31/07/2009

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: «gente a mais para um Estado-Social, gente a menos para um Estado-Liberal»

«Por estranho que pareça, os dados apontam para umas eleições legislativas marcadas pelo desejo de uma bipolarização entre PS e PSD. Os portugueses preparam-se pois para uma nova encenação social-liberal em versão jogo de soma nula.

Na realidade, nada disto será sustentável. Os ricos de que fala o Governo são a classe média esmagada pelos impostos e debilitada pela crise. A mesma classe média que se habituou a receber em bens e serviços a compensação para os impostos pagos em espécie. Por outro lado, a sociedade civil e a iniciativa privada implícitas no discurso de Ferreira Leite são a mesma classe média submersa em impostos e dependente dos serviços do Estado. É o retrato do impasse nacional - gente a mais para um Estado-Social, gente a menos para um Estado-Liberal.»

Ricos e pobres, Carlos Marques de Almeida, no Diário Económico

Os políticos podem ser iguais; as instituições é que são diferentes

A ministra da Saúde alemã, a social-democrata Ulla Schmidt foi passar as férias a Espanha. Viajou de avião, mas mandou o motorista percorrer 2.500 km com o seu Mercedes S blindado até Alicante. Por azar, a viatura foi roubada e o conhecimento do abuso tornou-se público. A ministra justificou a necessidade do carro para um encontro com emigrantes alemães.

Qualquer político português faria exactamente o mesmo e, se apanhado, inventaria uma desculpa ainda mais esfarrapada. Então? Onde está a alegada diferença? Está no facto de, tratando-se de um escândalo doméstico, o governo, o partido e a ministra de serviço passariam com a mais olímpica indiferença pelo caso, um ou dois jornais e a TVI (na 6.ª Feira seguinte) dariam uma importância moderada ao caso, ao qual os blogonautas do costume dedicariam umas dezenas de posts indignados e assunto encerrado.

Tratando-se de um caso alemão, o SPD começou por desvalorizar a questão, mas dias depois sentiu-se obrigado a excluira participação de Ulla Schmidt do governo-sombra e retirá-la da campanha para as eleições de Setembro. Quanto à sua reputação está arruinada, diz-se.

30/07/2009

ESTADO DE SÍTIO: Os amanhãs que cantam de José Sócrates (2)

Hoje não me dei conta de novas promessas de José Sócrates. Devo andar distraído. Sócrates que se cuide. Mais uns dias assim e é apagado das meninges dos portugueses que, nessa altura, ficarão como os espanhóis dos quais só uma pequeníssima minoria (1,2%) ouviu falar do grande líder.

Les bons esprits se rencontrent (avec le gouvernement)


Não se esperaria que os Espírito Santo tivessem a independência de espírito de um Ulrich ou dos Azevedos, mas também não seria preciso abusar da manteiga e aproveitar todas as oportunidades para besuntar o governo, por exemplo justificando de forma ridícula os investimentos no TGV e no novo aeroporto (*) para «acelerar a integração ibérica». A integração ibérica não esperou pelo novo aeroporto (a Portela e Pedras Rubras são mais do que suficientes) e uma das poucas coisas que o TGV fará pela integração ibérica é obrigar os contribuintes portugueses a subsidiarem os bilhetes comprados pelos espanhóis para virem passar a Semana Santa a Lisboa.

(*) Se os Espíritos porventura só estivessem a besuntar para entrarem no Project Finance ainda se perceberia, mas a sua alegre convivência com golden shares e os mal-disfarçados favores (compra da Portugália pela TAP, etc.), no seu passado menos recente (com Guterres) e mais recente (com Sócrates) autoriza os piores juizos.

29/07/2009

ESTADO DE SÍTIO: Os amanhãs que cantam de José Sócrates (1)

Ontem José Sócrates, pela boca do promissor porta-voz João Tiago Silveira, prometeu:

  • Depositar 200 euros na conta de cada recém-nascido que poderá ser movimentada aos 18 anos para pagar a primeira sebenta (probabilidade 1 num milhão) ou financiar a enésima ida à discoteca;
  • «Aliviar a carga fiscal que incide sobre a classe média e média baixa», medida já em si extraordinária e ainda mais porque, segundo jornalista percebeu, será conseguida «sem perda de receita fiscal».

Se José Sócrates não tivesse terminado a licenciatura em engenharia na Universidade Independente num belo domingo, talvez soubesse que a relação entre o estímulo que ele todos os dias injecta nas meninges dos portugueses e a sensação que a meninge produz é neste caso, muito provavelmente, uma função logarítmica. Se não fosse essa adversidade, talvez também soubesse que muitos desses estímulos não ultrapassam o limiar de percepção. Tudo por junto, teria percebido que o melhor seria ficar calado e poupar os cornos dos portugueses.

Outsourcing de bodes expiatórios

Chegou-me às mãos o artigo de opinião «Outsourcing legislativo» do juiz desembargador Rui Rangel publicado no Correio da Manhã de 6 de Junho passado que refere alguns factos extraordinários cujo conhecimento faz alguma luz no nevoeiro da justiça portuguesa.

Rui Rangel cita um relatório do Centro Jurídico da Presidência do Conselho de Ministros, que estima o custo da má qualidade legislativa em 7,5 mil milhões de euros ou 4,5% do PIB. É difícil não concordar com Rui Rangel quando atribui ao governo e à assembleia de república, que produzem essas leis, a responsabilidade pela sua má qualidade.

O facto do poder legislativo subcontratar a preparação dessa legislação a sociedade de advogados não lhe retira a responsabilidade pela má qualidade e acresce-lhe a responsabilidade pela forma «pouco transparente» (um eufemismo que o juiz Rangel usa e que aqui no (Im)pertinências substituiríamos por «completamente opaca») que «serve interesses de grupo», do grupo dos advogados do regime, digo eu.

A visível promiscuidade entre aquilo que o governo considera os interesses do Estado, os interesses da miríade de políticos e dos acólitos que gravitam à sua volta, as necessidades de financiamento dos partidos do poder (PS, PSD e CDS) e os interesses dos advogados do regime, permitirá subsidiariamente explicar o de outro modo dificilmente explicável: a pletórica produção de legislação e sua constante alteração.

O que nada disto explica é que o pletórico quadro de juízes não dê conta do recado, ainda que reconhecidamente difícil, e acumule montanhas de processos à espera da prescrição. Segundo Jorge Bleck aqui citado, Portugal teria mais de 40% de juízes que Espanha e França e 3 vezes mais do que o Reino Unido. O número de tribunais por 100.000 habitantes em Portugal era de 3,2, em Espanha de 1,3 e em França 0,8. Seria interessante ouvir o que os juízes têm a dizer sobre isto.

28/07/2009

ESTADO DE SÍTIO: se este é o ministro mais credível deste governo… (corrigido)

«Já fizemos o que era possível em termos de redução de impostos», afirmou ontem o ministro das Finanças em entrevista à SIC.

O que entende o ministro por redução de impostos:

  1. Redução do mínimo do pagamento especial por conta de 1.250 para 1.000 – não é um imposto, é um adiantamento sobre o IRC das PME
  2. Redução do IRC para 12,5% nos primeiros 12.500 euros de matéria colectável – é de facto uma redução do IRC a pagar de 1.562,5 euros por empresa
  3. Redução Aumento do IVA de 21% 19% para 20% - é um aumento líquido de 1% que anula o redução do IRC e ainda torna mais pesada a carga fiscal.
Em defesa do ministro talvez se deva concluir que é difícil resistir a 4 anos de convivência com o primeiro-ministro e a substituir o ministro Pinho.

CASE STUDY: Sócrates & Pinho Santos, uma dupla de sucesso nos negócios – La Seda (ACTUALIZAÇÃO)

20-09-2007
«O ministro da Economia, Manuel Pinho, afirmou hoje que gostaria de atrair para Portugal mais investimentos do tipo dos efectuados pelas empresas Abertis, Repsol e La Seda, que totalizam 1,5 mil milhões de euros.»

21-09-2007
«La Seda diz que produção da fábrica de Sines arranca em 2009 e estuda nova unidade em Portugal»

12-03-2008
«O investimento do grupo La Seda de Barcelona, que tem como principais accionistas as portuguesas Imatosgil, com 10,8 por cento, e a Caixa Geral de Depósitos (CGD), com 5 por cento, na unidade de PTA, que ficará localizada na Zona Industrial e Logística de Sines, é de 400 milhões de euros até 2010.
Este é um projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN) e, de acordo com declarações hoje à Lusa do presidente do grupo La Seda de Barcelona, Rafael Español Navarro, "os trabalhos no local estão bastante avançados".
O lançamento da primeira pedra da nova fábrica de PTA conta com as presenças do primeiro-ministro, José Sócrates, do ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho, e do presidente do grupo La Seda de Barcelona.»

