Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

07/09/2015

CASE STUDY: Colocando em perspectiva a queda abissal das bolsas chinesas (2)

Com o seu pendor para o simplismo e o catastrofismo, os mesmos jornalistas e opinion dealers que veneram o intervencionismo dos bancos centrais a ditarem o preço do dinheiro e a entorná-lo na economia, fabricando lenta e seguramente a próxima crise, fizeram soar os alarmes com a queda das bolsas chinesas anunciando o crash galáctico, escrevi aqui há duas semanas.

Fonte: Bloomberg
Acrescento agora que, depois das quedas abissais dos últimos 3 meses, o valor do índice Shanghai Shenzhen CSI 300 era 3.365,8 no dia 2 de Setembro apresentando uma valorização de 38,4% em relação ao valor 2.432,4 de há um ano, ou seja tem ainda muito espaço para descer. Os valores de todos os outros principais índices estão agora abaixo de há ano. O que dirão os mesmos jornalistas e opinion dealers que já gastaram os adjectivos disponíveis há 2 semanas quando as bolsas chineses voltarem a cair?

06/09/2015

ARTIGO DEFUNTO: A tudologia e as estatísticas de causas

Regressado de férias, enfastiado por nada ter acontecido na sua ausência (as coisas só acontecem quando e porque ele por cá está, quase que escreveu ele na sua primeira crónica na rentrée), Miguel Sousa Tavares na sua crónica de ontem no Expresso no meio das suas elucubrações sobre o Novo Banco (ele deveria ter pudor e não escrever sobre os resultados das golpadas do compadre Ricardo) pergunta-se «o que pensam dizer aos 350.000 portugueses que emigraram nos últimos quatro anos?»

Acontece que, segundo o INE, o número de emigrantes nos últimos 4 anos é de 199 mil e por isso pergunto-me onde terá MST ido buscar os seus 350 mil? Terá partido dos 500 mil que a deputada socialista Ana Catarina Mendes citou no parlamento e feito um desconto de 30%? Pergunto-me ainda: o que pensa MST dizer aos 150 mil portugueses que segundo ele emigraram e segundo o INE ainda cá estão?

DIÁRIO DE BORDO: Até um coxo (de uma perna, das duas é mais difícil)

Há uns dez meses, por ocasião da ascensão do ungido Costa ao Olimpo do socialismo, publiquei este post onde considerava que seriam favas contadas ganhar as eleições contra um governo desgastadíssimo, odiado pelos milhões de dependentes do Estado Sucial (quase metade dos portugueses com mais de 15 anos recebem uma pensão ou são funcionários públicos) e crentes do mesmo e não amado pelos restantes. Daí o título «Até um coxo». Quanto mais o ungido.

Escrevi então que Costa foi trazido ao colo por uma imprensa amestrada a incensá-lo como um dom sebastião que chegará numa madrugada de nevoeiro para salvar este Reino de Pacheco (era uma alusão a Alexandre O'Neill e, não, não era uma piada ao Pacheco m-l, mas, agora, dez meses depois, até pode ser) e prognostiquei que seria o primeiro-ministro o mais tardar em Outubro do próximo ano. Até um coxo o seria, bastando dizer as patetices que os portugueses querem ouvir.

Dez meses passados e vendo a última sondagem e a evolução, tenho de reconhecer que me enganei substancialmente.

Pro memoria (257) – Costa, o devedor de promessas (4)

Inventário

Em promoção:

«Costa promete revogar taxas moderadoras no aborto se ganhar»

«Costa quer EDP e Banca a pagar mais impostos»

Saldos:

«Voltar a relacionar o valor máximo das rendas com o estado de conservação dos edifícios.» (20-05-2015) O passo seguinte será a fixação administrativa das rendas.

«O Partido Socialista (PS) propõe "reabilitar e redimensionar" a rede de carregamento pública de veículos eléctricos, a MOBI.E». (20-05-2015) Entretanto o governo PSD-CDS já cumpriu esta promessa e ressuscitou o projecto Sócrates.

