Sobre a GORDURA
No Japão, são consumidas poucas gorduras e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;
Em compensação, na França consomem-se muitas gorduras e, ainda assim, o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA.
Sobre o VINHO
Na Índia, bebe-se pouco vinho tinto e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;
Em compensação, na Espanha bebe-se muito vinho tinto e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA.
Sobre o SEXO
Na Argélia, faz-se muito pouco sexo e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;
Em compensação, no Brasil faz-se muito sexo e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA.
CONCLUSÃO
Beba, coma e tenha sexo sem parar, pois o que mata é falar inglês!
[Enviado por JB]
31/12/2009
O estado empreendedor – (25) os estádios socráticos
O paradigma do investimento socrático são os estádios do Euro 2004 que estiveram na tutela de José Sócrates, como ministro-adjunto de António Guterres com a tutela do desporto a partir de 1997. Pela sua performance José Sócrates foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, pelo presidente e camarada Jorge Sampaio.
Uma dos exemplos mais óbvios da enorme incompetência desse governo, e em particular de José Sócrates, é o estádio de Leiria que não serve para nada, cuja ampliação custou quase 100 milhões de euros à época, e que segundo o presidente da Câmara [via Insurgente] está a custar 5.000 euros por dia ao município, ou seja mais de 1,8 milhões de euros por ano. O presidente admite que seja possível encontrar um tanso (a que ele chama «investidor privado») a quem vender o mono.
Talvez o presidente da Câmara devesse tentar uma engenharia financeira, a exemplo da que o presidente da Câmara de Louré pensou para o estádio do Algarve, com vista ao estádio de Leiria ser usado no Mundial de 2018. É claro que para tal seria necessário ampliar uma vez mais o estádio, o que constituiria uma oportunidade de, à pala de recuperar os 90 milhões, enterrar lá mais 200 ou 300 milhões – seria mais um belo exemplo do efeito Lockheed TriStar.
Uma dos exemplos mais óbvios da enorme incompetência desse governo, e em particular de José Sócrates, é o estádio de Leiria que não serve para nada, cuja ampliação custou quase 100 milhões de euros à época, e que segundo o presidente da Câmara [via Insurgente] está a custar 5.000 euros por dia ao município, ou seja mais de 1,8 milhões de euros por ano. O presidente admite que seja possível encontrar um tanso (a que ele chama «investidor privado») a quem vender o mono.
Talvez o presidente da Câmara devesse tentar uma engenharia financeira, a exemplo da que o presidente da Câmara de Louré pensou para o estádio do Algarve, com vista ao estádio de Leiria ser usado no Mundial de 2018. É claro que para tal seria necessário ampliar uma vez mais o estádio, o que constituiria uma oportunidade de, à pala de recuperar os 90 milhões, enterrar lá mais 200 ou 300 milhões – seria mais um belo exemplo do efeito Lockheed TriStar.
30/12/2009
SERVIÇO PÚBLICO: os irlandeses deviam aprender connosco (3)
A respeito da falta de atenção que a Irlanda dedica às políticas de investimento público em elefantes brancos do engenheiro Sócrates, aqui e aqui já referida, no artigo «A Irlanda, outra vez», Miguel Frasquilho faz uma retrospectiva do processo que levou este país da posição que partilhava com Portugal nos últimos lugares da União Europeia nos anos 80 até ao segundo nível de vida mais elevado. Faz também uma referência às seguintes medidas que o governo vai pôr em prática:
«… o Governo irlandês pretende implementar um plano draconiano de cortes na despesa, que inclui a descida dos salários na Administração Pública, a redução de benefícios sociais (Segurança Social, subsídio de desemprego, abono de família, sistema de saúde), o aumento da idade de reforma para os funcionários públicos de 65 para 66 anos, e a diminuição do investimento público. Ao todo, uma queda prevista da despesa pública superior a EUR 4 mil milhões em 2010 face ao valor estimado para 2009 (cerca de EUR 77 mil milhões, 46.9% do PIB)… a que se seguirá nova queda, de cerca de EUR 2 mil milhões em 2011. É particularmente impressivo o corte de 10% que, em média, sofrerão os cerca de 400 mil funcionários públicos irlandeses em 2010… E como o exemplo vem de cima, o primeiro-ministro verá o seu salário reduzido em 20% (!) e os ministros em 15%... Do lado da receita, merece destaque a introdução de uma taxa ambiental (de carbono) sobre os combustíveis, que deverá render cerca de EUR 500 milhões… mas, ao mesmo tempo, a Irlanda ainda arranjou espaço para descer a taxa normal do IVA, de 21.5% para 21% (uma pequena ajuda à economia doméstica). E mantém como ponto de honra não subir a taxa de IRC, que continuará a ser de 12.5% (muito atractiva para investidores).»Dentro de 2 ou 3 anos, quando os portugueses estivem a tentar perceber como foram levados pelas patranhas do senhor engenheiro, na melhor hipótese, ou, na pior e mais provável, quando os portugueses ainda estiverem a remoê-las, já os descendentes dos comedores de batatas descolaram outra vez.
LOG BOOK: Islands Seen From Space
Onekotan Island, Russia
[Advanced Land Imager (on NASA’s Earth Observing-1 (EO-1) satellite on June 10, 2009]
29/12/2009
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (3)
Já aqui tratei das mais de 300 fundações, criadas por governos, autarquias e universidades públicas, inventariadas no estudo de Freitas do Amaral. Segundo um levantamento do Público, só à conta dos governos Sócrates, desde Março de 2005, foram criadas cerca de 50, incluindo a célebre (por más razões) Fundação para as Comunicações Móveis. A falta de resposta ao Público sobre os subsídios despejados pelo Estado nas fundações, avoluma as suspeitas de que a maioria delas sejam pipelines para drenar dinheiro público para os partidos, ficando pelo caminho os habituais emolumentos para os intermediários.
Sendo o PS o partido com maior vocação para fundações, renova-se a pergunta: ainda há por lá gente honrada?
Sendo o PS o partido com maior vocação para fundações, renova-se a pergunta: ainda há por lá gente honrada?
ESTADO DE SÍTIO: mais vale tarde do que nunca
Com mais de 2 anos de atraso em relação ao (Im)pertinências, que classificou a Contribuição de Serviço Rodoviário como um expediente de accounting cooking, primeiro tentado no orçamento de 2005 pelo ministro das Finanças Bagão Félix (e esta hem?) e depois conseguido pelo ministro Teixeira dos Santos, com a ajuda do ministro anexo, o Tribunal de Contas descobriu agora que na Conta Geral do Estado de 2008 faltavam 525 milhões de euros de impostos cobrados no combustível aos sujeitos passivos e entregues à Estradas de Portugal.
