cumprir os objectivos orçamentais assinados pelo seu governo, depois de 6 anos de embriaguez orçamental da sua inteira responsabilidade.
Apesar de não ter aprovado praticamente nenhuma das medidas concretas de redução da despesa pública previstas no MoU, o governo PSD cria duas estruturas de acompanhamento da execução do MoU: uma comissão parlamentar comandada por um dos co-responsáveis pelo estado das finanças públicas (Vieira da Silva) e uma equipa governamental (ESAME). No total é mais de uma centena de técnicos e políticos a acompanhar o que não está (ainda?) a ser executado.
Ao mesmo tempo que não executa (ainda?) o MoU, o governo começa a guarnecer a sua central de manipulação com jornalistas de causas e bloguistas amigos (ver exemplos citados pelo Abrupto aqui). Provavelmente não chegará aos calcanhares da excelência da central socialista, mas poderá ser mais por falta de competência do que falta de vontade.
Uma ideia da excelência alcançada pela central socrática de manipulação é-nos dada, mesmo em pleno recuo das posições no governo e seus apêndices, pela capacidade de inventar e explorar sem escrúpulos num perfeito sincronismo entre as câmaras de eco na mídia e os restos do aparelho socrático, a estória do «desvio colossal» que afinal era «o trabalho que o Governo vai ter que fazer para recuperar o desvio que existe quanto as metas orçamentais que estavam previstas é colossal». É paradoxal que para repor a verdade falsificada pela central socrática o governo tenha tido que recorrer a um canal público que diz pretender privatizar (ver vídeo aqui)
Apesar de não ter aprovado praticamente nenhuma das medidas concretas de redução da despesa pública previstas no MoU, o governo PSD cria duas estruturas de acompanhamento da execução do MoU: uma comissão parlamentar comandada por um dos co-responsáveis pelo estado das finanças públicas (Vieira da Silva) e uma equipa governamental (ESAME). No total é mais de uma centena de técnicos e políticos a acompanhar o que não está (ainda?) a ser executado.
Ao mesmo tempo que não executa (ainda?) o MoU, o governo começa a guarnecer a sua central de manipulação com jornalistas de causas e bloguistas amigos (ver exemplos citados pelo Abrupto aqui). Provavelmente não chegará aos calcanhares da excelência da central socialista, mas poderá ser mais por falta de competência do que falta de vontade.
Uma ideia da excelência alcançada pela central socrática de manipulação é-nos dada, mesmo em pleno recuo das posições no governo e seus apêndices, pela capacidade de inventar e explorar sem escrúpulos num perfeito sincronismo entre as câmaras de eco na mídia e os restos do aparelho socrático, a estória do «desvio colossal» que afinal era «o trabalho que o Governo vai ter que fazer para recuperar o desvio que existe quanto as metas orçamentais que estavam previstas é colossal». É paradoxal que para repor a verdade falsificada pela central socrática o governo tenha tido que recorrer a um canal público que diz pretender privatizar (ver vídeo aqui)
23/07/2011
O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: A capação do cabra debochado
«SENTENÇA DO JUIZ MUNICIPAL EM EXERCÍCIO, AO TERMO DE PORTO DA FOLHA – 1883.
SÚMULA: Comete pecado mortal o indivíduo que confessa em público suas patifarias e seus boxes e faz gogas de suas víctimas desejando a mulher do próximo, para com ella fazer suas chumbregâncias.
Vistos, etc.
O adjunto Promotor Público representou contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de Senhora San´Anna, quando a mulher de Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra que estava de tocaia em moita de matto, sahiu dela de sopetão e fez proposta a dita mulher, por quem roía brocha, para coisa que não se pode traser a lume e como ella, recusasse, o dito cabra atrofou-se a ella, deitou-se no chão deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará, e não conseguio matrimônio porque ella gritoue veio em amparo della Nocreyo Correia e Clemente Barbosa, que prenderam o cujo flagrante e pediu a condenação delle como incurso nas penas de tentativa de matrimônio proibido e a pulso de sucesso porque dita mulher taja pêijada e com o sucedido deu luz de menino macho que nasceu morto.
As testemunhas, duas são vista porque chegaram no flagrante e bisparam a pervesidade do cabra Manoel Duda e as demais testemunhas de avaluuemos. Dizem as leises (sic) que duas testemunhas que assistem a qualquer naufrágio do sucesso faz prova, e o juiz não precisa de testemunhas de avaluemos e assim:
Considero-que o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento, por quem roía brocha, para coxambrar com ella coisas que só o marido della competia coxambrar porque eram casados pelo regime da Santa Madre Igreja Cathólica Romana.
