31/07/2018

Berloquistas: saiam do armário e dediquem-se a ganhar dinheiro. Não é pecado e é bom para o país

Continuação daquidali e dacoli.

«Catarina Martins tem posição em empresa de alojamento local. Mas é no interior do país»

«A coordenadora do BE fundou a Logradouro Lda. com o marido há quase dez anos e foi sócia-gerente da empresa até final de 2009, altura em que assumiu funções como deputada em regime de exclusividade. Atualmente, a empresa explora quatro empreendimentos turísticos e uma unidade de alojamento local no concelho do Sabugal, distrito da Guarda»

Este escarafunchar da vida "comercial" dos berloquistas parece estar oficializar a teoria da conspiração de LR no Blasfémias: «Isto só tem uma explicação: interessa ao seu patrão supremo – o PS – fragilizar o Bloco.»

O berloquismo e a especulação imobiliária: conclusão e teoria da conspiração

Continuação daqui e dali.

Conclusão


Teoria da conspiração

Não é surpreendente a profusão de notícias e indignações nos média dos últimos dias a propósito do fait divers da especulação imobiliária de Robles, apenas um entre os muitos esquerdistas caviar que vivem à margem da moral hipócrita berloquista, sabendo-se que o berloquismo está tão presente e é tão querido das redacções que habitualmente "secam" estas notícias inconvenientes?

Estou tentado a adoptar a explicação de LR no Blasfémias:
«Uma imprensa tradicionalmente tão servil com o BE, que desde sempre e por tudo e por nada lhe garante tempos de antena sem nenhum contraditório e desproporcionados face à sua real implantação, não se tem calado nos últimos dias com o “folhetim robles”. Isto só tem uma explicação: interessa ao seu patrão supremo – o PS – fragilizar o Bloco.»

30/07/2018

CASE STUDY: Os profissionais portugueses de futebol como um exemplo de excelência (2)

A propósito da selecção Sub-19 ter vencido o campeonato da Europa, republico parcialmente este post que apesar de estar mais dirigido aos jogadores seniores se aplica também aos juniores que em breve serão seniores.

Porque atingem os futebolistas profissionais portugueses o topo?

Devemos começar por reconhecer que os jogadores portugueses de futebol são os únicos profissionais que verdadeiramente trabalham num mercado internacional competitivo sujeitos a uma avaliação constante e impiedosa. Deve ser mais fácil encontrar uma agulha num palheiro do que um português de outra profissão integrado num mercado de trabalho internacional comparável ao mais modesto dos nossos jogadores no estrangeiro.

E o que é que tem o futebol de diferente do resto das actividades em Portugal? Várias coisas, entre as quais: uma regulação leve, concorrência nacional e internacional entre operadores e, sobretudo, um mercado de trabalho aberto, competitivo e internacional - deve ser a única actividade em Portugal em que as famílias, os partidos e as maçonarias não arranjam lugares na profissão do chuto para os seus filhos, camaradas e irmãos, respectivamente.

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (146)

Outras avarias da geringonça.

Se há área onde este Portugal dos Pequeninos se destaca é no peditório. Somos o terceiro país da UE que mais fundos recebeu desde 2015: quase cinco mil milhões ou 8,2% do total. E para onde foi o grosso deste peditório? Para alimentar a vaca marsupial pública que abocanhou 26 dos 30 maiores financiamentos,

Se há coisas em que este governo se destaca é a anunciar o que considera serem os seus feitos. Por vezes ainda mesmo de o serem, como com o anúncio do envio 50 elementos da Força Especial de Bombeiros que a Grécia não aceitou.

No Sporting está só uma pequena parte

«Temos uma elite bafienta e, logo por azar, está toda no Sporting», disse Bruno de Carvalho, o capo demitido dos lagartos, em entrevista ao jornal SOL.

Ter temos, mas infelizmente não está toda no Sporting.

29/07/2018

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: O Estado Sucial kafkiano


«E aprendi também que o Banco de Portugal aplicou ao comércio automóvel um regulamento europeu para os empréstimos à habitação, o que tem efeitos kafkianos (por exemplo, o envio de um complicado impresso para a ASAE sempre que se venda um carro que custe mais de 15.000 euros, o que significa 400.000 impressos por ano), e agrava imenso os custos de contexto dos pequenos comerciantes de usados.»

José Miguel Júdice no Eco

28/07/2018

Todos os especuladores imobiliários são iguais mas há uns mais iguais do que outros

Continuação deste post.

Recapitulando: Ricardo Robles e a mana compraram por 347 mil euros à Segurança Social um prédio em Alfama, remodelaram-no por 650 mil e colocaram-no à venda quatro anos depois por 5,7 milhões.

Qual é problema? Afinal o jovem Robles mostrou sentido de oportunidade e olho para o negócio. Isso é censurável? De todo não! Ou, mais exactamente, censurável acham os comunistas e achavam os berloquistas.

Achavam mas já não acham. A Comissão Política do BE veio esclarecer que «a conduta do vereador Ricardo Robles em nada diminui a sua legitimidade na defesa das políticas públicas que tem proposto». Ah bom? E quais políticas tem ele proposto?

Segundo o esquerda.net, uma fonte insuspeita a este respeito, o dirigente e vereador berloquista da câmara de Lisboa Robles defendia há um ano «um programa 100 por cento público, trazer pessoas para Lisboa, 7500 casas, através de um programa financiado pela câmara, pela taxa turística e pelo fundo de estabilização da Segurança Social (e) não entregar mais casas ao carrocel da especulação imobiliária».

Oops! Lá se vai a superioridade moral da esquerda chic.

A defesa dos centros de decisão nacional (24) - Onde o público e o privado se equivalem

[Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7),  (8), (9), (10), (11), (12), (13), (14), (15), (16), (17), (18), (19), (20), (21), (22) e (23)]

Recordemos os inúmeros manifestos pela defesa dos centros de decisão nacional, alguns deles assinados por empresários que passado algum tempo venderam a estrangeiros as suas empresas e as inúmeras declarações no mesmo sentido da esquerdalhada em geral. Recordemos também que esta necessidade de vender o país aos retalhos surge pelo endividamento gigantesco de públicos e privados e pela consequente descapitalização da economia portuguesa, consequência de décadas a viver acima das posses.


«O grupo SATA anunciou em 17 de Abril que a Loftleiðir Icelandic foi pré-qualificada para a segunda fase do processo de negociação da alienação de 49% do capital social da Azores Airlines. Segundo o grupo, ficou pré-qualificado o único potencial comprador que apresentou manifestação de interesse na Azores Airlines. (...) O capital social do grupo SATA é detido por um único accionista, a Região Autónoma dos Açores.» (Público)

Esclarecimento: nós aqui no (Im)pertinências não temos por princípio nada contra a participação de capital estrangeiro em empresas portuguesas, pelo contrário. Quem se dizia contra eram os empresários que assinaram os manifestos antes de venderem as suas empresas e a esquerdalhada que enche a boca com aquelas tretas contra a globalização, etc.

27/07/2018

A defesa dos centros de decisão nacional (23) - Vendem-se as empresas, salvam-se os iates e as quintas

[Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7),  (8), (9), (10), (11), (12), (13), (14), (15), (16), (17), (18), (19), (20), (21) e (22)]

Recordemos os inúmeros manifestos pela defesa dos centros de decisão nacional, alguns deles assinados por empresários que passado algum tempo venderam a estrangeiros as suas empresas. Recordemos também que esta necessidade de vender o país aos retalhos surge pelo endividamento gigantesco de públicos e privados e pela consequente descapitalização da economia portuguesa, consequência de décadas a viver acima das posses.