28/12/2009
27/12/2009
CASE STUDY: o cobrador do fraque vem a caminho
Há uma meia dúzia de anos, começou a ficar para mim evidente que tínhamos entrado no túnel dos défices gémeos (da balança comercial e do orçamento) associados, como de costume, a uma poupança em contracção gerando, num quadro de estagnação da produtividade e do crescimento, um inevitável crescente endividamento. Na ausência de reformas profundas e com a engorda do Estado, esta situação só nos poderia conduzir à espiral onde nos encontramos: mais endividamento, mais juros, mais défices, menos poupança, mais endividamento, …
Lembro-me dum amigo contrariar nessa altura o meu «pessimismo» argumentando que no interior da mesma zona monetária os défices e o endividamento seriam irrelevantes, porque não haveria desvalorização e simplesmente os fluxos monetários compensariam esses desequilíbrios. Para me arrumar, apontou o exemplo do Alentejo que, se houvesse uma contabilidade regional evidenciaria por certo défices gémeos e endividamento crescente, et pourtant. Ainda lhe disse que o problema seria precisamente esse – o Alentejo era já uma região falida com os activos dos alentejanos a passarem para as mãos dos não alentejanos, com os espanhóis à cabeça, e o seu nível de vida estagnado e Portugal arriscava-se a ser um grande Alentejo. Mas perante a inabalável fé há pouco a fazer. A não ser esperar que os factos e o tempo abalem a fé do crente.
Lembrei-me dessa discussão, a propósito da CIMPOR, que está a ser alvo duma OPA, e da ZON de quem a família dos Santos, o czar angolano, comprou 10% do capital, parte à CGD (acções que lhe custaram 12 euros e foram vendidas por 5,20) e as restantes à própria Zon que as andou a recomprar desde há algum tempo - tudo em troca de uma participação de 30% da Zon na empresa de TV por cabo em Angola. Poderá dizer-se que são casos isolados? Pois que sejam, por agora. Mas vai ser preciso pagar uma dívida pública total, incluindo o SEE, que deve ultrapassar os 120% do PIB e uma pantagruélica dívida externa líquida total de uma vez e meia o PIB, com taxas de juros que, depois de baterem no fundo só podem subir, e a que será preciso adicionar um spread igualmente crescente. Tudo isto num quadro de quase estagnação, em que as saídas são estreitas e a socialmente menos dolorosa (por coincidência a pior de todas) é precisamente pagar as dívidas com a venda dos anéis que ainda não estão no prego.
Lembro-me dum amigo contrariar nessa altura o meu «pessimismo» argumentando que no interior da mesma zona monetária os défices e o endividamento seriam irrelevantes, porque não haveria desvalorização e simplesmente os fluxos monetários compensariam esses desequilíbrios. Para me arrumar, apontou o exemplo do Alentejo que, se houvesse uma contabilidade regional evidenciaria por certo défices gémeos e endividamento crescente, et pourtant. Ainda lhe disse que o problema seria precisamente esse – o Alentejo era já uma região falida com os activos dos alentejanos a passarem para as mãos dos não alentejanos, com os espanhóis à cabeça, e o seu nível de vida estagnado e Portugal arriscava-se a ser um grande Alentejo. Mas perante a inabalável fé há pouco a fazer. A não ser esperar que os factos e o tempo abalem a fé do crente.
Lembrei-me dessa discussão, a propósito da CIMPOR, que está a ser alvo duma OPA, e da ZON de quem a família dos Santos, o czar angolano, comprou 10% do capital, parte à CGD (acções que lhe custaram 12 euros e foram vendidas por 5,20) e as restantes à própria Zon que as andou a recomprar desde há algum tempo - tudo em troca de uma participação de 30% da Zon na empresa de TV por cabo em Angola. Poderá dizer-se que são casos isolados? Pois que sejam, por agora. Mas vai ser preciso pagar uma dívida pública total, incluindo o SEE, que deve ultrapassar os 120% do PIB e uma pantagruélica dívida externa líquida total de uma vez e meia o PIB, com taxas de juros que, depois de baterem no fundo só podem subir, e a que será preciso adicionar um spread igualmente crescente. Tudo isto num quadro de quase estagnação, em que as saídas são estreitas e a socialmente menos dolorosa (por coincidência a pior de todas) é precisamente pagar as dívidas com a venda dos anéis que ainda não estão no prego.
26/12/2009
A dívida pública infantil
«Se consolidarmos a dívida do sector empresarial do Estado na dívida pública, obtemos um número superior a 100% do PIB. Isto significa que um bebé que nasça hoje em Portugal sai da maternidade com uma dívida na casa dos 20 mil euros, prenda do Estado português. O eng. Sócrates prometeu na campanha eleitoral dar 200 euros a cada bebé, esquecendo-se de mencionar que quem vai pagar tal generosidade serão os próprios bebés quando crescerem, através de impostos mais elevados.»
[J. F. Correia Guedes, «Um bom pai de família», no Sol]
[J. F. Correia Guedes, «Um bom pai de família», no Sol]
25/12/2009
Sabe-se e não se acredita
Como é possível que uma parte substancial das 13 mil dívidas a fornecedores da Câmara de Lisboa, totalizando 113 milhões, não se consiga reconhecer, isto é saber a que serviços, obras ou materiais dizem respeito? Diz-se que são de vereações anteriores à de António Costa. Acreditemos que sim. Seja como for, quantos anos são precisos para uma vereação, que se apresenta como impoluta e competente, apurar valores e responsabilidades e tomar as medidas adequadas. (Fonte: Sol)
Em 10 mil funcionários incluindo directores, chefes de divisão e toda a tralha hierárquica que convive com este pântano organizativo e financeiro, não há gente honrada e competente? Ao menos honrada ou competente?
Em 10 mil funcionários incluindo directores, chefes de divisão e toda a tralha hierárquica que convive com este pântano organizativo e financeiro, não há gente honrada e competente? Ao menos honrada ou competente?
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (2)
Segundo o estudo de Freitas do Amaral, que não pode ser acusado de má vontade face ao governo de Sócrates, foram criadas pelo governo, por autarquias e universidades públicas mais de 300 fundações, que não são fiscalizadas, das quais em muitos casos não se conhece a actividade, a origem dos fundos e os activos e passivos de que dispõem. Entre os casos mais notáveis incluiu-se a criação por Armando Vara da célebre Fundação para a Prevenção e Segurança e mais recentemente a Fundação para as Comunicações Móveis. Não é preciso ser-se um especialista na lubrificação das engrenagens políticas para se perceber que a maioria destas fundações são pipelines para drenar dinheiro público para os partidos, ficando pelo caminho os habituais emolumentos para os intermediários. Para os partidos, entenda-se os partidos que estiveram no poder nos últimos 15 anos, desde o primeiro governo de Guterres, o que faz 12 anos de quatro governos PS e menos de 3 anos de dois governos PSD.
É impossível que não existam pelo menos algumas dezenas de militantes e dirigentes do PS (e do PSD) que conhecem o funcionamento destas máquinas de extorsão. Não há ninguém honrado por lá?
É impossível que não existam pelo menos algumas dezenas de militantes e dirigentes do PS (e do PSD) que conhecem o funcionamento destas máquinas de extorsão. Não há ninguém honrado por lá?
24/12/2009
Lost in translation (19) - Não há governos minoritários. Há oposições maioritárias.
«O poder moderador do presidente é-o também em relação à oposição, quando esta é maioritária.»
[Vital Moreira, em entrevista ao Sol]
[Vital Moreira, em entrevista ao Sol]
CASE STUDY: «uso desproporcionado de força»
A incursão do exército israelita em Gaza há ano foi por muitos classificada a priori como «uso desproporcionado de força» e uma resposta ilegítima ao constante lançamento de rockets pelo Hamas. Perante o inexplicável facto de desde então o Hamas não ter lançado um único rocket, essas criaturas ao menos deveriam conceder que o uso de força poderá ter sido desproporcionado mas a posteriori não foi inadequado.