05/09/2015

DIÁRIO DE BORDO: Deitar foguetes

Lançamento na 4.ª F de manhã de um satélite para a Marinha dos EUA (Fonte)

Pro memoria (256) – Costa, o devedor de promessas (3)

[Continuação de (1) e (2)]

Uma promessa fresquinha atacada à esquerda (por pressupor que os «refugiados» iriam trabalhar) e à direita (por pressupor que seria o Estado a dar-lhes emprego):

«Refugiados a limpar florestas? Costa acredita que seria uma “grande oportunidade”» (03-09-2015)

Continuação da repescagem de promessas porventura já esquecidas, a maioria delas tornadas públicas com a apresentação do programa do PS em 20-05 o que gerou uma pororoca mediática:

«António Costa rejeita as recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI) e promete fazer uma "política contrária"» (18-05-2015)

«O secretário-geral do PS assumiu hoje o compromisso de não privatizar setores estratégicos, classificados como bens de primeira necessidade, e defendeu o reforço da regulação das instituições financeiras.» (20-05-2015)  É uma promessa supérflua porque todos os bens de primeira necessidade são de produção privada, mas Costa ainda não teve tempo de perceber.

«PS admite suspender prova de avaliação dos professores». (20-05-2015)

«O PS quer aumentar para 600 euros, contra os 500 euros previstos, o apoio por pequeno agricultor. E quer, ainda, aumentar em 50% os pagamentos por hectare dos primeiros cinco hectares» (20-05-2015)

04/09/2015

Bons exemplos (104) – Mani pulite na Guatemala

Depois de vários meses de manifestações contra a corrupção, poucas horas depois do presidente da Guatemala ter apresentado a sua demissão o congresso aceitou-a e levantou a sua imunidade.

Otto Pérez Molina, um general e antigo director dos temidos serviços de informação, foi ouvido no tribunal e confrontado com mais de 6 horas de gravações confirmando o seu envolvimento numa fraude alfandegária de milhões de dólares que levou à sua prisão. (Fonte: NYT)

CASE STUDY: Um imenso Portugal (14)

Os efeitos combinados da versão Dilma Rousseff (uma versão piorada da versão Lula da Silva) das políticas do PT com a queda dos preços das matérias-primas estão afundar a economia e as finanças públicas brasileiras.

Fonte: The Economist Espresso

Pro memoria (255) – Costa, o devedor de promessas (2)

[Continuação de (1)]

Repescagem de promessas porventura já esquecidas:

«Socialistas defendem que 10% do Fundo da Segurança Social sirva para comprar casas devolutas e querem capitalizar empresas com dinheiro dos vistos Gold.» (18-02-2015)

«O secretário-geral do PS garante que se for primeiro-ministro vai mexer nos escalões do IRS para aumentar a progressividade do imposto.» (07-05-2015)

«António Costa quer renegociar as condições de privatização da TAP, caso vença as eleições, avança o Expresso. O objectivo é o de manter a maioria do capital da companhia aérea nas mãos do Estado, vendendo apenas 49%.» (24-05-2015)

«O secretário-geral do PS defendeu hoje em Oliveira de Azeméis que a competitividade das empresas exportadoras nacionais beneficiaria com uma ferrovia que agilizasse o acesso de mercadorias ao centro da Europa "tão breve quanto possível".» (29-05-2015)

(Continua)

03/09/2015

NÓS VISTOS POR ELES: «Pigs might fly»

«At the height of the 2008-09 financial crisis, a new acronym entered the lexicon of financial journalists: the PIGS. In sharp contrast to the (then) fast-growing BRICS, the PIGS represented the crisis-hit countries of Portugal, Ireland, Greece and Spain. While all suffered deep recessions, the dynamics in each of them were quite different. Portugal was often seen as the next most-vulnerable after Greece, but so far it has defied the sceptics by exiting its EU/IMF bail-out programme earlier than it needed to and refinancing many of its loans at lower rates by tapping private capital markets.

In part, this is due to a fairly high degree of policy consensus among Portugal's two main parties and strong public backing for continued euro zone membership. In contrast with many other EU countries, Portugal lacks a strong anti-euro party. When you consider the scale of the country's fiscal contraction—moving from a primary budget deficit of 8.5% of GDP in 2010 to an estimated surplus of 0.2% this year—that is remarkable.

All four PIGS countries are set to have elections in the next six months and Portugal will be going to the polls on October 4th. The first challenge for the next government—likely to be a minority administration led by the current centre-left opposition—is to continue reforms now that the external pressure has lessened. The second challenge is to prepare for Portugal's longer-term problems of demographic decline and stagnating productivity.»

Simon Baptist, Chief Economist, The Economist Intelligence Unit

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (XXXVIII) – So far, not so good

Outros purgatórios a caminho dos infernos.

