Outras diferenças que Guterres não fez.
Não obstante todos os esforços do nosso picareta falante mais internacional (enquanto o outro de Belém não o alcançar em internacionalizações), há sempre detractores a apontarem-lhe o dedo, injustamente, será preciso acrescentar?
Desta vez foi Kenneth Roth, director da Human Rights Watch, que acusou o nosso Guterres de «preocupante silêncio» sobre os direitos humanos num artigo do Washington Post. Ora se há coisas que ninguém pode acusar Guterres é de silêncio seja sobre o que for - será preciso recordar o merecido epíteto de picareta falante que lhe foi prantado por Vasco Pulido Valente?
Num estilo mais cínico e não menos detractivo, o antigo primeiro-ministro francês Jean-Pierre Raffarin, põe em dúvida que o nosso Guterres, «homem corajoso, com muita experiência», esteja à altura do difícil desafio. Não passa de inveja do Jean-Pierre que secretamente acalentava a ideia de ser o «homem mais poderoso do mundo», como lhe chamaram os nossos mais encomiásticos opinion dealers e a única coisa que conseguiu foi fundar a ONG Leaders pour la Paix.
30/04/2019
SERVIÇO PÚBLICO: A lição das eleições espanholas
«A lição das transições de poder em Madrid e na Andaluzia em 2018 é que nunca o PSOE ou o PP deixarão de ir para o governo se tiverem votos para isso, venham esses votos de onde vierem. Como António Costa provou em Portugal, todos os votos valem agora o mesmo. O luxo de excluir partidos ditos de “extrema-direita” ou “extrema-esquerda” durou, após a Guerra Fria, apenas enquanto os outros partidos não precisaram deles para disputarem o poder. A extrema-esquerda, por exemplo, exalta-se muito com a extrema-direita. Mas na Grécia, o Syriza governou durante quatro anos com um partido, o Anel, que se por acaso estivesse no poder em coligação com a direita, todos os dias seria denunciado como racista e fascista. A regra é simples: só os “extremistas” que ajudarem os nossos inimigos é que são maus. Não vale a pena fingir que não é assim.»
Três avisos por causa das eleições espanholas, Rui Ramos no Observador
Três avisos por causa das eleições espanholas, Rui Ramos no Observador
29/04/2019
Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (185)
Outras avarias da geringonça e do país.
Começam a ser visíveis para o exterior os sinais de decomposição da geringonça como mostra o episódio das PPP da Saúde, que a ministra da Saúde aceitou, com o aval de Costa, fossem proibidas no futuro no documento em discussão com o BE para revisão da Lei de Bases da Saúde. Proibição que Costa, pressionado, resolveu deixar cair, desculpando-se ser um documento de trabalho, para poucos dias depois ser desmentido publicamente pelo BE que mandou para as redacções dos jornais a proposta do governo que continha essa proibição. Pressionado por fora e muito por dentro, essa é a novidade, por dirigentes socialistas como Carlos César que se demarcaram desse passo colectivista - «isto não é a União Soviética» disse um anónimo do grupo parlamentar do PS. Passo colectivista que ainda não se percebeu se era apenas fruto da necessidade de manter a cama quente para os berloquistas ou também reflexo da costela soviética de Costa.
Uma palavra para a ministra da Saúde, um óbvio erro de casting, dirão os distraídos, De todo, pelo contrário. Escreveu João Vieira Pereira no Expresso, «é a pessoa certa na altura certa. Uma ministra fraca, numa pasta que ser quer fraca pois toda a política de Saúde, além de ser feita na sede do Bloco de Esquerda, está condicionada pela insistente recusa de Mário Centeno em passar cheques».
Começam a ser visíveis para o exterior os sinais de decomposição da geringonça como mostra o episódio das PPP da Saúde, que a ministra da Saúde aceitou, com o aval de Costa, fossem proibidas no futuro no documento em discussão com o BE para revisão da Lei de Bases da Saúde. Proibição que Costa, pressionado, resolveu deixar cair, desculpando-se ser um documento de trabalho, para poucos dias depois ser desmentido publicamente pelo BE que mandou para as redacções dos jornais a proposta do governo que continha essa proibição. Pressionado por fora e muito por dentro, essa é a novidade, por dirigentes socialistas como Carlos César que se demarcaram desse passo colectivista - «isto não é a União Soviética» disse um anónimo do grupo parlamentar do PS. Passo colectivista que ainda não se percebeu se era apenas fruto da necessidade de manter a cama quente para os berloquistas ou também reflexo da costela soviética de Costa.
Uma palavra para a ministra da Saúde, um óbvio erro de casting, dirão os distraídos, De todo, pelo contrário. Escreveu João Vieira Pereira no Expresso, «é a pessoa certa na altura certa. Uma ministra fraca, numa pasta que ser quer fraca pois toda a política de Saúde, além de ser feita na sede do Bloco de Esquerda, está condicionada pela insistente recusa de Mário Centeno em passar cheques».
28/04/2019
ACREDITE SE QUISER: E há quem diga que os comunistas não são democratas...
Claro que são democratas. Em rigor, depende do que se entenda por democracia, já explicou o chefe deles.
Faltava dizer que os comunistas não têm «uma visão da democracia como podendo ser imposta aos povos contra a sua vontade». Faltava mas já não falta. Acabou de ser dita em entrevista ao Expresso por João Ferreira, o apparatchik nomeado para chefe da lista da CDU às eleições europeias,
Assim se vê a diferença entre a fortíssima convicção democrática dos comunistas que respeitam a vontade do povo e os fascistas como o general Figueiredo, o último dos chefes da ditadura militar que governou o Brasil, que em 1978, ao ser questionado sobre o anúncio da democratização do regime, não querendo saber da vontade do povo, declarou «É para abrir mesmo. E quem quiser que não abra, eu prendo. Arrebento.»
E como se sabe qual é a vontade do povo? Perguntarão os cépticos. E a resposta é, pergunta-se ao partido. De que outra forma poderia ser?
Faltava dizer que os comunistas não têm «uma visão da democracia como podendo ser imposta aos povos contra a sua vontade». Faltava mas já não falta. Acabou de ser dita em entrevista ao Expresso por João Ferreira, o apparatchik nomeado para chefe da lista da CDU às eleições europeias,
Assim se vê a diferença entre a fortíssima convicção democrática dos comunistas que respeitam a vontade do povo e os fascistas como o general Figueiredo, o último dos chefes da ditadura militar que governou o Brasil, que em 1978, ao ser questionado sobre o anúncio da democratização do regime, não querendo saber da vontade do povo, declarou «É para abrir mesmo. E quem quiser que não abra, eu prendo. Arrebento.»
E como se sabe qual é a vontade do povo? Perguntarão os cépticos. E a resposta é, pergunta-se ao partido. De que outra forma poderia ser?
O milagre dos cravos transforma vigaristas em incompreendidos, ditadores em democratas e o governo em oposição
Os cravos apareceram após 64 anos e ainda por aí andam cada vez mais murchos (Créditos) |
Mas a esta transfiguração que já estávamos mais ou menos habituados acresceu este ano um mistério que a teologia não explica mas a política esclarece: os ministros e os parceiros do Governo puseram cravo ao peito e de imediato deixaram de ser Governo para se tornarem oposição. Na avenida da Liberdade, cravo na mão, a ministra da Saúde já não é a ministra que tem de explicar como foram retirados nomes das listas de espera para se tornar numa manifestante defensora do mesmo SNS que deixa degradar a níveis nunca vistos. Já o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes transfigurou-se em jovem e desfilou com os manifestantes da Juventude Socialista que gritavam: “Queremos revolução, socialistas em acção“. Sendo certo que a única revolução que está por fazer em Portugal é precisamente a que derrube a ditadura fiscal presidida pela secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, cabe perguntar se o senhor secretário de Estado dos Assuntos Fiscais quando miraculado em jovem manifestante nos toma por parvos ou se faz parvo? Por fim o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, desembaraçado do Porsche, além do cravo muniu-se de calças de ganga, o que para o caso faz do seu um milagre ainda mais promissor.»
O milagre dos cravos, Helena Matos no Observador
27/04/2019
O Redondo Vocábulo, o contraponto a um 25 de Abril impertinente
Aqui no (Im)pertinências somos fanáticos do pluralismo e, por isso, em contraponto a este nosso post reaccionário, derrotista, hipercrítico, super-pessimista, acolhemos a peça progressista, visionária, laudatória, antecipatória dos amanhãs que cantam, do jornalista Valdemar Cruz no Expresso Curto, a newsletter do semanário de reverência.
«Abril. Os equívocos e ditames do novo Acordo Ortográfico apoucaram-lhe a ortografia. Não lhe diminuíram a grandeza. Abril. Em abril nos queremos. Em abril nos vemos. Em abril nos revemos. Abril não é sonho, nem utopia. Abril não é um estado de espírito. E, ainda assim, não há abril sem a dimensão do sonho. Não há abril sem o desejo de utopia. Não há abril sem esse imenso e solidário espírito de entrega. De dádiva. Abril não é um estado de exceção. É uma forma de ser. E de estar. É a normalidade adquirida de um país reencontrado com um povo sedento de liberdade. A ansiar democracia.
Abril é um estado em construção. Não é um ponto de chegada. É tão só um início de viagem. Cada um terá o seu próprio abril. Cada um esboçará a sua própria representação de abril. Cada um terá as suas próprias frustrações. A cada um as suas muito particulares revoltas e devoções. Pelo abril que (não) se cumpriu. Em cada rosto se idealiza um percurso. Em cada rosto se narra uma história. Em cada história se desvenda um mundo. São muitos e infinitos os mundos de abril. Às vezes contraditórios. Às vezes incompatíveis. Às vezes conflituais.
Em cada instante abril nasce de novo. Reformula-se. Reequaciona-se. Interpela-nos. Desafia-nos. Abala certezas adquiridas. Questiona verdades tidas por intocáveis. Absolutas. Essa a grandeza de uma data. Essa a glória derramada pela memória do tempo vivido e construído. Em abril. Por abril. E pelo abril sem o qual jamais seríamos o país que somos. Com todas as suas fragilidades. Com todas as suas grandezas. 25 de Abril foi ontem. 25 de Abril é hoje. 25 de Abril será sempre. Se soubermos lutar. Se o soubermos defender. Se o soubermos preservar . Se o soubermos continuar.
Liberto. Sem amarras. Sem donos. Abril é o absoluto e redondo vocábulo.»
Depois deste banho de ilusionismo utópico, talvez convenha regressar ao mundo real com uma citação do artigo «25A: viver no passado, evitar o presente, fugir do futuro» do "estrangeirado" Nuno Garoupa:
O Redondo Vocábulo
«Abril. Os equívocos e ditames do novo Acordo Ortográfico apoucaram-lhe a ortografia. Não lhe diminuíram a grandeza. Abril. Em abril nos queremos. Em abril nos vemos. Em abril nos revemos. Abril não é sonho, nem utopia. Abril não é um estado de espírito. E, ainda assim, não há abril sem a dimensão do sonho. Não há abril sem o desejo de utopia. Não há abril sem esse imenso e solidário espírito de entrega. De dádiva. Abril não é um estado de exceção. É uma forma de ser. E de estar. É a normalidade adquirida de um país reencontrado com um povo sedento de liberdade. A ansiar democracia.
Abril é um estado em construção. Não é um ponto de chegada. É tão só um início de viagem. Cada um terá o seu próprio abril. Cada um esboçará a sua própria representação de abril. Cada um terá as suas próprias frustrações. A cada um as suas muito particulares revoltas e devoções. Pelo abril que (não) se cumpriu. Em cada rosto se idealiza um percurso. Em cada rosto se narra uma história. Em cada história se desvenda um mundo. São muitos e infinitos os mundos de abril. Às vezes contraditórios. Às vezes incompatíveis. Às vezes conflituais.
