04/07/2018

Merkel em apuros ou de como o inferno político está cheio de boas intenções

As políticas europeias para «refugiados» (e várias outras políticas europeias) são o lugar geométrico dos equívocos. Desde logo porque apenas uma percentagem ínfima dos «refugiados» são refugiados no sentido do Artigo 1 da Convenção de 1951 que define refugiado como
uma pessoa que está fora do seu país de nacionalidade ou de residência habitual e que se encontra impossibilitado ou não pretende retornar devido a um receio bem fundamentado de perseguição baseado na sua raça, religião, nacionalidade, opinião política ou pertença a um grupo social particular.
A maior parte dos «refugiados» são pois migrantes económicos em relação aos quais não se aplica nenhuma convenção internacional nem existe nenhuma obrigação legal de lhes proporcionar autorização de residência.

Continuando com alguns outros equívocos, não necessariamente por uma ordem lógica.

O segundo equívoco é que, diz-se, sendo migrantes existe o dever humanitário de lhes proporcionar residência e emprego. Admitamos que sim. Mas porquê apenas às minorias insignificantes que procura refúgio e não às centenas de milhões que em África, para não falar de outros continentes, teriam as suas vidas melhoradas se residissem na Europa? O que nos conduz ao equívoco seguinte.

O terceiro equívoco é que acolhendo uns milhões de migrantes se esgota o problema das centenas de milhões que lá ficam disponíveis para imigrar na primeira oportunidade, em vez de procurar ajudá-los a desenvolver os seus países, a rejeitar os seus dirigentes corruptos e incompetentes, começando por isolá-los da comunidade internacional em vez de lhes dar colo e, por vezes, vender armas.

O quarto equívoco é que a Europa tem um problema demográfico dramático e precisa de imigrantes. Pois tem, e pois precisa. Mas de quais imigrantes? Não certamente de exércitos de imigrantes iletrados, sem profissão, não dominando nenhuma língua europeia, com culturas e religiões e costumes incompatíveis com os europeus. E não certamente de imigrantes em quantidades tais que são sentidos por uma parte significativa das populações nacionais como uma ameaça.

O quinto equívoco é que a concretização do dever humanitário de acolher os imigrantes, dever supostamente partilhado por todos os governos e por todos os povos da Europa, recai sobre os países como Itália e a Grécia que estão mais à mão de semear.

O sexto equívoco é que a direita é xenófoba e a esquerda é uma espécie de mãezinha ansiosa disposta a acolher no seu seio todos os excluídos do mundo. Angela Merkel e uma parte do CDU e a nossa esquerda do PREC que hostilizou os «retornados» (cidadãos portugueses emigrados nas antigas colónias, recorde-se), são apenas dois exemplos de como as coisas são na verdade mais complexas. 

O sétimo equívoco é que os «refugiados», isto é migrantes, resolvem espontaneamente correr o risco de uma travessia marítima em embarcações de ocasião para chegar ao paraíso europeu. Na verdade esses imigrantes são aliciados por mafias que, ultrapassadas as águas territoriais dos países de origem, pedem socorro às embarcações dos do-gooders das ONG que, com o auxílio da esquerdalhada doméstica que vê a chegada deste imigrantes como o reforço das tropas de choque com que contam para destruir o «capitalismo», tentam chantagear os governos para os acolherem. No caso de governos de esquerda a chantagem é supérflua porque eles transformam o acolhimento numa operação de propaganda, como fez o governo espanhol que para acolher seiscentos e tantos imigrantes montou em Valência uma operação com 2.200 pessoas, incluindo 200 tradutores.

E assim chegamos ao oitavo equívoco que é um político de direita odiado pela esquerdalhada ter passado a ser glorificado pela mesma esquerdalhada por se ter equivocado, imaginando que os alemães estariam dispostos a acolher milhões de imigrantes, pondo em risco o seu governo e, no final, prejudicando a viabilidade das políticas de imigração que defende e acabando a adoptar as que condena para salvar o seu governo. Angela Merkel, ela própria.

1 comentário:

  1. Haverá sempre o antigo facto que a nódoa não escolhe o pano aonde vai repousar.
    O Impertinente no 'falar' e no escrever não é gago nem disléxico.
    Em poucas linhas lembrou aos dementes as Verdades.
    Felicito-o.

    PS (lagarto,lagarto): isto vai acabar muito mal...

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