04-02-2009
«Mais de quarenta accionistas da empresa La Seda de Barcelona apresentam quinta-feira à Comissão Nacional de Mercado de Valores (CNMV) espanhola um pedido de OPA obrigatória para que o grupo português Selenis/CGD/Imatosgil compre 100 por cento do capital da empresa.»

13-03-2009
«Um ano depois do lançamento da primeira pedra, o projecto de engenharia de base da fábrica da Artenius já está concluído em 95% e os equipamentos gerais já foram todos comprados, passando ao lado dos efeitos da crise económica.
A La Seda de Barcelona, onde os portugueses Imatosgil são accionistas (11%), está a investir 400 milhões de euros, em Sines, na construção da única fábrica n Europa dedicada, em exclusívo, à produção de PTA (que serve de matéria-prima ao PET, utilizado na produção de embalagens plásticas).»

20-05-2009
«O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) baixou 99,2 por cento para 300 mil euros e as vendas caíram quase para metade, de 437 milhões de euros, no primeiro trimestre de 2008, para 258 milhões.
A LSB tem planos para construir uma fábrica em Sines, que tem sido apresentada como bom exemplo de investimento pelo Governo de José Sócrates

09-06-2009
«O grupo La Seda - que em Portugal está já atrasado cinco meses no desenvolvimento do projecto de 400 milhões de euros da fábrica de PET em Sines, para o qual garantiu financiamento até 320 milhões de euros – tem um passivo de 1,3 mil milhões de euros. A falta de liquidez do grupo foi já motivo suficiente para que a unidade catalã, em El Prat, parasse a laboração.
O “fantasma” de suspensão de pagamento de salários e de cobrança de credores, noticia o jornal económico, só foi afastado porque na semana passada se avançou a hipótese da CGD, “accionista e principal credor” da La Seda, poder “assegurar uma emissão de obrigações convertíveis em 150 milhões de euros como passo prévio ao refinanciamento da dívida”.
O jornal adianta que, em 18 meses, a companhia que detém agora as acções suspensas na praça espanhola nos 0,34 euros, já perdeu mais de 70% do seu valor, com a capitalização bolsista a descer para 213 milhões de euros.»

10-06-2009
«A Caixa Geral de Depósitos injectou 25 milhões de euros na espanhola La Seda, onde é um dos maiores accionistas, para assegurar a viabilidade financeira de curto prazo da companhia, que ontem alterou o presidente da empresa devido à pressão dos accionistas portugueses.»


27-07-2009
A La Seda chegou a um acordo de princpio com a Caixa Geral de Depósitos, accionista da empresa, para que esta adquira o capital da Artenius Sines por 40 milhões de euros, como forma de financiamento. Este valor faz parte de um financiamento total de 104 milhões de euros. Em paralelo, a fabricante de plásticos confirma que irá alienar activos não estratégicos, onde se inclui a fábrica de Portalegre, no Alentejo.
A La Seda espera obter do Caixa BI, banco de investimento da CGD, perto de 488 milhões de euros para viabilizar o projecto. A primeira pedra foi lançada há mais de um ano, mas a fábrica leva um atraso de seis meses.

27/07/2009

BREIQUINGUE NIUZ: escaramuças aéreas na ilha da Madeira

As baterias anti-aéreas do Bokassa das Ilhas abateram ontem no Chão da Lagoa uma passarola da Nova Democracia. As lesões materiais limitaram-se à passarola e não são conhecidas lesões corporais. Houve apenas sérios danos ao bom senso e ofensa de direitos negativos.

Big brother is not (yet) watching you

Os chips na matrícula começaram por ser um grande projecto do estado-espiatório para acabar por ficar reduzidos a uma redundância compulsiva do sistema Via Verde, como agora se confirma. Quem já dispõe de Via Verde continuará a usá-la, quem não dispõe será obrigado a adoptar a chapa de matrícula com chip que servirá para um dia para cobrar as portagens nas Scut do Grande Porto, Costa da Prata e Norte Litoral que o governo anunciou em 2007.

O resultado líquido é mais um incentivo keynesiano às «novas tecnologias» que a Brisa lançou há quase duas décadas.

26/07/2009

Pensamento em curso

Se o pensamento de Camus, epígrafe do (Im)pertinências nas duas últimas semanas, foi posto na ordem do dia pelo Bokassa das Ilhas, a ordem do dia passou a incluir a revisão constitucional que terá lugar na próxima legislatura, o que coloca na ordem do dia o pensamento de Alexander Hamilton que será a epígrafe do (Im)pertinências nas próximas semanas:
Constitutions should consist only of general provisions; the reason is that they must necessarily be permanent, and that they cannot calculate for the possible change of things.

DIÁRIO DE BORDO: vítimas de si próprios

Num tribunal em Dresden, na Alemanha, durante o julgamento dum caso que envolvia uma mulher e um homem, que no ano anterior tinham tido uma discussão bastante estúpida, o segundo esfaqueou a primeira e quando o marido desta tentava intervir para a defender a polícia alemã disparou sobre ele confundindo-o com o atacante.

Que dizer de tudo isto? Que é um episódio lamentável e mostra como até na Alemanha a segurança dos tribunais deixa a desejar, como há criaturas com mau carácter (por acaso um russo) e polícias incompetentes? Certo? Errado. A mulher era uma egípcia, muçulmana e usava o Hijab, o que muda tudo. No Cairo e um pouco por todo o mundo islâmico, o episódio lamentável passou a islamofobia, a mulher a mártir do véu, os alemães a inimigos de Deus, e o presidente egípcio foi pressionado para cortar relações com a Alemanha. Ninguém cuidou de saber se as mulheres islâmicas emigrantes na Alemanha e noutros países europeus têm o mesmo tipo de tratamento no Egipto ou em alguns outros países onde o islamismo é predominante.

É mais um episódio com início lamentável e continuação ainda mais lamentável, exemplo de como sectores predominantes das sociedades islâmicas insistem na vitimização e em usar qualquer pretexto para responsabilizar os infiéis pelas desgraças que afligem os muçulmanos, em grande parte devidas aos próprios e, sobretudo, às suas classes dirigentes, corruptas e incompetentes, nuns casos, fanáticas, noutros.

DIÁRIO DE BORDO: assim fico mais descansado

Segundo a equipa de investigação liderada por King Fai Li da Caltech, a pressão atmosférica poderá diminuir no futuro longínquo, adiando por mais 1.000 milhões de anos, além dos 1.300 milhões de anos até agora estimados, o irremediável «grelhar» da Terra.


O grelhador

Fico muito mas descansado sabendo que posso não morrer grelhado mas apenas asfixiado.

25/07/2009

Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (32) ainda que um dos obamas fosse um cristo redentor

Ainda que um dos obamas fosse um cristo redentor, alguns obamófilos não deixariam de parecer prosélitos de Lúcifer, como se vê pela maquinação que passo a descrever. No dia 13 publiquei um post dedicado às presumíveis tentações do redentor ilustrado por uma imagem que incluía uma foto do cristo aparentemente apreciando o belo traseiro de Mayara Rodrigues.


Reparo agora que o meu bendito Norton 360 me protegeu silenciosamente das armadilhas dos lucíferes seguidores do redentor que infectaram a sua imagem com um perigoso vírus heurístico.

DIÁLOGOS DE PLUTÃO: o simplex rodoviário

- Conheces o Tromba Rija?
- Qual? O de Santos ou o de Marrazes?
- O de Marrazes.
- Conheço.
- Como é que se vai até lá?
- Por onde preferes ir? Pela AE do Oeste ou pela AE do Norte?
- Pode ser pela AE do Oeste.
- É simples. Quando vens pelo IC17 entras no IC1…
- IC17? Não vou pela CRIL?
- É a mesma coisa. Quando vens pela CRIL entras no IC1…
- Não entro na A8?
- É a mesma coisa. Continuas pela A8 até ao IC36. Depois em vez de continuares pelo IC1 continuas pela A8 …
- Mas não é a mesma coisa?
- É, mas só até ao começo da A17. Depois a A8 passa a ser o IC 36.
- Então continuo pela A8 ou vou pelo IC36?
- É a mesma coisa.
- Mas então A8 não era o IC1?
- Era, mas a partir de Albergaria já não é. Vais até ao final da A8 e entras na N1 e vais passar no IC2.
- É outra estrada?
- Não. É a mesma N1. Depois sais pela N109 em direcção à Figueira da Foz e …
- Esquece. E pela AE do Norte será mais simples?
- Talvez. Quando vens pelo IC17 continuas até à saída pela E80…
- Então não é pela A1?
- A A1, a E80, a E01 e o IP1 são a mesma coisa.
- Não me lembro de chegar ao Porto pela E80!?
- Ao norte de Albergaria já é só o IP1. Podes chegar ao Porto pela A20…
- Não era a E01?
- É a mesma coisa.
- Esquece. Vou almoçar ao Tromba Rija em Santos.