Com a holding SAG cada vez mais endividada à banca e já sem capacidade financeira para importar veículos VW, chegou agora a vez de Pereira Coutinho vender a SIVA, o concessionária dos veículos VW e Audi, à Porsche Holding Salzburg, a maior distribuidora europeia do grupo Volskwagen. (fonte)

ESTADO DE SÍTIO: Adivinhe onde fica



A foto mostra a entrada de uma unidade militar onde se guarda armamento e munições. Habilite-se a uma visita guiada se acertar na localização:

  • Burundi 
  • República Centro Africana
  • Venezuela
  • Honduras
  • Afeganistão
  • Butão
  • Algures em outro País do Terceiro Mundo em vias de Subdesenvolvimento

25/07/2018

ARTIGO DEFUNTO: Escolha conforme o gosto

«Juncker tenta convencer um Trump cada vez mais adepto de taxas

Na véspera de receber o presidente da Comissão Europeia para falar sobre comércio, Trump explica a sua estratégia: quem não aceitar um acordo justo com os EUA, vê as taxas alfandegárias subirem.»
25 de Julho de 2018, 6:00, Público

«Trump defende abolição de tarifas, barreiras e subsídios entre EUA e a UE

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu na quarta-feira a ideia de que os EUA e a União Europeia (UE) devem abolir tarifas, barreiras e subsídios nas trocas comerciais entre os dois países.»
25 de Julho de 2018, 8:18, Jornal Económico

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (9)

Outros portugueses no topo do mundo.


«A «Quantum Racing» foi a grande vencedora da Rolex TP52 Super Series, que terminou este sábado em Cascais. E nesta equipa, oriunda dos Estados Unidos, também se fala português. Pedro Rebelo de Andrade é um dos membros desta equipa.»

CASE STUDY: Consequências indesejadas das políticas de affirmative action (2)

Este é um tema já tratado várias vezes no (Im)pertinências, por exemplo:
Há um ano citei aqui um estudo do NYT com o título que é uma síntese: Even With Affirmative Action, Blacks and Hispanics Are More Underrepresented at Top Colleges Than 35 Years Ago». O estudo mostra que em consequência da affirmative action a representação dos negros e dos hispânicos diminuiu no conjunto e em especial nas admissões às faculdades e universidades «altamente selectivas», apesar de ter aumentado nas «menos selectivas». Ou seja, a discriminação chamada positiva teve efeitos pelo menos parcialmente negativos contrários aos seus propósitos.

A minha conclusão de então foi que os problemas de desigualdade não se resolvem com a engenharia social baseada em ciências ocultas e na vulgata do politicamente correcto.


Mais recentemente, no mês passado, num artigo com um título que é também uma síntese (Affirmative dissatisfaction), a Economist, deu conta da controvérsia à volta das práticas selectivas de Harvard que a organização Students for Fair Admissions (SFFA) contestou por evidenciarem discriminação contra os estudantes de origem asiática. O diagrama acima, que sumariza os resultados do estudo promovido pela SFFA, confirma a tese que os asiáticos são discriminados negativamente nas admissões a Harvard

Mas não só os asiáticos são discriminados. Veja-se que dos dez por cento dos melhores alunos de cada uma das etnias, só cerca de 15% dos asiáticos, cerca de 20% dos brancos e cerca de 35% dos latinos são admitidos contra quase 60% dos negros - a quem o politicamente correcto chama afro-americanos, designação estúpida porque os magrebinos não são negros e podem ser afro-americanos.

À conclusão de que os problemas de desigualdade não se resolvem com a engenharia social baseada em ciências ocultas e na vulgata do politicamente correcto adiciono outra conclusão: essa engenharia social pode acrescentar novas desigualdades às desigualdades existentes e, por certo cria novas injustiças.

23/07/2018

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (145)

Outras avarias da geringonça.

Esta semana tivemos uma reedição da comédia de Tancos com o ministro das forças desarmadas - dispensado do serviço militar por ter o pé chato (OK, é uma boutade) -, a confessar não fazer a menor ideia se ainda há ou não há material desaparecido de Tancos ainda por recuperar como o ministério público parece ter concluído.

E tivemos também novas comédias, como a contratação da empresa de um dos amigos de Costa, que já tinha feito a campanha das eleições legislativas, a fazer agora a campanha de sensibilização para limpeza das matas. Com tantos amigos destes, bem podia Costa substituir os concursos públicos pela sua lista de amigos. De notar também o tique situacionista, fazendo lembrar o Estado Novo, de nomear a Sr.ª Costa para madrinha do navio NRP Sines acabado de construir nos estaleiros de Viana do Castelo. Ou o desvio de meio milhão de euros dos donativos para a reconstrução das habitações destruídas pelos incêndios em Pedrógão usados em casas não prioritárias - quem sabe se os seus proprietários não estariam numa qualquer das muitas listas de amigos.

22/07/2018

No castrismo, uma variedade do comunismo tropical, é mais fácil morrer do que ser enterrado

«Os cubanos tiveram nove dias a fazer o luto de Fidel Castro, morto em Novembro de 2016. Depois de um funeral de Estado, os soldados levaram as suas cinzas de Havana a Santiago, refazendo a rota do exército revolucionário que ele liderou. Quando alguém menos importante morre, os agentes funerários têm que se apressar. Apenas duas casas funerárias têm refrigeração, e isso é reservado para estrangeiros e VIP. Por causa do calor escaldante de Cuba, a maioria das pessoas tem que ser enterrada em 24 horas. Os nove crematórios de Cuba lidam com um décimo das 99 mil pessoas que morrem a cada ano.

Os funerais, como a educação e a saúde, são gratuitos no estado socialista (embora a cremação seja paga). Os cubanos pagam de outras maneiras. Os caixões, feitos pela empresa florestal estatal, são frágeis. Os funcionários funerários têm carregá-los com extremo cuidado, para que não desfaçam. Os funcionários públicos conseguem melhores caixões; as crianças são enterradas em caixões brancos. Com flores em falta, os enlutados fazem coroas com galhos e folhas.
»

Cuba’s funerals: cheap and especially uncheerful, The Economist

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Tentando aplicar a morte assistida ao "privado"

«Mas sei que assim não podemos continuar porque esgotado o dinheiro e com Bruxelas a apertar os cordões da bolsa, o foguetório vai deslocar-se das reposições na função pública para os safanões ao sector privado. Aliás se repararmos, cada vez mais o modo imperativo só se usa em Portugal em duas circunstâncias: em primeiro lugar, para numa retórica de profecia iluminista nos garantir que todas as causas já anunciadas e por anunciar pela esquerda irão ser passadas à prática, logo qualquer forma de oposição a esse futuro inscrito na História é uma pura perda de tempo. Em segundo, para espalhar a boa nova da última iniciativa legislativa que visa regular, controlar e disciplinar o sector privado.

(...)

O que não é Estado é cada vez mais visto como uma anomalia. Um desvio. Uma malformação que há que corrigir e controlar, na impossibilidade de erradicar como prova a recente legislação sobre alojamento local.»

Quantos votos vale um senhorio?, Helena Matos no Observador

Em Portugal, onde, após séculos de segregação de uma cultura colectivista e de aversão ao risco, o Estado é o alfa e ómega da vida dos cidadãos. Por isso, em Portugal as instituições privadas, empresas ou outras, são no máximo toleradas em áreas onde o Estado definitivamente não proporciona bens ou serviços. É como que a inversão enviesada do princípio da subsidiariedade: «o privado», assim é designada a excrescência fora do mausoléu estatal, só deve ser «autorizado» a intervir se o Estado não estiver para aí voltado.

aqui concluí, a propósito do arrendamento, que a geringonça tem a visão que Ronald Reagan caracterizou com ironia: «If it moves, tax it. If it keeps moving, regulate it. And if it stops moving, subsidize it.»

