«As imparidades estão muito sobreavaliadas. A atual administração tem de gerir estes ativos porque tem ali resultados potenciais muito significativos» disse distraidamente Manuel de Oliveira Rego, ex-Revisor oficial de contas da CGD, querendo significar com «resultados potenciais muito significativos» perdas não tão avultadas quanto tinha previsto.
Exemplo:
Joe Berardo é o cromo a quem o governo de Sócrates cedeu o centro de exposições do CCB por 10 anos, lhe prometeu pagar meio milhão de euros por ano e se obrigou a comprar a colecção no final, se Berardo a quiser vender, depois dos governos anteriores terem gasto, entre 1996 e 2005, 1,5 milhões de euros para alojar as tralhas do Berardo em Sintra.
Sócrates no seu assalto ao BCP (ver I, II, e III) em 2007 encarregou os seus parceiros Santos Ferreira, Armando Vara e Ricardo Salgado (dos quais só o segundo está preso) de emprestarem dinheiro a Berardo através da Caixa, do BES e do próprio BCP, para comprar acções do BCP, dadas como garantia dos empréstimos, acções que poucos anos depois valiam menos de um décimo do valor garantido.
Foi assim que Berardo deixou um calote de 350 milhões à Caixa. Para seguir o raciocínio do ROC Oliveira Rego, admitamos que a Caixa registou em relação a este malparado uma imparidade de 300 milhões e que anos mais tarde Berardo tivesse dado como garantia uma parte da sua tralha de arte que hipoteticamente poderia ser transaccionada por 80 milhões. De onde, os 300 milhões de imparidade, já dados como perdidos, poderiam ficar reduzidos a 270 milhões. É a esta hipotética redução de 30 milhões na perda que o ROC baptiza de «resultados potenciais muito significativos».
Como costumava dizer o meu avô, no perder está o ganho.
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