06/10/2024

ARTIGO DEFUNTO: A vocação do Expresso é ser um tal & qual de referência


O título da peça sobre o Almirante das vacinas que montei provocatoriamente na imagem em cima da 1.ª página do tal & qual é do Expresso, auto-intitulado semanário de referência, e ficaria muito bem num pasquim.

Num semanário de referência teria ficado muito bem ter feito notícia em 2018 da venda pelo seu proprietário Imprensa ao Novo Banco por 24,2 milhões do edifício da sua sede em Carnaxide, avaliado em 16 milhões, para poder amortizar um empréstimo obrigacionista depois de ter falhado uma outra emissão de obrigações. Esse edifício foi de seguida objecto de um lease-back à Impresa, numa operação do Novo Banco, que à época já tinha como accionista o fundo Lone Star, com uma Impresa com dívidas de 179,2 milhões que ultrapassavam as receitas totais, operação obscura difícil de imaginar num banco à época ainda em recuperação que ficou com os restos do BES.

Como ficaria igualmente bem, ter sido noticiada a recompra no final de 2022 do mesmo edifício com um empréstimo hipotecário de 19,6 milhões do Novo Banco (ver notícia do Página 1). Destas operações só se encontra referência da venda no relatório e contas de 2018; no relatório e contas de 2022 não há qualquer informação sobre a recompra.

05/10/2024

Dúvidas (341) - O que está por detrás da decisão de continuar a usar a bitola ibérica? (2)

Continuação de (1)

Aparte as teorias da conspiração que não subscrevo, o artigo no Observador de Henrique Neto, que escreve regularmente sobre o tema, salienta uma vez mais o absurdo de justificar a bitola ibérica com mentiras, à falta de argumentos. Coloquei esta questão ao ChatGPT e obtive a seguinte resposta que confirma a falta de fundamento da história da carochinha do vice-presidente da empresa pública IP:

«A bitola ibérica (1.668 mm), utilizada tradicionalmente na rede ferroviária da Espanha e de Portugal, está passando por um processo de transformação significativa, com o governo espanhol priorizando cada vez mais a mudança para a bitola padrão europeia (1.435 mm). Essa transição faz parte de uma política de integração com o sistema ferroviário da União Europeia, com o objetivo de melhorar a conectividade internacional, facilitar o transporte de mercadorias e promover uma maior eficiência logística.

Intenções Futuras do Governo Espanhol em Relação à Bitola Ibérica

Conversão para Bitola Europeia: A principal intenção do governo espanhol é aumentar o uso da bitola padrão europeia, que facilita a interoperabilidade com as redes ferroviárias do resto da Europa. A expansão da rede de trens de alta velocidade (AVE) é um exemplo claro dessa tendência, pois todos os novos projetos de alta velocidade estão sendo construídos na bitola padrão europeia. Esse movimento visa melhorar as conexões internacionais, sobretudo com a França, permitindo trens de passageiros e de carga que possam cruzar as fronteiras sem a necessidade de ajustes nos eixos dos vagões.

Manutenção Parcial da Bitola Ibérica: Embora a tendência seja a transição para a bitola padrão, o governo pretende manter parte significativa da rede em bitola ibérica, especialmente para as linhas regionais e para algumas conexões de carga dentro da Península Ibérica. Isso se deve ao elevado custo e complexidade técnica de converter todas as linhas existentes e à necessidade de manter a conectividade local. As linhas regionais, que são muito importantes para a economia de regiões menos conectadas, continuarão operando em bitola ibérica por enquanto.

Adaptação Gradual e Sistemas de Bitola Variável: Outro aspecto importante das intenções do governo é o uso de tecnologia de bitola variável, que permite que alguns trens transitem tanto na bitola ibérica quanto na bitola padrão sem troca de eixos. A Espanha já possui trens com eixos ajustáveis e vários pontos de troca na fronteira com a França, e é provável que esse tipo de tecnologia continue sendo utilizado durante o período de transição.

Prioridade para o Transporte de Mercadorias: Uma das razões para a mudança gradual para a bitola europeia é o desejo de aumentar a competitividade do transporte ferroviário de mercadorias. Com a bitola europeia, o governo pretende facilitar o transporte internacional de carga, tornando-o uma alternativa viável ao transporte rodoviário, que domina atualmente a logística transfronteiriça. Essa integração busca diminuir os custos e o tempo de transporte, favorecendo as exportações e a logística em geral.

Conclusão

O governo espanhol parece decidido a avançar com a transição para a bitola europeia em novas linhas, principalmente aquelas de alta velocidade e de importância para o transporte internacional de mercadorias. No entanto, parte significativa da rede em bitola ibérica será mantida por razões econômicas e logísticas, e tecnologias de bitola variável serão usadas para garantir a continuidade do serviço durante o processo de transição. Assim, a Espanha está adotando uma estratégia híbrida, visando equilibrar a integração europeia e a manutenção de uma rede ferroviária eficiente dentro da Península Ibérica.»