23/12/2009
Lost in translation (18) – «um falso problema»
Como se pode classificar o facto de o futuro TGV socialista estar projectado com bitola europeia entre Poceirão e Caia e com bitola ibérica entre Caia e Évora, à luz do facto de as linhas espanholas só gradualmente nos próximos 25 a 30 anos é que serão convertidas em bitola europeia, facto que implicará que todas as linhas portuguesas que vierem a ser construídas em bitola ibérica, para as compatibilizar com as espanholas, terão que ser convertidas no futuro em bitola europeia? O facto classifica-se como «um falso problema», segundo o ministro António Mendonça.
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (41) num oceano de retórica, um deserto de resultados
Mr. Obama's inexplicable injunction Friday that "the time for talk is over" appears, in other words, to have produced an agreement to continue talking. The previous 12 days of frantic sound and pointless fury showed that there isn't anything approaching an international consensus on carbon control. What Copenhagen offered instead was a lesson in limits for a White House partial to symbolic gestures and routinely disappointed by reality.
…
Copenhagen also got hung up on whether countries (especially China) will be "transparent" about whether they are meeting their anticarbon commitments. The Obama Administration claims to be satisfied with the verification pact it struck with China, but China successfully blocked Western attempts to include international monitors of any future emissions targets.
[Copenhagen's Lesson in Limits]
Entretanto o índice de aprovação confirma os piores resultados históricos para um presidente americano no final do primeiro ano e não é pela realização de medidas impopulares mas indispensáveis.
…
Copenhagen also got hung up on whether countries (especially China) will be "transparent" about whether they are meeting their anticarbon commitments. The Obama Administration claims to be satisfied with the verification pact it struck with China, but China successfully blocked Western attempts to include international monitors of any future emissions targets.
[Copenhagen's Lesson in Limits]
Entretanto o índice de aprovação confirma os piores resultados históricos para um presidente americano no final do primeiro ano e não é pela realização de medidas impopulares mas indispensáveis.
22/12/2009
Lost in translation (17) - uma espécie de condicionamento industrial socialista (III)
«Essa OPA realizada por uma empresa brasileira não tem apoio do Governo Português», disse José Sócrates hoje no Parlamento.
Uai, tou sabendo... Uz ministruze portuguêze são acionistá da Cimpôr?
Uai, tou sabendo... Uz ministruze portuguêze são acionistá da Cimpôr?
ARTIGO DEFUNTO: os desígnios do jornalismo de causas são insondáveis (7)
[Continuação de (1), (2), (3), (4), (5) e (6)]
Tal como Nicolau Santos, outro Pastorinho da Economia dos Amanhãs que Cantam, Daniel Amaral, também está a entrar na fase das soluções para os problemas que ainda recentemente não existiam. No seu artigo da passada 6.ª feira «O crescimento», começa por efabular sobre a equivalência entre investimento público e privado. Cometendo uma vez mais o pecado capital do macroeconomistas de inspiração samuelson-keynesiana fala dos agregados como se fosse indiferente a caldeirada ser de peixe ou de carne ou ter mais batatas ou mais tomates. Qual o investimento que aumenta mais a capacidade produtiva: uma auto-estrada de sítio algum para sítio nenhum com um tráfego de 2.000 veículos por dia que custa 100 milhões, construída pela construtora do doutor Coelho e financiada com dinheiro dos impostos retirado ao consumo e à poupança ou um hotel de 4 estrelas que custa 10 milhões ao grupo Pestana e factura 80% a hóspedes estrangeiros?
Prossegue as suas efabulações sobre o consumo e a poupança, os empréstimos, o capital e o trabalho, a eficiência. De caminho, espera que «os nossos empresários [dêem] uma explicação ao país» sobre a insuficiência dos ganhos de eficiência. Sintomaticamente, apesar de até agora acreditar que o governo tinha a chave dos problemas da economia, passa distraidamente a pedir contas aos empresários por aquilo que, segundo o seu pensamento recente, já estaria há muito conseguido pela acção virtuosa do governo.
Por último, lembra-se que afinal existem mercados e que ou consumimos ou exportamos. Para consumir não temos dinheiro e para exportar não têm os outros dinheiro, conclui. Termina com uma notável contribuição para o pensamento económico pós-moderno: «A ideia de crescer é boa. Mas tem de ter pernas para andar.» Diferentemente do pastorinho Nicolau Santos, que quando finalmente admitiu a doença receitou placebos, Daniel Amaral ainda está na fase do médico que, não fazendo a menor ideia das causas do padecimento do seu doente que supunha ter uma saúde de ferro, lhe deseja as melhoras. Se quisermos olhar as coisas pelo lado positivo, poderemos dizer: antes isso do que fotocopiar as receitas que tem na gaveta e lhe prescreveu nos últimos 30 anos.
Tal como Nicolau Santos, outro Pastorinho da Economia dos Amanhãs que Cantam, Daniel Amaral, também está a entrar na fase das soluções para os problemas que ainda recentemente não existiam. No seu artigo da passada 6.ª feira «O crescimento», começa por efabular sobre a equivalência entre investimento público e privado. Cometendo uma vez mais o pecado capital do macroeconomistas de inspiração samuelson-keynesiana fala dos agregados como se fosse indiferente a caldeirada ser de peixe ou de carne ou ter mais batatas ou mais tomates. Qual o investimento que aumenta mais a capacidade produtiva: uma auto-estrada de sítio algum para sítio nenhum com um tráfego de 2.000 veículos por dia que custa 100 milhões, construída pela construtora do doutor Coelho e financiada com dinheiro dos impostos retirado ao consumo e à poupança ou um hotel de 4 estrelas que custa 10 milhões ao grupo Pestana e factura 80% a hóspedes estrangeiros?
Prossegue as suas efabulações sobre o consumo e a poupança, os empréstimos, o capital e o trabalho, a eficiência. De caminho, espera que «os nossos empresários [dêem] uma explicação ao país» sobre a insuficiência dos ganhos de eficiência. Sintomaticamente, apesar de até agora acreditar que o governo tinha a chave dos problemas da economia, passa distraidamente a pedir contas aos empresários por aquilo que, segundo o seu pensamento recente, já estaria há muito conseguido pela acção virtuosa do governo.
Por último, lembra-se que afinal existem mercados e que ou consumimos ou exportamos. Para consumir não temos dinheiro e para exportar não têm os outros dinheiro, conclui. Termina com uma notável contribuição para o pensamento económico pós-moderno: «A ideia de crescer é boa. Mas tem de ter pernas para andar.» Diferentemente do pastorinho Nicolau Santos, que quando finalmente admitiu a doença receitou placebos, Daniel Amaral ainda está na fase do médico que, não fazendo a menor ideia das causas do padecimento do seu doente que supunha ter uma saúde de ferro, lhe deseja as melhoras. Se quisermos olhar as coisas pelo lado positivo, poderemos dizer: antes isso do que fotocopiar as receitas que tem na gaveta e lhe prescreveu nos últimos 30 anos.