21/07/2018

SERVIÇO PÚBLICO: As consequências do comportamento «crescentemente errático» de Juncker

Em retrospectiva: há dois anos a revista alemã Spiegel caracterizava o comportamento do presidente da Comissão Europeia Juncker como «crescentemente errático» e deixava implícito que tal se poderia dever ao «seu consumo de álcool» - abertamente admitido nos bastidores de Bruxelas e na imprensa inglesa.

O último episódio público de comportamento errático (registado em vídeo pela Associated Press) tornou evidente o grau de alcoolemia.

Hoje Jean Quatremer, um jornalista um profundo conhecedor do ambiente à huis-clos em que se move a eurocracia, escreveu no Spectator um artigo (Jean-Claude drunker) sobre o tema que vai para além da alcoolemia e foca as consequências de se ter no governo da UE uma criatura incapaz de governar. Aqui vai um excerto:

«Os vídeos sugeriram um homem manifestamente gravemente doente, incapaz de se mover sozinho. Em outras palavras, levanta a questão de sua capacidade de governar. Não é por acaso que ele se tornou totalmente dependente de Martin Selmayr, o seu ambicioso secretário geral e antigo chefe de gabinete (e arquitecto da sua ascensão ao topo da UE). Não é por acaso que Juncker violou as regras da função pública europeia para nomear Selmayr responsável pelo aparelho administrativo de 33 mil funcionários.

Juncker até ameaçou demitir-se se o Parlamento Europeu exigisse a demissão do seu protegido numa jogada sem precedentes para um político. A degradação de Juncker, combinada com o poder do Selmayr sugere uma solução original em que o Presidente se transforma num fantoche. Afastamos a cortina encharcada de gin e podemos ver que a influência real é exercida por Selmayr, um eurocrata não eleito que não presta contas a ninguém.»

Costa, o bombeiro incendiário


«Portugal oferece homens e aviões para ajudar a combater fogos na Suécia»

Quem mais tem a experiência de 110 mortos e mais de meio milhão de hectares ardidos num só ano, de longe o recorde absoluto em mortos e área ardida num só ano na Europa?

20/07/2018

Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (83) - O Estado Sucial com tiques de Estado Novo

«Navio NRP Sines, encomendado em 2014, vai ser baptizado em Viana do Castelo pela mulher do primeiro-ministro. Aguiar Branco, que fez encomenda, não foi convidado.»

Lembram-se dos tempos em que as consortes dos dignitários situacionistas era madrinhas dos barcos do Estado Novo? Mudam-se os tempos, mas não se mudam os costumes. Ainda assim, se me for permitida uma sugestão, parecer-me-ia mais conforme convidarem para madrinha a «eterna namorada» do presidente dos Afectos que actualmente já está liberta do seu cargo na administração do BES.

SERVIÇO PÚBLICO: Natureza do regime? Uma democracia corporativa

«A razão da sobrevivência é a natureza do regime – uma democracia corporativa, por oposição a uma democracia liberal. A sociedade portuguesa está organizada por corporações (quem não pertence a uma corporação é um autêntico pária). As corporações concorrem entre si pela alocação dos recursos do Estado (sempre em nome do interesse nacional, claro). Os partidos são um dos veículos – em muitos casos, o principal deles – pelos quais as corporações ganham ou perdem posições relativas na distribuição dos recursos do Estado. Simplesmente, não há sociedade civil alternativa ao mundo das corporações (consequentemente, ao mundo dos partidos). Possivelmente, nunca houve. Logo, o regime tem por base as únicas forças vivas do mundo português – as corporações. A estagnação económica e o alheamento eleitoral são perfeitamente sustentáveis durante muito, muito tempo, enquanto as corporações assim entenderem.»

Democracia corporativa, Nuno Garoupa no Público

19/07/2018

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Ainda bem que não fizemos a revolução

«Estou do lado dos bons ou dos maus? Os fascistas eram os maus, a ditadura, a opressão, a guerra colonial. Os outros eram os que queriam libertar o povo e fazer a revolução. Eu queria a revolução. Para mim não havia dúvidas, era um mundo a preto e branco. Seria mais difícil tomar posição se fosse agora. E corria os riscos que fossem necessários para ir para o lado da revolução. Era a minha luta, ia travá-la. Ainda bem que não fizemos a revolução, porque éramos completamente doidos e só faríamos disparates. 

(...)

No país, perdeu um bocado o sentido ser de esquerda ou ser de direita. Acho que se calhar tem mais sentido ser honesto, defender interesses de transparência e de integridade que às vezes não têm a ver com ser de esquerda ou ser de direita. Há gente de esquerda que não tem princípios de integridade e transparência e há gente de direita que tem.»

Maria José Morgado em entrevista ao Público

Dúvida (229) - Qual a fiabilidade das sondagens amigas da Eurosondagem? (III)

Outras dúvidas: (I) e (II)

A resposta simples a esta dúvida é nenhuma ou, vá lá, muito pouca.


Comparem-se os resultados da sondagem da semana passada da Eurosondagem com os da sondagem de três semanas antes da Aximage (fonte Negócios), os primeiros publicado no semanário de reverência numa peça com o título estilo amanhãs que cantam «PS a três pontos da maioria absoluta» e os segundos numa outra peça com o título «Sondagem: PS está mais longe da maioria absoluta». Perguntareis: qual das sondagens devemos considerar com mais fiabilidade? Ora, como dizia o outro que também beneficiou das sondagens, é só fazer as contas. E ver o histórico das sondagens, acrescentaria eu.

18/07/2018

DIÁRIO DE BORDO: E o Assange? E o Bill? (2)

Continuação daqui.

«O caso de Lewinsky revela um homem sem escrúpulos. Ali está o homem mais poderoso do mundo a tentar sacar uma estagiária. Contudo, podemos argumentar que o sexo entre os dois foi consensual. O mesmo não se passa com as mulheres que, antes de Lewinsky, foram assediadas e violadas por Clinton. Os casos chegaram a tribunal. Hoje em dia, em plena era de MeToo, muitos homens estão a ser julgados na praça pública muitas vezes só porque alguém fez um tweet. No caso de Bill Clinton, estamos a falar de acusações concretas que se transformaram em dossiês de tribunal. Perante isto, porque é que as feministas se calam perante os abusos sofridos por Juanita Broaddrick, Paula Jones, Kathleen Willey, as vítimas de Clinton?

Esta é uma traição com décadas. Nos anos 90, quando estalou o escândalo, as feministas descredibilizaram as vítimas de Clinton. Entre um Presidente de esquerda e as vítimas desse Presidente, as feministas escolheram o primeiro. Se tivessem sido abusadas por um Bush ou por um pastor, Broaddrick, Jones e Willey teriam sido elevadas à condição de mártires. Mas, como foram abusadas por um santo da esquerda (Clinton), foram criticadas pelas próprias feministas. Essa traição continuou até hoje. Razão? Qualquer invocação das mulheres abusadas por Bill seria uma arma contra a carreira política de Hillary.»

Quando é que o feminismo MeToo desenterra as vítimas de Bill Clinton?, Henrique Raposo no Expresso Diário

CASE STUDY: Trumpologia (35) - Até para o Donaldo é demasiado, outra vez

Mais trumpologia.

Numa conferência de imprensa conjunta com Putin, Donald Trump perante a pergunta de um jornalista da AP «Em quem acredita?», no que respeita à interferência da Rússia nas eleições americanas, mete a língua na boca do czar Vladimir, sucumbindo eventualmente à chantagem de quem lhe conhece os podres, e diz «Eu tenho o presidente Putin a dizer que não foi a Rússia. Eu digo isto: não vejo por que razão seria... Eu confio nos dois lados».

