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07/09/2023

Não é da benevolência do senhorio que esperamos a nossa habitação, mas da consideração que ele tem pelos seus próprios interesses

Para quem não saiba, a Dr.ª Fernanda Câncio é jornalista, militante de várias causas, nomeadamente anti-homofóbicas, identificada com o esquerdismo bem-pensante, que entrou para o clube dos famosos com a sua relação, entretanto repudiada, com o ex-primeiro-ministro Eng. José Sócrates.

Numa peça cujo título «As rendas congeladas e o direito humano a um "lucro decente"» é todo um programa, a Dr.ª Câncio insurge-se contra as medidas de congelamento das rendas e, citando Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, contra a «interferência arbitrária do Estado» defendendo o «direito (dos senhorios) a retirar lucro da sua propriedade», «senhorios que durante décadas garantiram, à sua exclusiva custa, uma bela percentagem de habitação social num país no qual a estatal só corresponde a 2% do total de alojamentos».

É fácil para um espírito liberal estar de acordo com estas ideias da Dr.ª Câncio. Difícil é compreender como a Dr. Câncio chegou lá ao arrepio do que costumam ser as ideias a respeito dos direitos de propriedade dos seus compagnons de route. É difícil sobretudo se não se souber que a Dr.ª é senhoria de várias propriedades, estatuto que não esconde.

Isso só lhe fica bem e dá razão ao velho Adam Smith que, quando escreveu «não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelos seus próprios interesses», se conhecesse a Dr.ª Câncio poderia ter escrito a frase do título.

3 comentários:

Sérgio Gonçalves disse...

Esta gentalha é bipolar, no mínimo. Na minha terra diz-se de outra forma mas a ideia entende-se

Afonso de Portugal disse...

Pois claro. Socialism no c... perdão, na propriedade privada dos outros é que é bonito. Na nossa é que não!

Camisa disse...

Mais um Robles!