Lost in translation (16) - uma espécie de condicionamento industrial socialista (II)
Depois de a Caixa informar prudentemente que «tem vindo a defender a manutenção dos centros de decisão nacional» e de o ministro das Finanças com igual contenção garantir que «cabe aos accionistas decidir», havia necessidade de um jornalista com ataque agudo de excesso de zelo concluir que o desfecho da OPA «terá sempre que contar com o aval do Governo, uma vez que está em causa a maior e mais internacionalizada empresa industrial portuguesa, onde até há menos de uma década o Estado tinha uma participação de referência»? Erro de tradução.
21/12/2009
Lost in translation (15) - estão a copiar os nossos processos
Perante as sequelas do costume da estória, aldrabada como de costume, dos atrasos que impediram o primeiro-ministro de se reunir com o presidente da República, «o gabinete de José Sócrates acusa Belém de "intriga mesquinha que é colocada nos jornais, contra o Primeiro-Ministro"», querendo por ventura o gabinete protestar por Belém estar, alegadamente, a copiar os processos de fabricação de manipulados de S. Bento.
É surpreendente que a coisa, sendo tudo menos inocente e até um pouco primária, consiga os seus objectivos graças à proverbial falta de jeito de Cavaco Silva e/ou do seu gabinete para lidar com estas manobras. Desta vez respondeu de forma infantil, apesar de tudo menos má do que o affaire dos emails e da segurança em que Belém fez de aprendiz de feiticeiro e que teve o desfecho que teve. Quando é que Belém aprende a concentrar-se naquilo que faz melhor e deixa S. Bento fazer o mesmo? Seria um sinal de inteligência política explorar as suas vantagens competitivas (será que ainda lhe restam algumas?) em vez de concorrer com os profissionais da manipulação.
Parágrafo Zen: Há quem esteja muito preocupado com o «abandono» do governo, do parlamento e da presidência em relação aos «problemas do país». Não estou certo de que isso seja um problema. E, se for, é também uma oportunidade para os portugueses aprenderem a viver por eles próprios. Get a life, folks.
É surpreendente que a coisa, sendo tudo menos inocente e até um pouco primária, consiga os seus objectivos graças à proverbial falta de jeito de Cavaco Silva e/ou do seu gabinete para lidar com estas manobras. Desta vez respondeu de forma infantil, apesar de tudo menos má do que o affaire dos emails e da segurança em que Belém fez de aprendiz de feiticeiro e que teve o desfecho que teve. Quando é que Belém aprende a concentrar-se naquilo que faz melhor e deixa S. Bento fazer o mesmo? Seria um sinal de inteligência política explorar as suas vantagens competitivas (será que ainda lhe restam algumas?) em vez de concorrer com os profissionais da manipulação.
Parágrafo Zen: Há quem esteja muito preocupado com o «abandono» do governo, do parlamento e da presidência em relação aos «problemas do país». Não estou certo de que isso seja um problema. E, se for, é também uma oportunidade para os portugueses aprenderem a viver por eles próprios. Get a life, folks.
ARTIGO DEFUNTO: os desígnios do jornalismo de causas são insondáveis (6)
[Continuação de (1), (2), (3), (4) e (5)]
Uma das conversões mais notáveis de entre os Pastorinhos da Economia dos Amanhãs que Cantam, cortesia da Nossa Senhora da Maldita Realidade, foi a do pastorinho Nicolau Santos (NS), conversão que ele partilha connosco todas as semanas desde há dois meses. Nota-se até nos títulos dramáticos: «O que vem aí é dantesco», «Amarrados à tragédia grega». Dramáticos mas enganadores. O que vem aí não é dantesco, o que vem aí é mais do mesmo e não estamos amarrados a nenhuma tragédia grega, temos a nossa própria tragédia que à força de estar em cena há séculos é cada vez mais uma comédia.
Esta semana, NS propõe-nos a sua medicina que é um «orçamento draconiano». Arrumada, face à tragédia, a tralha do investimento público nos elefantes brancos, NS põe-nos a apertar o cinto e dá-nos quatro soluções à escolha: «a la irlandesa», como lhe chama (está descrita neste post do (Im)pertinências); a solução a la Eduardo Catroga, a solução a la Sócrates (que NS, ainda agarrado à fase de antes da aparição, não ousa rotular) e a quarta que é a mistura das 3 anteriores.
A primeira solução (redução da despesa pública por corte nos salários dos funcionários públicos) e a terceira (aumento dos impostos), percebem-se. A quarta percebe-se, percebendo-se as outras. A segunda consiste no «congelamento da despesa pública total em valor absoluto por dois a três anos» e é um exemplo do paleio dos economistas da macroeconomia, descrevendo políticas que enchem a boca e não se traduzem em medidas nenhumas. Como congelar a despesa pública total? O congelamento do investimento público e das despesas correntes? A redução do investimento público e o aumento das despesas correntes? O aumento do investimento público e a redução das despesas correntes? Qual o investimento que se vai manter, reduzir ou aumentar? E, principalmente, quais as despesas correntes que se vão manter, reduzir ou aumentar? E, ainda mais principalmente, o que se faz à fatia mais grossa de todas – a dos salários dos utentes da vaca marsupial pública?
Em conclusão, os Pastorinhos da Economia dos Amanhãs que Cantam quando finalmente já não podem negar a doença receitam-nos placebos.
Uma das conversões mais notáveis de entre os Pastorinhos da Economia dos Amanhãs que Cantam, cortesia da Nossa Senhora da Maldita Realidade, foi a do pastorinho Nicolau Santos (NS), conversão que ele partilha connosco todas as semanas desde há dois meses. Nota-se até nos títulos dramáticos: «O que vem aí é dantesco», «Amarrados à tragédia grega». Dramáticos mas enganadores. O que vem aí não é dantesco, o que vem aí é mais do mesmo e não estamos amarrados a nenhuma tragédia grega, temos a nossa própria tragédia que à força de estar em cena há séculos é cada vez mais uma comédia.
Esta semana, NS propõe-nos a sua medicina que é um «orçamento draconiano». Arrumada, face à tragédia, a tralha do investimento público nos elefantes brancos, NS põe-nos a apertar o cinto e dá-nos quatro soluções à escolha: «a la irlandesa», como lhe chama (está descrita neste post do (Im)pertinências); a solução a la Eduardo Catroga, a solução a la Sócrates (que NS, ainda agarrado à fase de antes da aparição, não ousa rotular) e a quarta que é a mistura das 3 anteriores.
A primeira solução (redução da despesa pública por corte nos salários dos funcionários públicos) e a terceira (aumento dos impostos), percebem-se. A quarta percebe-se, percebendo-se as outras. A segunda consiste no «congelamento da despesa pública total em valor absoluto por dois a três anos» e é um exemplo do paleio dos economistas da macroeconomia, descrevendo políticas que enchem a boca e não se traduzem em medidas nenhumas. Como congelar a despesa pública total? O congelamento do investimento público e das despesas correntes? A redução do investimento público e o aumento das despesas correntes? O aumento do investimento público e a redução das despesas correntes? Qual o investimento que se vai manter, reduzir ou aumentar? E, principalmente, quais as despesas correntes que se vão manter, reduzir ou aumentar? E, ainda mais principalmente, o que se faz à fatia mais grossa de todas – a dos salários dos utentes da vaca marsupial pública?