Considero-que o cabra Manoel Duda deitou a paciente no chão e quando ia começar as suas coxambranças viu todas as encomendas della que só o marido tinha o direito de ver.
Considero-que a paciente estava pêijada e em consequência do sucedido, deu a luz de um menino macho que nasceu morto.
Considero-que a morte do menino trouxe prejuízo a herança que podia ter quando o pae delle ou mãe falecesse.
Considero-que o cabra Manoel Duda é um suplicado deboxado, que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quis também fazer coxambranças com a Quitéria e a Clarinha, que são moças donzellas e não conseguio porque ellas repugnaram e deram aviso a polícia.
Considero-que o cabra Manoel Duda está preso em pecado mortal porque nos Mandamentos da Igreja é proibido desejar do próximo que elle desejou.
Considero-que sua Magestade Imperial e o mundo inteiro, precisa ficar livre do cabra Manoel Duda, para secula, seculorum amem, arreiem dos deboxes praticados e as sem vergonhesas por elle praticados e apara as fêmeas e machos não sejam mais por elle incomodados.
Considero-que o Cabra Manoel Duda é um sujeito sem vergonha que não nega suas coxambranças e ainda faz isnoga da incomendas de sua víctima e por isso deve ser botado em regime por esse juízo.
Posto que:
Condeno o cabra Manoel Duda pelo malifício que fez a mulher de Xico Bento e por tentativa de mais malifícios iguais, a ser capado, capadura que deverá ser feita a macete.
A execução da pena deverá ser feita na cadeia desta villa. Nomeio carrasco o Carcereiro solte o cujo cabra para que vá em paz.
O nosso Prior aconselha:
Homine debochado debochatus mulherorum inovadabus est sentetia qibus capare est macete macetorim carrascus sine facto nortre negare pote.
Cumpra-se a apregue-se editaes nos lugares públicos. Apelo ex-officio desta sentença para juiz de Direito deste Comarca.
Porto da Folha, 15 de outubro de 1833.
Assinado: Manuel Fernandes dos santos, Juiz Municipal suplente em exercícios»
[Recebi do detractor JARF um texto parecido com o transcrito cuja fonte citada (Instituto Histórico de Alagoas) parece ser mais confiável.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. No pós-modernismo já não temos sentenças cruéis. No máximo expõem-se os cabras no perp walk e recorre-se à justiça por medida. Sorte a de DSK por não viver no Brasil do século XIX e por Anne Sinclair não ter usado a faca e o triturador.]
SÚMULA: Comete pecado mortal o indivíduo que confessa em público suas patifarias e seus boxes e faz gogas de suas víctimas desejando a mulher do próximo, para com ella fazer suas chumbregâncias.
Vistos, etc.
O adjunto Promotor Público representou contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de Senhora San´Anna, quando a mulher de Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra que estava de tocaia em moita de matto, sahiu dela de sopetão e fez proposta a dita mulher, por quem roía brocha, para coisa que não se pode traser a lume e como ella, recusasse, o dito cabra atrofou-se a ella, deitou-se no chão deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará, e não conseguio matrimônio porque ella gritoue veio em amparo della Nocreyo Correia e Clemente Barbosa, que prenderam o cujo flagrante e pediu a condenação delle como incurso nas penas de tentativa de matrimônio proibido e a pulso de sucesso porque dita mulher taja pêijada e com o sucedido deu luz de menino macho que nasceu morto.
As testemunhas, duas são vista porque chegaram no flagrante e bisparam a pervesidade do cabra Manoel Duda e as demais testemunhas de avaluuemos. Dizem as leises (sic) que duas testemunhas que assistem a qualquer naufrágio do sucesso faz prova, e o juiz não precisa de testemunhas de avaluemos e assim:
Considero-que o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento, por quem roía brocha, para coxambrar com ella coisas que só o marido della competia coxambrar porque eram casados pelo regime da Santa Madre Igreja Cathólica Romana.
Considero-que o cabra Manoel Duda deitou a paciente no chão e quando ia começar as suas coxambranças viu todas as encomendas della que só o marido tinha o direito de ver.
Considero-que a paciente estava pêijada e em consequência do sucedido, deu a luz de um menino macho que nasceu morto.
Considero-que a morte do menino trouxe prejuízo a herança que podia ter quando o pae delle ou mãe falecesse.
