28/04/2019

O milagre dos cravos transforma vigaristas em incompreendidos, ditadores em democratas e o governo em oposição

Os cravos apareceram após 64 anos e ainda por aí
andam cada vez mais murchos (Créditos)
«Não há incredulidade ou cepticismo que não se rendam diante do milagre dos cravos: em Portugal, basta colocar um cravo ao peito para os terroristas passarem a combatentes pela liberdade; os vigaristas a incompreendidos; os ditadores a democratas; os medíocres a intelectuais e os parasitas a solidários.

Mas a esta transfiguração que já estávamos mais ou menos habituados acresceu este ano um mistério que a teologia não explica mas a política esclarece: os ministros e os parceiros do Governo puseram cravo ao peito e de imediato deixaram de ser Governo para se tornarem oposição. Na avenida da Liberdade, cravo na mão, a ministra da Saúde já não é a ministra que tem de explicar como foram retirados nomes das listas de espera para se tornar numa manifestante defensora do mesmo SNS que deixa degradar a níveis nunca vistos.  Já o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes transfigurou-se em jovem e desfilou com os manifestantes da Juventude Socialista que gritavam: “Queremos revolução, socialistas em acção“. Sendo certo que a única revolução que está  por fazer em Portugal é precisamente a que derrube a ditadura fiscal presidida pela secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, cabe perguntar se o senhor secretário de Estado dos Assuntos Fiscais quando miraculado em jovem manifestante nos toma por parvos ou se faz parvo? Por fim o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, desembaraçado do Porsche, além do cravo muniu-se de calças de ganga, o que para o caso faz do seu um milagre  ainda mais promissor.»

O milagre dos cravos, Helena Matos no Observador

3 comentários:

  1. Carlin, George (Denis Patrick) (1937–2008):
    «Contra killers are called freedom fighters. If crime fighters fight crime and fire fighters fight fire, what do freedom fighters fight? They never mention that part to us, do they?»
    E esta hein?

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  2. E o rebanho , apático e contentiho, persistindo no seu manso balir...

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  3. Isto para nem falar no "memorial" com dois mil e tal nomes de "resistentes antifachistas" que foi inaugurado no Forte de Peniche... Os memoriais costumavam reservar-se aos mortos; na falta destes (é capaz de ter morrido um ou outro, de cirrose ou sífilis) colocam-se os nomes dos vivos. E quantos destes "resistentes antifachistas" não passariam de vulgares criminosos, vigaristas e trafulhas, com pouco tento na língua, levados para Peniche para uma "escovadela"?
    Enfim, mais um monumento para vender ao ferro-velho daqui a alguns anos.

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