Infelizmente, as piores previsões que tenho vindo a fazer nesta série de posts, que já vai no seu 38.º, têm-se vindo verificar no essencial. No último post escrevi que o saco de gatos do Syriza está a romper-se e que Tsipras ao forçar novas eleições provavelmente ganharia mas teria de se coligar de novo com a extrema-direita do Anel ou com a Nova Democracia. A realidade parece estar a ultrapassar a previsão.

A popularidade de Alexis Tsipras, que já foi da ordem dos 70% de aprovação em Março, tem vindo a descer e, segundo uma sondagem de há dias, está em menos de 30%. Nesta 4.ª feira uma outra sondagem revela que a vantagem do Syriza para a Nova Democracia é agora de apenas 0,4% (no domingo era de 1,5% e nas eleições de Janeiro foi de 8,5%).

Imagine-se um novo governo de coligação a fazer o contrário do que o governo anterior tinha prometido no contexto de uma mais que duvidosa tolerância do povo grego para suportar uma disciplina financeira mais dura do que a anterior e de uma tolerância ainda mais duvidosa dos governos da Zona Euro, sob pressão dos seus eleitorados e da premência de encontrar soluções para o problema do afluxo de refugiados (a maioria são imigrantes e não refugiados, no sentido das convenções de Genebra).

02/09/2015

BREIQUINGUE NIUZ: Salvo pelo gongo

Com a declaração de hoje da senadora Barbara Mikulski do Maryland de que irá votar o acordo com o Irão, foi atingido o número mínimo de senadores para que não seja possível a maioria de 2/3 necessária para ser revogado o veto anunciado de Barack Obama que se seguirá à quase certa rejeição do acordo pelo Senado.

Parece assim afastado a ameaça do lunatismo e da demagogia de senadores, na maioria republicanos, que se propõem anular o acordo com o Irão, trocando uma solução medíocre por utopias ou... um possível conflito nuclear.

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Portugal é um país socialista

«Portugal é um país socialista. Os portugueses preferem a segurança à liberdade, igualdade em vez de iniciativa, renda antes de eficácia. Todos os nossos partidos, da extrema-direita à extrema-esquerda, têm de ser, e são, socialistas, corporativos, clientelares. Todos promovem a segurança, igualdade e rendas, enquanto dizem promover liberdade, iniciativa e eficácia. "Liberal" por cá é insulto. Isto é incontornável, opção nacional que devemos respeitar. O sistema, aliás, tem óbvias vantagens, de que todos gozamos, e os correspondentes defeitos.

(...)

A verdadeira finalidade da política educativa não são os alunos e famílias, mas os grupos profissionais que operam o mecanismo. Professores, funcionários, auxiliares, pedagogos, editoras, fornecedores, construtoras e múltiplos outros interesses são os que realmente inspiram as políticas e ocupam as manchetes do sector. Este é o problema que, potenciado pela tendência socialista, é realmente causado pelo compadrio, laxismo e oportunismo lusitanos. Que, afinal, é a verdadeira origem da opção nacional pelo estatismo e proteccionismo.»

«Gratuidade escolar», JOÃO CÉSAR DAS NEVES no DN

Pro memoria (254) – Costa, o devedor de promessas

[Quando tiver tempo e paciência farei uma repescagem de algumas promessas das muitas dezenas que Costa semeou desde que se propôs ser o Futuro Primeiro-Ministro de Portugal.]

«António Costa defende que o subsídio de Natal deve ser pago em Novembro e não em duodécimos. "É assim que deve voltar a ser na Administração Pública e no sector privado”.» (Fonte)

«O PS admite estudar a possibilidade de as portagens pagas na rede viária servirem para financiar a Segurança Social. O líder do PS acrescentou que "quem fala em vias rodoviárias também pode falar em taxas que recaem sobre a energia".» (Fonte)

Se a cornucópia de promessas for um indicador do pensamento político de Costa, a coisa pode ser pior do que se pensava.

01/09/2015

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: «O ar hoje é bem mais respirável do que era em 2009 e em 2011»

«Podem dizer o que quiserem. Mas sob o ponto de vista do Estado de Direito, o ar é hoje bem mais respirável do que era em 2009 e em 2011.»

«A tempestade de Verão», Paulo Rangel no Público, respondendo aos rasgadores de vestes alegadamente indignados com a alegada crítica à alegada parcialidade do sistema judicial.