Considero-que o cabra Manoel Duda é um suplicado deboxado, que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quis também fazer coxambranças com a Quitéria e a Clarinha, que são moças donzellas e não conseguio porque ellas repugnaram e deram aviso a polícia.
Considero-que o cabra Manoel Duda está preso em pecado mortal porque nos Mandamentos da Igreja é proibido desejar do próximo que elle desejou.
Considero-que sua Magestade Imperial e o mundo inteiro, precisa ficar livre do cabra Manoel Duda, para secula, seculorum amem, arreiem dos deboxes praticados e as sem vergonhesas por elle praticados e apara as fêmeas e machos não sejam mais por elle incomodados.
Considero-que o Cabra Manoel Duda é um sujeito sem vergonha que não nega suas coxambranças e ainda faz isnoga da incomendas de sua víctima e por isso deve ser botado em regime por esse juízo.
Posto que:
Condeno o cabra Manoel Duda pelo malifício que fez a mulher de Xico Bento e por tentativa de mais malifícios iguais, a ser capado, capadura que deverá ser feita a macete.
A execução da pena deverá ser feita na cadeia desta villa. Nomeio carrasco o Carcereiro solte o cujo cabra para que vá em paz.
O nosso Prior aconselha:
Homine debochado debochatus mulherorum inovadabus est sentetia qibus capare est macete macetorim carrascus sine facto nortre negare pote.
Cumpra-se a apregue-se editaes nos lugares públicos. Apelo ex-officio desta sentença para juiz de Direito deste Comarca.
Porto da Folha, 15 de outubro de 1833.
Assinado: Manuel Fernandes dos santos, Juiz Municipal suplente em exercícios»
[Recebi do detractor JARF um texto parecido com o transcrito cuja fonte citada (Instituto Histórico de Alagoas) parece ser mais confiável.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. No pós-modernismo já não temos sentenças cruéis. No máximo expõem-se os cabras no perp walk e recorre-se à justiça por medida. Sorte a de DSK por não viver no Brasil do século XIX e por Anne Sinclair não ter usado a faca e o triturador.]
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delírios pontuais
22/07/2011
DIÁRIO DE BORDO: Dois pesos e duas medidas?
São ilegais e certamente ilegítimos os processos de produção jornalística usados pelo News of the World e possivelmente outros mídia do grupo de Rupert Murdoch. São matéria de polícia, cadeia e ponto final.
Portanto, a indignação da esquerdalhada tem fundamento? Tem sim senhor. E tem fundamento a indignação de quem se indigna com a indignação selectiva da esquerdalhada que, por sua vez, não se indignou nada e até exultou com a obtenção por Julian Assange de informações usando meios ilegais e pondo em risco a vida de muita gente? Não tem fundamento esta segunda indignação e passo a explicar porquê.
Em primeiro lugar os processos de Murdoch fazem parte de um negócio, o que, por princípio, quaisquer que fossem esses processos, seria preciso provar a sua legitimidade. Sendo o que são, tem razão a esquerdalhada em condená-los por serem usados por quem são e para os fins que foram.
Em segundo lugar, os processos de Julian Assange e da WikiLeaks não fazem (aparentemente) parte de um negócio, pelo que seria preciso provar a sua ilegitimidade. Prova que nunca poderia ser feita pela razão simples desses processos se justificarem pelo seu propósito ser uma boa causa: expor os abusos de poder dos governos que abusam do poder, ou seja, nomeadamente, os governos democraticamente eleitos. E quem classifica a causa como boa e os alegados abusos como ilegítimos? A esquerdalhada, evidentemente. E tem a esquerdalhada legitimidade para o fazer? Tem sim senhor, pois foi para tal ungida pela História.
Em resumo, as coisas não são boas nem más per se. Depende de quem as faz e com que propósito, sendo que os fins (causas boas) justificam os meios necessários. E quais são os meios necessários? São os meios que a esquerdalhada usar.
Portanto, a indignação da esquerdalhada tem fundamento? Tem sim senhor. E tem fundamento a indignação de quem se indigna com a indignação selectiva da esquerdalhada que, por sua vez, não se indignou nada e até exultou com a obtenção por Julian Assange de informações usando meios ilegais e pondo em risco a vida de muita gente? Não tem fundamento esta segunda indignação e passo a explicar porquê.