24/07/2009

ESTADO DE SÍTIO: não há matéria criminal, disse ele

«Nem vou falar do ajustamento directo, que impediu o Estado de negociar com quem lhe oferecia mais; nem da isenção de taxas que na prática absorvem 70% do investimento da Liscont na renovação e ampliação do porto; nem dos pressupostos financeiros, ambientais e económicos que, no entender do Tribunal, o Estado não calculou como devia; nem da remuneração de 14% desproporcionada face ao risco assumido pelo privado. Demonstra o Tribunal de Contas que este contrato transfere os riscos financeiros e de exploração para o concedente, contra o quadro jurídico das parcerias público-privadas, obrigando-se o Estado a pagar ao concessionário no caso de existir uma diminuição da estimativa (já de si irrealista) de tráfego no porto. Anteontem, Guilherme d'Oliveira Martins veio esclarecer que este relatório não tem "matéria criminal"

[Como se faz um escândalo, Pedro Lomba, no i]

Se isto não tem matéria criminal, o que será matéria criminal.

Artigo 235.º do Código Penal
1 - Quem, infringindo intencionalmente normas de controlo ou regras económicas de uma gestão racional, provocar dano patrimonial importante em unidade económica do sector público ou cooperativo é punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 600 dias.

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: um grande gesto para Ulrich e um pequeno exemplo para os banqueiros portugueses

Secção Res ipsa loquitor

Uma notável entrevista de Fernando Ulrich chamando os bois pelos nomes. Obrigado.



Cinco afonsos por ter, mais uma vez, tresmalhado do rebanho dos banqueiros atentos, veneradores e gratos.

Lost in translation (2) – o grande líder quer dizer que, apesar de medíocre na redução do défice, foi superlativo no aumento da despesa pública

«Está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu», disse o grande líder, mortificado pela modéstia.

O que ele terá querido dizer foi que já tinham morrido os primeiros-ministros que fizeram melhores défices ou, para sermos rigorosos, fizeram superavit durante vários anos, incluindo durante uma guerra, e que os outros ainda vivos teriam feito muito melhores défices que o grande líder se a dívida pública pagasse os juros que agora paga, se tivessem usado maciçamente a desorçamentação que ele usa, ou se tivessem aumentado a carga fiscal para nível que ele aumentou. Onde o grande líder deixa obra é no aumento da despesa pública que este ano ultrapassará 51% do PIB.

23/07/2009

Lost in translation (1)

«A Assembleia da República é a casa mãe da democracia, um órgão de soberania que não aceita lições de ética de uma qualquer moral que nos tentam impor».

Qual é a ética dos deputados filhos daquela mãe? Será a ética das viagens-fantasmas? Será a ética dos apparatchiks?

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: um grande gesto para os Azevedos e um pequeno exemplo para os empresários portugueses

Secção Res ipsa loquitor

O engenheiro a sério Paulo Azevedo cansou-se de esperar uma hora e abandonou o jantar, deixando lá uns 150 atentos, veneradores e gratos «empresários» aguardando a aparição do engenheiro da UI José Sócrates, a salivar por umas menos que hipotéticas migalhas caídas da mesa do orçamento subtraídas pelo segundo engenheiro do prato dos sujeitos passivos.

Quatro afonsos para o engenheiro a sério e 5 ignóbeis e 5 bourbons para o engenheiro diplomado pela UI.

Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (31) O santo da casa não faz milagres

«President Barack Obama has rock-star appeal among the investing class - except in his own country.
The Quarterly Bloomberg Global Poll of financial investors and analysts finds attitudes about the new president in Asia and Europe are overwhelmingly positive. In the U.S., by contrast, they are slightly negative.
In Europe and Asia, 87 percent of respondents say they view Obama positively, compared with just 49 percent in the U.S. His standing among American investors is even lower on economic matters: only a quarter of U.S. poll respondents rate his economic policies as “good” or “excellent,” compared with more than half in Europe and Asia.
»

Nós aqui no (Im)pertinências estamos cansados de saber isso

«Ser independente, ter uma carreira profissional e ainda ter uma opinião sobre a situação económica social do país dá muito trabalho. De facto é muito mais fácil viver à sombra dos partidos políticos, gerir as ondas de poder e conseguir sacar uns subsídios. E, assim, Portugal continuará a marcar passo no trajecto do desenvolvimento

[A (falta de) força da sociedade civil, editorial do Diário Económico]

DIÁRIO DE BORDO: a maiêutica do aborto (22)

Equipas de cientistas das Universidades de Maastricht e St. Radboud estudaram 100 mulheres grávidas e concluíram que os fetos têm memória de curto prazo desde pelo menos a 30.ª semana de gestação. Como nas 29 semanas anteriores acontecem igualmente fenómenos interessantes (ver aqui o que acontece nas primeiras 8 semanas), terá sido por isso que o aborto, piedosamente baptizado de IVG, não foi aprovado por 3/4 dos eleitores?

[Visto aqui]

Exercícios anteriores de maiêutica em (0), (1), (2), (*), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12), (13), (14), (15), (16), (17), (18), (19), (20) e (21).
(*) O n.º 3 abortou.

22/07/2009

CASE STUDY: é sempre possível continuar assim (2)

Para que não haja dúvida que é sempre possível continuar assim:

«Procurando equacionar as perspectivas de crescimento pós-crise a OCDE publicou recentemente previsões de crescimento para o período entre 2011 e 2017. Dos 30 países abrangidos, Portugal é o que apresenta o pior crescimento médio para aquele período: 1.5%, contra, por exemplo, 2.3% da zona euro, 2.7% de toda a OCDE, 3.3% da Espanha, 3.9% da Grécia, 2.8% da Irlanda e, até, 2.9% da Islândia! Ou seja, a OCDE confirma que, como previ em livro recente, Portugal está preso numa armadilha de duradouro empobrecimento relativo. Mesmo que a recuperação já seja sensível em 2011, o PIB português não deverá voltar a atingir o valor alcançado em 2007 (o mais elevado até agora) antes de 2014 (i.e. após sete anos de "seca" económica, e com os juros pagos ao exterior a crescer com o endividamento, o período de "seca" do rendimento nacional deve durar, pelo menos, mais um ano). Em cima disto, as previsões da OCDE só vêm confirmar que temos pela frente um duradouro, e grave, problema económico, com iniludíveis consequências sociais (vg persistência de desemprego nos dois dígitos).»

[O pós-crise, Vitor Bento no Diário Económico]

O 2009 de George Orwell

É certo que o título mais parecido que Eric Arthur Blair aka George Orwell escreveu foi «1984». Contudo, o que está em causa em 2009, 60 anos depois da publicação de «1984», é Orwell poder continuar ser um agent provocateur post mortem.

Com o lançamento do e-reader «Kindle: Amazon's 6" Wireless Reading Device (Latest Generation)», a Amazon disponibilizou na sua biblioteca digital o «1984». Confrontada mais tarde com o problema da DRM (Digital Rights Management) e do copyright e de não dispor de autorização do detentor dos direitos autorais nos EU, a Amazon decidiu apagar remotamente dos Kindle o «1984» e outras obras de Orwell e reembolsar os clientes que tinham feito o download. Muitos dos clientes terão visto a Amazon como a ressurreição do Big Brother em 2009.

Por trás desta trapalhada está a inadequação à era digital do quadro legal dos direitos autorais e as diferenças entre países, apesar da Convenção Universal sobre o Direito de Autor, com os consequentes absurdos que neste caso, entre outros, são:
  1. Os direitos já terem expirado em vários outros países (Canadá, etc.) e nos EU só expirarão em 2044 (*);
  2. A incompatibilidade dos digital rights, por natureza sem fronteiras, com o copyright da edição impressa, ainda essencialmente local;
  3. a difícil convivência entre princípio legítimo de financiar a criatividade com os rendimentos dos direitos do autor e a transmissão dos direitos de autor para os seus herdeiros durante várias gerações (no mínimo 25 anos e no caso português 70 anos após a morte do autor ou do último dos autores, no caso de obra colectiva);
  4. distinção nalguns países entre os direitos dos autores e os direitos autorais transmitidos para pessoas colectivas (*).

Que fazer? Vou pensar nisso quando tiver tempo.

(*) O Copyright Term Extension Act, inspirado pela Disney, estende os direitos das pessoas colectivas até ao menos dos prazos: 120 anos após a criação ou 95 anos após a publicação. É caso para concluir: é obra!

21/07/2009

ESTADO DE SÍTIO: se não consegues fazer o teu papel tenta fazer o dos outros

O que deve fazer um governo que desempenha as suas funções de administração do Estado com incompetência, ineficácia, ineficiência e corrupção e que é responsável por empresas públicas em estado de falência técnica. Elementar, meu caro Watson. Deve tentar fazer bem o seu papel e administrar o Estado com competência, eficácia, eficiência e sem corrupção Deve inaugurar fábricas, criar promessas de postos de trabalho e celebrar «um pacto entre Estado e empresas para internacionalizar a economia».