Mais tarde, no Twitter, seu meio favorito de comunicação e com a sua táctica habitual, veio garantir que tem uma «GRANDE confiança» nos seus serviços de informação.

É difícil fazer pior ou, se quiserem, é difícil fazer melhor para desacreditar a democracia americana.

17/07/2018

Dúvidas (227) - Estarão os deputados capturados pelo PC?

PC refere-se ao Politicamente Correcto e não ao Partido Comunista e este post, que é reformulação de um outro de há dois anos, vem a propósito da votação a semana passada pelo parlamento da reapreciação da «lei de identidade de género» vetada em Maio pelo PR e agora «aprovada com a introdução de um relatório médico não patologizante para menores de 18 anos», nas palavras de uma das deputadas promotoras.

Em benefício das mentes ainda não iluminadas pelo PC, esclareça-se que a identidade de género não é a regressão do género Homo para o género Australopithecus afarensis, por exemplo; é apenas conceder aos maiores de dezasseis anos o direito a alterar no registo civil o «género», o nome e a fotografia do requerente de acordo com a sua «vivência interna e individual do género… e que inclui a vivência pessoal do corpo», segundo a formulação berloquista.

Ou seja, o João, um pimpolho com 16 anos, que segundo a lei ainda não atingiu a maioridade, poderá levantar-se um belo dia de manhã, vestir a lingerie, a saia e a blusa da mãe, passar pelo consultório do médico amigo do pai para obter o relatório não patologizante e ir ao registo civil requerer a mudança para o «género» feminino mudando o nome para Joana. Se, mais tarde, se mudar a sua «vivência interna e individual do género… e que inclui a vivência pessoal do corpo», vestirá as cuecas, as calças e a camisa do pai e voltará ao registo civil para mudar para o «género» masculino e chamar-se de novo João.

O João à saída do registo civil com o novo «género»
É claro que, sem esta lei, nada impediria o João, ou a Joana, de atingindo a maioridade alterar o seu registo civil sem necessidade de representação e, por isso, faria muito mais sentido antecipar a maioridade para os 16 anos já que, se uma criatura tem maturidade para decidir mudar de «género», terá maturidade para assumir plenamente os seus direitos e responsabilidades – ter não tem, mas isso é outra questão. Por isso, esta lei é apenas mais uma bandeira pour épater le bourgeois ou, dito de outra maneira, só não é um insulto à inteligência porque os parolos que se deixam fascinar por estas iniciativas devem pouco à inteligência.

O dilema de um berloquista

Sábado passado, um par de pessoas do sexo masculino pertencente à minoria LGBTQQIAAP, que se beijava na boca no Alma Shopping em Coimbra, foi brutalmente agredido aos gritos de «paneleiros» por membros de uma relação poliamorosa da minoria Roma, a que os agredidos chamaram «família de ciganos» (fonte).

Imagino o sofrimento de um berloquista ou de outro membro da seita do marxismo cultural ou do politicamente correcto, que julgo comparável ao dilema de um conservacionista militante ao ver um Lince da serra da Malcata (Lynx pardinus) a comer um Rato-do-campo-de-rabo-curto (Microtus lusitanicu).

16/07/2018

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (8)

Outros portugueses no topo do mundo.

«Escusado será dizer que como em quase tudo que acontece em quase todo o lado, há sempre um toquezinho português. Seja porque o Paços de Ferreira veio festejar a conquista do filho da terra Griezmann (o seu avô, português, de nome Amaro Lopes, foi jogador do clube na década de 50), seja porque a empresa responsável pelo autocarro em que os jogadores franceses vão hoje desfilar em Paris é de um português, claro está.»

Expresso Curto desta manhã

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (144)

Outras avarias da geringonça.

Começando pelo estado da união de facto da ménage a trois (a que se adiciona o PAN como criada de servir), a geringonça lá vai aguentando porque é mais o medo de perderem o poder para a direita que os une do que as diferenças programáticas que os dividem. Multiplicam-se os esclarecimentos, avisos, as exigências, as ameaças, os votos piedosos, as declarações de fé, mas tudo isso é nevoeiro informativo num jogo de posições em que cada um tenta condicionar os outros. A geringonça será desfeita se Costa tiver a (pouco provável) maioria absoluta ou, não a tendo, se for substituída por um zingarelho do tipo bloco central ressuscitado - espécie de jangada para dois náufragos. É claro que a prazo a geringonça ou o zingarelho serão desfeitos por um possível quarto resgate.

15/07/2018

ACREDITE SE QUISER: O comportamento «crescentemente errático» de Juncker... é da ciática?

Não! Segundo um amigo me confidenciou, o diagnóstico de um médico amigo de ambos é que a maleita de Jean-Claude não é ciática. É gota!

SERVIÇO PÚBLICO: O comportamento «crescentemente errático» de Juncker... é da ciática

Recordando: há dois anos a revista alemã Spiegel caracterizava o comportamento do presidente da Comissão Europeia Juncker como «crescentemente errático», apontava o dedo à incapacidade de Juncker ler os relatórios, ouvir os assessores e conter a verborreia e deixava implícito que tal se pode dever ao «seu consumo de álcool» - abertamente admitido nos bastidores de Bruxelas e na imprensa inglesa.

O último episódio público de comportamento errático (registado em vídeo pela Associated Press) foi antes do jantar da cimeira da NATO com o Jean-Claude a cambalear e aos beijinhos a quem se agarrava para não cair aparentemente com uma elevada taxa de alcoolemia (diz-se que ele começa a beber ao pequeno-almoço), amparado por várias luminárias, incluindo o "nosso" Costa, sempre prestativo. A explicação da CE foi uma crise de ciática.

14/07/2018

Pro memoria (381) - A reversão para as 35 horas não iria custar nada (II)


Recordando, dois anos atrás Subir Lall, chefe de missão do FMI, exprimiu aquela dúvida cartesiana que qualquer mente com um QI superior a 70 tem ao ouvir as tretas do par Costa-Centeno:
«Se todo o trabalho que era feito em 40 horas pode agora ser feito em 35 horas, isso pode sugerir um certo nível de sobredimensionamento em algumas partes do sector público.»
Dois anos depois, a maioria dos portugueses perante a evidência do caos da administração pública, em particular do SNS, parece ainda não percebido.

Faltou a Subir Lall acrescentar que com a reversão das 40 horas para as 35 horas os utentes da vaca marsupial pública pretenderiam manter um certo nível de sobredimensionamento de onde o resultado final seria e será a engorda da vaca, o que dá muito jeito à geringonça que assim aumentará a sua freguesia eleitoral.

Dúvidas (226) - Sim, também pergunto: Sánchez é mais do que Costa?