Em conclusão, os Pastorinhos da Economia dos Amanhãs que Cantam quando finalmente já não podem negar a doença receitam-nos placebos.
20/12/2009
Porque no te callas?
Na sexta-feira, questionado sobre a extensão do casamento ao concubinato dos homossexuais, Cavaco Silva não quis comentar e esclareceu que a sua «atenção está noutros problemas, no desemprego do país, no endividamento do país, no desequilíbrio das contas públicas, na falta de produtividade e de competitividade do nosso país, e por isso eu procuro empenhar-me fortemente na união dos portugueses e nada fazer que provoque fracturas na sociedade portuguesas» (as palavras exactas podem ser ouvidas aqui).
Pode-se estar em desacordo com a opinião do PR, mas o que disse, duma forma moderada, poderia ser dito duma forma dura e afrontosa por milhões de portugueses. Ao declarar, como o jovem peru petulante, nado e criado no aviário socialista, Sérgio Sousa Pinto declarou perante uma profusão de microfones e câmaras, que o PR «não terá o direito de se intrometer (?) na agenda dos partidos como, no caso vertente, na agenda do partido que apoia o Governo …em coro (?) com a oposição de direita», revela uma de duas coisas:
Uma coisa é certa, o jovem peru não estaria tão alienado como está, na primeira hipótese, ou, na segunda hipótese, hesitaria em fazer o papel que fez, se respondesse directamente e prestasse pessoalmente contas aos seus eleitores, em vez de depender da clique a quem tem que prestar contas e serviços, que o empacotou numa lista juntamente com dezenas de outros.
(*) Marmanjos e marmanjas que aparentemente conquistaram para a sua causa um lugar permanente no ouvido do querido líder através da sua querida namorada Câncio.
Pode-se estar em desacordo com a opinião do PR, mas o que disse, duma forma moderada, poderia ser dito duma forma dura e afrontosa por milhões de portugueses. Ao declarar, como o jovem peru petulante, nado e criado no aviário socialista, Sérgio Sousa Pinto declarou perante uma profusão de microfones e câmaras, que o PR «não terá o direito de se intrometer (?) na agenda dos partidos como, no caso vertente, na agenda do partido que apoia o Governo …em coro (?) com a oposição de direita», revela uma de duas coisas:
- O jovem peru, vivendo numa cápsula fracturante, não faz mínima ideia do que é Portugal, confundindo as preocupações duma centena de marmanjos e marmanjas (*) que vivem no raio de alguns km a contar do Frágil, com o que pensam e sentem os portugueses, sente-se autorizado a dizer essas patetices; ou
- O jovem peru foi mandatado pela clique socrática para uma pega de cernelha a Cavaco Silva, prosseguindo uma estratégia cujo móbil é a distracção do estado de coisas e desculpabilização pela situação em que a governação socialista deixou o país.
Uma coisa é certa, o jovem peru não estaria tão alienado como está, na primeira hipótese, ou, na segunda hipótese, hesitaria em fazer o papel que fez, se respondesse directamente e prestasse pessoalmente contas aos seus eleitores, em vez de depender da clique a quem tem que prestar contas e serviços, que o empacotou numa lista juntamente com dezenas de outros.
(*) Marmanjos e marmanjas que aparentemente conquistaram para a sua causa um lugar permanente no ouvido do querido líder através da sua querida namorada Câncio.
CASE STUDY: quem é o deus ex machina da Ongoing? (8)
[Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6) e (7)]
O descaramento dos Espíritos na alavancagem da Ongoing assume proporções bíblicas. Depois de em parceria com o outro banco do socialismo pós-moderno (Millenium bcp) terem emprestado 600 milhões, depois da sua participada PT ter injectado liquidez na Ongoing investindo nos fundos geridos por esta última, os Espíritos financiam a Ongoing com o dinheiro dos seus clientes, comprando papel comercial da Ongoing através dos fundos de investimento geridos pelo BES.
O descaramento dos Espíritos na alavancagem da Ongoing assume proporções bíblicas. Depois de em parceria com o outro banco do socialismo pós-moderno (Millenium bcp) terem emprestado 600 milhões, depois da sua participada PT ter injectado liquidez na Ongoing investindo nos fundos geridos por esta última, os Espíritos financiam a Ongoing com o dinheiro dos seus clientes, comprando papel comercial da Ongoing através dos fundos de investimento geridos pelo BES.
19/12/2009
CASE STUDY: já não sabe distinguir a verdade da mentira
Apesar de o fenómeno ser conhecido dos psicólogos, permanece para mim um grande mistério a capacidade que certas criaturas têm para mentir com o ar mais inocente do mundo. Ao que parece esta capacidade é bastante comum em certas classes profissionais. Desde sempre na classe dos vendedores de banha-da-cobra, e, mais acentuadamente nas últimas décadas, na classe política. É claro que há quem tenha um verdadeiro talento, como Bill Clinton ou Barack Obama, outros, como José Sócrates, coxeiam esforçadamente atrás desses faróis da mistificação. E há os que, como o camarada e amigo Armando Vara, compensam a óbvia falta de talento com uma notável falta de vergonha.
Isto tudo a propósito da entrevista que o doutor (Universidade Independente) Armando Vara deu ao canal de serviço público a semana passada e que ontem o director do Sol, José António Saraiva, comentava no seu editorial com as seguintes palavras:
Isto tudo a propósito da entrevista que o doutor (Universidade Independente) Armando Vara deu ao canal de serviço público a semana passada e que ontem o director do Sol, José António Saraiva, comentava no seu editorial com as seguintes palavras:
«A propósito, fiquei impressionado com a entrevista … Porque o ouvi desmentir, com a maior naturalidade, coisas que sei serem verdadeiras – e que ele sabe que várias pessoas conhecem.Perante este estado terminal da prática política socialista, «o ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor», para citar o Pertinente. Eventualmente esse silêncio pode significar que já não existe gente honrada no PS o que me recorda as palavras do doutor Soares que escreveu, logo após a fuga do Eng. Guterres, que «ao PS fará bem uma cura de oposição ... para livrar-se de um certo oportunismo interesseiro e negocista que o atacou, como musgo viscoso». Imagine-se o que ele hoje escreveria, se aplicasse o mesmo critério ou se ainda estivesse completamente lúcido – esta segunda hipótese, contrariamente ao que possa parecer, sendo a mais benigna é uma cortesia minha.
Fiquei com a ideia de que perdeu as referências, já não sabe distinguir a ‘verdade’ da ‘mentira’, tudo o que lhe interessa é safar-se.»
Lost in translation (14) - uma espécie de condicionamento industrial socialista
Face à OPA dos brasileiros da Companhia Siderúrgica Nacional à Cimpor, cujos accionistas têm andado entretidos a tentar mandar na empresa sem abrirem os cordões à bolsa para obter a maioria, o presidente da Caixa – um dos maiores accionistas da Cimpor e a quem Manuel Fino deu de garantia mais acções da Cimpor para lhe emprestar dinheiro para o assalto ao Millenium bcp – lembrou que «a Caixa tem vindo a defender a manutenção dos centros de decisão nacional». Traduzido em português corrente ele queria dizer que a Caixa tem vindo a defender o capitalismo português atrasado da concorrência internacional, um pouco à maneira do doutor Salazar que se ainda fosse vivo era capaz também de se ter lembrado o de nomear presidente dessa peregrina instituição financeira.
