27/10/2024

Os equívocos do Programa "Mais Habitação", ou como tentar administrar uma medicação sem saber qual é a doença (13) - Muitas residências secundárias e muitos alojamentos vagos

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11) e (12)

Um dia destes tropecei neste quadro e resolvi fazer umas contas simples. 

Economist

Com 10.640 mil residentes (Pordata, 2023)  e 5.971 mil alojamentos familiares clássicos (INE, 2021), o número de habitações por 1.000 habitantes atinge em Portugal a bonita cifra de 561 o que nos coloca no 3.º ou 4.º lugar dos países melhor dotados de alojamentos nos 15 países da OCDE listados no quadro e claramente acima da média. Como explicar a enorme falta de habitações quando em termos relativos estamos tão bem colocados? 

Desde logo porque dos 5.971 mil alojamentos apenas 4.143 mil (69,4%) eram de residência habitual e 723 mil (12,1%) estavam vagos (INE, 2021).

O parque habitacional: análise e evolução 2011-2021 (INE, 2024)

Embora, como o gráfico mostra e como seria de esperar, as maiores percentagens de alojamentos de residência habitual se concentrem nas regiões mais urbanizadas e, em consequência, as maiores percentagens de alojamentos de residência secundária se situem nas regiões menos urbanizadas do interior e no Algarve, as percentagens de alojamentos vagos variam num intervalo relativamente estreito e as regiões mais urbanizadas como Grande Lisboa (11,1%) e Área Metropolitana do Porto (10,0% ) apresentam taxas de alojamentos vagos próximas da média geral (12,1%). 

Apesar de comparativamente com outros países não termos poucas habitações, a sua falta relativa é agravada porque nas regiões de maior carência de habitação mais de um em cada dez alojamentos não estão ocupados e no total do país quase um em cada cinco alojamentos são residências secundárias, uma proporção praticamente dupla da média da UE.

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