Em primeiro lugar os processos de Murdoch fazem parte de um negócio, o que, por princípio, quaisquer que fossem esses processos, seria preciso provar a sua legitimidade. Sendo o que são, tem razão a esquerdalhada em condená-los por serem usados por quem são e para os fins que foram.
Em segundo lugar, os processos de Julian Assange e da WikiLeaks não fazem (aparentemente) parte de um negócio, pelo que seria preciso provar a sua ilegitimidade. Prova que nunca poderia ser feita pela razão simples desses processos se justificarem pelo seu propósito ser uma boa causa: expor os abusos de poder dos governos que abusam do poder, ou seja, nomeadamente, os governos democraticamente eleitos. E quem classifica a causa como boa e os alegados abusos como ilegítimos? A esquerdalhada, evidentemente. E tem a esquerdalhada legitimidade para o fazer? Tem sim senhor, pois foi para tal ungida pela História.
Em resumo, as coisas não são boas nem más per se. Depende de quem as faz e com que propósito, sendo que os fins (causas boas) justificam os meios necessários. E quais são os meios necessários? São os meios que a esquerdalhada usar.
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21/07/2011
A tradição ainda é o que sempre foi ou tudo como dantes, quartel-general em Abrantes
Segundo um levantamento feito pela associação Transparência e Integridade, 70 dos 230 deputados da legislatura que agora terminou «eram simultaneamente administradores, gestores ou consultores de empresas que tinham directamente negócios com o Estado».
Há 150 chefes da polícia com direito a carro e motorista.
Desde Março, com a tesouraria seca, o governo cessante deixou de transferir centenas de milhões de euros para o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social.
O défice na óptica da contabilidade nacional (a que interessa para os compromissos do MoU e tem como objectivo 5,9% em 2011) apurado pelo INE no 1.º trimestre é de 7,7%.
Governo vai aprovar orçamento rectificativo.
O ISEG contou 408 empresas municipais mais 127 do que a Direcção-Geral da Administração Local. No conjunto essas empresas têm activos de mil milhões e passivos de 2,5 mil milhões. Fernando Ruas, presidente da Associação Nacional de Municípios diz que «as autarquias não podem ser bodes expiatórios de erros da Administração Central». Tem toda a razão – já será suficiente serem as cabras expiatórias dos erros da Administração local.
O Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos classifica de «escandalosa» e «inadmissível» o aumento anunciado de 15% dos transportes públicos, em coro com a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações que o considera «um assalto aos bolsos dos portugueses». Nem o Movimento nem a Federação esclarecem como classificam a extorsão dos contribuintes que não são utentes nem trabalhadores das empresas públicas de transportes para suportar o sistemático prejuízo dessas empresas.
O Bloco de Esquerda apresenta um projecto de resolução ao parlamento para suspender a introdução de portagens na Via do Infante com o surpreendente argumento da «perda de competitividade».
Pela boca do seu presidente - um empresário de sucesso – o ACP defende, também surpreendentemente, o tabelamento do preço dos combustíveis. E porque não tabelar também o preço dos jornais?
Há 150 chefes da polícia com direito a carro e motorista.
Desde Março, com a tesouraria seca, o governo cessante deixou de transferir centenas de milhões de euros para o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social.
O défice na óptica da contabilidade nacional (a que interessa para os compromissos do MoU e tem como objectivo 5,9% em 2011) apurado pelo INE no 1.º trimestre é de 7,7%.
Governo vai aprovar orçamento rectificativo.
O ISEG contou 408 empresas municipais mais 127 do que a Direcção-Geral da Administração Local. No conjunto essas empresas têm activos de mil milhões e passivos de 2,5 mil milhões. Fernando Ruas, presidente da Associação Nacional de Municípios diz que «as autarquias não podem ser bodes expiatórios de erros da Administração Central». Tem toda a razão – já será suficiente serem as cabras expiatórias dos erros da Administração local.
O Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos classifica de «escandalosa» e «inadmissível» o aumento anunciado de 15% dos transportes públicos, em coro com a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações que o considera «um assalto aos bolsos dos portugueses». Nem o Movimento nem a Federação esclarecem como classificam a extorsão dos contribuintes que não são utentes nem trabalhadores das empresas públicas de transportes para suportar o sistemático prejuízo dessas empresas.
O Bloco de Esquerda apresenta um projecto de resolução ao parlamento para suspender a introdução de portagens na Via do Infante com o surpreendente argumento da «perda de competitividade».
Pela boca do seu presidente - um empresário de sucesso – o ACP defende, também surpreendentemente, o tabelamento do preço dos combustíveis. E porque não tabelar também o preço dos jornais?