Pouco depois, o ministro das Finanças mandou dizer que «cabe aos accionistas decidir», querendo dizer podeis estar descansados que a Caixa vai emprestar-vos mais dinheiro para que esses capitalistas tropicais não venham para cá fazer ondas.
Pouco depois, o ministro das Finanças mandou dizer que «cabe aos accionistas decidir», querendo dizer podeis estar descansados que a Caixa vai emprestar-vos mais dinheiro para que esses capitalistas tropicais não venham para cá fazer ondas.
18/12/2009
SERVIÇO PÚBLICO: os irlandeses deviam aprender connosco (2)
Apesar de continuar a não usar a receita do engenheiro Sócrates (e, faça-se justiça, de todos os seus antecessores), quase sem auto-estradas, sem pontes, sem TGV, com uns aeroportos manhosos, os descendentes dos comedores de batatas conseguiram sair da recessão no 3.º trimestre. Se conseguirem dentro de um ano voltar a ter o dobro do PIB per capita português (sempre é bom lembrar que tinham o mesmo que Portugal há vinte e poucos anos), será que os nossos Pastorinhos da Economia dos Amanhãs que Cantam começam a dar-lhes alguma atenção?
Torrefacção Lusitana, SA
Grande parte dos quase 460 milhões torrados em «indemnizações compensatórias» são pasto para dinossauros inviáveis e/ou um prémio à incompetência da sua gestão. Alguns casos assumem as proporções de um escândalo. Destacam-se:
- 19,2 milhões para a OPART, torrados para oferecer a preços subsidiados espectáculos duma arte «morta» a uma classe privilegiada com posses para pagar os preços de custo;
- 17,8 milhões para a LUSA, torrados para o governo se oferecer uma central de manipulação;
- 143,1 milhões para a RTP, torrados para o governo se oferecer um palco para os ministros e os seus amigos e camaradas defenderem o seu «bom» nome à pala de serviço público.
[Resolução do Conselho de Ministros n.º 114/2009 de 14 de Dezembro]
17/12/2009
CASE STUDY: a alternativa keynesiana ortodoxa ao elefante branco é a vala comum
Por falar em TGV, José Sócrates anda por aí a prometer que o elefante criará «milhares de postos de trabalho» (ver o diário oficial). Compremos a banha da cobra ao preço que ele a vende – que sejam milhares, mas quanto tempo durarão esses postos de trabalho? Uns anos, a menos que o governo queira cobrir o país com uma malha apertada de TGV semeando apeadeiros em todas as aldeias. E a que custo? Segundo as contas de Avelino de Jesus 1,5% do PIB per annum. Ou seja, para dar emprego por uns anos a uns milhares gastar-se-ia o equivalente aos salários de 150.000 trabalhadores per omnia saecula saeculorum.
Sai mais barato pagar aos milhares que saíram da boca do primeiro-ministro, durante os anos que duraria a construção do TGV, para abrir e fecharam valas comuns, numa demonstração do mais puro e ortodoxo keynesianismo.
Sai mais barato pagar aos milhares que saíram da boca do primeiro-ministro, durante os anos que duraria a construção do TGV, para abrir e fecharam valas comuns, numa demonstração do mais puro e ortodoxo keynesianismo.
SERVIÇO PÚBLICO: as contas do TGV (2)
[Continuação de (1)]
Depois de dois artigos imperdíveis (I e II) de Avelino de Jesus sobre o maior elefante branco deste século, eis o terceiro igualmente imperdível.
Esqueça as externalidades que são praticamente irrelevantes, esqueça o multiplicador do investimento que é pura fantasia e ponha uns cobres de parte para pagar o pão-de-ló para o elefante porque as receitas cobrirão menos de 1/3 dos custos totais anuais. Esqueça também o transporte de mercadorias - em todo o lado desceu com a exploração do TGV - mas não esqueça a bitola ibérica nas linhas de transporte de mercadorias que vem piorar tudo.
Em resumo, cortesia do socialismo pós-moderno, «o país vai ser atado a um encargo permanente de 1,5% do PIB para que os portugueses mais abastados possam dispor de uma comodidade conspícua. Em média, cada português fará 2 viagens por ano em AV - em detrimento de um projecto verdadeiramente prioritário de renovação da via ferroviária visando o transporte de mercadorias e ligando, em bitola europeia, os nossos portos à Europa central.»
Depois de dois artigos imperdíveis (I e II) de Avelino de Jesus sobre o maior elefante branco deste século, eis o terceiro igualmente imperdível.
Esqueça as externalidades que são praticamente irrelevantes, esqueça o multiplicador do investimento que é pura fantasia e ponha uns cobres de parte para pagar o pão-de-ló para o elefante porque as receitas cobrirão menos de 1/3 dos custos totais anuais. Esqueça também o transporte de mercadorias - em todo o lado desceu com a exploração do TGV - mas não esqueça a bitola ibérica nas linhas de transporte de mercadorias que vem piorar tudo.
Em resumo, cortesia do socialismo pós-moderno, «o país vai ser atado a um encargo permanente de 1,5% do PIB para que os portugueses mais abastados possam dispor de uma comodidade conspícua. Em média, cada português fará 2 viagens por ano em AV - em detrimento de um projecto verdadeiramente prioritário de renovação da via ferroviária visando o transporte de mercadorias e ligando, em bitola europeia, os nossos portos à Europa central.»
16/12/2009
O modelo socrático a alavancar a decadência económica
Num ano de deflação o custo do trabalho em Portugal continua a aumentar acima da média da Zona Euro. Não é, pois, de admirar que Portugal seja o 3.º país da UE que perde mais postos de trabalho. Longe vão os tempos dos 150.000 postos de trabalho que iriam ser recuperados criados. Está na altura de alterar os objectivos do governo para não perder mais do que 150.000 postos de trabalho.
15/12/2009
14/12/2009
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Onde é que está a vontade da mudança?
«CHEGADOS AO IMPASSE, ONDE É QUE ESTÁ A VONTADE DA MUDANÇA?» Eu diria continuando no impasse, que vem pelos menos desde o desaparecimento d' O Encoberto, onde é que está a vontade da mudança? Está em sítio desconhecido, se não já teríamos mudado.
É claro que os portugueses «preferem as dificuldades que se manifestam de mansinho, o caminho lento para a mediocridade ou para manter a mediocridade, preferem a velha manha camponesa da sobrevivência com os seus mil e um pequenos truques, aprendidos de geração em geração ... e que os políticos que têm são demasiado parecidos consigo próprios.»
Adianta a auto-flagelação? Não me parece. Mas a esquizofrenia megalómana adianta menos. Só pode tratar uma maleita quem dela tem consciência.
É claro que os portugueses «preferem as dificuldades que se manifestam de mansinho, o caminho lento para a mediocridade ou para manter a mediocridade, preferem a velha manha camponesa da sobrevivência com os seus mil e um pequenos truques, aprendidos de geração em geração ... e que os políticos que têm são demasiado parecidos consigo próprios.»
Adianta a auto-flagelação? Não me parece. Mas a esquizofrenia megalómana adianta menos. Só pode tratar uma maleita quem dela tem consciência.