ESTADO DE SÍTIO: pior a emenda que o soneto

O ministro das Finanças rejeita pelos jornais as 4 propostas até agora apresentadas, a administração do BPP quer demitir-se, o ministro das Finanças diz que isso não é com ele é com o BdeP, o BdeP pela boca do ministro anexo diz que não vai «dar seguimento a esse pedido». Alguém se lembra do propósito da intervenção do governo no BPP?

CASE STUDY: é sempre possível continuar assim

É bastante interessante constatar que com o crescente endividamento externo se está a passar um fenómeno recorrente na percepção das evoluções indesejáveis pelos fazedores de opinião. Aparte um reduzido número, comentadores, analistas, economistas mediáticos (Medina Carreira é a excepção mais notória), e, obviamente, políticos que são profissionais da exuberância irracional, especializam-se nas boas notícias e na infantilização da opinião pública fugindo, como o diabo da cruz, a falar umas quantas verdades à populaça a qual consideram, não sem alguma razão, incapaz de lidar com más notícias.

Durante uma década o endividamento externo foi crescendo gradualmente sem ser visto como um problema pela maioria das luminárias. Segundo elas, no interior da mesma zona monetária o endividamento externo público e privado duma pequena economia periférica não tendo consequências relevantes na inflação, nem nas taxas de juro, poderia crescer indefinidamente. É claro que algumas luminárias percebiam que a longo prazo o endividamento acabaria por obrigar o estado e os portugueses a vender os seus activos ao estrangeiro e a tentar viver da caridade comunitária mais intensamente do que desde 1986. Contudo, para criaturas keynesianas isso nunca foi uma preocupação séria. Não é verdade que a longo prazo estamos todos mortos?

Pois bem, a crise financeira e, principalmente, a derrota do PS nas eleições europeias estão a ter um efeito milagroso de revelação. A nossa senhora da realidade económica começa a fazer aparições aos pastorinhos keynesianos. Um dos últimos pastorinhos, foi o economista Daniel Amaral a quem nossa senhora revelou que a dívida externa quadruplicou em 8 anos passando de 38 para 162 mil milhões no final de 2008, pelo que «é impossível continuar assim». Esperemos pelo final de 2010, altura em que o «assim» talvez se aproxime perigosamente dos 200 mil milhões.

BREIQUINGUE NIUZ: a diferença poderia ser maior

O D minúsculo talvez pudesse vir a ser maiúsculo.

«O PSD valoriza a sociedade civil. Acreditamos nas pessoas, na liberdade para construírem com autonomia o seu destino. Mais que no Estado, acreditamos na iniciativa e na capacidade dos cidadãos e das empresas para garantir o nosso futuro. Uma segunda área de clivagem total é que ao igualitarismo do PS contrapomos a igualdade de oportunidades e a mobilidade social.

... o PSD contrapõe a valorização da família, que é, em todas as suas dimensões, o suporte base da sociedade. O que tem, por exemplo, impacto em termos das políticas sociais, para tentar reduzir a institucionalização com novas formas de intervenção da família.
...
Outro ponto fundamental é a sustentabilidade: é preciso medir as consequências a médio e longo prazo das decisões tomadas - e não me refiro apenas aos investimentos públicos -, cujo custo irá cair sobre as próximas gerações. ... É necessária uma nova perspectiva do contrato intergerações no nosso país.
...
Estou de acordo que as pessoas da política não são as melhores do país e que nas ONG, nas universidades, nas empresas, a média de pessoas qualificadas, capazes, empenhadas, é superior.
»

O ministro tranquilo

Por um lado, o relatório de preliminar de auditoria do Tribunal de Contas conclui que o alargamento por mais 27 anos da concessão à Liscont do terminal de contentores de Alcântara não foi objecto de concurso público, tem um modelo financeiro que o tribunal põe em causa e é um negócio ruinoso. Por outro, está em curso uma investigação do Departamento de Investigação e Acção Penal.

Perante estes factos, o ministro Mário Lino declara-se «tranquilo» porque o seu «objectivo era escolher a solução que melhor defendesse o interesse público» e a que encontrou foi a «a solução mais adequada para responder à crise».

Infelizmente, salvo acidente imprevisível, tem o ministro todas as razões para estar «tranquilo» porque (a) Jorge Coelho foi seu antecessor na mesma pasta onde estagiou antes de ir presidir ao grupo Mota-Engil ao qual pertence a Liscont (b) o DIAP tem uma longa história de investigações encalhadas e (c) em qualquer caso, passados estes obstáculos, as tribunais portugueses tem uma história ainda mais longa de julgamentos afundados.

19/07/2009

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: O programa Godot

Eu diria mesmo mais, o PSD é o PS com mais um D. (*)

[Via Blasfémias]

(*) Sem esquecer menos o senhor engenheiro, menos jeito a gerir a central de manipulação, um colectivismo mais envergonhado e outras pequenas diferenças que neste mundo imperfeito não nos podemos dar ao luxo de desprezar.

DIÁRIO DE BORDO: a memória já não é o que era

Um dia destes recebi na caixa de correio do (Im)pertinências uma mensagem duma senhora que alegava conhecer-me de ginjeira, confrontando-me com um alegado passado esquerdista e acenando com a ameaça dos meus alegados antigos correligionários encherem a caixa de correio de insultos, se viessem a saber que eu seria um alegado ex-correligionário passado para o outro lado.

Numa coisa a senhora tem inteira razão, quando diz saber que estou a ficar muito esquecido. É a mais pura das verdades. Quanto ao passado esquerdista confesso ter apenas vaguíssimas recordações, ainda mais ténues do que a papeira de que também sofri, segundo a minha mãe. Essas vaguíssimas recordações assaltam-me por vezes quando me cruzo com certas criaturas (os antigos correligionários mencionados pela senhora?) que nos subterrâneos da minha memória contrastam com BMW e Audi pretos, que fariam inveja aos fássistas, onde os vejo encapsulados e dos quais não parecem ser proprietários. Quanto à senhora, que segundo ela deveria conhecer, não tenho a mais pequena ideia.

A demografia não ajuda o czar Putin a reconstituir o império soviético

As ambições são grandes, os recursos são imensos, mas a demografia não está à altura. Uma taxa de fertilidade de 1,4, uma taxa de mortalidade masculina elevadíssima (o consumo pantagruélico de vodka e a autocracia–plutocracia historicamente caminham de mão dadas) reduziram a população em 7 milhões desde 1993 e, segundo as estimativas da ONU, em 2050 a Rússia poderá ter menos 40 milhões de habitantes.

18/07/2009

CASE STUDY: a pátria do capitalismo é o inferno dos capitalistas (3)

Depois disto e disto, segue-se a detenção de Julian Tzolov que o FBI foi desassossegar em Marbella. Aqui fica uma sugestão para o concurso de ideias para impulsionar o turismo e simultaneamente melhorar a iniciativa privada (*) - conceder asilo político aos perseguidos.

(*) Ou, pelo menos, melhorar a qualidade média dos trapaceiros residentes.

Receio que estejam equivocados sobre os seus segmentos-alvo

Posso estar muito enganado, mas quer Santana Lopes, que parece apostar em mais túneis, quer António Costa, que parece querer revolucionar o estacionamento, estarão a atrair «seduzir» (copyright do Impertinente que entende que os patetas que decidem as eleições esperam ser «seduzidos») principalmente os eleitores dos concelhos vizinhos.

Suspeito que os alfacinhas preferem os buracos tapados, as ruas limpas, os jardins cuidados, os prédios recuperados, os transportes públicos melhorados e, muito provavelmente, reduzido o volume de centenas de milhar de veículos que entram todos os dias na cidade.

17/07/2009

TIROU-ME AS PALAVRAS DE BOCA: a dívida das heranças deu lugar à herança das dívidas

«E é aqui que entra, a contra-vento da tese [das grandes obras pública para espevitar a economia] que o sugeriu, o exemplo da Ponte 25 de Abril. É que quem deixou a ponte por pagar, deixou também, ao nível macroeconómico, reservas externas (líquidas) correspondentes a mais de 1/3 do PIB, e que davam para pagar mais de 30 pontes. E deixou, além disso, um PIB per capita equivalente a 60% da média EU-15 e um potencial de crescimento económico anual da ordem dos 5%.

Quanto ao presente, mesmo que deixemos às gerações futuras um TGV, mais uma ponte, um aeroporto e mais umas quantas auto-estradas (para além de tudo o que já foi construído), já lhes tirámos, antes de começar a pagar as novas obras, um ano do seu rendimento futuro (que é o valor da dívida externa líquida).