NÓS VISTOS POR ELES: Caí na real, gente!

Excerto da entrevista do Económico a Albert Jaeger representante do FMI que está a fazer as malas para ir embora.

O que alcançou o programa?

A primeira conquista, talvez a mais importante, é que o país recuperou a credibilidade. A segunda é que o consenso social foi mantido. No início, tínhamos aquele slogan: "Portugal não é a Grécia". Não sei se todos estávamos convencidos disso, mas revelou-se verdade. Divergiu-se nos detalhes, mas o consenso nunca desapareceu. A terceira é a recuperação económica iniciada em 2013. A economia deu a volta. Pode argumentar-se que a recuperação não foi suficientemente rápida, mas recuperou. A quarta é algo que ouço de colegas portugueses: o programa aumentou a transparência e a noção de que há constrangimentos orçamentais e não se pode aumentar a dívida para os ultrapassar.

Portugal não foi a Grécia. Também não foi a Irlanda.

Eram casos diferentes. O programa irlandês teve uma especificidade própria, os factores da crise eram diferentes.

O programa foi um sucesso?

Alcançou os grandes objectivos. Não alcançou duas coisas que talvez esperassem dele. Os níveis de endividamento do sector privado e público só estabilizaram, não se reduziram significativamente. E o crescimento ficou aquém. Um programa não coloca um país numa trajectória de crescimento rápido completamente diferente do passado. Cria um ponto de partida, com reformas estruturais.

Assumiram ao início que não se conseguiria reduzir a dívida?

No sector público é uma questão de aritmética. Começou-se com um défice muito elevado, reduziu-se, mas ainda se tem um défice, por isso continua a somar-se à dívida. E muita dívida que estava escondida apareceu. Era algo que não tinha sido antecipado.

Ficaram mesmo surpreendidos com isso?

Bom, na realidade... Depois de tantos anos com PPP, empresas públicas... não é incomum.

E no sector privado?

Aí foco-me nas empresas. Havia despesa excessiva face aos lucros. À medida que foi reduzida, os desequilíbrios atenuaram-se. Mas o endividamento continuou a subir, depois estabilizou e só agora começou a descer. Não se podia esperar que, nos três anos do programa, esses níveis de dívida descessem de forma significativa.

E agora vão descer? 

As empresas em Portugal precisam de crédito para investir. Há diferentes situações. Há empresas com baixa produtividade e elevado endividamento. Não produzem muito, representam quase 20% do emprego total, têm dívida elevada e muitas vão ter de fechar. Depois, há empresas com elevado endividamento, mas com produtividade aceitável ou elevada. São uma fatia grande da economia, quase metade do valor acrescentado e do investimento, mas também mais de metade da dívida. Não estão no seu potencial máximo. Uma empresa altamente endividada foca-se em sobreviver, não em produzir e vender, e está limitada no investimento. São empresas viáveis, mas têm de reduzir o endividamento.

Resolver o problema do endividamento implica esse processo darwiniano de empresas menos produtivas fecharem?

Sim. A questão é o ritmo a que o processo decorre, porque há um problema de recursos mal colocados. Temos de deslocar os trabalhadores para empresas com melhor performance.

E as outras, produtivas mas endividadas, vão absorvê-los?

Temos de os transferir para as produtivas não endividadas. Portugal tem um elevado número de empresas que estão bem, com baixo endividamento e boa performance. É para aí que temos de os transferir.

Onde fracassou o programa?

Ouvi sempre que havia demasiada austeridade. Mas a economia gastava mais 10% do que produzia, não podia continuar. Propôs-se reduzir o excesso para 3% em 2014. Era demasiado rápido? Indo devagar, continua-se a somar ao endividamento. E era preciso restaurar a confiança. A questão era tentar subir a competitividade no curto prazo, mitigando a perda de emprego. Uma ideia foi a desvalorização fiscal. A alternativa são reformas para subir rapidamente a produtividade. Algumas das laborais tentaram isso.

Mas não conseguiram.

Penso que não.

Dúvidas (119) - Tempo de confiança?

A ordem das confianças não é arbitrária.