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um país talvez normal mas rançoso
CASE STUDY: Mota-Engil e a auto-estrada mexicana
Em Portugal a simbiose entre o governo de serviço e os grandes empreiteiros de obras públicas já deu muito e ainda teria muito para dar (*), se houvesse dinheiro em abundância, mas, não sendo esse o caso na presente conjuntura, já tem pouco, Por isso, a Mota-Engil, onde pontifica o emérito estradista Jorge Coelho, foi aplicar o seu refinado know-how no México, tendo conseguido aumentar para 45 anos o prazo de concessão da auto-estrada Perote-Xalapa e um reforço da grana a torrar de 165 milhões de euros para aumentar para 2 faixas.
O aumento do prazo da concessão é genuíno know-how português (Terminal de Contentores de Alcântara). O aumento para 2 faixas pode vir a ser uma manifestação do know-how local. Pelo menos se acreditarmos na estória já aqui contada da auto-estrada que o governo mexicano teria inaugurado com pompa e circunstância pelo facto de dispor de 3 (estreitíssimas) faixas. As faixas, de tão estreitas, originaram inúmeros acidentes, forçando o governo passado pouco tempo a reduzi-las para duas, com o argumento que da redução de pouco mais de trinta por cento do número de faixas resultaria um maior acréscimo de segurança. Talvez o resultado tivesse sido mais segurança, mas o que resultou, sem margem para dúvidas, foram enormes engarrafamentos que levaram o governo a voltar ao número original de faixas anunciando entusiasticamente que o número de faixas iria ser aumentado de cinquenta por cento.
(*) Descobre-se agora que os encargos com as PPP rodoviárias devem atingir este ano 1,2 mil milhões quase triplicando os 470 milhões que o governo socrático orçamentou.
O aumento do prazo da concessão é genuíno know-how português (Terminal de Contentores de Alcântara). O aumento para 2 faixas pode vir a ser uma manifestação do know-how local. Pelo menos se acreditarmos na estória já aqui contada da auto-estrada que o governo mexicano teria inaugurado com pompa e circunstância pelo facto de dispor de 3 (estreitíssimas) faixas. As faixas, de tão estreitas, originaram inúmeros acidentes, forçando o governo passado pouco tempo a reduzi-las para duas, com o argumento que da redução de pouco mais de trinta por cento do número de faixas resultaria um maior acréscimo de segurança. Talvez o resultado tivesse sido mais segurança, mas o que resultou, sem margem para dúvidas, foram enormes engarrafamentos que levaram o governo a voltar ao número original de faixas anunciando entusiasticamente que o número de faixas iria ser aumentado de cinquenta por cento.
(*) Descobre-se agora que os encargos com as PPP rodoviárias devem atingir este ano 1,2 mil milhões quase triplicando os 470 milhões que o governo socrático orçamentou.
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auto-estrada mexicana
20/07/2011
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (45) – calam-se e falam a desoras (mais outro)
Com alguns anos de atraso, João Cravinho descobriu que teria sido «preciso reduzir esse endividamento absolutamente extraordinário... (e que) … a teimosia do primeiro-ministro foi altamente lesiva para o país». Ainda não descobriu ter sido o silêncio da gente honrada do PS altamente lesivo para o país, supondo, evidentemente, a existência dessa gente.
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ética republicana,
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Os alemães devem estar loucos ou com medo de lhes faltar o gás…
A Werkstatt Deutschland, uma fundação alemã, preparava-se para atribuir ao Czar Vladimir Putin o prémio Quadriga na sua qualidade de «modelo exemplar e espírito iluminado que trabalha para o bem público e pelos direitos humanos». Apesar da incontestável justiça, o prémio não chegou a ser atribuído, mas foi preciso a Frau Merkel explicar ao Czar para ele não se melindrar.
Esclarecimento: o gás que constituiria hipoteticamente a preocupação dos alemães é o gás russo para os banhos. Nada de maus pensamentos.
Esclarecimento: o gás que constituiria hipoteticamente a preocupação dos alemães é o gás russo para os banhos. Nada de maus pensamentos.