Entretanto, entre a ponte que recebeu e as obras que quer deixar, a geração actual gastou o que produziu, mais a herança recebida e mais o ano de rendimento que já sacou sobre as gerações futuras. E com todos esses recursos consumidos, só progrediu seis pontos percentuais na convergência com a média EU-15 e deixa um potencial de crescimento inferior a 1% ao ano

[Vítor Bento, Justiça entre gerações, no Jornal de Negócios]

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: saldos e promoções no socialismo pós-moderno

Não sei se já estava em vigor o neo-liberalismo de que se queixa a esquerdalhada quando o governo aprovou e o PR referendou o Decreto-Lei n.º 70/2007 de 26 de Março que «regula as práticas comerciais com redução de preço nas vendas a retalho». Este diploma «visando a defesa do consumidor» (1) vem regulamentar, de forma que faria inveja à economia soviética (2), coisas como a proibição de saldos fora dos períodos de 28 de Dezembro-28 de Fevereiro e 15 de Julho-15 de Setembro, entre outras próprias dessa economia.

Pragmaticamente o Cortefiel e a Lanidor, entre outro, adoptaram o princípio de Kahn e chamaram promoções aos saldos (3) que fizeram em Junho.

NOTAS:

(1) No socialismo pós-moderno o consumidor é defendido criando obstáculos à concorrência e ao abaixamento dos preços.

(2) Isto é uma figura de retórica, porque, como se sabe, na economia soviética não havia saldos, nem mesmo frequentemente produtos para vender.

(3) É a seguinte a subtil distinção criada pelas mentes férteis que habitam os gabinetes governamentais (e certas sociedades de advogados):

«Saldos» a venda de produtos praticada em fim de estação a um preço inferior ao anteriormente praticado no mesmo estabelecimento comercial, com o objectivo de promover o escoamento acelerado das existências, realizada em determinados períodos do ano;

«Promoções» a venda promovida a um preço inferior ou com condições mais vantajosas que as habituais, com vista a potenciar a venda de determinados produtos ou o lançamento de um produto não comercializado anteriormente pelo agente económico, bem como o desenvolvimento da actividade comercial, não realizadas em simultâneo com uma venda em saldos.


Só algumas criaturas particularmente dotadas conseguem perscrutar a mente dos comerciantes para saber se estão a potenciar a venda de determinados produtos ou a promover o escoamento acelerado das existências.

BREIQUINGUE NIUZ: o Bokassa das Ilhas quer rever a Constituição

Talvez inspirado pelo pensamento de Camus que esta semana está em curso no (Im)pertinências [«O fascismo é a glorificação do carrasco por ele próprio; o comunismo, mais dramático, a glorificação do carrasco pelas vítimas»], o doutor Jardim, o Bokassa das Ilhas segundo a notável definição do doutor Jaime Gama, pretende alterar a Constituição para proibir o comunismo, a exemplo do fascismo, por serem ideologias totalitárias.

Dando de barato que a Constituição deve proibir ideologias, uma coisa que pode sair bastante cara, porque não alterar a Constituição para proibir o doutor Jardim de se perpetuar no poder por métodos que fariam inveja ao Botas?

16/07/2009

Os actuários do FSB sabem muito mais do que os outros actuários

Há uma anedota que diz que os actuários em geral podem estimar as taxas de mortalidade e os actuários da Máfia são capazes de prever quem vai morrer. Poder-se-ia dizer o mesmo dos actuários do FSB (sucessor do KGB) que não só sabem que a mortalidade dos activistas dos direitos russos é mais elevada como sabem quais vão morrer.

Foi ontem a vez de Natalia Estemirova que estava a investigar raptos, tortura e assassinatos na Chechénia. Medvedv, o procurador do czar Putin que lhe segura o lugar durante o intermezzo, apressou-se a declarar a sua indignação e ordenar a investigação. Pois.

O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: o outro lado da questão

Todo mundo pensando deixar um planeta melhor para nossos filhos. Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?

[Enviado por BCB]

Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (30) O change faz o pleno

Gradualmente, à medida que é confrontado com o princípio da realidade, Barack Obama vai desistindo do princípio do prazer, diria Freud, ou «having campaigned in poetry, Barack Obama doubtless expected to govern in prose», poderia ter dito La Palice e escreveu a Economist. É o change in progress, coisa que, por vezes, alivia os seus não apoiantes [como o (Im)pertinências] e, em contrapartida, desaponta os seus apoiantes, como a Economist.

Nalguns casos o change faz o pleno. Desaponta os apoiantes e confirma os piores receios dos não apoiantes. Como é caso das medidas no âmbito das mudanças climáticas onde «instead of straight talk, however, Mr Obama has mostly been offering happy talk … (and) as usual, he gave the impression that planet-cooling will require no sacrifice from voters, (hiding that) the shift to a lower-carbon economy will destroy jobs as well as create them, and hit growth. … But rather than shaping public opinion, he is running scared of it. …Mr Obama promised, on the campaign trail, not to tax private health benefits. He also promised to cut taxes for all but the rich. Arithmetic suggests he will have to break his word on something.»

Depois, não digam que não foram avisados.

15/07/2009

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: de menos competente a candidato a maior mentiroso

Secção Albergue espanhol

O ano passado, o ministro das Finanças foi considerado o menos competente em 19 ministros europeus por um painel de economistas convidados pelo Financial Times. Este ano, talvez pelo convívio com o senhor engenheiro e a herança da pasta do ministro Pinho, o ministro arrisca-se a ser considerado o mais mentiroso.
[Clique para ampliar]

15-07-2009
«A Euler Hermes (EH), grupo alemão que tem 50% da Cosec, espera "receber nos próximos dias uma proposta oficial do Governo português" relativamente à compra da companhia de seguros de crédito»

01-07-2009
«O ministro das Finanças afirmou esta tarde no Parlamento que já chegou a acordo com o BPI e com a Euler Hermes para a compra das participações das duas empresas na Cosec»


14-05-2009
«O ministro das Finanças afirmou esta tarde que já iniciou as negociações para a compra da COSEC»

Leva 3 urracas, porque sim, e 4 bourbons porque está a tornar-se um hábito.

CASE STUDY: a pátria do capitalismo é o inferno dos capitalistas (2)

Depois da condenação de Bernie Madoff e da confiscação das peles de Mrs. Madoff, chegou a vez do advogado Mark Dreier ser condenado a 20 anos de prisão por fraude e lavagem de dinheiro.

A sanha com que se perseguem os capitalistas trapaceiros na pátria do capitalismo só é comparável com o carinho e compreensão com que são mimados na pátria do socialismo pós-moderno do engenheiro Sócrates. É preciso reconhecer que, se assim não fosse, a iniciativa privada portuguesa ficaria em sério risco de desaparecer.

14/07/2009

A Revolução Industrial está a chegar à França de l’Ancien Régime

«Os operários da fábrica de componentes automóveis em Chatellerault da falida empresa ‘Fabris’ tencionam fazer explodir a unidade com botijas de gás, caso os dois principais clientes da empresa não paguem até ao dia 31 de Julho um total de 30.000 euros a cada um dos 366 operários despedidos.
...
Em Março, os trabalhadores despedidos de uma fábrica da Sony em França sequestraram o CEO local da firma.»
(DE)

Nas próximas autárquicas vou votar ao Valongo

«Numa iniciativa inédita, a candidata independente registou ontem o seu programa eleitoral no Cartório Notarial de Valongo. O documento pode ser aí consultado pelos munícipes e funcionará como um mecanismo legal para que estes possam, literalmente, cobrar os compromissos que Maria José Azevedo assumirá na campanha eleitoral.» (Público)

Toda a Gália foi ocupada pelos romanos... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor.

13/07/2009

ARTIGO DEFUNTO: lendo o futuro nas fotos

Durante 4 anos os jornais publicaram fotos do engenheiro Sócrates com tão boa aparência que poderiam ter sido fornecidas pela central de manipulação depois dum cuidado trabalho de escolha e de retoque (a exemplo do que faz o staff de Obama). Não sei se o foram, mas poderiam e, nalguns casos, aposto singelo contra dobrado que o terão sido.

Desde que a doutora Ferreira Leite foi eleita presidente do PSD as suas fotos, quase sem excepção, mostravam o pior look da senhora. Look que já em si é o que é, coisa que nos tempos que correm não ajuda muito a «seduzir» a maioria dos patetas que decidem as eleições.

Conhecendo-se a promiscuidade entre políticos e jornalistas, o lip service e outros tributos que uns e outros têm que se pagar mutuamente para garantir as suas vidinhas, é preciso muita fé para se acreditar em coincidências.

Uma das primeiras fotos decentes de MFL foi publicada no suplemento de Economia do Expresso de sábado.