Em cada instante abril nasce de novo. Reformula-se. Reequaciona-se. Interpela-nos. Desafia-nos. Abala certezas adquiridas. Questiona verdades tidas por intocáveis. Absolutas. Essa a grandeza de uma data. Essa a glória derramada pela memória do tempo vivido e construído. Em abril. Por abril. E pelo abril sem o qual jamais seríamos o país que somos. Com todas as suas fragilidades. Com todas as suas grandezas. 25 de Abril foi ontem. 25 de Abril é hoje. 25 de Abril será sempre. Se soubermos lutar. Se o soubermos defender. Se o soubermos preservar . Se o soubermos continuar.
Liberto. Sem amarras. Sem donos. Abril é o absoluto e redondo vocábulo.»
Depois deste banho de ilusionismo utópico, talvez convenha regressar ao mundo real com uma citação do artigo «25A: viver no passado, evitar o presente, fugir do futuro» do "estrangeirado" Nuno Garoupa:
«Sejamos sinceros. As coisas são assim porque os eleitores gostam, a sociedade civil não existe e a comunicação social demitiu-se de escrutinar o regime.»
26/04/2019
E assim se vê por que temos de ter um banco público prosseguindo infatigavelmente o interesse nacional...
... ainda que isso nos custe os olhos da cara (e do cu).
Campanha de crédito “imbatível” está a chegar por email a clientes. Banco justifica com metas “extremamente exigentes”. E diz que não está a promover o endividamento, pois clientes acederiam na mesma a outras opções de financiamento do mercado.»
É claro que há outras razões também de interesse nacional, como por exemplo os empréstimos a Berardo e ao Vasconcelos para comprar acções do BCP e ajudar a colocar na administração os amigos do animal feroz, ou o financiamento dos PIN (Projectos Impossíveis de Negar), e tudo o mais sempre no interesse nacional, para fazer da Caixa «um porto seguro para as poupanças dos portugueses».
Nada se perde, salvo as cabeças guilhotinadas
Lavoisier e sua mulher em 1788, Metropolitan Museum of Art, NY |
Lavoisier enunciou pela primeira vez a lei da conservação da matéria («rien ne se perd, rien ne se crée, tout se transforme»), decompôs a água e identificou e baptizou o oxigénio.
Tudo isso foi feito nos escassos 45 anos de idade que viveu antes de ser guilhotinado depois de um julgamento sumário durante o Terror, acusado de ser inimigo do povo e traficar tabaco adulterado (na verdade podia ter sido qualquer outra coisa).
Antes do Terror tinha sido comissário das finanças da Convenção encarregado de reformar a cobrança de impostos, talvez o verdadeiro motivo por que lhe cortaram a cabeça.
Nas palavras do presidente do tribunal revolucionário que o condenou: «La République n'a pas besoin de savants ni de chimistes; le cours de la justice ne peut être suspendu.»
25/04/2019
DIÁRIO DE BORDO: Um 25 de Abril impertinente
O meu 25 de Abril foi o dia em que comecei a descobrir que as coisas não eram o que pareciam ser.
Em que comecei a descobrir que o país estava coalhado de democratas, socialistas e comunistas nunca antes vistos, nascidos nos escombros do colapso por vício próprio do edifício decadente do Estado Novo. Pouco a pouco, nos dias e meses seguintes, para minha surpresa, o coalho derramou-se pelo país numa maré do coming out, como lhe chamaríamos hoje. Em cada empregado servil, venerador, de espinha dobrada e mão estendida, havia um heróico sindicalista pronto a lutar pelos direitos dos trabalhadores e pelo «saneamento» do patrão.
Em que comecei a descobrir como tinha sido possível o marcelismo ter-se mantido de pé 6 longos anos, depois do Botas ter caído da célebre e providencial cadeira. Que nunca tinha havido uma oposição digna desse nome. Que a mole imensa do povinho lá tinha feito pela vidinha, esgueirando-se pelas frestas das fronteiras, pelas cunhas da tropa e pelas veredas das guerras do ultramar.
Em que comecei a perceber que o leitmotiv do drama não era uma ditadura suportada por uma direita retrógrada e infinitamente estúpida. Nem era uma ditadura provinciana, bafienta, decadente, de brandos costumes, que mantinha um número de presos políticos que envergonharia qualquer ditadura à séria (112, depois dum mês agitado de prisões).
Em que comecei a perceber que também não era a guerra colonial, que em 25 anos fez o equivalente ao número de mortos de 4 ou 5 anos de guerra rodoviária. Nem a guerra cujo fim foi uma humilhante fuga às responsabilidades (nem mais um só soldado para as colónias, berravam os bloquistas avant la lettre) que desencadeou em Angola, Moçambique e Timor a enorme hecatombe humana dos 20 anos seguintes.
Em que comecei a perceber que o leitmotiv do drama era a resposta à pergunta: como foi possível a uma tal ditadura manter-se quase 50 longos anos sem ter sido seriamente ameaçada?
Em que comecei a perceber que o 25 de Abril foi princípio do fim das nossas desculpas como povo. Que nada adiantaria sacudir a água do capote, e mandar a coisa para cima dos eles que escolhemos para nos desgovernarem.
E foi neste 25 de Abril que descobri que já não me restava pachorra para aturar, mais um ano, as comemorações do gang do esquerdismo senil que se julga proprietário da data.
[Este post foi publicado no trigésimo aniversário da chamada revolução dos cravos. Hoje poderia escrever o mesmo, mas não foi preciso porque já estava escrito.]
Em que comecei a descobrir que o país estava coalhado de democratas, socialistas e comunistas nunca antes vistos, nascidos nos escombros do colapso por vício próprio do edifício decadente do Estado Novo. Pouco a pouco, nos dias e meses seguintes, para minha surpresa, o coalho derramou-se pelo país numa maré do coming out, como lhe chamaríamos hoje. Em cada empregado servil, venerador, de espinha dobrada e mão estendida, havia um heróico sindicalista pronto a lutar pelos direitos dos trabalhadores e pelo «saneamento» do patrão.
Em que comecei a descobrir como tinha sido possível o marcelismo ter-se mantido de pé 6 longos anos, depois do Botas ter caído da célebre e providencial cadeira. Que nunca tinha havido uma oposição digna desse nome. Que a mole imensa do povinho lá tinha feito pela vidinha, esgueirando-se pelas frestas das fronteiras, pelas cunhas da tropa e pelas veredas das guerras do ultramar.
Em que comecei a perceber que o leitmotiv do drama não era uma ditadura suportada por uma direita retrógrada e infinitamente estúpida. Nem era uma ditadura provinciana, bafienta, decadente, de brandos costumes, que mantinha um número de presos políticos que envergonharia qualquer ditadura à séria (112, depois dum mês agitado de prisões).
Em que comecei a perceber que também não era a guerra colonial, que em 25 anos fez o equivalente ao número de mortos de 4 ou 5 anos de guerra rodoviária. Nem a guerra cujo fim foi uma humilhante fuga às responsabilidades (nem mais um só soldado para as colónias, berravam os bloquistas avant la lettre) que desencadeou em Angola, Moçambique e Timor a enorme hecatombe humana dos 20 anos seguintes.
Em que comecei a perceber que o leitmotiv do drama era a resposta à pergunta: como foi possível a uma tal ditadura manter-se quase 50 longos anos sem ter sido seriamente ameaçada?
Em que comecei a perceber que o 25 de Abril foi princípio do fim das nossas desculpas como povo. Que nada adiantaria sacudir a água do capote, e mandar a coisa para cima dos eles que escolhemos para nos desgovernarem.
E foi neste 25 de Abril que descobri que já não me restava pachorra para aturar, mais um ano, as comemorações do gang do esquerdismo senil que se julga proprietário da data.
[Este post foi publicado no trigésimo aniversário da chamada revolução dos cravos. Hoje poderia escrever o mesmo, mas não foi preciso porque já estava escrito.]
Os cenários do Ronaldo caiem por terra porque não têm nada que os segure
Foi o título escolhido pelo DN para um artigo onde explica que Nazaré Costa Cabral, a presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP), na Comissão de Orçamento e Finanças, no Parlamento, considerou que as previsões do Programa de Estabilidade 2019-2023 apresentadas pelo Ronaldo das Finanças «não são prudentes» devido ao arrefecimento da economia alemã e ao risco de declínio do turismo.
Tendo em conta que o crescimento da economia portuguesa, ainda que pífio e em queda, durante o mandato deste governo apoiado pela geringonça se ficou a dever exclusivamente ao puxanço das economias europeias e ao turismo, um título mais rigoroso seria «Alemanha e turismo podem deixar de segurar os cenários de Centeno», mas percebe-se a dificuldade de um jornal que vai para quatro anos atribui ao governo a obra da conjuntura internacional.
24/04/2019
Lost in translation (321) - Tenho esperança que ele transforme a acusação numa solução homeopática, quis o animal feroz significar
«Há um juiz que respeito e que considero independente», disse em entrevista à TVI José Sócrates, o alegado criminoso preferido dos mídia que lhe concedem mais tempo de antena desde pelo menos D. João II, referindo-se a Ivo Rosa o juiz da Operação Marquês a quem saiu na rifa dirigir a fase de instrução onde o ex-primeiro-ministro socialista é «acusado de 31 crimes e de acumular 24 milhões de euros na Suíça».
SERVIÇO PÚBLICO: As raízes do Brexit
Talvez pelo seu passado de causas fracturantes, quando já tinha idade para ter juízo, não tenho levado muito a sério Sérgio Sousa Pinto. Por isso, foi com alguma surpresa que li no Expresso do fim de semana o seu texto «Os ingleses na sua ilha», uma visão lúcida sobre as raízes do Brexit que aqui transcrevo em benefício dos leitores que não frequentam o semanário de reverência.
«A confusão e caos em que o 'Brexit' se transformou têm sido um bálsamo para inúmeras famílias no continente. A esquerda arcaica, a esquerda cosmopolita e globalista, a direita liberal, os beatos da Europa, os seus senhores, e, por todos, a picareta falante Guy Verhofstadt, escondem mal o seu íntimo regozijo com a débâcle britânica, e sobretudo inglesa. Infelizmente, não há razões para festejos. A saída do Reino Unido representa muito mais do que uma perda quantitativa para a Europa, medida em PIB, comércio, orçamento, influência. A saída do Reino Unido terá um impacto qualitativo na Europa pós-'Brexit', no sentido em que a Europa sairá modificada na sua natureza, resultará numa qualquer outra coisa, ainda impossível de antecipar, transformada a um nível muito mais profundo do que a mera amputação de uma ilha. O que o futuro reserva ao Reino Unido não é problema nosso. O impacto da sua saída no projeto de integração continental, no seu desenho e no seu. destino, não pode deixar de o ser. A Europa é tributária de um núcleo de valores políticos e históricos, que são o legado cultural britânico à nossa civilização comum, e de que o Reino Unido tem sido, à sua maneira, guardião. O espírito da integração europeia repousa, em não pequena medida, na adesão de todos a esse tronco central, à tradição da liberdade e às suas instituições, que, devidamente testadas pelo tempo, a garantem. Uma parte importante da Europa que saiu de si para ir ao encontro do mundo, a Europa pós-colonial, separa-se do conjunto, deixando-nos num plano inclinado, que adorna em direção ao centro europeu, germânico, eslavo, de tradição e cultura mais comunitarista que liberal.