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delírios pontuais
19/07/2011
TIROU-ME AS UMAS QUANTAS PALAVRAS DA BOCA: Uma entrevista impertinente face ao pensamento oficial e à doutrina económica do regime
«É muito engraçado fazer agora o paralelismo entre este governo do Passos Coelho, que tem duas semanas, e as duas primeiras semanas do Sócrates [em 2005]: são praticamente iguais. Prometeram que iam reformar tudo. A única coisa que fizeram até agora foi subir impostos. Há uma coisa boa que os separa: é que agora não há dinheiro. Ponto. Agora vai ter mesmo de se cortar. A única questão é onde. Ou seja, se os tais lóbis que dominaram a política portuguesa nos últimos 15 anos vão continuar a ter força e não pagam ou se se vão poupar aqueles que deviam ser poupados?
…
Claramente, os últimos governos estavam no bolso de grupos – sobretudo o último, o que ficou evidente neste estertor final. Não é tanto uma questão de corrupção. Se eles enfrentassem os lóbis não eram políticos, eram postos na rua naquele dia. …São professores, médicos, construção civil, banca, funcionários públicos, uma data de câmaras. Existe um certo número de pessoas que capturaram os ministérios. Têm poder para isso, poder para impor o TGV.
…
Grande parte da fraude fiscal é uma coisa perfeitamente legítima, que a sociedade faz perante um imposto que é completamente predatório.
…
No caso da Grécia parece-me que é evidente que não há solução. A Grécia pediu dinheiro a mais. Isto é um erro que o país cometeu, mas também dos estúpidos dos credores que lhe emprestaram uma coisa que ele nunca vai pagar. Se continuarmos a insistir que a Grécia pague tudo o que pediu isto estrangula o país, que não produz nada, e também não paga nada. É uma perda para todos. A solução é substituir esta dívida por outra mais baixa – a dívida é inferior, o credor perde uma pipa de massa porque emprestou 100 e só recebe 50, mas essa dívida já é sustentável e vai ser paga. É para aí que a Grécia está a ir: a questão é saber se isto é feito de uma forma ordenada, arbitrada por uma terceira entidade, neste caso a Comissão Europeia, que o faça de maneira que haja acordo [entre Grécia e credores], ou se isto é feito em zanga e rebenta com tudo. Perdem os credores, que não recebem, e perde a Grécia, que perde acesso aos mercados.
…
Há dois anos disse que o FMI devia ser chamado, ainda ninguém sonhava isso. Estou convencido, embora sem prova, que ainda podíamos ter safo a nossa situação sem ter pedido ajuda. Mas tivemos algo que mais ninguém teve que foram dois anos e meio de negação. Dois meses e meio depois da falência do Lehman Brothers, a 14 de Outubro de 2008, a Irlanda apresentou um Orçamento do Estado que baixava os salários dos funcionários públicos, incluindo o do primeiro-ministro. No mesmo dia Portugal apresentou um Orçamento do Estado para 2009 em que fazia a maior subida dos salários dos funcionários públicos desde 1980. O ano de 2009 é um ano em que houve uma queda do produto de 2,5% e uma subida dos salários reais no país de 5%. Comparado com isto só 1975 com Vasco Gonçalves: a economia a cair e os salários a subirem. É de loucos.
…
A direita é aquela que acha que os mercados são óptimos e funcionam bem. E a esquerda é aquela que acha que funcionam mal e que temos de os substituir. De facto, o que acontece é que os mercados são excelentes e têm enormes defeitos. O exemplo que dou sempre é o do avião. O avião voa. E às vezes cai. As carroças não caem. A malta que vê cair os aviões fica horrorizada porque morre imensa gente. Mas não estão a pensar voltar a andar de carroça. Os da esquerda são aqueles que querem voltar a andar de carroça e que quando vêem o avião a cair dizem “eu bem disse que isto é uma coisa horrível que funciona mal”. Os outros ficaram horrorizados porque partiram do princípio de que os aviões nunca caem. Estamos numa situação em que estão a mostrar-se os defeitos que sempre existiram – e que nem sequer são raros. Os keynesianos e os de esquerda andam todos contentes. Só os liberais acéfalos que acharam que o mercado estava sempre a funcionar bem e que quanto mais mercado melhor, que nunca perceberam que é preciso ter um equilíbrio entre o mercado e o Estado, é que estão envergonhadíssimos. E depois fazem esta coisa completamente idiota que é renegarem o que andaram a dizer.»
[Entrevista a João César das Neves no ionline]
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Claramente, os últimos governos estavam no bolso de grupos – sobretudo o último, o que ficou evidente neste estertor final. Não é tanto uma questão de corrupção. Se eles enfrentassem os lóbis não eram políticos, eram postos na rua naquele dia. …São professores, médicos, construção civil, banca, funcionários públicos, uma data de câmaras. Existe um certo número de pessoas que capturaram os ministérios. Têm poder para isso, poder para impor o TGV.