13/12/2009
Estado empreendedor – (24) Cosec IV
[Continuação de (5), (11), (16) e (20)]
Em Abril Sócrates anunciou a intenção de comprar; em 1 de Julho Teixeira dos Santos anunciou o «trabalho feito»; em 22 de Outubro o «trabalho feito» continuava por fazer; em 10 de Novembro o governo «estava a tentar comprar» mas a Euler Hermes não queria vender o que o governo já tinha dito que estava acordado, comprado e feito; em 9 de Dezembro o ministro da Economia disse ao Diário Económico que a nacionalização, indispensável em Abril para apoiar as exportações, deixou de o ser.
Não é só um problema de políticas erradas, é um problema de incompetência, é um problema de mentira e é um problema de confundir a gestão mediática com a governação.
[Republicação deste post, com actualização]
Em Abril Sócrates anunciou a intenção de comprar; em 1 de Julho Teixeira dos Santos anunciou o «trabalho feito»; em 22 de Outubro o «trabalho feito» continuava por fazer; em 10 de Novembro o governo «estava a tentar comprar» mas a Euler Hermes não queria vender o que o governo já tinha dito que estava acordado, comprado e feito; em 9 de Dezembro o ministro da Economia disse ao Diário Económico que a nacionalização, indispensável em Abril para apoiar as exportações, deixou de o ser.
Não é só um problema de políticas erradas, é um problema de incompetência, é um problema de mentira e é um problema de confundir a gestão mediática com a governação.
[Republicação deste post, com actualização]
DIÁLOGOS DE PLUTÃO: conversas inocentes
- Bom dia, estou à procura da EDP para falar com um senhor que trata dos concursos da sucata, disse o senhor de bigode com ar de estar perdido.
- Este edifício não é da EDP. Isto é a sede do Millenium bcp, respondeu o senhor com ar de porteiro.
- Ah é? E tem aí alguém que saiba onde é a EDP?
- Só se for o senhor doutor, que vai lá muitas vezes falar com eles.
É precisa muita maldade e muito ressaibo para fazer espionagem política a propósito de conversas inocentes.
- Este edifício não é da EDP. Isto é a sede do Millenium bcp, respondeu o senhor com ar de porteiro.
- Ah é? E tem aí alguém que saiba onde é a EDP?
- Só se for o senhor doutor, que vai lá muitas vezes falar com eles.
- E eu poderia falar com o senhor doutor?
- Vou ver. Entra, com o gajo de bigode pela ilharga, pega no telefone, liga e pergunta: ó dona Albertina, o senhor doutor está? Está aqui um senhor de bigode que quer saber a morada da EDP.- O senhor doutor está ao telefone com o senhor engenheiro, responde a dona Albertina. O senhor de bigode tem audiência marcada?
- Parece que não. Ele diz que é para tratar de sucata com a EDP.
- Ah, então está bem. Mande-o subir. Tenho instruções do senhor doutor para dar prioridade à sucata.
O senhor de bigode conseguiu deste modo falar com o senhor doutor, que para o receber, gentilmente interrompeu a conversa com o senhor engenheiro (ao entrar, o senhor de bigode ainda ouviu o senhor doutor dizer «precisamos de ajudar o grupo do António que está sem dinheiro» e pensou com os seus botões: «Isto é gente amiga dos seus amigos. Vou-me dar bem com o senhor doutor. Se isto correr bem vou-lhe oferecer uma caixa de robalos.») e, não só lhe explicou o caminho para a EDP, como se prontificou a fazer um telefonema para o senhor que estava a tratar do concurso da venda de sucata.
É precisa muita maldade e muito ressaibo para fazer espionagem política a propósito de conversas inocentes.
12/12/2009
O abaixo-assinado dos cientistas de causas
O que significa exactamente 1.700 cientistas britânicos assinarem uma declaração preparada pelo instituto de meteorologia lá da terra manifestando «a maior confiança nas evidências observadas do aquecimento global e na base científica para concluir que isto se deve primordialmente às actividades humanas»?
Significa menos do que outros 1.700 cientistas de outra qualquer nacionalidade assinarem uma declaração preparada por Björn Lomborg manifestando as maiores dúvidas sobre a existência do aquecimento global e, caso este exista, sobre as suas causas se deverem primordialmente às actividades humanas. E significa menos porque estes outros putativos signatários ao subscreverem tal declaração, em vez de garantirem os fundos para o financiamento das suas investigações, como os seus homólogos, estariam muito provavelmente a colocá-los em risco.
Se há quatro séculos a tese do heliocentrismo de Giordano Bruno, que lhe valeu a morte na fogueira da Inquisição (o politicamente correcto da época), fosse negada em favor do geocentrismo por uma petição ao Papa Clemente VIII assinada por 1.700 doutores em teologia, ainda hoje deveríamos continuar a acreditar que o sol girava à volta da terra?
Significa menos do que outros 1.700 cientistas de outra qualquer nacionalidade assinarem uma declaração preparada por Björn Lomborg manifestando as maiores dúvidas sobre a existência do aquecimento global e, caso este exista, sobre as suas causas se deverem primordialmente às actividades humanas. E significa menos porque estes outros putativos signatários ao subscreverem tal declaração, em vez de garantirem os fundos para o financiamento das suas investigações, como os seus homólogos, estariam muito provavelmente a colocá-los em risco.
Se há quatro séculos a tese do heliocentrismo de Giordano Bruno, que lhe valeu a morte na fogueira da Inquisição (o politicamente correcto da época), fosse negada em favor do geocentrismo por uma petição ao Papa Clemente VIII assinada por 1.700 doutores em teologia, ainda hoje deveríamos continuar a acreditar que o sol girava à volta da terra?
SERVIÇO PÚBLICO: os irlandeses deviam aprender connosco
A Irlanda, apontada pelos nossos prosélitos do Estado Social como um bom exemplo das desgraças com que os deuses do intervencionismo castigam os pecados do liberalismo, tomou um valente trambolhão e terá perdido quase 10% do PIB este ano, enquanto o virtuoso Portugal perderá provavelmente menos de 3%. É o merecido castigo da Irlanda que há 20 anos tinha um PIB per capita igual ao de Portugal e imediatamente antes do desabar da crise financeira já tinha o dobro. Agora, justamente punida por não ter usado a receita portuguesa para o desenvolvimento e só ter uns 200 km de auto-estradas, a Irlanda já não tem o dobro de PIB per capita português - terá prá aí uns 190 e tantos por cento. Bem feito.
Não satisfeitos com as asneiras que fizeram, em vez de seguirem a receita portuguesa do investimento público virtuoso em auto-estradas, aeroportos e TGV, os descendentes dos comedores de batata resolveram pôr em prática um plano radical de corte da despesa pública, com completo desprezo pelos direitos adquiridos, a começar pelos salários dos funcionários públicos que serão reduzidos de 5% a 10%, a continuar com os ministros que terão uma redução de 15% e a acabar com o primeiro-ministro que terá um corte de 20%. Acrescentam às asneiras não aumentar os impostos, salvo um novo imposto sobre os combustíveis que vai tornar mais caro passear numas poucas centenas de km de auto-estrada que possuem.
Não há nada a fazer com eles.