Uma das primeiras fotos de JS sem trabalho de Photoshop que mostra um Sócrates ridiculamente patético foi publicada hoje no i.


Alguém acredita que esta foto de JS poderia ter sido publicada sem a sua derrota nas eleições europeias que está a determinar o realinhamento do jornalismo de causas, nuns casos, ou a mudar as causas, noutros?

Outros obamas de Obama fazem felizes os obamófobos: episódio (1) as tentações do redentor

Um olhar atento aos atributos da representante da Unicef, Mayara Rodrigues.



Já faltou mais tempo para as estagiárias sairem do gabinete oval com os vestidos manchados.

12/07/2009

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: o que é bom para mim, é bom para o partido, é bom para o governo, é bom para o estado e é bom para o país

Secção Res ipsa loquitor

«De qualquer maneira, devo dizer que a minha nomeação (para presidente da Fundação Inatel) foi o resultado de uma vontade minha. Assim que a manifestei, foi rápida a decisão do Governo. Percebi, há algum tempo que a crise estava à vista e disse, então, aos meus amigos que queria fazer um compasso de espera na política e fazer algo na área da economia social.»

Com esta notável ingenuidade isenta de qualquer cinismo, em entrevista ao Sol, só compreensível num sexagenário que vê com naturalidade a confusão entre a clique a que pertence, o aparelho do partido onde essa clique se move, o governo desse partido e o estado que esse partido ocupa, o doutor Vítor Ramalho, um histórico do soarismo, merece sem discussão 5 chateaubriands, pela confusão, e 5 bourbons pela naturalidade.

A diplomacia económica socrática não paga sequer os bilhetes de avião

»Projectos da PT e Ydreams anunciados em 2007 não chegaram a 2009
As visitas oficiais são, sempre, acompanhadas por assinaturas de protocolos entre empresas. Foi também isso que aconteceu na visita de José Sócrates à China em 2007. Com promessas de reforço de negócios entre os dois países. Mas poucos são os exemplos que ainda hoje perduram.
»

11/07/2009

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: a excelência contamina o país (3)

Ouvi o porta-voz da CIP dizer à TSF que os diplomados pelo programa Novas Oportunidades não adquirem competências profissionais e por isso não têm lugar nas empresas. Nada mais falso, como verifiquei no folheto que o governo mandou colocar na minha caixa do correio. Eis a lista dos 143-cursos-143 profissionais, de aprendizagem e de ensino artístico especializado que o governo oferece aos candidatos que terminem o 9.º ano de escolaridade:

Actor
Animador Circense
Animador Sociocultural
Assistente de Arqueólogo
Assistente de Conservação e Restauro
Contramestre [Marinha Mercante)
Desenhador de Sistemas de Refrigeração e Climatização
Esteticista-Cosmetologista
Instrumentista de Cordas
Instrumentista de Percussão
Instrumentista de Sopro
Instrumentista de Tecla
Intérprete Circense
Intérprete de Dança Contemporânea
Modelista de Calçado e Marroquinaria
Modelista de Vestuário
Programador de Informática
Técnico Administrativo
Técnico Auxiliar Protésico
Técnico Comercial
Técnico da Qualidade
Técnico de Gás
Técnico de Luz do Espectáculo
Técnico de Multimédia
Técnico de Acabamento em Madeira e Mobiliário
Técnico de Acção Educativa
Técnico de Adereços
Técnico de Administração Naval
Técnico de Análise Laboratorial
Técnico de Animação 2D e 3D
Técnico de Apoio à Gestão
Técnico de Apoio à Infância
Técnico de Apoio Psicossocial
Técnico de Aprovisionamento e Venda de Peças
Técnico de Aquicultura
Técnico de Artes Gráficas
Técnico de Audiovisuais
Técnico de Banca e Seguros
Técnico de Biblioteca, Arquivo e Documentação
Técnico de CAD / CAM
Técnico de Cantaria Artística
Técnico de Caracterização
Técnico de Cartografia
Técnico de Cena
Técnico de Cenografia
Técnico de Cerâmica Artística
Técnico de Comunicação - Marketing, Relações Públicas e Publicidade
Técnico de Confecção
Técnico de Construção Naval-Embarcações de Recreio
Técnico de Contabilidade
Técnico de Contabilidade e Gestão
Técnico de Coordenação e Produção de Moda
Técnico de Cozinha-Pastelaria
Técnico de Desenho / Preparador de Obra
Técnico de Desenho de Construção Civil
Técnico de Desenho de Construções em Madeira e Mobiliário
Técnico de Desenho de Construções Mecânicas
Técnico de Desenho de Vestuário
Técnico de Desenho Digital 3D
Técnico de Desenho Gráfico
Técnico de Design
Técnico de Design de Moda
Técnico de Electricidade Naval
Técnico de Electrónica de Computadores
Técnico de Electrónica de Equipamentos
Técnico de Electrónica de Equipamentos de Som e Imagem
Técnico de Electrónica Industrial
Técnico de Electrotecnia
Técnico de Enobrecimento Têxtil
Técnico de Figurinos
Técnico de Fotografia
Técnico de Gestão Cinegética
Técnico de Gestão da Produção em Madeira e Mobiliário
Técnico de Gestão de Equipamentos Informáticos
Técnico de Gestão do Ambiente
Técnico de Gestão Equina
Técnico de Hidrobalneoterapia
Técnico de Indústrias Gráficas - Fotocomposição
Técnico de Informação e Animação Turística
Técnico de Informática - Sistemas
Técnico de Informática -Instalação e Gestão de Redes
Técnico de Informática de Gestão
Técnico de Instalações Eléctricas
Técnico de Jardinagem e Espaços Verdes
Técnico de Joalharia
Técnico de Logística
Técnico de Manutenção de Aeronaves
Técnico de Manutenção Industrial-Electromecânica
Técnico de Manutenção Industrial-Metalurgia e Metalomecânica
Técnico de Manutenção de Máquinas de Calçado e Marroquinaria
Técnico de Maquinação e Programação
Técnico de Marketing
Técnico de Mecânica Naval
Técnico de Mecatrónica
Técnico de Mecatrónica Automóvel
Técnico de Medições e Orçamentos
Técnico de Moda de Calçado e Marroquinaria
Técnico de Modelação Cerâmica
Técnico de Museografia e Gestão do Património
Técnico de Obra/Condução de Obra
Técnico de Óptica Ocular
Técnico de Organização de Eventos
Técnico de Pedreiras
Técnico de Pintura Cerâmica
Técnico de Planeamento Industrial
Técnico de Processamento e Controlo da Qualidade Alimentar
Técnico de Produção Agrária
Técnico de Produção Automóvel
Técnico de Produção e Tecnologias da Música
Técnico de Programação e Operação em Máquinas de Transformação de Madeira
Técnico de Protecção Civil
Técnico de Química Industrial
Técnico de Recepção
Técnico de Recepção/ Orçamentação de Oficina
Técnico de Recuperação do Património Edificado
Técnico de Recursos Florestais e Ambientais
Técnico de Refrigeração e Climatização
Técnico de Relojoaria
Técnico de Restaurante-Bar
Técnico de Secretariado
Técnico de Segurança e Higiene do Trabalho
Técnico de Segurança e Salvamento em Meio Aquático
Técnico de Seguros
Técnico de Serviços Jurídicos
Técnico de Sistemas de Informação Geográfica
Técnico de Som
Técnico de Som do Espectáculo
Técnico de Tecelagem
Técnico de Telecomunicações
Técnico de Termalismo
Técnico de Topografia
Técnico de Transformação de Polímeros
Técnico de Transportes
Técnico de Turismo
Técnico de Turismo Ambiental e Rural
Técnico de Vendas
Técnico de Vídeo
Técnico de Vidro Artístico
Técnico de Viticultura e Enologia
Técnico de Vitrinismo
Técnico Instalador de Sistemas de Bioenergia
Técnico Instalador de Sistemas Eólicos
Técnico Instalador de Sistemas Solares Fotovoltaicos
Técnico para Agências de Viagens
Técnico Produção Metalomecânica - Controle da Qualidade
Técnico Vitivinícola
Topógrafo-Geómetra

Sem querer ser mal agradecido, como o doutor Constâncio, em boa verdade vos digo que só vejo duas lacunas em áreas para a qual existem oportunidades significativas: técnico de gestão do estacionamento em 2.º fila e técnico de gestão do assentamento de tijolo. Seja como for, nada justifica que os empresários não criem oportunidades de emprego para os diplomados com as competências que o governo generosamente lhes disponibiliza. Eles é que são mal agradecidos.

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: a excelência contamina o país (2)

Por falar nisso, segundo as conclusões do estudo da Universidade Católica, os cerca de 900 mil diplomados pelo programa Novas Oportunidades não tem tido novas oportunidades.