23/04/2019
Olha que grande novidade... Tiremos daí as consequências
«Em 2016 havia 6.109 filiais estrangeiras no país, o que representava 0,73% do universo empresarial (excluindo o sector financeiro e segurador). Esta percentagem era a sexta mais baixa entre todos os 28 países da União Europeia (UE) e ficava bem abaixo da média da UE, que atingia 1,2%. E Portugal também ficava aquém da média da UE em termos do peso das filiais estrangeiras no emprego - 13,1% versus 15,3% - e no valor acrescentado bruto a custo de fatores - 24% contra 25%. (...)
Em 2016, a produtividade por trabalhador (valor acrescentado bruto por pessoa empregada) atingia 45,4 mil euros, em média, nas filiais estrangeiras em Portugal, o que comparava com 24,9 mil euros no conjunto do tecido empresarial. Tradução: um diferencial de 82,3%, o nono maior entre os 28 países da UE.
Quanto aos custos médios com pessoal atingiam, em 2016 (valor anual), 24,6 mil euros nas filiais estrangeiras e 17,5 mil euros no conjunto de todas as empresas no país. Ou seja, em média, nas filiais estrangeiras os salários eram 40,6% superiores, colocando Portugal na sétima posição entre os 13 países da UE para os quais há dados disponíveis no que toca a este diferencial.»
(Dados do Eurostat citados pelo Expresso Diário)
E porquê? Pelas razões do costume: (1) o capital por trabalhador nas filiais estrangeiras é mais elevado o que permite um nível de automação maior; (2) a qualificação dos trabalhadores é mais alta e (3) a qualidade da gestão dessas filiais é melhor.
O que é preciso para se chegar lá? Mais desses ingredientes e tempo (muito tempo). E como se chega lá? Não se chega com o complexo político-empresarial socialista nem com a fórmula preferida da esquerdalhada que é aumentar os salários e esperar que isso aumente a produtividade. Isso é seguro. O resto podemos discutir.
Em 2016, a produtividade por trabalhador (valor acrescentado bruto por pessoa empregada) atingia 45,4 mil euros, em média, nas filiais estrangeiras em Portugal, o que comparava com 24,9 mil euros no conjunto do tecido empresarial. Tradução: um diferencial de 82,3%, o nono maior entre os 28 países da UE.
Quanto aos custos médios com pessoal atingiam, em 2016 (valor anual), 24,6 mil euros nas filiais estrangeiras e 17,5 mil euros no conjunto de todas as empresas no país. Ou seja, em média, nas filiais estrangeiras os salários eram 40,6% superiores, colocando Portugal na sétima posição entre os 13 países da UE para os quais há dados disponíveis no que toca a este diferencial.»
(Dados do Eurostat citados pelo Expresso Diário)
E porquê? Pelas razões do costume: (1) o capital por trabalhador nas filiais estrangeiras é mais elevado o que permite um nível de automação maior; (2) a qualificação dos trabalhadores é mais alta e (3) a qualidade da gestão dessas filiais é melhor.
O que é preciso para se chegar lá? Mais desses ingredientes e tempo (muito tempo). E como se chega lá? Não se chega com o complexo político-empresarial socialista nem com a fórmula preferida da esquerdalhada que é aumentar os salários e esperar que isso aumente a produtividade. Isso é seguro. O resto podemos discutir.
Um palhaço-presidente é a mesma coisa que um presidente-palhaço?
Os ucranianos elegeram este fim de semana como presidente Volodymyr Zelensky, um comediante cuja experiência política se resume a ter protagonizado na série «O Servo do Povo» um professor de História que se tornou presidente.
Há quem diga que os ucranianos elegeram um palhaço para presidente o que até pode ser verdade, mas não é original.
Há quem diga que os ucranianos elegeram um palhaço para presidente o que até pode ser verdade, mas não é original.
22/04/2019
Os extremismos são todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros
Qual a diferença entre um atentado bombista por fanáticos cristãos e um atentado bombista por fanáticos islâmicos?
Ao contrário do primeiro, no segundo Não há ódio. Não há autor. Não há motivo. As explosões explodem e as pessoas morrem.
Ao contrário do primeiro, no segundo Não há ódio. Não há autor. Não há motivo. As explosões explodem e as pessoas morrem.
Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (184)
Outras avarias da geringonça e do país.
Um estudo sobre Segurança Social patrocinado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos tornou público um segredo de Polichinelo: a longo prazo o sistema de pensões é insustentável. Depois de várias reformas "definitivas" da Segurança Social da iniciativa de governos socialistas, o ministro socialista do pelouro desvalorizou as conclusões com os truques habituais que fazem soar a campainha de milhões de idiotas atribuindo ao estudo o propósito de «abrir o mercado aos privados», aproveitando para anunciar um novo aumento real das pensões em 2020, a que se seguiu o recado de Costa na imprensa amiga de taxar os lucros para financiar as pensões. É a reacção lógica de quem mede o interesse nacional pelo impacto nos seus resultados nas eleições deste ano.
Um dos exemplos mais notáveis, e eles não faltam, do desinteresse pelos conflitos de interesse da casta socialista, dos novos situacionistas, como lhes chamou com propriedade Helena Matos, é o bonzo jurídico do regime, Eduardo Paz Ferreira, que na sua qualidade de especialista em Finanças Públicas facturou quase 600 mil euros a organismos públicos durante o governo em que sua mulher é ministra da Justiça. Mais notável do que ter facturado - já o tinha feito quase à mesma escala no governo anterior - é ele não ter visto nisso qualquer problema ético, mesmo quando actua como advogado para contestar o Tribunal de Contas.
Um estudo sobre Segurança Social patrocinado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos tornou público um segredo de Polichinelo: a longo prazo o sistema de pensões é insustentável. Depois de várias reformas "definitivas" da Segurança Social da iniciativa de governos socialistas, o ministro socialista do pelouro desvalorizou as conclusões com os truques habituais que fazem soar a campainha de milhões de idiotas atribuindo ao estudo o propósito de «abrir o mercado aos privados», aproveitando para anunciar um novo aumento real das pensões em 2020, a que se seguiu o recado de Costa na imprensa amiga de taxar os lucros para financiar as pensões. É a reacção lógica de quem mede o interesse nacional pelo impacto nos seus resultados nas eleições deste ano.
Um dos exemplos mais notáveis, e eles não faltam, do desinteresse pelos conflitos de interesse da casta socialista, dos novos situacionistas, como lhes chamou com propriedade Helena Matos, é o bonzo jurídico do regime, Eduardo Paz Ferreira, que na sua qualidade de especialista em Finanças Públicas facturou quase 600 mil euros a organismos públicos durante o governo em que sua mulher é ministra da Justiça. Mais notável do que ter facturado - já o tinha feito quase à mesma escala no governo anterior - é ele não ter visto nisso qualquer problema ético, mesmo quando actua como advogado para contestar o Tribunal de Contas.
21/04/2019
LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: Vamos todos fingir que o problema não existe? Sim, vamos
A propósito da divulgação a semana passada do estudo sobre a Segurança Social da Fundação Francisco Manuel dos Santos, pensei comentar outra vez o tema mas descobri depois de 15 anos de posts do (Im)pertinências sobre este tema (por exemplo este, este ou este sobre como para tapar o défice se alargou o buraco da Segurança Social), não me lembrava, assim de repente, nada que não tivesse já dito. Só para encher tempo de antena, resolvi desenterrar da minha Torre do Tombo privada um post com quase quatro anos que republico esperando a vossa benevolência.
Onde estamos depois das reformas do sistema de segurança social que nos foram prometidas garantir a sustentabilidade para os próximos 50 anos ou até durante o século XXI? Mais próximo da insustentabilidade, bem entendido.
Também podemos assobiar para o lado e dizer que isso é um problema europeu, o que nada resolve porque, como diz o povo, com os problemas dos outros podemos nós bem. Ainda assim, do ponto de vista demográfico o nosso problema é maior do que a média: o nosso rácio de dependência dos idosos está e estará acima da média da Zona Euro e a população activa terá uma redução 6 pontos percentuais acima da redução média da Zona Euro até 2030. Ou seja mais pensionistas e menos contribuintes.
Qual a solução? Reduzir as prestações e/ou aumentar as contribuições, diria Monsieur de La Palice, não sendo socialista.
Onde estamos depois das reformas do sistema de segurança social que nos foram prometidas garantir a sustentabilidade para os próximos 50 anos ou até durante o século XXI? Mais próximo da insustentabilidade, bem entendido.
Fonte: Economist |
Qual a solução? Reduzir as prestações e/ou aumentar as contribuições, diria Monsieur de La Palice, não sendo socialista.
20/04/2019
A maldição da tabuada (50) - A psicologia clínica e forense convive mal com a aritmética mais elementar
«A elevada taxa de suicídio nas forças de segurança é o tema analisado na segunda das duas crónicas bimensais de abril pelo psicólogo clínico e forense Mauro Paulino.
Entre 2000 e 2018 suicidaram-se 71 agentes da PSP e 73 guardas da GNR, um total de 144 mortes noticiadas na comunicação social, mas que não espelham a realidade de um tema tabu que se teima em não querer enfrentar ou que insistentemente se silencia, como se esta postura fosse, por si só, trazer mudanças.»
Excerto de «O suicídio de pessoas que estão para além da farda» no Expresso Diário do dia 15 de Abril.
Analisemos então o tema tabu com base nos dados demográficos disponíveis:
Entre 2000 e 2018 suicidaram-se 71 agentes da PSP e 73 guardas da GNR, um total de 144 mortes noticiadas na comunicação social, mas que não espelham a realidade de um tema tabu que se teima em não querer enfrentar ou que insistentemente se silencia, como se esta postura fosse, por si só, trazer mudanças.»
Excerto de «O suicídio de pessoas que estão para além da farda» no Expresso Diário do dia 15 de Abril.
- Segundo a peça citada, nos 19 anos de 2000 a 2018 suicidaram-se 144 agentes ou 7,6 por ano;
- Existiam em 2017 em Portugal 21.350 polícias e 22.365 guardas da GNR (fonte PORDATA); admitindo que nesse período existissem em média 40 mil agentes teriam-se suicidado 0,19 por ano;
- Admitamos para simplificar que todos os polícias eram homens entre os 25 e os 64 anos e comparemos com a população residente masculina;
- Segundo o Censo 2011 residiam em Portugal cerca de 5.047 mil homens e, segundo as estatísticas do INE, os suicídios causaram 981 mortes em 2016, dos quais cerca de 76% eram homens, ou seja 748 mortes ou o equivalente a 0,15 suicídios por mil homens residentes, uma taxa um pouco inferior à das forças de segurança;
- Porém, se admitirmos que as taxas de suicídio são muito mais baixas nos jovens e comparamos as 748 mortes por suicídio com a população residente masculina com mais de 25 anos que rondava os 3.964 mil, as 748 mortes corresponderiam a 0,19 por mil homens residentes, ou seja por coincidência a taxa das forças de segurança.
- de acordo com aquelas premissas aproximadas, não há nenhuma razão para concluir que o suicídio nas forças de segurança seja um problema mais grave do que na população masculina em geral;
- de onde poderíamos concluir que a psicologia clínica e forense convive mal com a aritmética mais elementar.
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (81) - Estranha-se e não se deve entranhar ou teremos um Salazar encarnado num Carmona
Outras preces
«Não só é estranho o Presidente, como órgão unipessoal que é, querer proibir-se a si próprio de efectuar nomeações de familiares, que ninguém o obriga a realizar, como também é insólito o Presidente da República assumir junto do Governo uma iniciativa legislativa, o que está ao arrepio de todas as suas competências constitucionais.»