Factos
  • Obama cobrou 500 mil euros por hora e meia no Porto para perorar sobre o clima e posar para fotos com uns socialites de província, entre as quais não se encontrava Costa, nem nenhum membro do governo;
  • A ausência de políticos foi explicada pela boa imprensa como uma das condições da visita;
  • Porém, nas suas deslocações anteriores, Obama esteve com imensos políticos e no mesmo dia em que esteve no Porto encontrou-se em Madrid com Pedro Sánchez.
Dúvidas

Pergunta muito oportunamente Sérgio Barreto Costa no Blasfémias e eu com ele:

«Afinal de contas, o que é que Pedro Sánchez é mais do que o nosso primeiro-ministro para ter direito a um encontro privado com o antigo Presidente americano? Uma vez que ganharam ambos o mesmo número de eleições legislativas, só pode ser má vontade

13/07/2018

Há fechos de serviços públicos maus e bons. Depende de quem fecha

«É desta vez que a Maternidade Alfredo da Costa fecha mesmo? Até ver, já está com menos três salas de parto. Muita gente, entretanto, pergunta onde está a agitação, o movimento, as iniciativas jurídicas que “salvaram” a instituição nos anos da troika? A resposta é fácil: em lado nenhum, porque no governo já não estão o PSD e o CDS, mas o PS, com o amparo do PCP e do BE. A actual oposição bem se esforça por fazer notar as carências e aflições dos serviços públicos. Ninguém parece ralar-se muito. As multidões dispostas a morrer pela Maternidade esfumaram-se no dia em que António Costa tomou posse. Com este governo, deixou de haver alarme sobre os hospitais, angústia sobre as escolas, indignação acerca dos comboios, revolta por causa da “cultura” – e no entanto, nunca o investimento público foi tão baixo, nunca os serviços estiveram tão constrangidos, e nunca a ruptura, em muitos casos, pareceu tão iminente. Porquê?»

A Maternidade já pode fechar?, Rui Ramos no Observador

Somoza reencarnado no sandinista Ortega

O actual presidente da Nicarágua Daniel Ortega é um dos líderes da Frente Sandinista de Liberación Nacional (FSLN), um partido esquerdista de inspiração guevarista adepto da luta armada, que derrubou a ditadura de Somoza.

Segundo a Wikipedia, a FSLN foi no passado marxista e actualmente tem inspiração ideológica numa caldeirada que inclui: Sandinismo, Social-democracia, Latino-americanismo, Socialismo cristão e Nacionalismo de esquerda.

Como presidente, tendo como vice-presidente a sua mulher Rosario Murillo, Ortega e a FSLN parecem empenhados em recriar a ditadura Somoza sem Somoza.

Estima-se que a repressão do governo de Ortega tenha causado nos últimos dias pelo menos 351 mortos, 2.100 feridos graves e 261 desaparecidos entre os que protestam contra a corrupção da clique sandinista e as mudanças na segurança social e na fiscalidade que o governo pretende impor. (fonte)

COMO VÃO DESCALÇAR A BOTA? (19) - Mais do que sustentável a dívida tem-se mostrado auto-sustentável

Outras botas para descalçar

«A dívida da República Portuguesa é sustentável e o rácio dívida/PIB vai continuar a cair este ano. Portugal tem condições de pagar a sua dívida», garantiu Mário Centeno, o Ronaldo das Finanças, na sua peroração no Grupo de Trabalho para a Avaliação do Endividamento Público e Externo.

Das três garantias, a única que se admite exequível, por ser a curtíssimo prazo e nada garantir quanto ao futuro, é a segunda. Seja como for, em vez de o rácio dívida/PIB vai continuar a cair este ano, Centeno deveria ter dito o rácio dívida/PIB que está a subir desde o 4.º trimestre do ano passado vai cair no 3.º e 4.º trimestres deste ano.

A maioria dos contribuintes que têm sido objecto da extorsão pelo Estado Sucial, não se vai lembrar das garantias deste Ronaldo, como ninguém se lembra das garantias das outras luminárias que passaram pelo ministério da Finanças. Cá estaremos nós para recordar na devida altura.

11/07/2018

Pro memoria (380) - A reversão para as 35 horas não iria custar nada (I)

Recordando o exercício de maquiavelismo cínico e irresponsável por parte do presidente dos Afectos no seu despacho de promulgação da Lei 18/2016 em 20 de Junho:

«Porque se dá o benefício da dúvida quanto ao efeito de aumento de despesa do novo regime legal, não é pedida a fiscalização preventiva da respectiva constitucionalidade, ficando, no entanto, claro que será solicitada fiscalização sucessiva, se for evidente, na aplicação do diploma, que aquele acréscimo é uma realidade».

Mitos (276) - Chuva na eira e sol no nabal

O mito da realidade paralela pela pena do pensador do regime:

«A estagnação das águas do pântano vem da conjugação da nossa dívida, do nosso défice, com os 'constrangimentos' europeus, as 'regras' europeias, emanando das obrigações do Tratado Orçamental e das políticas da troika que estão bastante mais vivas do que se pensa.»

José Pacheco Pereira, Público, 7 de Julho de 2018

O desmito lúcido e realista pela pena de Joaquim Aguiar no Negócios:

«A alternativa apresentada pelos que rejeitam as políticas comuns das instituições da União Europeia é realizável, basta-lhes multiplicarem os "brexits". Mas é uma alternativa vazia. Só depois de a seguirem descobrirão o buraco em que se meteram, ficando sem condições de financiamento, sem instrumentos de política económica e sem escala de mercado para poderem sair do buraco em nacional-populismo os fez cair. Não tinha de ser assim. Bastaria terem pensado e ficariam a saber que a "nossa dívida" e o "nosso défice" não têm nada que ver com os constrangimentos e as regras da União Europeia, são nossos, feitos por nós. Já foi assim na bancarrota de 1891-1892, já foi assim em duas operações de emergência com o FMI em 1978 e em 1983 - sem constrangimentos e regras da União Europeia.»

10/07/2018

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (59)

Outras preces

Brothers in arms separated at birth
«Em primeiro lugar, o episódio, para quem tenha olhos na cara e os queira manter abertos, põe a nu a duplicidade da “persona” pública de Marcelo. Para se promover, o Presidente não se cansa de bajular Ronaldo, esforçando-se por ser filmado tantas vezes quando possível a abraçar “o melhor do mundo”, na esperança de que a popularidade, como a gripe ou o herpes, seja contagiosa.

Mas quando lhe deu jeito, para parecer que estava a ridicularizar Trump e assim conquistar pontos junto da opinião portuguesa que (justificadamente) execra o primeiro presidente laranja dos EUA, não hesitou em desconsiderar (pelas costas, para a indignidade ser ainda maior) Ronaldo, insinuando que não passa de um “simples” jogador de futebol e, como tal, supostamente inapto para desempenhar funções públicas e sem qualquer capacidade para estar à altura de Marcelo (provavelmente, está enganado).

Em segundo lugar, o Presidente e os que se deleitaram com a sua tirada esquecem-se que o próprio Marcelo só foi eleito para o cargo que ocupa – ou pelo menos, só ganhou a eleição da forma como a ganhou – por ser ele próprio uma celebridade televisiva, uma espécie de Kardashian política sem implantes e com menos vergonha. Ou seja, a natureza do poder político de Marcelo é a mesma da de Trump: o resultado de uma vida a vender a sua imagem, e centrado na mais pura e banal superficialidade.»

O vampiro de Belém, Bruno Alves no Económico

Saudemos os poucos membros da comentadoria doméstica que têm a coragem de ir contra a corrente mostrando como o rei vai nu ou, se preferirem, como vai travestido.

09/07/2018

CASE STUDY: Um imenso Portugal (38)

[Outros imensos Portugais]

«Tudo começou no final do dia de sexta-feira quando, poucos minutos depois do fecho do expediente normal daquele tribunal, dois deputados do PT (Partido dos Trabalhadores, partido de Lula da Silva) fizeram entrar um pedido de habeas corpus, apanhando de surpresa a própria defesa do antigo Presidente do Brasil.