Fontes: indicador de confiança - INE ; outdoor - Mouse Square School of Economics

31/08/2015

SERVIÇO PÚBLICO: A Internacional da Indignação

«Entretanto, lembro a curiosa retórica com que se recebe os refugiados que dia após dia chegam pelo Mediterrâneo e por onde calha. Segundo a voz corrente nos media, a responsabilidade pela tragédia (humanitária, é de bom-tom acrescentar) cabe inteirinha à Europa, a Europa que não recebe devidamente, a Europa que não integra adequadamente, a Europa que, em suma, não corresponde impecavelmente aos sonhos daqueles desgraçados, disponibilizando-lhes em cinco minutos casa decente, emprego digno, subsídio de assimilação e banda filarmónica. Os telejornais fervilham de repórteres a apontar o dedo indignado.

Quase ninguém explica que as dificuldades de resposta da Europa são inevitáveis perante a brutal, e desde há décadas incomparável, migração de centenas de milhares de pessoas (350 mil em 2015). Quase ninguém recorda que as dúvidas europeias são as próprias de gente civilizada, que tende a ponderar as consequências dos seus actos. Quase ninguém nota que a Alemanha, logo a Alemanha, tem liderado com a generosidade possível o processo de acolhimento. Quase ninguém refere a veneração que inúmeros sírios passaram a dedicar à senhora Merkel, logo à senhora Merkel. Sobretudo quase ninguém informa que os refugiados, na imensa maioria muçulmanos, escapam precisamente da selvajaria hoje recorrente nos países de origem e na religião que professam. Apesar do folclore jornalístico em contrário, que atribui ao bombeiro o fogo posto pelo pirómano, a verdade é que o drama dos refugiados começa no Islão, não na Europa.

A benefício da subtileza, também poderíamos falar dos refugiados que são de facto "infiltrados" do ISIS e agremiações similares. E dos refugiados que matam refugiados sob acusações de cristianismo. E dos perigos de abordar estas matérias com mais lirismo adolescente do que sensatez. Porém, dado que andamos ocupadíssimos a odiarmo-nos, não há tempo para detalhes. O importante é estabelecer que a culpa é nossa. Culpa de quê? Vê-se depois, ou nem isso. Certo é que a Europa é de fugir, embora os outros misteriosamente fujam para a Europa

«A Europa é de fugir», ALBERTO GONÇALVES no DN

CASE STUDY: Os amanhãs que cantarão, segundo o PS, ou o triunfo da fé e da esperança sobre a experiência (6)

Outros amanhãs.


Retomando os comentários ao relatório dos 12 sábios «Uma década para Portugal».

2.1 Desempenho macroeconómico

(continuação)

Um dos inúmeros exemplos da abordagem dos 12 sábios à dívida pública vista como algo independente do resto é quando escrevem sobre «o sentido desfavorável da evolução do peso da dívida pública no PIB» como se esta não resultasse inexoravelmente da acumulação dos défices orçamentais, défices que para eles eufemisticamente se devem «a fatores substantivos endógenos».

Criticam, com razão mas sem autoridade moral, a insuficiente redução dos défices sem se darem conta que a soma dos défices deste governo no triénio 2012-2014 foi 14,4% (5,5%+4,9%+4,0%), ou seja metade de 28,4% (9,8%+11,2%+7,4%) do governo anterior no triénio 2009-2011. Distraidamente, lá reconhecem que parte do aumento do défice se deveu «ao alargamento do perímetro das administrações públicas (pela incorporação de empresas públicas)».

Contradizem-se constantemente ao vilipendiarem a austeridade ao mesmo tempo que criticam que a despesa não se reduziu o suficiente sem reconhecerem que, em todo o caso, foi revertida a tendência crescente, como se vê no diagrama.

Fonte: Pordata


2.3 Os factores de crescimento


No que respeita ao ensino apontam o aumento do abandono e retenção no ensino básico sem perceberem que a única coisa que pode ter mudado em apenas 2 ou 3 anos foi o grau de facilitismo.

[O último parágrafo da página 17 em que se compara o ensino secundário em Portugal com a OCDE é completamente incompreensível.]

Uma vez mais, encontramos a exaltação da obra socrática, lamentando:

(Continua)

Nem só o Estado é amigo do empreendedor (7) - A maldição do jornalismo promocional – sempre

Science4you é mais uma startup (com 7 anos de idade seria uma empresa madura mas no Portugal dos Pequeninos leva-se mais tempo a crescer) promovida por Nicolau Santos na sua página do caderno de Economia do Expresso. Considerando o registo das empresas de sucesso do complexo político-empresarial socialista promovidas pelo pastorinho da economia dos amanhãs que cantam, a Science4you é uma séria candidata ao insucesso nos próximos anos.