Um Presidente para legislar, Luís Menezes Leitão no Jornal i
«Não só é estranho o Presidente, como órgão unipessoal que é, querer proibir-se a si próprio de efectuar nomeações de familiares, que ninguém o obriga a realizar, como também é insólito o Presidente da República assumir junto do Governo uma iniciativa legislativa, o que está ao arrepio de todas as suas competências constitucionais.»
Um Presidente para legislar, Luís Menezes Leitão no Jornal i
19/04/2019
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (15) - E porque não em Stonehenge?
Outros portugueses no topo do mundo.
«Stonehenge foi feito por antepassados de portugueses»
Foi o título escolhido pelo Diário de Notícias para sacar entre as brumas da memória mais um grande feito dos nossos egrégios avós. Algures 30 séculos AC, os nossos antepassados resolveram passar férias no Sul de Inglaterra. Lá chegados, constataram que não tinham calendário e, munidos do saber refinado com a profusão de menires, antas, dólmens e cromeleques espalhados pela Pátria de origem, construíram um com megalitos em Stonehenge, pensei com o meus botões.
Continuei a ler e afinal não. Segundo nos ensina o prestimoso diário, citando a revista Natura Ecology & Evolution, «através da análise ao ADN de ossos de homens do neolítico encontrados na Grã Bretanha, mostra que os antepassados do povo que construiu Stonehenge três séculos antes do nascimento de Cristo saíram da Anatólia, viajando pelo Mediterrâneo até à Ibéria, de onde partiram mais tarde para norte.»
O neolítico começa há uns 120 séculos AC e prolonga-se até há uns 45 séculos AC, e Stonehenge supõe-se ter sido erguida em diversas fases entre 30 a 20 séculos AC. Ora. segundo a cronologia do prestimoso diário, Stonehenge teria sido construída três séculos antes do nascimento de Cristo, de onde o DN está a falar de outra Stonehenge, talvez um bairro para emigrantes no planalto de Salisbury no Wiltshire. Em qualquer caso, afinal os antepassados de portugueses eram da Anatólia, a actual parte ocidental da Turquia, de onde seria preferível chamar-lhes antepassados dos turcos. E pronto, lá se perdeu uma oportunidade gloriosa para encontrar mais portugueses no topo do mundo.
18/04/2019
Ele é incompetente mas não por ter sido pedreiro. Ele é incompetente por continuar a ser pedreiro
«De ajudante de pedreiro a ministro. De eurodeputado a comissário europeu. Pedro Marques já foi promovido ao seu nível de incompetência.»
«Like & Dislike: Pedro Marques e o princípio de Peter», Pedro Sousa Carvalho no Jornal Eco
Declaração de interesse: nunca foi pedreiro de profissão, apesar de já ter posto pedras em cima de outras pedras e de várias coisas - por exemplo em cima de um assunto como este.
«Like & Dislike: Pedro Marques e o princípio de Peter», Pedro Sousa Carvalho no Jornal Eco
17/04/2019
A "Feira do Futuro" de Costa é igual ou pior do que as Feiras do Passado dos seus antecessores
«Numa cerimónia de propaganda a que alguém deu o nome de “Feira do Futuro”, António Costa fez um discurso que poderia perfeitamente ter sido feito em qualquer um dos últimos 30 anos. Portugal, disse Costa, tem na “revolução industrial” da economia digital” uma “oportunidade” de entrar no “pelotão da frente da União Europeia”, precisando apenas “pedalar mais que os outros” para “crescer mais do que a média europeia, duradouramente, sustentadamente, ao longo da próxima década”.
Mais do que uma promoção da iniciativa governamental Indústria 4.0 e dos 600 milhões de euros dos Orçamentos do Estado que nela planeia gastar ao longo dos próximos dois anos, o discurso de Costa é uma versão 4.0 de um velho refrão que – desde que me lembro de mim – nenhum primeiro-ministro deste desgraçado país se escusou a cantar aos seus desafortunados habitantes.
Cavaco Silva prometeu “modernizar” Portugal para que o país pudesse ficar no (aí está ele) “pelotão da frente” da então CEE. Guterres assegurou que a “paixão pela educação”, o “investimento público muito alto” para incentivar o privado e a adesão à moeda única trariam o sucesso na conquista do “grande desígnio nacional” de “vencer no espaço de uma geração o que nos separa dos restantes países da Europa”.
Durão Barroso, antes de se esquecer de tudo o que prometera e de fugir para Bruxelas, garantiu que o “choque fiscal”, as privatizações e a liberalização trariam o “crescimento”. Quando o substituiu, Santana Lopes logo quis apagar as memórias do “apertar do cinto” barrosista, e gritava aos quatro ventos o “grande objectivo” de ser o “primeiro-ministro do crescimento económico, do crescimento sustentado e da justiça social”.
Sócrates convenceu muita gente de que bastava “acreditar”, ter “confiança” e “olhos postos no futuro” para que o “investimento público” servisse de “alavanca ao desenvolvimento” e tornar Portugal no “número 1” nisto e naquilo. E Passos Coelho, com menos entusiasmo porque as circunstâncias a isso ditavam, não deixou de anunciar que tinha posto “em marcha um processo sólido de recuperação” e uma “nova fase” de “crescimento”.
Para mal dos nossos pecados, a realidade nunca foi tão dourada como as cantigas dos governantes a descreviam, e o mesmo se passará com Costa. O país tem limitações naturais e históricas que o condicionam, falta-lhe o capital que poderia potenciar esse crescimento, e este só seria possível com uma série de reformas que nenhum governo, muito menos um Governo do PS, tem vontade de fazer, nem o eleitorado está disposto a apoiar.»
O papel de cada um, Bruno Alves no Jornal Económico
E por que acreditam (quase todos) os portugueses nestas tretas e na suprema treta dos «melhores dos melhores do mundo» do supremo entertainer Marcelo? T. S. Eliot em Four Quartets dá-nos uma boa pista. «Humankind cannot bear very much reality» disse ele e imagino que se conhecesse bem e escrevesse sobre os portugueses poderia dizer Portugueses folks can only bear reality shows.
Mais do que uma promoção da iniciativa governamental Indústria 4.0 e dos 600 milhões de euros dos Orçamentos do Estado que nela planeia gastar ao longo dos próximos dois anos, o discurso de Costa é uma versão 4.0 de um velho refrão que – desde que me lembro de mim – nenhum primeiro-ministro deste desgraçado país se escusou a cantar aos seus desafortunados habitantes.
Cavaco Silva prometeu “modernizar” Portugal para que o país pudesse ficar no (aí está ele) “pelotão da frente” da então CEE. Guterres assegurou que a “paixão pela educação”, o “investimento público muito alto” para incentivar o privado e a adesão à moeda única trariam o sucesso na conquista do “grande desígnio nacional” de “vencer no espaço de uma geração o que nos separa dos restantes países da Europa”.
Durão Barroso, antes de se esquecer de tudo o que prometera e de fugir para Bruxelas, garantiu que o “choque fiscal”, as privatizações e a liberalização trariam o “crescimento”. Quando o substituiu, Santana Lopes logo quis apagar as memórias do “apertar do cinto” barrosista, e gritava aos quatro ventos o “grande objectivo” de ser o “primeiro-ministro do crescimento económico, do crescimento sustentado e da justiça social”.
Sócrates convenceu muita gente de que bastava “acreditar”, ter “confiança” e “olhos postos no futuro” para que o “investimento público” servisse de “alavanca ao desenvolvimento” e tornar Portugal no “número 1” nisto e naquilo. E Passos Coelho, com menos entusiasmo porque as circunstâncias a isso ditavam, não deixou de anunciar que tinha posto “em marcha um processo sólido de recuperação” e uma “nova fase” de “crescimento”.
Para mal dos nossos pecados, a realidade nunca foi tão dourada como as cantigas dos governantes a descreviam, e o mesmo se passará com Costa. O país tem limitações naturais e históricas que o condicionam, falta-lhe o capital que poderia potenciar esse crescimento, e este só seria possível com uma série de reformas que nenhum governo, muito menos um Governo do PS, tem vontade de fazer, nem o eleitorado está disposto a apoiar.»
O papel de cada um, Bruno Alves no Jornal Económico
E por que acreditam (quase todos) os portugueses nestas tretas e na suprema treta dos «melhores dos melhores do mundo» do supremo entertainer Marcelo? T. S. Eliot em Four Quartets dá-nos uma boa pista. «Humankind cannot bear very much reality» disse ele e imagino que se conhecesse bem e escrevesse sobre os portugueses poderia dizer Portugueses folks can only bear reality shows.
16/04/2019
O quintal americano e o lago chinês
«Os Estados Unidos têm visto a América Latina como o seu próprio quintal» disse Lu Kang porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Esqueceu-se de dizer que a China está a ver uns três ou quatro milhões de quilómetros quadrados do Mar da China como o seu próprio lago.
CASE STUDY: Trumpologia (46) - Duas dúzias de democratas podem não chegar para o Donaldo
Mais trumpologia.
A quase ano e meio das eleições presidenciais de 3 de Novembro de 2020, existem neste momento 25-candidatos-25 para as primárias do Partido Democrata, ordenados pela revista RollingStone no seguinte ranking:
A quase ano e meio das eleições presidenciais de 3 de Novembro de 2020, existem neste momento 25-candidatos-25 para as primárias do Partido Democrata, ordenados pela revista RollingStone no seguinte ranking:
- Bernie Sanders
- Kamala Harris
- Elizabeth Warren
- Beto O’Rourke
- Pete Buttigieg
- Joe Biden
- Cory Booker
- Amy Klobucha
- Andrew Yang
- Julián Castro
- Kirsten Gillibrand
- Jay Inslee
- Tulsi Gabbard
- Stacey Abrams
- John Hickenlooper
- Steve Bullock
- John Delaney
- Eric Swalwell
- Tim Ryan
- Seth Moulton
- Michael Bennet
- Wayne Messam
- Terry McAuliffe
- Marianne Williamson
- Bill de Blasio
Dezoito já confirmaram que irão às primárias (pelo menos em Iowa e New Hampshire, depois logo se vê) e sete (6, 14, 16, 20, 21, 23, 25) ainda estão a pensar no assunto. Durante ano e meio vão massacrar-se reciprocamente e desenterrar cadáveres uns dos outros. Enquanto isso, o Donaldo passeará em pista própria esperando para ser a vez dele massacrar e desenterrar os cadáveres do sobrevivente democrata.
15/04/2019
Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (183)
Outras avarias da geringonça e do país.
O semanário de reverência noticia, ou seja transmite o recado, «Costa segura Centeno nas Finanças» numa página completa com chamada em grande destaque na primeira página. Não vale a pena especular sobre o óbvio propósito do recado, vale a pena especular sobre a necessidade que o ditou - muito provavelmente a vontade de Centeno se pôr a milhas das ruínas da sua obra que ele, melhor que ninguém, tem obrigação de antecipar. Por mim voto para que fique, fazendo companhia a Costa quando o diabo chegar (Passos Coelho teve razão antes de tempo o que, como se sabe, é mortal em política).
Sendo certo que não é amanhã que o diabo vai chegar, até o FMI já sente um cheiro às suas brasas antecipando um défice de 2019 triplo da previsão do governo e um crescimento de apenas 1,7%, empurrando o governo a rever as suas previsões adiando a meta de crescimento de 2,3% para 2023, com a extraordinária justificação da conjuntura externa, a qual para o Ronaldo das Finanças só explica o arrefecimento da economia, porque o aquecimento esse foi devido às suas prodigiosas faculdades que pastorearam os turistas para Portugal e persuadiram os importadores europeus a importarem as exportações portuguesas.