Por coincidência, ontem ouvi na TSF (creio) uma luminária que trabalha nesse programa a queixar-se que as empresas e os empresários patiti patatá. Logo a seguir um porta-voz da CIP que declarou «não ousar» (para bom entendedor meia palavra basta) avaliar as competências académicas dos diplomados, mas ousou esclarecer que, não acrescentando o programa nenhuma competência profissional aos diplomados, eles não podiam ter lugar nas empresas. Não têm lugar nas empresas, mas têm lugar nas estatísticas que, a par da manipulação dos média, constituem o único contributo de excelência do governo Sócrates.

10/07/2009

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: a excelência contamina o país

O IAPMEI atribui o estatuto de PME Excelência pensava eu a empresas excelentes, imaginando na minha ingenuidade que, no estado calamitoso em que se encontra a competitividade das nossas PME (e das grandes), encontrar meia dúzia de PME Excelentes todos os anos deveria obrigar os funcionários do IAPMEI a esgotar o plafond dos quilómetros para baterem o país de lés-a-lés.Puro engano, este ano o IAPMEI atribuiu o estatuto a 370-empresas-370, a quem a jornalista do Diário Económico chama «o cremé de la cremé» (sic), merecendo assim o prémio Jornalista Excelência do ano.

É toda uma filosofia de vida que inspira as nossas políticas de excelência. No mundo empresarial temos as 370 PME excelentes e na vida escolar temos «noventa por cento dos alunos do 4.º com positiva nas provas de aferição».

Se dermos mais 4 anos a outro governo Sócrates o país ficará irreconhecível. Florescerão as empresas excelentes, deixará de haver «retenções» (não encontro palavra mais estúpida para designar a falta de aproveitamento escolar), o país ficará repleto de licenciados no modelo Universidade Independente e de diplomados nas Novas Oportunidade.

ESTADO DE SÍTIO: a equação socrática

«Nem oito Angolas compensavam perdas nas exportações para Espanha
Portugal exportou mais 137 milhões de euros para Angola. Mas perdeu 1.220 milhões para Espanha.»
(DE)

{Espanha, Espanha, Espanha} = 12 x {Angola, Angola}

Q.e.d.

Fez-se justiça da boa, da cega

Recordemos o célebre caso Ricci v DeStefano do concurso realizado pelo município de New Haven para a promoção de bombeiros em que nenhum negro conseguiu aprovação e, por essa razão, o município decidiu anular o concurso e não promover qualquer dos bombeiros aprovados. Alguns deles, incluindo um hispânico e um disléxico que fez uma preparação especial e um estudo intensivo para o concurso, accionaram o município por discriminação racial.

A juíza Sonia Sotomayor, mais tarde nomeada por Obama para o Supremo Tribunal decidiu contra eles, aplicando a sua justiça de causas que, como já aqui escrevi, é um retrocesso civilizacional e tanto pode ser usada a pretexto de corrigir as desigualdades raciais, como as sociais, como para combater o fascismo, ou o comunismo, ou o socialismo ou o liberalismo. Ou para suprimir a liberdade a pretexto de promover a justiça.

Por uma feliz coincidência, o caso foi agora julgado no Supremo, ainda antes da confirmação da juíza Sotomayor, que teria com o seu voto inviabilizado a apertada decisão (5-4) favorável aos bombeiros.

09/07/2009

Um ex-ministro das Obras Públicas nunca deixa de estar pré-ocupado

«O presidente da Mota-Engil, Jorge Coelho, considerou hoje preocupante o anunciado adiamento dos grandes investimentos públicos, medida que classificou de gravosa e que disse constituir um risco para milhares de empregos e para as empresas do sector.»

Ultrapassando pela esquerda o argumento de que não tem retorno o investimento rodoviário nos dias que correm, com o país já hoje rasgado de norte a sul e de este a oeste por auto-estradas, porque não adjudicar a construção ao aeroporto da Ota a um consórcio com todos os empreiteiros de obras públicas? Eu sei que o novo aeroporto, depois alguns jamais do ministro Lino, irá ser construído em Alcochete. Mas é precisamente por isso que, não precisando a Ota de entrar em operação, se eliminarão os seus custos de exploração e, obviamente, os custos de exploração dos auto-estradas que não chegarão a ser feitas e se calam os opositores do investimento público, ao mesmo tempo que deixa de existir o «risco para milhares de empregos e para as empresas do sector».

08/07/2009

CASE STUDY: os mitos da educação pública (6)

[Continuação de (1), (2), (3), (4) e (5)]

A descida da média dos exames de matemática do 12.º ano de 14 para 11,7 e a correspondente subida percentagem de chumbos («retenções» segundo o dialecto politicamente correcto do eduquês) de 7% para 15%, devem-se tanto à comunicação social, à Sociedade Portuguesa de Matemática e aos «partidos e pessoas com responsabilidades políticas», segundo a tese da ministra Maria de Lurdes Rodrigues e do seu ajudante Valter Lemos, como a este par se devem os «noventa por cento dos alunos do 4.º com positiva nas provas de aferição».

Conhecimentos praticamente inúteis

A propósito do pensamento em curso (ver cabeçalho), quem é que sabia que no dia 14 de Novembro de 1969, um ano e 3 meses depois do Botas ter caído da cadeira no forte de Santo António no Estoril, caiu um meteorito em Juromenha, freguesia de Nossa Senhora do Loreto, concelho de Alandroal, distrito de Évora, a 30 metros dum alentejano?



[Wired, July 2009]

07/07/2009

SERVIÇO PÚBLICO: o legado do doutor Pinho

Se imagina que o pior do ministro Pinho foram os cornos que ofereceu ao Partido Comunista na pessoa do jovem Bernardino, está muito enganado. É difícil escolher o pior, por isso falemos do que as câmaras de eco do governo falam que é o seu melhor: a política energética.

Dou a palavra a Paulo Soares de Pinho da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa que nos descreve a «Pesada Herança» do outro Pinho no Diário Económico de hoje.

Cada povo tem os políticos que precisa (e vice-versa)

O estudo da SEDES (*) sobre a qualidade da democracia portuguesa que acaba de ser divulgado não tem nada de surpreendente para quem acompanhe com alguma atenção a vida política e a sociedade portuguesa. Surpreendente poderá ser a dimensão da insatisfação (51% declaram-se nada ou pouco satisfeito com a democracia) ou a aguda percepção da injustiça e da desigualdade perante a lei: 4/5 dos portugueses consideram que a justiça trata de forma diferente os políticos e os cidadãos comuns, por um lado, e ricos e pobres, por outro.

Algo surpreendente poderá ser o gráfico seguinte, sobretudo para quem imagina para breve a conversão dos portugueses a uma visão liberal da economia.

Clique para ampliar
Não é espantoso que a característica fundamental da democracia mais mencionada seja «uma economia que assegure um rendimento digno para todos» em contraponto às menos mencionadas «realização de eleições» ou, sobretudo, «liberdade para participar na política e criticar o governo»?

Seja um «rendimento digno para todos» o que for, assegurá-lo é uma característica tão essencial à democracia como a uma ditadura comunista ou, para referir algo mais próximo das nossas tradições, a um estado napoleónico-estalinista como costumamos chamar-lhe aqui no (Im)pertinências. Pois bem, talvez seja isso que os portugueses esperam ou o que as elites esperam para si e que esperam que os portugueses esperem para eles próprios. Chegado a este ponto, fico com a angústia do dilema do ovo e da galinha.

(*) A Qualidade da Democracia em Portugal: A Perspectiva dos Cidadãos, Redactor Pedro Magalhães do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, SEDES, Julho de 2009

06/07/2009

O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: o que seria de mim sem o Simplex?

«Pretendendo revalidar a carta de condução, verifiquei no Portal do Cidadão que poderia fazê-lo numas das Lojas do Cidadão. Escolhi uma delas onde me dirigi, constatando que afinal não era uma Loja do Cidadão (LC), mas um Posto de Atendimento do Cidadão (PAC), que segundo me esclareceram, não presta toda a gama de serviços das LC. Por sorte, tratava da revalidação da carta de condução. Exultando de felicidade, pedi então o Modelo 1 IMTT para requerer a bendita revalidação e o impresso Mod. 921 INCM do atestado médico. O funcionário explicou-me pacientemente que o primeiro teria que ser preenchido por ele mas só quando tivesse o segundo preenchido pelo médico. Pedi o segundo. Não tinha. Só na papelaria X uns quarteirões mais à frente.

Demandei a papelaria e já munido do Modelo 1 IMTT fui ao médico pedir-lhe para atestar a minha capacidade de condução o que fez «sem restrições», ignorando o meu desejo recalcado de atropelar um dia um ministro (um deputado, vá lá). Voltei ao PAC com o atestado, 2 fotos formato passe, o BI e a carta de condução. A funcionário preencheu o Modelo 1 IMTT e pediu-me para conferir. Conferi e para adiantar serviço assinei. Não podia. Tinha que ser só depois de fotocopiado o Modelo 1 IMTT e então assinar simultaneamente os dois exemplares. Preencheu outro com a recomendação de não assinar.

