O Redondo Vocábulo
«Abril. Os equívocos e ditames do novo Acordo Ortográfico apoucaram-lhe a ortografia. Não lhe diminuíram a grandeza. Abril. Em abril nos queremos. Em abril nos vemos. Em abril nos revemos. Abril não é sonho, nem utopia. Abril não é um estado de espírito. E, ainda assim, não há abril sem a dimensão do sonho. Não há abril sem o desejo de utopia. Não há abril sem esse imenso e solidário espírito de entrega. De dádiva. Abril não é um estado de exceção. É uma forma de ser. E de estar. É a normalidade adquirida de um país reencontrado com um povo sedento de liberdade. A ansiar democracia.
Abril é um estado em construção. Não é um ponto de chegada. É tão só um início de viagem. Cada um terá o seu próprio abril. Cada um esboçará a sua própria representação de abril. Cada um terá as suas próprias frustrações. A cada um as suas muito particulares revoltas e devoções. Pelo abril que (não) se cumpriu. Em cada rosto se idealiza um percurso. Em cada rosto se narra uma história. Em cada história se desvenda um mundo. São muitos e infinitos os mundos de abril. Às vezes contraditórios. Às vezes incompatíveis. Às vezes conflituais.
Em cada instante abril nasce de novo. Reformula-se. Reequaciona-se. Interpela-nos. Desafia-nos. Abala certezas adquiridas. Questiona verdades tidas por intocáveis. Absolutas. Essa a grandeza de uma data. Essa a glória derramada pela memória do tempo vivido e construído. Em abril. Por abril. E pelo abril sem o qual jamais seríamos o país que somos. Com todas as suas fragilidades. Com todas as suas grandezas. 25 de Abril foi ontem. 25 de Abril é hoje. 25 de Abril será sempre. Se soubermos lutar. Se o soubermos defender. Se o soubermos preservar . Se o soubermos continuar.
Liberto. Sem amarras. Sem donos. Abril é o absoluto e redondo vocábulo.»
Depois deste banho de ilusionismo utópico, talvez convenha regressar ao mundo real com uma citação do artigo «25A: viver no passado, evitar o presente, fugir do futuro» do "estrangeirado" Nuno Garoupa:
«Sejamos sinceros. As coisas são assim porque os eleitores gostam, a sociedade civil não existe e a comunicação social demitiu-se de escrutinar o regime.»
«Sejamos sinceros. As coisas são assim porque os eleitores gostam, a sociedade civil não existe e a comunicação social demitiu-se de escrutinar o regime.»------------------e ainda pior,a "maioria silenciosa" já não é maioria(para satisfação dos "modernaços progressistas" que continuam a bater palmas ao abismo colectivo que fomentam em nome dos tais "amanhãs cantantes" sem muros,e não estou a falar do muro chinês concerteza).
ResponderEliminarO engraçado é que nos anos de 1960 uma pêssega francesa cantava um 'Avril au portugal'; era plágio de Coimbra é uma canção... Como as 'elites' sempre foram do nível que continuam a ser, um pateta do turismo logo fez mote para enganar turista vendendo que se devia vir a esta terra em Abril. Era música. Apanhavam cada carga de água...
ResponderEliminarAbril sempre! Com chapéu de chuva e umas canecas. Já agora, comecem a cortar a barba e aparar as patilhas. Já mos chegou os mil e tares.
Por falar em muro chinês(mencionado pelo Bilder)ainda não ouvi o presidente de todos os comentadores(que,ironia das ironias, anda por lá mais aquela aventesma dos "negócios estrangeirados",os dois que mais o do pantano da onu andam a pedir o fim dos muros) falar sobre mandar abaixo o tal muro(tambem não falou de mandar abaixo o muro lá no vaticano quando foi beijar a mão ao dito Chico).
ResponderEliminarConversas da treta no pasquim Expresso.
ResponderEliminarEstes manipuladores de palavras alinham umas frases que fazem chorar as pedras da calçada, forçam rimas de "solidário" com "Abril" e "liberdade" com "a puta que os pariu".
Que problema existe com os restantes meses do calendário?
1 mês por ano escrevem estas baboseiras e 12 meses por ano comportam-se como na realidade são: uns fdp.