O semanário de reverência noticia, ou seja transmite o recado, «Costa segura Centeno nas Finanças» numa página completa com chamada em grande destaque na primeira página. Não vale a pena especular sobre o óbvio propósito do recado, vale a pena especular sobre a necessidade que o ditou - muito provavelmente a vontade de Centeno se pôr a milhas das ruínas da sua obra que ele, melhor que ninguém, tem obrigação de antecipar. Por mim voto para que fique, fazendo companhia a Costa quando o diabo chegar (Passos Coelho teve razão antes de tempo o que, como se sabe, é mortal em política).
Sendo certo que não é amanhã que o diabo vai chegar, até o FMI já sente um cheiro às suas brasas antecipando um défice de 2019 triplo da previsão do governo e um crescimento de apenas 1,7%, empurrando o governo a rever as suas previsões adiando a meta de crescimento de 2,3% para 2023, com a extraordinária justificação da conjuntura externa, a qual para o Ronaldo das Finanças só explica o arrefecimento da economia, porque o aquecimento esse foi devido às suas prodigiosas faculdades que pastorearam os turistas para Portugal e persuadiram os importadores europeus a importarem as exportações portuguesas.
14/04/2019
Arranjem um lugar ao rapaz. Ele merece! (3)
Outros apelos para arranjarem um lugar ao rapaz: (1) e (2)
Com esta é a terceira vez que faço este apelo ao governo, à geringonça, enfim, a quem de direito, para oferecer um lugar, de porta-voz, de consultor de imagem, de guru, de conselheiro, de estratego, seja lá do que for, ao jornalista de causas / militante / comentador / analista, ex-comunista, ex-Plataforma de Esquerda, ex-Política XXI, ex-bloquista, ex-Livre, ex-Tempo de Avançar, ufa!, Daniel Oliveira.
Com toda a justiça, como se percebe uma vez mais pelo seu escrito «Joe Berardo, o comendador da garagem» onde desfaz a criatura, «um homem que parecia vigarista, cheirava a vigarista, falava como um vigarista mas era um comendador», dizendo dela o que Cristo não disse dos fariseus, e onde aponta o dedo acusador a Ramalho Eanes, Jorge Sampaio e até a Chirac que fizeram dele comendador e, por isso, segundo Daniel Oliveira, o tornaram palatável aos bancos que lhe emprestaram dinheiro para comprar acções do BCP, deixando-lhes nas mãos um gigantesco calote e como garantia papel que não vale uma dízima do que lhe emprestaram.
E o milagre, sim, é um verdadeiro milagre, fruto da sua vocação de bactéria diligente-mor da fossa séptica socialista, é que o camarada Daniel consegue escrever tudo isso sem uma única vez evocar ter sido o governo de Sócrates a ceder-lhe o centro de exposições do CCB por 10 anos, prometendo-lhe pagar meio milhão de euros por ano e obrigando-se a comprar a colecção no final, se Berardo a quiser vender, e sem evocar que o mesmo governo de Sócrates o colocou em 2007 ao serviço do assalto ao BCP (ver I, II, e III), encarregando Santos Ferreira, Armando Vara e Ricardo Salgado de lhe emprestarem dinheiro através da Caixa, do BES e do próprio BCP, para comprar acções do BCP.
Como aliás o Joe nunca escondeu, dizendo para quem o quis ouvir «nunca lhes fui lá pedir dinheiro. Eles [os bancos] é que vieram oferecer. Fiz um volume de negócios em três ou quatro anos que acho que foi de quase seis mil milhões de euros. ‘O sr. Berardo quer comprar acções?’ Era assim. Era o que estava na moda.»
Com esta é a terceira vez que faço este apelo ao governo, à geringonça, enfim, a quem de direito, para oferecer um lugar, de porta-voz, de consultor de imagem, de guru, de conselheiro, de estratego, seja lá do que for, ao jornalista de causas / militante / comentador / analista, ex-comunista, ex-Plataforma de Esquerda, ex-Política XXI, ex-bloquista, ex-Livre, ex-Tempo de Avançar, ufa!, Daniel Oliveira.
Com toda a justiça, como se percebe uma vez mais pelo seu escrito «Joe Berardo, o comendador da garagem» onde desfaz a criatura, «um homem que parecia vigarista, cheirava a vigarista, falava como um vigarista mas era um comendador», dizendo dela o que Cristo não disse dos fariseus, e onde aponta o dedo acusador a Ramalho Eanes, Jorge Sampaio e até a Chirac que fizeram dele comendador e, por isso, segundo Daniel Oliveira, o tornaram palatável aos bancos que lhe emprestaram dinheiro para comprar acções do BCP, deixando-lhes nas mãos um gigantesco calote e como garantia papel que não vale uma dízima do que lhe emprestaram.
E o milagre, sim, é um verdadeiro milagre, fruto da sua vocação de bactéria diligente-mor da fossa séptica socialista, é que o camarada Daniel consegue escrever tudo isso sem uma única vez evocar ter sido o governo de Sócrates a ceder-lhe o centro de exposições do CCB por 10 anos, prometendo-lhe pagar meio milhão de euros por ano e obrigando-se a comprar a colecção no final, se Berardo a quiser vender, e sem evocar que o mesmo governo de Sócrates o colocou em 2007 ao serviço do assalto ao BCP (ver I, II, e III), encarregando Santos Ferreira, Armando Vara e Ricardo Salgado de lhe emprestarem dinheiro através da Caixa, do BES e do próprio BCP, para comprar acções do BCP.
Como aliás o Joe nunca escondeu, dizendo para quem o quis ouvir «nunca lhes fui lá pedir dinheiro. Eles [os bancos] é que vieram oferecer. Fiz um volume de negócios em três ou quatro anos que acho que foi de quase seis mil milhões de euros. ‘O sr. Berardo quer comprar acções?’ Era assim. Era o que estava na moda.»
Digam lá, não é verdade que um lugar de bactéria diligente-mor se está a tornar inadiável?
A diferença entre um partido e uma agremiação diletante
Entendamo-nos, eu também «quero que quem pretende limitar a minha liberdade de expressão se foda». Porém, isso não me impede de não o dizer com essa crueza em várias circunstâncias. Por exemplo, em público num contexto profissional.
Quando Carlos Guimarães Pinto, presidente do nóvel partido Iniciativa Liberal dá essa resposta à pergunta no Reddit «Qual a opinião da Iniciativa Liberal acerca da liberdade de expressão, especialmente no contexto de expressões que podem ser consideradas ofensivas, mas não sejam difamatórias, caluniosas e/ou incitem à violência?», está a falar em nome do partido a que preside e deveria saber que essa resposta é considerada ofensiva provavelmente pela maioria dos portugueses, entre os quais eleitores potenciais do seu partido.
A diferença entre entre um partido que luta pelo poder e uma agremiação diletante que visa impressionar a sua audiência é que nesta o seu presidente pode épater le bourgeois à vontade.
Quando Carlos Guimarães Pinto, presidente do nóvel partido Iniciativa Liberal dá essa resposta à pergunta no Reddit «Qual a opinião da Iniciativa Liberal acerca da liberdade de expressão, especialmente no contexto de expressões que podem ser consideradas ofensivas, mas não sejam difamatórias, caluniosas e/ou incitem à violência?», está a falar em nome do partido a que preside e deveria saber que essa resposta é considerada ofensiva provavelmente pela maioria dos portugueses, entre os quais eleitores potenciais do seu partido.
A diferença entre entre um partido que luta pelo poder e uma agremiação diletante que visa impressionar a sua audiência é que nesta o seu presidente pode épater le bourgeois à vontade.
13/04/2019
Lost in translation (320) - É um PIN (Projecto Impossível de Negar), queria ele significar
A Artland era uma empresa participada de La Seda de Barcelona para produzir ácido tereftálico purificado em Sines que o governo Sócrates classificou em 2007 como PIN (Projecto de Interesse Nacional).
Três anos depois, La Seda faliu e em 2010 a Artland teve a maioria do capital vendida a fundos públicos portugueses e entrou em processo de falência em 2015. Nessa altura, a Caixa que financiou o projecto e detinha quase 20% do capital ficou com um malparado de 520 milhões em cima dos 53 milhões que perdeu na La Sede onde entrou com 5% do capital.
Questionado pela comissão parlamentar sobre as razões porque financiou a Caixa o projecto Artland, Vasco d'Orey, ex-director de risco da Caixa, explicou
Estão a ver porque a Caixa tem de ser um banco público?
Três anos depois, La Seda faliu e em 2010 a Artland teve a maioria do capital vendida a fundos públicos portugueses e entrou em processo de falência em 2015. Nessa altura, a Caixa que financiou o projecto e detinha quase 20% do capital ficou com um malparado de 520 milhões em cima dos 53 milhões que perdeu na La Sede onde entrou com 5% do capital.
Questionado pela comissão parlamentar sobre as razões porque financiou a Caixa o projecto Artland, Vasco d'Orey, ex-director de risco da Caixa, explicou
“Eu não diria que é difícil, diria que é impossível” o banco público não participar num projecto como o da Artlant, reforçou, acrescentando que, “dado que um projecto é PIN, se forem dadas garantias suficientes, é impossível a Caixa não participar”Se o investimento é ruinoso e não há quem lhe pegue, ponha-se o lóbi a funcionar, lubrifiquem-se os canais, ofereçam-se uns robalos ou uma caixa de pão-de-ló e vão à Caixa que eles financiam.
Estão a ver porque a Caixa tem de ser um banco público?
Comunistas e bloquistas como bactérias diligentes da fossa séptica socialista
«A anti-austeridade militante, que tanto agitou a avenida e a aula magna até 2015, foi outra componente fundamental destes malabarismos. Passava por ser a expressão espontânea do “descontentamento social”. Sabemos agora que existiu em função das conveniências de algumas organizações partidárias. Até 2015, PCP e BE só viram perigos e abismos. Desde então, sentados à mesa do orçamento, calaram as críticas ao euro, deixaram de estar angustiados com a dívida pública, toleraram as cativações de Centeno, aceitaram a redução de Portugal a um paraíso fiscal para estrangeiros, e não dão pela crise do SNS. No fundo, acabaram com a austeridade desta maneira expedita: deixaram de protestar contra ela, e ela nunca mais foi assunto. Quem precisar de uma prova de como o espaço público em Portugal é pobre e limitado, está aqui. Nunca tão poucos puderam enganar tantos.»
Nunca tão poucos enganaram tantos, Rui Ramos no Observador
Nunca tão poucos enganaram tantos, Rui Ramos no Observador
12/04/2019
A mentira como política oficial (46) - O segredo de polichinelo da negociação do programa de resgate
Uma boa medida da eficácia da máquina de agritprop do Partido Socialista foi a mentira, construída com a ajuda do que é hoje a geringonça e a armada de jornalista de causas instalada nas redacções, contando com a incompetência da coligação PSD-CDS para a desmascarar, sobre quem foram os responsáveis pela negociação do memorando e o programa de resgate da troika.