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Grande parte da fraude fiscal é uma coisa perfeitamente legítima, que a sociedade faz perante um imposto que é completamente predatório.
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No caso da Grécia parece-me que é evidente que não há solução. A Grécia pediu dinheiro a mais. Isto é um erro que o país cometeu, mas também dos estúpidos dos credores que lhe emprestaram uma coisa que ele nunca vai pagar. Se continuarmos a insistir que a Grécia pague tudo o que pediu isto estrangula o país, que não produz nada, e também não paga nada. É uma perda para todos. A solução é substituir esta dívida por outra mais baixa – a dívida é inferior, o credor perde uma pipa de massa porque emprestou 100 e só recebe 50, mas essa dívida já é sustentável e vai ser paga. É para aí que a Grécia está a ir: a questão é saber se isto é feito de uma forma ordenada, arbitrada por uma terceira entidade, neste caso a Comissão Europeia, que o faça de maneira que haja acordo [entre Grécia e credores], ou se isto é feito em zanga e rebenta com tudo. Perdem os credores, que não recebem, e perde a Grécia, que perde acesso aos mercados.
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Há dois anos disse que o FMI devia ser chamado, ainda ninguém sonhava isso. Estou convencido, embora sem prova, que ainda podíamos ter safo a nossa situação sem ter pedido ajuda. Mas tivemos algo que mais ninguém teve que foram dois anos e meio de negação. Dois meses e meio depois da falência do Lehman Brothers, a 14 de Outubro de 2008, a Irlanda apresentou um Orçamento do Estado que baixava os salários dos funcionários públicos, incluindo o do primeiro-ministro. No mesmo dia Portugal apresentou um Orçamento do Estado para 2009 em que fazia a maior subida dos salários dos funcionários públicos desde 1980. O ano de 2009 é um ano em que houve uma queda do produto de 2,5% e uma subida dos salários reais no país de 5%. Comparado com isto só 1975 com Vasco Gonçalves: a economia a cair e os salários a subirem. É de loucos.
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A direita é aquela que acha que os mercados são óptimos e funcionam bem. E a esquerda é aquela que acha que funcionam mal e que temos de os substituir. De facto, o que acontece é que os mercados são excelentes e têm enormes defeitos. O exemplo que dou sempre é o do avião. O avião voa. E às vezes cai. As carroças não caem. A malta que vê cair os aviões fica horrorizada porque morre imensa gente. Mas não estão a pensar voltar a andar de carroça. Os da esquerda são aqueles que querem voltar a andar de carroça e que quando vêem o avião a cair dizem “eu bem disse que isto é uma coisa horrível que funciona mal”. Os outros ficaram horrorizados porque partiram do princípio de que os aviões nunca caem. Estamos numa situação em que estão a mostrar-se os defeitos que sempre existiram – e que nem sequer são raros. Os keynesianos e os de esquerda andam todos contentes. Só os liberais acéfalos que acharam que o mercado estava sempre a funcionar bem e que quanto mais mercado melhor, que nunca perceberam que é preciso ter um equilíbrio entre o mercado e o Estado, é que estão envergonhadíssimos. E depois fazem esta coisa completamente idiota que é renegarem o que andaram a dizer.»
[Entrevista a João César das Neves no ionline]
Podia ser o parlamento português na véspera de um feriado com ponte
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The hard Left is dead right |
18/07/2011
ARTIGO DEFUNTO: Dois pesos e duas medidas
Para qualquer jornalista seria sempre um expediente de baixo nível escrever um artigo tentando ridicularizar o estilo expositivo de alguém, por exemplo o ministro das Finanças e, talvez não por acaso, num jornal que se atribui independência e pergaminhos éticos tanto mais escassamente visíveis quanto mais escassos são os capitais do grupo a que pertence.
O expediente desce ainda mais de nível por se tratar de um pastorinho da economia dos amanhãs que cantam que gastou os últimos 6 anos a brunir as polainas de um outro ministro das Finanças co-responsável, com o primeiro-ministro mais mentiroso da história de Portugal, pelo maior desemprego dos últimos 90 anos, maior dívida pública dos últimos 160 anos, mais baixo crescimento económico dos últimos 90 anos, maior dívida externa dos últimos 120 anos, mais baixa taxa de poupança dos últimos 50 anos e segunda maior taxa de emigração dos últimos 160 anos.