Ao entregarem o pedido já depois do encerramento do tribunal aqueles dois advogados permitiram que este fosse analisado pelo juiz desembargador de plantão, o que não terá sucedido por acaso: Rogério Favreto foi durante quase 20 anos (de 1991 a 2010) membro do PT e chegou a ser secretário nacional da Reforma do Judiciário, no Ministério da Justiça, entre 2007 e 2010, precisamente durante a governação do petista. Mais: Favreto tem sido um crítico público do principal acusador do juiz que tem conduzido a operação Lava Jato, Sérgio Moro, tendo já votado sozinho e a favor das pretensões de Lula em anteriores decisões do coletivo.»  (Observador)

O que faz isto lembrar? A Justiça dos tempos do presidente do STJ Noronha do Nascimento e do PGR Pinto Monteiro (os que mandaram destruir as escutas ao clã Sócrates), da DCIAP Cândida Almeida (a que levava caixotes de processos para casa) e do juiz Rangel (que para encerrar processos cobrava propina, como dizem os brasileiros).

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (143)

Outras avarias da geringonça.

Nos tempos do Estado Novo dizia-se que os seus adeptos eram os situacionistas e contavam-se imensas histórias sobre a nomenclatura do regime. Numa dessas histórias, verídica neste caso, o almirante Américo Thomaz, um factótum que foi último presidente da República, durante uma das suas visitas, disse com grande humor involuntário: «esta é a primeira vez que aqui venho, desde a última que cá estive».

Lembrei-me desta anedota por várias razões. O Estado Sucial em que vivemos é uma espécie de Estado Novo, onde os situacionistas que eram salazaristas foram substituídos por socialistas do PS ou do PS-D e finalmente porque o primeiro-ministro, ao anunciar pela quarta vez o início das obras da IP3, poderia muito bem ter como o almirante Thomaz: esta é a primeira vez que anuncio a obra depois das três vezes que já foi anunciada.

Estado empreendedor (105) - o aeroporto que só abria, abre ou abrirá aos domingos (9)

[Continuação de outras aterragens: aquiaqui, aqui, aquiaquiaquiaquiaquiaquiaquiaqui e aqui]

Recapitulação

Ao princípio era o verbo do Eng. José Sócrates: mais de um milhão de passageiros até 2015 e o investimento seria recuperado nos 10 anos seguintes. Era o multiplicador socialista a funcionar de acordo com o estudo «Plano Regional de Inovação do Alentejo» da autoria de Augusto Mateus – um ex-ministro socialista da Economia do 1.º governo de Guterres que nos últimos tempos tem tentado sacudir a água do capote dos seus estudos «multiplicativos».

Novos desenvolvimentos


No primeiro semestre deste ano o número de passageiros atingiu a soma astronómica de 29 (vinte e nove), um pouco mais de um por semana.

Isso não impediu o ministro do Planeamento e das Infraestruturas do actual governo, como que encarnando um ministro do governo de Sócrates e provando que há mais vida para além da realidade, de pensar o aeroporto de Beja a 200 km como alternativa para aliviar a Portela que rebenta pelas costuras.

Talvez, apesar de continuar a achar que o melhor destino seria o que em tempos foi pensado: «unidade de desmantelamento de aviões».

08/07/2018

A fabricação de uma História de Causas a propósito das Descobertas

Recentemente, o politicamente correcto lusitano (PCL) adicionou à "identidade de género" e ao reconhecimento dos direitos das minorias sexuais uma nova frente de batalha: as descobertas portuguesas dos séculos XV e XVI e, como consequência, a escravatura, tudo visto à luz do esquerdismo infantil do século XXI.

Como suporte teórico para esta nova frente, o PCL dedicou-se à reescrita da História do ponto de vista das suas obsessões. É o que podemos chamar História de Causas, um ramo da Ciência de Causas.

Entre os múltiplos exemplos recentes, registo as teses de Fernanda Câncio, a ex-namorada de José Sócrates (sim, reconheço, não é um bom exemplo) no artigo «O descobrimento de Portugal», publicado no ex-diário da manhã, onde tenta flagelar-nos como povo e convencer-nos a expiar a culpa pela escravatura.

Ora, na verdade, nós já temos demasiadas culpas a expiar e não precisamos de acrescentar mais uma, culpa partilhada por vários povos, incluindo os que somos acusados de escravizar.

Ainda menos precisamos quando o dedo acusador usa maus argumentos baseado numa construção fabricada para falsificar os factos históricos, como aqui mostra o historiador João Pedro Marques refutando as teses da Câncio.

Porque não fiquei surpreendido, ainda outra vez? (3)

Conhecidos os antecedentes da família Kim, não me surpreendeu o cancelamento e a reposição da cimeira,  nem as «novas imagens de satélite (que) mostram ter  a Coreia do Norte feito rápidas melhorias na infraestrutura de seu Centro Científico de Pesquisa Nuclear Yongbyon». (CNN)

E por que haveria de me surpreender ter a Coreia do Norte acusado a administração Trump de «deeply regrettable, unilateral and gangster-like demand for denuclearization» imediatamente a seguir ao secretário de Estado Mike Pompeo ter classificado como «productive» os dois dias de conversações?

07/07/2018

ACREDITE SE QUISER: Não há fartura que não dê em falta

Em teoria, o mundo tem muito dióxido de carbono. Em 2015, o acordo sobre o clima de Paris estabeleceu limites sobre as emissões do gás para evitar temperaturas globais subindo por mais de dois graus Celsius acima da era pré-industrial. Mas na prática, os fabricantes de alimentos e bebidas na Europa que não encontram o suficiente do gás. E esta escassez improvável tende a piorar no futuro.

O CO2 usado nos alimentos é um ingrediente vital: coloca o gás nas bebidas gaseificadas e na cerveja, atordoa os animais antes do abate e evita que as carne e a saladas embaladas se deteriorem. A escassez do gás criou dificuldades nas cadeias de fornecedores dos fabricantes de alimentos e bebidas. Heineken, um fabricante holandês de cerveja holandesa e a Coca-Cola, um gigante de bebidas americana, foram obrigados a fechar algumas das suas fábricas europeias. JD Wetherspoon, uma cadeia britânica de pubs, esgotou algumas marcas de cerveja. O maior matadouro de suínos da Escócia foi forçado a fechar. Em 29 de Junho Warburtons, um fabricante britânico de bolos, disse que o problema afectou as bolachas, fechando metade de sua produção.

Adaptado de Shortages of carbon dioxide in Europe may get worse

Era uma vez um Centeno que foi para Bruxelas ou Dijsselbloem reencarnado como Centeno em Atenas

Como aqui escrevi, há vários Centenos:
  1. o Centeno economista académico, considerado competente, com uma formação sólida e um currículo digno de nota;
  2. o Centeno ministro das Finanças que tem sido um executor fiel das políticas indispensáveis para apaziguar comunistas e bloquistas e manter o seu apoio ao governo; 
  3. o Ronaldo das Finanças, presidente do Eurogrupo, que empresta algum brilho à imagem internacional tradicionalmente embaciada de um Portugal dos Pequeninos e alimenta a fome de reconhecimento de um povo com complexos de inferioridade que vê assim mais um «português no topo do mundo».
Ana Sá Lopes escreve no jornal i sobre o «Centeno a fazer de Dijsselbloem com os gregos», ou seja a referida terceira persona de Centeno:

«Atente-se ao que Mário Centeno mandou os gregos fazerem: “flexibilizar” o mercado de trabalho e continuar as políticas da troika que levaram a Grécia ao esgotamento. Sim, isto foi dito pelo ministro das Finanças de um governo que só existe porque tem o apoio dos comunistas e do Bloco de Esquerda. Aliás, enquanto o comissário Moscovici admitiu em Atenas alguma “flexibilidade”, Centeno opôs-se terminantemente.