Poul Thomsen, director do departamento europeu do FMI e primeiro responsável pela equipa da troika em Portugal, em entrevista ao Público foi muito claro sobre o papel do governo de Sócrates. Ora leia-se:
Poul Thomsen, director do departamento europeu do FMI e primeiro responsável pela equipa da troika em Portugal, em entrevista ao Público foi muito claro sobre o papel do governo de Sócrates. Ora leia-se:
«Quando a crise chegou a Portugal, houve claramente um sentido de unidade dentro do corpo político. Quando negociei o programa aqui com o governo socialista, ao mesmo tempo discuti discretamente - mas com o total conhecimento do Governo - com o então principal partido da oposição. E houve um claro entendimento sobre o que é que a maioria política em Portugal poderia apoiar. E isso permitiu que, quando se deu uma mudança de governo mais tarde, não se realizassem praticamente mudanças no programa.»Na verdade, tratou-se de um segredo de polichinelo da classe política, que a oposição que viria mais tarde a constituir a geringonça escondeu cuidadosamente dos olhos da populaça que entre indignações e lamentações não se deu conta de nada - como disse um poeta qualquer, vivem sem dar por nada e morrem sem dar por isso.
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (14) - Nos buracos negros, por direito próprio
Outros portugueses no topo do mundo.
É mais uma confirmação do postulado de Ti Célito: os portugueses são os melhores dos melhores, em tudo e, inevitavelmente, ou principalmente, nos buracos negros.
O primeiro dos portugueses é Hugo Messias, um português de 33 anos, trabalha no ALMA (Atacama Large Millimeter Array), a cinco mil metros de altitude no meio do deserto do Atacama, no Chile, a colectar e verificar dados sobre dois buracos negros, o da galáxia M87 e o Saggitarus A*, dados que são enviados para o Instituto Max Planck e o MIT.
O segundo é Carlos Moedas, o comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, e não precisa de apresentações. O que tem ele a ver com o buraco negro, perguntareis. Tem tudo, lembro eu. Em primeiro lugar, fez parte do governo que lidou com o buraco negro deixado por José Sócrates e agora falou em Bruxelas do buraco negro fotografado pela primeira vez.
Temos assim, a juntar a tantos outros, não apenas mais um, mas desta vez dois portugueses no topo do mundo: «o português por detrás da primeira fotografia de um buraco negro» e o português que «esteve na apresentação da primeira fotografia de um buraco negro, em Bruxelas, onde sublinhou a importância da imagem captada pelo telescópio Event Horizon».
É mais uma confirmação do postulado de Ti Célito: os portugueses são os melhores dos melhores, em tudo e, inevitavelmente, ou principalmente, nos buracos negros.
O primeiro dos portugueses é Hugo Messias, um português de 33 anos, trabalha no ALMA (Atacama Large Millimeter Array), a cinco mil metros de altitude no meio do deserto do Atacama, no Chile, a colectar e verificar dados sobre dois buracos negros, o da galáxia M87 e o Saggitarus A*, dados que são enviados para o Instituto Max Planck e o MIT.
O segundo é Carlos Moedas, o comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, e não precisa de apresentações. O que tem ele a ver com o buraco negro, perguntareis. Tem tudo, lembro eu. Em primeiro lugar, fez parte do governo que lidou com o buraco negro deixado por José Sócrates e agora falou em Bruxelas do buraco negro fotografado pela primeira vez.
Temos assim, a juntar a tantos outros, não apenas mais um, mas desta vez dois portugueses no topo do mundo: «o português por detrás da primeira fotografia de um buraco negro» e o português que «esteve na apresentação da primeira fotografia de um buraco negro, em Bruxelas, onde sublinhou a importância da imagem captada pelo telescópio Event Horizon».
11/04/2019
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (87) – Trumpologia avant la lettre
Ex-Obama Counsel Expects to Be Charged Soon in Mueller-Related Case
Lawyers for Gregory B. Craig, a White House counsel in the Obama administration, expect him to be indicted on charges related to his work for the Russia-aligned government of Ukraine.
An Ivy League-educated lawyer who held prominent positions in the Clinton and Obama administrations, Mr. Craig would become the first person associated with the Democratic Party to be charged in a case linked to the special counsel’s investigation.
É um espécie de tiro no pé que o Partido Democrata se auto-infligiu, depois de dois anos a tentar que fosse provada a conspiração do Donaldo com o Czar Vladimiro.
Lawyers for Gregory B. Craig, a White House counsel in the Obama administration, expect him to be indicted on charges related to his work for the Russia-aligned government of Ukraine.
An Ivy League-educated lawyer who held prominent positions in the Clinton and Obama administrations, Mr. Craig would become the first person associated with the Democratic Party to be charged in a case linked to the special counsel’s investigation.
É um espécie de tiro no pé que o Partido Democrata se auto-infligiu, depois de dois anos a tentar que fosse provada a conspiração do Donaldo com o Czar Vladimiro.
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (80) - Em quem acreditar?
Outras preces
O coronel Luís Vieira, ex-diretor da Polícia Judiciária Militar, declarou ontem na comissão parlamentar de inquérito ao caso de Tancos que Marcelo Rebelo de Sousa lhe garantiu «na presença de muitos oficiais» que iria falar com a PGR Joana Marques Vidal sobre a atribuição da investigação à Polícia Judiciária - o que seria inconstitucional por violar a separação de poderes. Uma nota da presidência da República redigida de forma oblíqua nega implicitamente a declaração do militar. (fonte)
Ou o militar está a mentir frontalmente ou o Senhor Presidente da República está a mentir implicitamente. Em quem acreditar?
Podemos acreditar no Marcelo que «só se Cristo descer à terra» se candidataria a líder do PSD; ou o que garantiu ter havido um jantar, que nunca existiu, com vichyssoise de entrada; ou o que garantiu a Isabel II que, com oito anos de idade, filho de um ministro de Salazar, estava na primeira fila da plebe que na Praça do Comércio a viu passar na visita a Lisboa em 1957 e que voltou a encontrar-se com ela em 1985 como «líder da oposição». A mesma criatura a quem o «Presidente da República Federativa do Brasil, (...) pediu para ser recebido» mas não apareceu. A mesma que em pleno incêndio de Pedrógão Grande garantiu que «tudo está a ser feito com critério e organização», para poucos dias depois garantir que se iria «apurar tudo, mas mesmo tudo, o que houver a apurar». Ou pode ser ainda a mesma criatura que depois de ter minimizado o desaparecimento de munições em Tancos, veio dias depois defender «uma investigação que apure tudo, factos e responsabilidades». Ou a mesma criatura que garantiu «não faço comentários sobre os meus antecessores» enquanto comentava o que Cavaco Silva, seu antecessor em Belém, disse enaltecendo a ausência de verborreia de Macron, chapéu que Marcelo enfiou pressurosamente na cabeça.
Poder, podemos, mas exige muita fé.
10/04/2019
ARTIGO DEFUNTO: A lista de Salgado (5) - Jornalismo de investigação ou jornalismo de ocultação?
Continuação de (1), (2), (3) e (4)
Há três anos que persigo a lista de Salgado. Felizmente há outras raras almas que também ainda não esqueceram, como o socialista António Galamba, persona non grata de Costa, que hoje cito,
«Em breve perfazem três (3) anos que o semanário Expresso, integrado num consórcio internacional de investigação jornalística, divulgou que, no âmbito do escândalo das offshores dos Papéis do Panamá, o saco azul do GES tinha feito pagamentos regulares a políticos e jornalistas.
Três anos depois, dos políticos lá se souberam os nomes, mas dos jornalistas nem um nome foi divulgado, lançando uma enorme suspeita sobre boa parte de uma classe profissional, em especial dos protagonistas que poderiam ter relevância para os Donos Disto Tudo do BES e do GES.
Três anos depois é legítimo questionar o porquê de tanta opacidade em relação aos nomes dos jornalistas que deveriam estar nos mesmos ficheiros onde foram lidos os nomes dos políticos, mas nada.
Os arautos deste jornalismo de alegada investigação, parcial, seletiva e em causa própria, sentem-se bem com a suspeita de que no passado escreveram não em função de critérios jornalísticos, mas em função dos interesses do BES, mandando o direito à informação às ortigas? Conseguem conviver com uma mancha negra que paira sobre os escritos do passado e as peças que ainda hoje escrevem, quiçá no mesmo registo de avença, agora com outra entidade de tantas que persistem no mercado e na sociedade com interesses a defender?»
Três anos de opacidade do jornalismo de investigação, António Galamba no Jornal i
Há três anos que persigo a lista de Salgado. Felizmente há outras raras almas que também ainda não esqueceram, como o socialista António Galamba, persona non grata de Costa, que hoje cito,
«Em breve perfazem três (3) anos que o semanário Expresso, integrado num consórcio internacional de investigação jornalística, divulgou que, no âmbito do escândalo das offshores dos Papéis do Panamá, o saco azul do GES tinha feito pagamentos regulares a políticos e jornalistas.
Três anos depois, dos políticos lá se souberam os nomes, mas dos jornalistas nem um nome foi divulgado, lançando uma enorme suspeita sobre boa parte de uma classe profissional, em especial dos protagonistas que poderiam ter relevância para os Donos Disto Tudo do BES e do GES.
Três anos depois é legítimo questionar o porquê de tanta opacidade em relação aos nomes dos jornalistas que deveriam estar nos mesmos ficheiros onde foram lidos os nomes dos políticos, mas nada.
Os arautos deste jornalismo de alegada investigação, parcial, seletiva e em causa própria, sentem-se bem com a suspeita de que no passado escreveram não em função de critérios jornalísticos, mas em função dos interesses do BES, mandando o direito à informação às ortigas? Conseguem conviver com uma mancha negra que paira sobre os escritos do passado e as peças que ainda hoje escrevem, quiçá no mesmo registo de avença, agora com outra entidade de tantas que persistem no mercado e na sociedade com interesses a defender?»
Três anos de opacidade do jornalismo de investigação, António Galamba no Jornal i
09/04/2019
CASE STUDY: Costa virou a página, o governo português é pioneiro e está à frente na conciliação entre vida profissional e familiar
Durante 10 (dez) anos, entre 1985 e 1995, os 3 (três) governos de Cavaco Silva, dois dos quais em maioria absoluta, nomearam 15 (quinze) familiares. Vinte anos depois António Costa declarou que iria virar a página da austeridade, perdeu as eleições, aliou-se a comunistas e bloquistas para votar uma moção de censura ao governo da coligação vencedora, foi nomeado primeiro-ministro por Cavaco Silva e, em apenas 3 (três) anos, o seu governo nomeou 5 (cinco) dezenas de familiares e amigos. Como hoje se sabe, não virou a página da austeridade, virou a página da nomeação de familiares e amigos e está à frente da União Europeia fazendo do seu governo um modelo de conciliação entre vida profissional e familiar.
(Newsletter JusJornal)
A família socialista por Alexandre Afonso (via Insurgente) |
Parlamento Europeu
aprova nova lei de conciliação entre vida profissional e familiar
O Parlamento Europeu aprovou a nova diretiva sobre a conciliação entre a vida profissional e familiar, com a qual a União Europeia espera que seja fomentada a utilização de licenças para assistência à família por parte dos homens |
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (13) - Os donos da bola
Outros portugueses no topo do mundo.
«Na Taça de Inglaterra, o Wolverhampton de Nuno Espírito Santo e companhia (portuguesa) perdeu com o Watford e falhou a presença na final, onde iria encontrar o Manchester City de Bernardo Silva. Mas na Premier League, o Everton de Marco Silva e André Gomes venceu em casa o Arsenal.»
(Newletter do Observador)
«Nápoles empata e adia festa a Ronaldo e companhia. Equipa de Mário Rui empatou (1-1) com o Génova de Miguel Veloso e Pedro Pereira na 31.ª jornada do Calcio»
DN
Podia continuar mas não vale a pena. Seria mais do mesmo.