Para memória futura, aqui fica o artigo de Nicolau Santos no caderno de Economia do Expresso de 16-07-2011.
O expediente desce ainda mais de nível por se tratar de um pastorinho da economia dos amanhãs que cantam que gastou os últimos 6 anos a brunir as polainas de um outro ministro das Finanças co-responsável, com o primeiro-ministro mais mentiroso da história de Portugal, pelo maior desemprego dos últimos 90 anos, maior dívida pública dos últimos 160 anos, mais baixo crescimento económico dos últimos 90 anos, maior dívida externa dos últimos 120 anos, mais baixa taxa de poupança dos últimos 50 anos e segunda maior taxa de emigração dos últimos 160 anos.
Para memória futura, aqui fica o artigo de Nicolau Santos no caderno de Economia do Expresso de 16-07-2011.
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Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (51) – Obama aponta Portugal e Grécia como exemplos a não seguir
«We are not Greece, we are not Portugal. We have a chance to stabilise America's finances for a decade or 15 years or 20 years if we're willing to seize the moment» disse Barack Obama numa comunicação para tranquilizar os americanos (ver vídeo aqui).
Provavelmente os seus admiradores portugueses e gregos sobreviventes ficaram desapontados. Não é caso para menos. O que disse significa implicitamente Portugal e a Grécia não terem, ao contrário dos EU, nenhuma hipótese de estabilizarem as suas finanças durante uma década, 15 ou 20 anos, ainda que o quisessem.
O pior de tudo é Obama possivelmente ter razão. Pelo que sabemos da Grécia e de Portugal e, já agora, sabendo-se também a dívida pública total (federal e estadual) dos EU rondar ser inferior à portuguesa e menos de 2/3 da grega apesar do estado desastroso das suas finanças.
Sem esquecer que até o despesista Obama «apenas» quer aumentar o debt ceiling da dívida federal para USD 4 biliões ou seja menos de 30% do PIB.
Provavelmente os seus admiradores portugueses e gregos sobreviventes ficaram desapontados. Não é caso para menos. O que disse significa implicitamente Portugal e a Grécia não terem, ao contrário dos EU, nenhuma hipótese de estabilizarem as suas finanças durante uma década, 15 ou 20 anos, ainda que o quisessem.
O pior de tudo é Obama possivelmente ter razão. Pelo que sabemos da Grécia e de Portugal e, já agora, sabendo-se também a dívida pública total (federal e estadual) dos EU rondar ser inferior à portuguesa e menos de 2/3 da grega apesar do estado desastroso das suas finanças.
Sem esquecer que até o despesista Obama «apenas» quer aumentar o debt ceiling da dívida federal para USD 4 biliões ou seja menos de 30% do PIB.
17/07/2011
ESTÓRIAS E MORAIS: Os incentivos adequados
Estórias
Um dos negócios que mais parece prosperar em Atenas é a venda de coberturas de piscina simulando jardins vistos dos helicópteros do fisco, procurando sinais exteriores de riqueza indiciando rendimentos mais altos dos que os declarados.
Entre nós, continua a existir na tropa a regra do arrastamento não autorizando a promoção ou o aumento de vencimento de um militar em detrimento de outro militar mais antigo no mesmo posto.. a não ser que este último seja também promovido ou aumentado.
O que me fez lembrar – vá-se lá saber porquê - a conhecida estória do arquitecto começando a tentar sem conseguir uma licença camarária para abrir uma janela numa fachada, acabou a pedir a licença para fechar uma janela inexistente que lhe foi recusada e, portanto, …
Moral
Se queres obter um resultado só tens que usar os incentivos adequados.
Um dos negócios que mais parece prosperar em Atenas é a venda de coberturas de piscina simulando jardins vistos dos helicópteros do fisco, procurando sinais exteriores de riqueza indiciando rendimentos mais altos dos que os declarados.
Entre nós, continua a existir na tropa a regra do arrastamento não autorizando a promoção ou o aumento de vencimento de um militar em detrimento de outro militar mais antigo no mesmo posto.. a não ser que este último seja também promovido ou aumentado.
O que me fez lembrar – vá-se lá saber porquê - a conhecida estória do arquitecto começando a tentar sem conseguir uma licença camarária para abrir uma janela numa fachada, acabou a pedir a licença para fechar uma janela inexistente que lhe foi recusada e, portanto, …
Moral
Se queres obter um resultado só tens que usar os incentivos adequados.
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