Obediente, mas angustiado, assinei com 5 pixéis da assinatura a bordejar o rectângulo delimitador que, segundo o funcionário, não poderia ser intersectado – porque «eles são muito rigorosos». Preencheu pacientemente (eu era o único cidadão a ser disputado por dois funcionários) ainda outro Modelo 1 IMTT, que desta vez assinei em conformidade com o rigor dos serviços.

Depois do BI e da carta de condução devidamente fotocopiados, passar-se-ia então à etapa seguinte do laborioso processo – imprimir a guia que substituiria a carta. Não se passou. A única impressora avariou naquele preciso momento. Ainda ofereci os meus préstimos para ajudar a resolver a encrenca, que não foram aceites. Deveria pois voltar no dia seguinte (não se sabia quando viria a assistência à impressora) ou, em alternativa, rumar a um outro PAC.

Rumei a outro PAC. Ainda não tinha terminado o suspiro de alívio quando o funcionário me esclarece que tendo a foto óculos e sendo o atestado «sem restrições» teria que substituir o atestado por outro com a restrição «óculos». Nessa altura, o meu domínio do burocratês já era suficiente para perceber qual a solução. Agradeci, saí, fui tirar umas fotos sem óculos ao fotógrafo estrategicamente colocado no quarteirão seguinte e voltei.

Enquanto o funcionário preenchia mais papelada, explicava-me que substituiria a carta por uma guia válida por 120 dias. Intrigado, porque no Portal do Cidadão se declarava enfaticamente que «os prazos para a prestação do serviço (eram) em média, 30 dias», questionei o funcionário que me explicou pacientemente que não devia «acreditar nos portais» porque até os 120 dias talvez não chegassem porque houve épocas depois da extinção da DGT que chegou a ultrapassar 6 meses.

E no estrangeiro a guia é válida, perguntei. Não, para isso tem que ir ao ACP, que é a única entidade que pode emitir certificados válidos no estrangeiro (?), e pagar 30 euros.

Agradeci e interroguei-me com os meus botões: o que seria de mim sem Simplex


[Lamento de uma alma devidamente identificada]

TRIVIALIDADES: os cornos do doutor Pinho vistos noutro ângulo

O marxismo-leninismo já não é o que era. Depois da luta de várias gerações de comunistas contra o fassismo, de tortura, de mais anos de prisão acumulados do que Madoff, o jovem Bernardino queixa-se como um mariquinhas-pé-de-salsa dos cornos que o doutor Pinho lhe fez no parlamento. Ainda se fosse um manguito.

A mesma crítica se poderia fazer ao tele-evangelista Louçã da IV Internacional que disputou com o jovem Bernardino da III Internacional as dores de corno do doutor Pinho, acolitado por outros berloquistas da tendência albanesa, também eles queixando-se dos cornos.

Ao que chegou a luta anti-capitalista! Se Álvaro Cunhal, Mao Ze Dong (e, já agora, Pol Pot) e Enver Hoxha ressuscitassem, morreriam todos outra vez de vergonha.

05/07/2009

DIÁRIO DE BORDO: sayonara para a Kaguya (3)

Eclipse lunar fotografado em 10-02-2009 pelas câmaras de alta-definição da sonda de exploração lunar Kaguya, lançada pela JAXA em 14-09-2007, que se esmagou na superfície lunar no passado dia 10 de Junho.

03/07/2009

CASE STUDY: a pátria do capitalismo é o inferno dos capitalistas

Na pátria do socialismo um capitalista sacode a água do capote e, suprema ironia, indica como testemunha abonatória o chefe histórico do socialismo pós-moderno. Outro, sem receio de ser considerado irremediavelmente incompetente ou incorrigível mentiroso confessa «só hoje é que percebi alguns contornos do negócio … que me passaram completamente ao lado» relativamente à trapalhada onde se envolveu. Esperemos para ver se indica como testemunha abonatória o presidente da república.

Na pátria do capitalismo as autoridades punem duramente o capitalista, expulsam de casa a família e confiscam as peles da patroa.

Quem fala assim não é gago

«O senhor ministro Mário Lino não fala pela PT. Pela PT fala o presidente do Conselho de Administração, que sou eu, e fala o presidente executivo, o engenheiro Zeinal Bava. O senhor ministro fez futurologia. As decisões da PT são tomadas pelos órgãos próprios da PT. A PT não pretende intervir na esfera da luta inter-partidária mas também não aceita declarações intempestivas e impróprias sobre a sua esfera de competência própria. Esse ciclo de tutela ou de pretensa tutela sobre a PT já acabou há muito tempo e não vai voltar a atrás.»

Num país de bajuladores atentos, veneradores e gratos, temos que cumprimentar Henrique Granadeiro por ter falado à TSF com esta clareza. Pena é que esteja completamente enganado quanto ao fim da tutela, que não é pretensa, do governo.

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: populismos para todos os paladares

«Uma triste conclusão - o imaginário político nacional está dominado pela doença profunda do populismo. Desde logo o populismo oficial do Governo, possante, pesado e megalómano. Depois o populismo silencioso do PSD, modesto, prudente e cirúrgico. À solta pelo país sobra ainda o populismo de uma esquerda radical arrogante, confiante e com ambição de poder. Com tantas e desvairadas linhas populistas, o certame eleitoral arrisca-se a passar ao lado dos problemas do país. No lugar de uma alternativa e em vez de um debate político sério, os portugueses vão assistir a uma guerra de poder entre vários géneros populistas. Portugal ainda acaba (*) no paraíso do país ingovernável.»

[“Psicopátria”, Carlos Marques de Almeida no DE]

(*) Ainda acaba? Que pena numa prosa tão lúcida ter sido esquecido o famoso general romano.

O terceiro manifesto (por nós anunciado) não é o terceiro é o quarto

Estamos à espera dele desde o dia 28. Em rigor estávamos à espera de dois: o manifesto dos economistas que fazem estudos e trabalham para o governo e o manifesto dos que trabalham para os empreiteiros. Para nos poupar juntaram-se uns e outros e fizeram um só com um título simultaneamente apologético e catastrofista: «Portugal necessita de investimento público estratégico. Parar é sacrificar o futuro

Entre os subscritores deste último manifesto encontramos ex-ministros, tal como no primeiro (1), académicos, tal como no primeiro e no segundo (2), aparatchiks que saltitam entre o governo e as empresas públicas, alguns pára-quedistas vindos sabe-se lá de onde, e o presidente dos empreiteiros lui-même.

Escrevam e assinem o que quiserem, mas não nos venham dizer que é o «terceiro manifesto em onze dias». É falso. O terceiro é o manifesto (im)pertinente.

(1) O segundo manifesto não tinha ex-ministros porque a esquerdalhada ainda não faz parte do arco do poder.
(2) No segundo só encontramos esta espécie dos académicos, porque a esquerdalhada, além de não fazer parte do arco do poder, também não participa na produção.

Assinado
Impertinente Pertinente

ESTADO DE SÍTIO: os parceiros de negócio do estado socialista

Primeiro foi «Espanha, Espanha, Espanha». Depois foi Rússia e fez-se de Portugal a casa Venezuela. Seguiu-se Angola, mais recentemente Líbia e agora Irão. Para quando a Coreia do Norte?

O movimento espontâneo de apoio a José Sócrates, tem pouco de movimento e nada de espontâneo

«Parece que os gurus socialistas da sociedade da informação querem criar um movimento de apoio espontâneo* a José Sócrates. Inspirados na campanha de Obama, acreditam que será possível mobilizar milhares de apoiantes de José Sócrates interessados em fazer campanha por ele nas redes sociais da Internet. Parece mesmo que a palavra chave para mobilizar esta gente é a “mudança”. Como bons socialistas, os gurus de Sócrates vêem as redes sociais como algo que pode ser manipulado e dirigido. Algo me diz que não vai resultar. Só num mundo paralelo é que alguém poderia pensar que aquilo que resultou com um candidato idealista e pouco conhecido nos EUA, poderia resultar em Portugal com um PM odiado por grande parte da população e candidato ao segundo mandato. Mudança? * Não deixa de ser irónico que um movimento que se quer espontâneo seja anunciado primeiro e sobretudo na comunicação social.»Sócrates e as redes sociais», João Miranda no Blasfémias]

01/07/2009

DIÁRIO DE BORDO: sayonara para a Kaguya (2)

As crateras Birt e Birt e a falha Rupes Recta fotografadas pelas câmaras de alta-definição da sonda de exploração lunar Kaguya, lançada pela JAXA em 14-09-2007, que se esmagou na superfície lunar no passado dia 10 de Junho.