«Nápoles empata e adia festa a Ronaldo e companhia. Equipa de Mário Rui empatou (1-1) com o Génova de Miguel Veloso e Pedro Pereira na 31.ª jornada do Calcio»
DN
Podia continuar mas não vale a pena. Seria mais do mesmo.
08/04/2019
Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (182)
Outras avarias da geringonça e do país.
Citar a desvergonha da comissão parlamentar da transparência das funções públicas, depois de três anos e mil horas de discussão, ter cedido à promiscuidade entre o estatuto de deputado e o de lóbista encartado, sob a forma de sócio de sociedade de advogados, vai para além do escopo desta crónica dedicada aos estragos que a geringonça causa ao país, porque desta vez os estragos também são responsabilidade doutras agremiações.
Por falar de comissões parlamentares, nas audições de Carlos Costa e Victor Constâncio têm sido recorrentes os problemas de memória de ambos, com a pequena diferença que o primeiro actuou tarde e más horas e o segundo actuou pontualmente para facilitar o assalto de Sócrates ao BCP (ver I, II, e III) e, quando confrontado com a sua inacção na supervisão dos bancos, desculpou-se que não era o pelouro dele porque «estava essencialmente concentrado na política monetária» o que me remete para a sua famosa declaração Mississipi no discurso de tomada de posse em 2000 onde concluiu que «sem moeda própria não voltaremos a ter problemas de balança de pagamentos iguais aos do passado. Não existe um problema monetário macroeconómico». Só não foi um prognóstico irremediavelmente idiota porque acertou na parte «iguais aos do passado», já que a bancarrota de 2011 foi muito mais grave do que as anteriores.
Citar a desvergonha da comissão parlamentar da transparência das funções públicas, depois de três anos e mil horas de discussão, ter cedido à promiscuidade entre o estatuto de deputado e o de lóbista encartado, sob a forma de sócio de sociedade de advogados, vai para além do escopo desta crónica dedicada aos estragos que a geringonça causa ao país, porque desta vez os estragos também são responsabilidade doutras agremiações.
Por falar de comissões parlamentares, nas audições de Carlos Costa e Victor Constâncio têm sido recorrentes os problemas de memória de ambos, com a pequena diferença que o primeiro actuou tarde e más horas e o segundo actuou pontualmente para facilitar o assalto de Sócrates ao BCP (ver I, II, e III) e, quando confrontado com a sua inacção na supervisão dos bancos, desculpou-se que não era o pelouro dele porque «estava essencialmente concentrado na política monetária» o que me remete para a sua famosa declaração Mississipi no discurso de tomada de posse em 2000 onde concluiu que «sem moeda própria não voltaremos a ter problemas de balança de pagamentos iguais aos do passado. Não existe um problema monetário macroeconómico». Só não foi um prognóstico irremediavelmente idiota porque acertou na parte «iguais aos do passado», já que a bancarrota de 2011 foi muito mais grave do que as anteriores.
A man hears what he wants to hear and disregards the rest
Fonte |
É claro que não foi a demagogia de Trump que causou o descrédito dos mídia americanos que vem aumentando gradualmente há quatro décadas. Com as suas tretas das fake news e alternative facts, Trump apenas criou na maioria dos jornalistas de causas um ódio de estimação que exacerbou a sua parcialidade, confirmando as acusações de Trump e aumentando o descrédito dos mídia no campo republicano, e recuperando o crédito no campo democrata.
Moral da estória:
All lies and jests
Still a man hears what he wants to hear
And disregards the rest
The Boxer, Paul Simon
07/04/2019
COMO VÃO DESCALÇAR A BOTA? (24) - De como obra por fazer é melhor do que obra feita
Outras botas para descalçar
Prosseguindo com incansável afã a sua produção de boas notícias e o anúncio de obras a fazer, a máquina socialista de agitprop no departamento do governo socialista instalado na câmara alfacinha fez saber que no final do próximo ano nos transportes de Lisboa o telemóvel poderá substituir o passe ou o bilhete.
Duas particularidades do anúncio: (1) o facto de ser anunciado com 22 meses de antecedência sugere uma alta probabilidade de ficar para as calendas gregas ou mesmo vir a ser descartado; (2) o anúncio já havia sido feito várias vezes antes: em Setembro de 2010 para iniciar no ano seguinte, em Abril de 2016 para começar em Julho seguinte, em Fevereiro de 2017 para começar no final desse ano.
Este expediente pode parecer estúpido. Não é, porque permite retirar várias vezes dividendos de propaganda de uma obra que pode nunca vir a ser feita. Só seria estúpido se o eleitorado fosse inteligente.
Prosseguindo com incansável afã a sua produção de boas notícias e o anúncio de obras a fazer, a máquina socialista de agitprop no departamento do governo socialista instalado na câmara alfacinha fez saber que no final do próximo ano nos transportes de Lisboa o telemóvel poderá substituir o passe ou o bilhete.
Duas particularidades do anúncio: (1) o facto de ser anunciado com 22 meses de antecedência sugere uma alta probabilidade de ficar para as calendas gregas ou mesmo vir a ser descartado; (2) o anúncio já havia sido feito várias vezes antes: em Setembro de 2010 para iniciar no ano seguinte, em Abril de 2016 para começar em Julho seguinte, em Fevereiro de 2017 para começar no final desse ano.
Este expediente pode parecer estúpido. Não é, porque permite retirar várias vezes dividendos de propaganda de uma obra que pode nunca vir a ser feita. Só seria estúpido se o eleitorado fosse inteligente.
Lost in translation (319) - No perder está o ganho
«As imparidades estão muito sobreavaliadas. A atual administração tem de gerir estes ativos porque tem ali resultados potenciais muito significativos» disse distraidamente Manuel de Oliveira Rego, ex-Revisor oficial de contas da CGD, querendo significar com «resultados potenciais muito significativos» perdas não tão avultadas quanto tinha previsto.
Exemplo:
Joe Berardo é o cromo a quem o governo de Sócrates cedeu o centro de exposições do CCB por 10 anos, lhe prometeu pagar meio milhão de euros por ano e se obrigou a comprar a colecção no final, se Berardo a quiser vender, depois dos governos anteriores terem gasto, entre 1996 e 2005, 1,5 milhões de euros para alojar as tralhas do Berardo em Sintra.
Sócrates no seu assalto ao BCP (ver I, II, e III) em 2007 encarregou os seus parceiros Santos Ferreira, Armando Vara e Ricardo Salgado (dos quais só o segundo está preso) de emprestarem dinheiro a Berardo através da Caixa, do BES e do próprio BCP, para comprar acções do BCP, dadas como garantia dos empréstimos, acções que poucos anos depois valiam menos de um décimo do valor garantido.
Foi assim que Berardo deixou um calote de 350 milhões à Caixa. Para seguir o raciocínio do ROC Oliveira Rego, admitamos que a Caixa registou em relação a este malparado uma imparidade de 300 milhões e que anos mais tarde Berardo tivesse dado como garantia uma parte da sua tralha de arte que hipoteticamente poderia ser transaccionada por 80 milhões. De onde, os 300 milhões de imparidade, já dados como perdidos, poderiam ficar reduzidos a 270 milhões. É a esta hipotética redução de 30 milhões na perda que o ROC baptiza de «resultados potenciais muito significativos».
Como costumava dizer o meu avô, no perder está o ganho.
Exemplo:
Joe Berardo é o cromo a quem o governo de Sócrates cedeu o centro de exposições do CCB por 10 anos, lhe prometeu pagar meio milhão de euros por ano e se obrigou a comprar a colecção no final, se Berardo a quiser vender, depois dos governos anteriores terem gasto, entre 1996 e 2005, 1,5 milhões de euros para alojar as tralhas do Berardo em Sintra.
Sócrates no seu assalto ao BCP (ver I, II, e III) em 2007 encarregou os seus parceiros Santos Ferreira, Armando Vara e Ricardo Salgado (dos quais só o segundo está preso) de emprestarem dinheiro a Berardo através da Caixa, do BES e do próprio BCP, para comprar acções do BCP, dadas como garantia dos empréstimos, acções que poucos anos depois valiam menos de um décimo do valor garantido.
Foi assim que Berardo deixou um calote de 350 milhões à Caixa. Para seguir o raciocínio do ROC Oliveira Rego, admitamos que a Caixa registou em relação a este malparado uma imparidade de 300 milhões e que anos mais tarde Berardo tivesse dado como garantia uma parte da sua tralha de arte que hipoteticamente poderia ser transaccionada por 80 milhões. De onde, os 300 milhões de imparidade, já dados como perdidos, poderiam ficar reduzidos a 270 milhões. É a esta hipotética redução de 30 milhões na perda que o ROC baptiza de «resultados potenciais muito significativos».
Como costumava dizer o meu avô, no perder está o ganho.
06/04/2019
Nepotismo invertido é o Sobrinho publicar o cópi-peiste do Tio gestor cultural
Nepotismo provém de «nepote», neto ou sobrinho, originalmente aplicado ao sobrinho da confiança do Papa - cardinale nipote - por este nomeado. Ao longo dos tempos o significado de nepotismo alargou-se ao «favoritismo excessivo dado a parentes ou amigos por pessoa bem colocada».
O favoritismo dado por Duarte Azinheira, director da Unidade de Publicações da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, ao seu tio António Mega Ferreira, jornalista, colunista, presidente do Parque Expo e do CCB e, segundo ele próprio, gestor cultural, publicando-lhe a extensa obra composta em grande parte de colectâneas de textos na modalidade de cópi-peiste (cf. «O grande banquete da Imprensa Nacional», na Sábado), é um exemplo literal de nepotismo invertido no campo da Cóltura que faria certamente inveja aos sobrinhos, primos e tios que povoam o governo de Costa ou que aguardam ansiosamente a sua vez.
O favoritismo dado por Duarte Azinheira, director da Unidade de Publicações da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, ao seu tio António Mega Ferreira, jornalista, colunista, presidente do Parque Expo e do CCB e, segundo ele próprio, gestor cultural, publicando-lhe a extensa obra composta em grande parte de colectâneas de textos na modalidade de cópi-peiste (cf. «O grande banquete da Imprensa Nacional», na Sábado), é um exemplo literal de nepotismo invertido no campo da Cóltura que faria certamente inveja aos sobrinhos, primos e tios que povoam o governo de Costa ou que aguardam ansiosamente a sua vez.
05/04/2019
LA DONNA (E L'UOMO) È UN ANIMALE STRAVAGANTE: Para tirar os trapinhos qualquer causa é boa (24)
Outros trapinhos tirados.
Era uma questão de tempo e de ocasião. A tiragem dos trapinhos em que as meninas da Femen e muitas outras meninas se especializaram propagou-se aos meninos e as ocasiões, até aqui mais ligadas à desigualdade sexual, alargaram-se ao Brexit tornando-o mais sexy.
Parlamento inglês na 2.ª feira (Mail online) |
04/04/2019
Dúvidas (262) - Foi eleita por ser lésbica ou por não ter as competências necessárias?
«Chicago became the largest American city ever to elect a black woman as its mayor as voters on Tuesday chose Lori Lightfoot, a former prosecutor, to replace Rahm Emanuel. When she takes office in May, Ms. Lightfoot also will be the city’s first openly gay mayor.