Além de ter mandado os gregos flexibilizar e fazer reformas na administração pública – de facto, usando uma linguagem comum à direita e à generalidade dos socialistas europeus –, o ministro das Finanças apoiado pelo PCP e Bloco pede à Grécia para não se desviar das políticas da troika. É esta a quadratura do círculo, este “mito” que o secretário-geral do PCP declarou estar morto. Mas em política há ressurreições. A ver vamos.»

06/07/2018

Títulos inspirados (78) - Uma ambição de vida


Teria a Esganiçada em Chefe Catarina Martins razão na sua moção apresentada à Convenção Nacional do berloquismo onde postula: «Rui Rio assume-se já como futuro colaborador de um governo PS, num bloco central subordinado»?

SERVIÇO PÚBLICO: O milagre do défice tarifário faz toda a gente feliz? (8)

Durante quatro anos, de 2011 a 2014, escrevi vários posts sobre o tema do «défice tarifário» que então apaixonava a nação, sobre o qual muita a gente produzia bitaites e pouca gente entendia do que se tratava.

Com o consolado de Costa o assunto morreu até que Manuel "Corninhos" Pinho foi apanhado nas investigações que o ligavam a um alegado favorecimento à EDP (e aos Espírito Santo), e Costa e o PS tiveram que ir a correr nas véspera do congresso socialista deixar cair o "animal feroz" a quem o "Corninhos" serviu como ministro. Como subproduto surgiram as audições parlamentares às rendas excessivas da EDP.

Para uma dessas audiências parlamentares foi convocado o antigo ministro da Energia Mira Amaral - talvez por engano, porque a criatura não tem papas na língua e borrou a pintura que os socialistas tentavam laboriosamente compor. Eis algumas das suas chocantes afirmações:

«O desastre do sistema elétrico teve origem em 2007, quando o governo de José Sócrates, com Manuel Pinho como ministro da tutela, decidiu instalar 8.000 megawatt [MW] de potência eólica remunerada por 15 a 20 anos com tarifas feed-in (...)

O governo de Sócrates esqueceu-se que já havia muita potência contratada através dos CAE [Contratos de Aquisição de Energia] e CMEC [Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual], os quais asseguravam o pagamento dos custos fixos de centrais que passaram a trabalhar então em apoio às intermitentes, tendo começado a instalar capacidade eólica em duplicação a essa potência existente coberta pelos CAE e CMEC. (...)

Ao atribuir CAE à EDP dava uma previsibilidade [às receitas da empresa] e tornavam-na mais atrativa para a privatização. Eu sei como os governos funcionam, normalmente gostam de embelezar a noiva antes da privatização. Acho que este foi um argumento determinante. (...)

A coisa começa no excesso eólico, depois é que há a propagação aos CMEC. Não culpem só os CMEC, isto é ministro Manuel Pinho. Quando eu lhe tentei explicar o que estava em causa, ele estava tão encantado com isto e eu confesso que desisti de falar com o senhor. Não sei como é que ele é professor de energias, é professor de energias ocultas, talvez.»

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: As elites merdosas e os inexistentes conflitos de interesse (2)

Como que uma continuação daqui.

«Bem vindos pois a um país onde os grandes devedores conseguem continuar a dever sem que nada lhes aconteça enquanto outros, os pequeninos, pelo menos alguns, já tiveram tempo para pagar o que devem e reconstruir as suas vidas. Ou estão ainda a pagar caro os erros que cometeram.

Bem vindos a um país onde um banqueiro pode receber uma liberalidade de um cliente sem que nada lhe aconteça, para além de estar enredado em processos judiciais. Ou ao país em que um banqueiro pode conseguir financiamento para empresas do grupo da família, enganando gananciosos ou analfabetos, sem que nada lhe aconteça. Ou antes, o que lhe acontece é o Estado substitui-lo como credor.

Bem vindos a um país onde modestas pessoas, muitas iletradas e info-excluídas, ficam sem uma agência bancária a poucos quilómetros do sítio isolado onde vivem porque houve homens integrados nas redes do poder que não pagaram o que deviam ao banco do Estado que, por sua vez, concedeu esse crédito por orientações políticas, amiguismo ou critérios duvidosos que estão a ser avaliados pela justiça.

Bem vindos ao reino em que alguns homens, que abriram portas financeiras ou jurídicas para outros homens acederem a centenas de milhões de crédito que lhes dava o estatuto de banqueiros ou empresários, continuam a com poder para ditar as regras que do reino.

Bem vindos ao reino onde se leva à miséria quem deve milhares à banca ou se processa sem dó nem piedade quem deve centenas ao fisco e protege-se, a coberto do sigilo bancário, quem deve centenas de milhões e tem nas costas a responsabilidade do dinheiro que alguns bancos precisaram, nomeadamente a CGD.

Bem vindos ao reino que, numa luta sem quartel pela sua auto preservação, defende-se o sigilo bancário como se fosse um valor absoluto, indiferente à necessidade de apurar responsabilidades que podem mudar mentalidades e atacar o coração de uma elite rentista que condena o povo ao subdesenvolvimento.

Bem vindos ao reino da impunidade, ao reino em que a elite responsável ou cúmplice do problema dos bancos vai armadilhando a justiça com falta de meios e assim se vai preservando.

(...)

Quem assim reina frequentou as mesmas escolas ou colégios, as mesmas faculdades, concentra-se basicamente em Lisboa, é um grupo de amigos e conhecidos que troca cumplicidades e favores. Um grupo transversal aos partidos que vai expurgando quem a ele não pertence ou se atreve a tentar mudar esta elite que controla o poder a seu favor, mesmo com discursos de defesa do povo. Este reino da impunidade terá um dia consequências graves. Por tudo isto mas também pelo que temos assistido nos últimos tempos, resta-nos estar gratos por não termos ainda em Portugal um partido populista de tipo autoritário em Portugal.»

Excerto de «Bem-vindos ao reino da impunidade» de Helena Garrido

Vem a propósito recordar o lema de estimação do (Im)pertinências: Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.

05/07/2018

Manifestações de paranóia/esquizofrenia (27) - A eucaliptofobia como manifestação de esquizofrenia esquerdizante (III)

aqui escrevi sobre o manual da eucaliptofobia «Como resgatar as florestas – Portugal em chamas», de João Camargo e Paulo Pimenta de Castro, respectivamente paneleireiro (de PAN) e berloquista (de Bloco de Esquerda Revolucionária), citando Manuel Carvalho no Público.

Reincido, citando desta vez Henrique Pereira dos Santos (O Estado e o eucalipto), um especialista da floresta, que autopsia o panfleto esquerdista e mostra o quanto é deplorável «o padrão de qualidade técnica do livro, uma boa demonstração do elevado atrevimento a que chega a ignorância».

Henrique Pereira dos Santos conclui que, ao contrário por aqueles duas mentes capturadas pelas teorias da conspiração (ou seja, mentecaptas) «a explicação para a expansão do eucalipto é simples: a fachada NO da Península Ibérica tem condições especialmente favoráveis à produção de eucalipto e, tão relevante como a primeira, o eucalipto tem um modelo de produção que é bastante mais adaptado ao regime de fogo que temos, isto é, permite cortes numa periodicidade em torno dos 12 anos (para menos) e o ciclo de fogo que temos anda pelos 12 a 15 anos

LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: Money for sex or sex for money?