04/10/2024

DIÁRIO DE BORDO: Pensamento do dia


Cito este pensamento atribuído a várias criaturas diferentes como um pretexto para ignorar comentários ocasionais que considero preguiçosos, preconceituosos e por vezes insultuosos a alguns posts publicados.

03/10/2024

Sem o turismo a economia do Portugal dos Pequeninos estaria em sérias dificuldades

 Em 2023, o Turismo gerou um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 9,1% do VAB nacional em 2023 (8,6% em 2022) e estima-se que gerou um contributo total de 33,8 mil milhões de euros para o PIB em 2023 (12,7% do total e 12,1% em 2022). (*)  Este ano o crescimento do turismo continua a puxar pela economia como mostram os gráficos seguintes.

Expresso

Expresso

Em 2022 o peso percentual do Consumo do Turismo no Território Económico (CTTE) foi em Portugal de 15,5%, superior ao da Espanha (12,5%) e muito superior ao dos Países Baixos (9,6%) e da Áustria (6,9%), 

Não seria preciso mais do que a queda do turismo para os níveis de 2016, em que o VAB gerado pelo turismo em relação ao VAB nacional foi menos 4 pontos percentuais inferior ao de 2023, para a economia começasse a tropeçar. Basta comparar o PIB per capita (pc) português com o dos países onde o turismo tem um peso maior que é menos de metade dos Países Baixos e da Áustria, até mesmo a Espanha que tem um PIB pc 25% superior ao português. 

E não, não se trata de reduzir o turismo, trata-se fazer crescer a economia aumentando a produtividade. Como?, perguntareis e eu respondo: não fazendo a mesma coisa que os governos vêm fazendo, uns mais outros menos, há 50 anos (pelo menos).  

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(*) «O VAB e o consumo do turismo no território económico reforçaram o seu peso relativo no total da economia, atingindo máximos históricos», INE, 1 de agosto de 2024, Conta Satélite do Turismo

02/10/2024

CASE STUDY: Um imenso Portugal (66) - O problema maior deles (e o nosso) é a mediocridade

Outros imensos Portugais

«Na verdade, tanto nos governos de Lula - sobretudo este Governo atual -, como no Governo de Bolsonaro, o que conduz o país é um casamento entre os interesses do rentismo financeiro, de um lado, e o "pobrismo", do outro. O "pobrismo" é a distribuição de esmolas aos pobres, à massa popular. E o rentismo é a rendição do Governo aos interesses financistas, nacionais e estrangeiros, na suposição inteiramente sem fundamento de que essa rendição aos interesses financeiro levará a um investimento e ao crescimento, e de que o que sobrará do crescimento poderá ser usado para pacificar a maioria popular. Isso nunca aconteceu. Nenhum país no mundo se desenvolveu com dinheiro dos outros ou pela rendição aos interesses financistas. Mas foi isso que tivemos no Brasil: o rentismo financeiro, o pobrismo - e o terceiro elemento são as guerras culturais da direita, que são a imagem inversa da política identitária da esquerda. Ou seja, duas maneiras de evadir dos problemas estruturais do país. O resultado de tudo isto é que, embora o Brasil seja um dos países mais desiguais na História da Humanidade, o nosso problema maior não é a desigualdade. O nosso problema maior é a mediocridade.»

Excerto da entrevista ao Expresso de Roberto Mangabeira Unger, brasileiro e professor de Harvard

01/10/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (27)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Apertado entre a espada da oposição interna e a parede de umas eleições que não deseja…

… o Dr. Pedro Nuno Santos resolveu desculpar-se com a alegada irredutibilidade do governo para negociar e fazer o que lhe deve ter parecido uma jogada de mestre - colocar o governo AD entre a espada de umas eleições que também não deseja e uma de duas paredes. 

Por um lado, a parede de um acordo com o Chega que levaria o Dr. Montenegro do “não é não” para o não é talvez, ou o que for preciso, e a parede do governo deixar cair duas medidas emblemáticas: o IRS Jovem que o Dr. Montenegro, em qualquer caso, deveria deixar cair, fingindo que era para tentar salvar o acordo, e a redução do IRC que provavelmente é a única medida que o PS tentará afastar e que o governo deveria tentar manter, em ambos os casos mesmo à custa de eleições antecipadas que nenhum deles deseja.

O BdP como rampa de lançamento para Belém

Escreve o jornalista António Costa que «Centeno tem de decidir o que quer», se quer ser candidato a um mandato de governador do BdP ou a presidente da República, como se o Dr. Centeno não soubesse perfeitamente o que quer, e com ele um bom número de figuras de cera do regime que gostavam de o sentar em Belém, como revelou o Observador.