Ms. Lightfoot, who has never held elective office, easily won the race, overwhelming a better-known, longtime politician and turning her outsider status into an asset in a city with a history of corruption and insider dealings. Ms. Lightfoot, 56, beat Toni Preckwinkle, a former alderman who is president of the Cook County Board and who had for years been viewed as a highly formidable candidate for mayor.» (NYT)
Lori Lightfoot, mulher, negra, lésbica e sem qualquer experiência governativa é eleita presidente da câmara de Chicago, uma cidade com quase 3 milhões de habitantes com quase tantos problemas quantos os habitantes, elevada criminalidade e impregnada de corrupção. Derrotou Toni Preckwinkle uma outra mulher negra heterossexual, casada com um branco durante 44 anos e mãe de dois filhos, com excelente preparação académica, uma grande experiência governativa e uma reputação de competência e honestidade.
Lori Lightfoot foi eleita por ser lésbica ou não por ter as qualificações, a experiência e o perfil mais adequados, ou por não ter dormido com o homem branco?
Se, para Françoise Giroud, a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres seria alcançada quando uma mulher incompetente fosse preferida a um homem competente, então em Chicago já foi ultrapassada essa igualdade porque uma mulher incompetente foi preferida a uma mulher competente.
Ms. Lightfoot, who has never held elective office, easily won the race, overwhelming a better-known, longtime politician and turning her outsider status into an asset in a city with a history of corruption and insider dealings. Ms. Lightfoot, 56, beat Toni Preckwinkle, a former alderman who is president of the Cook County Board and who had for years been viewed as a highly formidable candidate for mayor.» (NYT)
Lori Lightfoot, mulher, negra, lésbica e sem qualquer experiência governativa é eleita presidente da câmara de Chicago, uma cidade com quase 3 milhões de habitantes com quase tantos problemas quantos os habitantes, elevada criminalidade e impregnada de corrupção. Derrotou Toni Preckwinkle uma outra mulher negra heterossexual, casada com um branco durante 44 anos e mãe de dois filhos, com excelente preparação académica, uma grande experiência governativa e uma reputação de competência e honestidade.
Lori Lightfoot foi eleita por ser lésbica ou não por ter as qualificações, a experiência e o perfil mais adequados, ou por não ter dormido com o homem branco?
Se, para Françoise Giroud, a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres seria alcançada quando uma mulher incompetente fosse preferida a um homem competente, então em Chicago já foi ultrapassada essa igualdade porque uma mulher incompetente foi preferida a uma mulher competente.
03/04/2019
SERVIÇO PÚBLICO: Uma direita envergonhada e um país iludido - leituras recomendadas
Os culpados e os cúmplices, Raul de Almeida no Económico
«Há um enorme equívoco quando a direita engole acrítica o embuste que a esquerda vende há mais de um século, uma sucata velha travestida de modernidade, uma hipocrisia sem fim, um cinismo sem limites. A ânsia desta direita é, aparentemente, ser de esquerda. Quem vive neste conflito, não é capaz de fiscalizar e ser alternativa real à esquerda. Só assim se explica a extravagância dos resultados das diferentes sondagens e estudos de opinião portugueses.»
A “Grande Ilusão”, Bruno Alves no Económico
«É óbvio que o país não está condenado ao marasmo, e que é possível fazer com que Portugal cresça e os portugueses vivam melhor. Mas é preciso não esquecer que não é tudo uma questão de vontade ou competência, e que estamos sujeitos a constrangimentos que nos limitam. Ao contrário do que o discurso político gosta de fazer crer, não há soluções fáceis para desenvolver o país. Se houvesse, já as tínhamos adoptado há muito.»
«Há um enorme equívoco quando a direita engole acrítica o embuste que a esquerda vende há mais de um século, uma sucata velha travestida de modernidade, uma hipocrisia sem fim, um cinismo sem limites. A ânsia desta direita é, aparentemente, ser de esquerda. Quem vive neste conflito, não é capaz de fiscalizar e ser alternativa real à esquerda. Só assim se explica a extravagância dos resultados das diferentes sondagens e estudos de opinião portugueses.»
A “Grande Ilusão”, Bruno Alves no Económico
«É óbvio que o país não está condenado ao marasmo, e que é possível fazer com que Portugal cresça e os portugueses vivam melhor. Mas é preciso não esquecer que não é tudo uma questão de vontade ou competência, e que estamos sujeitos a constrangimentos que nos limitam. Ao contrário do que o discurso político gosta de fazer crer, não há soluções fáceis para desenvolver o país. Se houvesse, já as tínhamos adoptado há muito.»
Não, o investimento não é como o "Anita vai às compras"
«O investimento não é como o ‘Anita vai às compras» disse em entrevista ao Público o ministro das Finanças.
Tem toda a razão o Ronaldo das Finanças que durante o seu consolado conseguiu, mercê da sua magistral engenharia orçamental, aumentar todos os anos o investimento orçamentado, cortá-lo todos os anos à custa de cativações e outros expedientes e ainda assim fazer crescer o investimento executado.
A mistificação só fica visível quando se compara o investimento executado de 2018, decorridos três anos da viragem da "página da austeridade", e se constata que ainda é inferior ao de 2015, o último ano da "austeridade neoliberal".
Tem toda a razão o Ronaldo das Finanças que durante o seu consolado conseguiu, mercê da sua magistral engenharia orçamental, aumentar todos os anos o investimento orçamentado, cortá-lo todos os anos à custa de cativações e outros expedientes e ainda assim fazer crescer o investimento executado.
A mistificação só fica visível quando se compara o investimento executado de 2018, decorridos três anos da viragem da "página da austeridade", e se constata que ainda é inferior ao de 2015, o último ano da "austeridade neoliberal".
02/04/2019
Dúvidas (261) - Por que não distribuir-lhes 62 passes Navegantes?
«António Costa tem 11 motoristas ao seu serviço, e cada um com um ordenado bruto de mais de dois mil euros. No total, o gabinete do primeiro-ministro conta com 62 membros.»
A coisa foi denunciada no Facebook de Joana Amaral Dias, a charmosa e emperiquitada ex-berloquista, que se apressou a limpar a folha de Costa empurrando a origem dos maus costumes para o passado. «Claro que não foi este primeiro-ministro que inventou esta moda das mordomias», escreveu, consciente que no seu ramo de negócio os socialistas podem ser sempre parasitados pelo radical chic.
A coisa foi denunciada no Facebook de Joana Amaral Dias, a charmosa e emperiquitada ex-berloquista, que se apressou a limpar a folha de Costa empurrando a origem dos maus costumes para o passado. «Claro que não foi este primeiro-ministro que inventou esta moda das mordomias», escreveu, consciente que no seu ramo de negócio os socialistas podem ser sempre parasitados pelo radical chic.
SERVIÇO PÚBLICO: Se Deus quisesse que os sexos fossem iguais tinha-nos feito caracóis
«Em conclusão, se houver uma educação neutra, não condicionada por nenhuma ideologia ou cultura, a criança segue o seu apelo biológico de acordo com os níveis de testosterona que recebeu em feto. Nenhum decreto-lei muda isto.
Infelizmente o que acontece de facto neste momento é que, à conta da doutrinação da ideologia de género há uma pressão na criança desde tenra idade para contrariar sua própria natureza estimulando os meninos a serem meninas, as meninas a serem meninos. Daí a razão pela qual a “igualdade” forçada onde essa ideologia está a ser imposta continuará a provocar desigualdades e indivíduos frustrados. Porque quanto mais lutarmos contra a natureza humana, mais ela se encarrega de repor tudo no lugar mais cedo ou mais tarde.
A natureza é perfeita. Se não concebeu a hipótese de dois homens ou duas mulheres engravidarem é porque os sexos não são iguais. São complementos. Não há voltas a dar. E os mentores desta ideologia parva sabem muito bem que para estarem por cá a debitar esta ideologia fraudulenta, foi preciso, para nascerem, um óvulo de uma mulher e um espermatozóide de um homem, que só estes dois sexos podem produzir. Como podem alegar que as diferenças não são biológicas mas sim construídas culturalmente?
Há limites para tanta desonestidade intelectual.»
Excerto de A biologia humana não muda por decreto-lei de Cristina Miranda no Blasfémias.
Infelizmente o que acontece de facto neste momento é que, à conta da doutrinação da ideologia de género há uma pressão na criança desde tenra idade para contrariar sua própria natureza estimulando os meninos a serem meninas, as meninas a serem meninos. Daí a razão pela qual a “igualdade” forçada onde essa ideologia está a ser imposta continuará a provocar desigualdades e indivíduos frustrados. Porque quanto mais lutarmos contra a natureza humana, mais ela se encarrega de repor tudo no lugar mais cedo ou mais tarde.
A natureza é perfeita. Se não concebeu a hipótese de dois homens ou duas mulheres engravidarem é porque os sexos não são iguais. São complementos. Não há voltas a dar. E os mentores desta ideologia parva sabem muito bem que para estarem por cá a debitar esta ideologia fraudulenta, foi preciso, para nascerem, um óvulo de uma mulher e um espermatozóide de um homem, que só estes dois sexos podem produzir. Como podem alegar que as diferenças não são biológicas mas sim construídas culturalmente?
Há limites para tanta desonestidade intelectual.»
Excerto de A biologia humana não muda por decreto-lei de Cristina Miranda no Blasfémias.
Declaração de interesse: Apesar da retórica do título sou agnóstico.
01/04/2019
Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (181)
Outras avarias da geringonça e do país.
É possível enganar quase todos durante algum tempo, é possível enganar alguns toda a vida, mas não é possível enganar quase todos sempre. É este adágio que me ocorre quando leio os resultados das sondagens da Aximage sobre as eleições europeias que mostram os socialistas com os mesmos 34,1% e o PSD com 29,1% (mais exactamente, Paulo Rangel) a dobrar as intenções de voto em dois meses e a ressuscitar dos mortos.
Em parte, é o resultado de ser cada vez mais difícil esconder a teia nepotista tecida por Costa que na última contagem aloja mais de 50 aranhas de 20 famílias. Com o futuro incerto é previsível, portanto, que redobrem os expedientes habituais em momentos de aperto de inundar o espaço mediático com anúncios dos amanhãs que cantarão. Não totalmente confiante que a propaganda maciça da redução do preço dos passes, que segundo a lenda retiraria 42 mil carros de Lisboa, seja suficiente para contrariar o descrédito, Costa manda avançar os criativos e aí estão planos para criar creches nos quartéis e para ir buscar bebés e mulheres de jiadistas à Síria, planos que seriam uma espécie de insulto à inteligência dos eleitores se muitos deles não fossem dela desprovidos e outros não estarem interessados em aplicá-la por, constituindo a clientela da geringonça, temerem o seu fim.
É possível enganar quase todos durante algum tempo, é possível enganar alguns toda a vida, mas não é possível enganar quase todos sempre. É este adágio que me ocorre quando leio os resultados das sondagens da Aximage sobre as eleições europeias que mostram os socialistas com os mesmos 34,1% e o PSD com 29,1% (mais exactamente, Paulo Rangel) a dobrar as intenções de voto em dois meses e a ressuscitar dos mortos.
Em parte, é o resultado de ser cada vez mais difícil esconder a teia nepotista tecida por Costa que na última contagem aloja mais de 50 aranhas de 20 famílias. Com o futuro incerto é previsível, portanto, que redobrem os expedientes habituais em momentos de aperto de inundar o espaço mediático com anúncios dos amanhãs que cantarão. Não totalmente confiante que a propaganda maciça da redução do preço dos passes, que segundo a lenda retiraria 42 mil carros de Lisboa, seja suficiente para contrariar o descrédito, Costa manda avançar os criativos e aí estão planos para criar creches nos quartéis e para ir buscar bebés e mulheres de jiadistas à Síria, planos que seriam uma espécie de insulto à inteligência dos eleitores se muitos deles não fossem dela desprovidos e outros não estarem interessados em aplicá-la por, constituindo a clientela da geringonça, temerem o seu fim.