«If the men are irresponsible and it is the only way their wives can get money from them to run the homes, let them go ahead and tax sex.»
Tina Musuya, Ugandan women’s rights activist
«It’s a controversial strategy, but it’s picking up across Uganda, as increasingly emboldened women — backed by rights organizations — battle a patriarchal society where responsibilities and moral norms are both skewed against them. What started out with isolated instances in the capital, Kampala, has exploded into a tactic more and more Ugandan women are employing to get their husbands to pay up for household expenses and atone for refusing to take on home chores.» (OZI)

Merkel em apuros ou de como o inferno político está cheio de boas intenções

As políticas europeias para «refugiados» (e várias outras políticas europeias) são o lugar geométrico dos equívocos. Desde logo porque apenas uma percentagem ínfima dos «refugiados» são refugiados no sentido do Artigo 1 da Convenção de 1951 que define refugiado como
uma pessoa que está fora do seu país de nacionalidade ou de residência habitual e que se encontra impossibilitado ou não pretende retornar devido a um receio bem fundamentado de perseguição baseado na sua raça, religião, nacionalidade, opinião política ou pertença a um grupo social particular.
A maior parte dos «refugiados» são pois migrantes económicos em relação aos quais não se aplica nenhuma convenção internacional nem existe nenhuma obrigação legal de lhes proporcionar autorização de residência.

Continuando com alguns outros equívocos, não necessariamente por uma ordem lógica.

O segundo equívoco é que, diz-se, sendo migrantes existe o dever humanitário de lhes proporcionar residência e emprego. Admitamos que sim. Mas porquê apenas às minorias insignificantes que procura refúgio e não às centenas de milhões que em África, para não falar de outros continentes, teriam as suas vidas melhoradas se residissem na Europa? O que nos conduz ao equívoco seguinte.

O terceiro equívoco é que acolhendo uns milhões de migrantes se esgota o problema das centenas de milhões que lá ficam disponíveis para imigrar na primeira oportunidade, em vez de procurar ajudá-los a desenvolver os seus países, a rejeitar os seus dirigentes corruptos e incompetentes, começando por isolá-los da comunidade internacional em vez de lhes dar colo e, por vezes, vender armas.

O quarto equívoco é que a Europa tem um problema demográfico dramático e precisa de imigrantes. Pois tem, e pois precisa. Mas de quais imigrantes? Não certamente de exércitos de imigrantes iletrados, sem profissão, não dominando nenhuma língua europeia, com culturas e religiões e costumes incompatíveis com os europeus. E não certamente de imigrantes em quantidades tais que são sentidos por uma parte significativa das populações nacionais como uma ameaça.

O quinto equívoco é que a concretização do dever humanitário de acolher os imigrantes, dever supostamente partilhado por todos os governos e por todos os povos da Europa, recai sobre os países como Itália e a Grécia que estão mais à mão de semear.

O sexto equívoco é que a direita é xenófoba e a esquerda é uma espécie de mãezinha ansiosa disposta a acolher no seu seio todos os excluídos do mundo. Angela Merkel e uma parte do CDU e a nossa esquerda do PREC que hostilizou os «retornados» (cidadãos portugueses emigrados nas antigas colónias, recorde-se), são apenas dois exemplos de como as coisas são na verdade mais complexas. 

O sétimo equívoco é que os «refugiados», isto é migrantes, resolvem espontaneamente correr o risco de uma travessia marítima em embarcações de ocasião para chegar ao paraíso europeu. Na verdade esses imigrantes são aliciados por mafias que, ultrapassadas as águas territoriais dos países de origem, pedem socorro às embarcações dos do-gooders das ONG que, com o auxílio da esquerdalhada doméstica que vê a chegada deste imigrantes como o reforço das tropas de choque com que contam para destruir o «capitalismo», tentam chantagear os governos para os acolherem. No caso de governos de esquerda a chantagem é supérflua porque eles transformam o acolhimento numa operação de propaganda, como fez o governo espanhol que para acolher seiscentos e tantos imigrantes montou em Valência uma operação com 2.200 pessoas, incluindo 200 tradutores.

E assim chegamos ao oitavo equívoco que é um político de direita odiado pela esquerdalhada ter passado a ser glorificado pela mesma esquerdalhada por se ter equivocado, imaginando que os alemães estariam dispostos a acolher milhões de imigrantes, pondo em risco o seu governo e, no final, prejudicando a viabilidade das políticas de imigração que defende e acabando a adoptar as que condena para salvar o seu governo. Angela Merkel, ela própria.

03/07/2018

Primeiros resultados da visita de Marcelo ao Donaldo

«Portugal entre os países que Trump quer que dêem mais dinheiro à Nato»

«Não há dinheiro», disse o Costa. Talvez possamos emprestar-lhes o Christian e oferecer-lhes uma caixa de Vinho da Madeira.

Dúvidas (225) - Também tenho essa dúvida

«A DECO vai avançar com uma ação em tribunal contra o Facebook para que os portugueses registados naquela rede social sejam indemnizados pelo uso massivo e indevido dos seus dados» informa-nos a própria DECO.

Como muitos de nós, Helena Matos deve ter recebido da DECO centos de emails não solicitados nem autorizados e pergunta: 

"Ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos a dívida", ameaçou premonitoriamente aquele rapaz do BE que agora é secretário de Estado


Em cinco anos as famílias portuguesas triplicaram o valor investido em dívida pública. Portugueses já têm 14% da dívida direta do Estado.»

Tremerão as pernas dos portugueses mais facilmente do que as pernas dos banqueiros alemães?

ACREDITE SE QUISER: Resgatados, dizem

Fonte
Se não fosse o jornalismo de causas garantir que são «os ocupantes das cinco balsas, de origem subsaariana e magrebina (...) transferidos para o Porto de Tarifa, em Andaluzia», diria que é uma fila para entrada no Rock in Rio.

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (142)

Outras avarias da geringonça.

Segundo Daniel Oliveira, jornalista de causas / militante / comentador / analista e recordista dos ex (ex-comunista, ex-Plataforma de Esquerda, ex-Política XXI, ex-BE, ex-Livre, ex-Tempo de Avançar), esta crónica perdeu a raison d'être. É o que resulta da sua crónica com um título que é uma tese: «A geringonça acabou e quem perde é Costa».

Não estou tão optimista quanto ele está pessimista. Afinal, o apego dos berloquistas ao poder (com os comunistas a coisa é um pouco diferente) é tal que suportam quase tudo, incluindo aquilo a que Oliveira chama a falta de lealdade, como se ela fosse abundante em qualquer dos parceiros do zingarelho.

01/07/2018

Rio e as heranças

«Os factos têm um poder enorme. Passos Coelho herdou o segundo maior partido de Portugal. Rio herdou, de Passos, o maior partido de Portugal. Veremos que partido Rio deixará ao seu sucessor.»

João Marques de Almeida no Observador

Quando a discriminação dos gays é substituída pela discriminação pelos gays

O problema de Candice Wiggins (à esquerda) é gostar de homens
«About to be the first female basketball player inducted into San Diego’s sports hall of fame, Candice Wiggins wanted to make a strong statement for the next generation. She sat down with her hometown paper to speak her truth to her community. It did not go according to plan.

The former WNBA star alleged in a fateful February 2017 interview with The San Diego Union-Tribune that her heterosexual orientation and popularity caused her to be bullied throughout her professional career. Her romantic preference for men, and the accompanying locker room headaches, was the “biggest hurdle of my career.” The kicker: “I would say 98 percent of the women in the WNBA are gay,” Wiggins said at the time. “It was a conformist type of place. There was a whole different set of rules.”» (Ozi)

Françoise Giroud, jornalista, escritora, política e feminista francesa, disse há umas décadas que a igualdade de oportunidades só seria atingida quando uma mulher incompetente fosse preferida a um homem competente. Estamos a atingir esse estágio porque já se escolhem dirigentes por serem mulheres. Com o caso de Candice Wiggins, que não é único, em certas profissões, a discriminação dos gays é substituída pela discriminação pelos gays.