Não satisfeitos com as asneiras que fizeram, em vez de seguirem a receita portuguesa do investimento público virtuoso em auto-estradas, aeroportos e TGV, os descendentes dos comedores de batata resolveram pôr em prática um plano radical de corte da despesa pública, com completo desprezo pelos direitos adquiridos, a começar pelos salários dos funcionários públicos que serão reduzidos de 5% a 10%, a continuar com os ministros que terão uma redução de 15% e a acabar com o primeiro-ministro que terá um corte de 20%. Acrescentam às asneiras não aumentar os impostos, salvo um novo imposto sobre os combustíveis que vai tornar mais caro passear numas poucas centenas de km de auto-estrada que possuem.
Não há nada a fazer com eles.
11/12/2009
Incumprimento. A palavra proibida foi dita.
Nada que não se soubesse que iria acontecer, mais cedo do que tarde. O rating da Grécia degradou-se para BBB+, salvo erro o mais baixo que a Fitch até hoje atribuiu a um país da Zona Euro. George Soros, o carrasco da libra em 1992, apressou-se a garantir que (os países europeus) «não vão deixar que o país entre em incumprimento». Trichet, presidente do BCE, pediu «medidas corajosas» e Angela Merkel mostrou-se solidária. É o pavor da contaminação da gripe A orçamental. Entretanto os spreads para a dívida da Grécia dispararam.
Who’s next?
Who’s next?
10/12/2009
Atirar dinheiro para cima dos problemas
Talvez já houvesse consenso sobre a má qualidade do ensino universitário público (e privado, reconheça-se, com as excepções conhecidas). Seguramente, quanto às causas, as opiniões têm-se dividido. Segundo a corrente maioritária da burocracia académica, tratar-se-ia essencialmente de «falta de verbas». Pois, parece que não. Segundo um estudo para a Comissão Europeia do ISEG, instituto, que fazendo parte da universidade pública, devemos à partida considerar insuspeito em relação às conclusões, o ensino superior público português é um dos mais ineficientes e poderia alcançar os mesmos (maus) resultados com metade do dinheiro, ou, dito de outro maneira, poderia fazer o dobro com o mesmo dinheiro.
De vitória em vitória, até à derrota final
Segundo o Destaque do INE, publicado ontem, as taxas de variação do PIB no 3.º trimestre foram as seguintes:
Segundo o primeiro-ministro, que não está preocupado, «é um dos maiores crescimentos europeus». Pois será, faltando apenas acrescentar que, além de os números mostrarem uma descida em relação à última estimativa rápida do INE de Novembro, se agora tivemos um dos maiores crescimentos europeus, isso resulta de durante uma década termos tido dos menores. Será uma espécie de esquizofrenia, com alucinações, delírios e perda de contacto com a realidade, será irremediável incompetência ou estamos perante um caso simples de mentira pura e dura?
Segundo o primeiro-ministro, que não está preocupado, «é um dos maiores crescimentos europeus». Pois será, faltando apenas acrescentar que, além de os números mostrarem uma descida em relação à última estimativa rápida do INE de Novembro, se agora tivemos um dos maiores crescimentos europeus, isso resulta de durante uma década termos tido dos menores. Será uma espécie de esquizofrenia, com alucinações, delírios e perda de contacto com a realidade, será irremediável incompetência ou estamos perante um caso simples de mentira pura e dura?
09/12/2009
CASE STUDY: o segundo PREC do BdeP
Despojado de qualquer autoridade na política monetária, em vez de se concentrar na supervisão prudencial para evitar novos BPN e BPP, o BdeP, quiçá roído de saudades do PREC, decretou taxas máximas de juro aplicáveis pelos bancos ao crédito pessoal, crédito automóvel e cartões de crédito. Sem surpresa, foi imediatamente aplaudido pela DECO. Segundo a imprensa, essas taxas máximas serão para cada tipo de operação 4/3 da média das taxas praticadas pelos bancos para essa operação.
A história está juncada de fracassos da fixação administrativa dos preços e é disso que se trata. Apenas neste caso é o preço do dinheiro e o método administrativo aparece mascarado com componentes do mercado monetário. Coloquemo-nos no lugar dum banco. Em primeiro lugar, agradecemos ao BdeP ter a gentileza de nos dar informação fidedigna sobre a concorrência. Em segundo lugar, agradecemos induzir nos nossos clientes actuais e potenciais uma taxa de referência (a máxima) em substituição duma taxa praticada por um outro concorrente, necessariamente mais baixa. É com essa taxa de referência na cabeça que o cliente fica preparado para aceitar como boa uma taxa provavelmente mais elevada do que aquela que estaríamos dispostos a praticar.
LEMBRETE: Não esquecer agradecer ao ministro anexo, antes de ser exportado para o BCE. Não somos pobres, nem somos mal agradecidos.
A história está juncada de fracassos da fixação administrativa dos preços e é disso que se trata. Apenas neste caso é o preço do dinheiro e o método administrativo aparece mascarado com componentes do mercado monetário. Coloquemo-nos no lugar dum banco. Em primeiro lugar, agradecemos ao BdeP ter a gentileza de nos dar informação fidedigna sobre a concorrência. Em segundo lugar, agradecemos induzir nos nossos clientes actuais e potenciais uma taxa de referência (a máxima) em substituição duma taxa praticada por um outro concorrente, necessariamente mais baixa. É com essa taxa de referência na cabeça que o cliente fica preparado para aceitar como boa uma taxa provavelmente mais elevada do que aquela que estaríamos dispostos a praticar.
LEMBRETE: Não esquecer agradecer ao ministro anexo, antes de ser exportado para o BCE. Não somos pobres, nem somos mal agradecidos.
Chuva na eira e sol no nabal
Em 2006 o ministério da Justiça deu uma mãozinha ao pior ministro melhor dos piores ministros das Finanças para este ajudar o querido líder a demonstrar que «está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu». A mãozinha consistiu no leaseback de imóveis que os serviços do ministério da Justiça ocupavam avaliados em 230 milhões, milhões que foram despejados no buraco negro do défice. Para continuar a ocupar esses imóveis, o ministério passou a pagar cerca de 5% de renda, percentagem abaixo do que em condições de mercado seria normal na época, facto que indicia uma outra manobra: a subvalorização dos imóveis.
É apenas mais um exemplo da engenharia financeira que os governos Sócrates (e quase todos os outros que o antecederam) levaram a cabo para realizar as operações de cosmética do défice. Aparentemente, é sol na eira (redução do défice) e chuva no nabal (mais uns cobres para aliviar a tesouraria). De facto, é mais o contrário: empurrar com a barriga o problema para a frente, adicionando uns milhões de euros de rendas aos défices ceteris paribus dos anos subsequentes.
É apenas mais um exemplo da engenharia financeira que os governos Sócrates (e quase todos os outros que o antecederam) levaram a cabo para realizar as operações de cosmética do défice. Aparentemente, é sol na eira (redução do défice) e chuva no nabal (mais uns cobres para aliviar a tesouraria). De facto, é mais o contrário: empurrar com a barriga o problema para a frente, adicionando uns milhões de euros de rendas aos défices ceteris paribus dos anos subsequentes.
08/12/2009
Lost in translation (13) - não cuspam para o ar, aconselhou ele
«O PSD está de facto a optar por uma via radical, extremista e irresponsável, de todo em todo imprópria de um grande partido com vocação de alternativa de poder como é o caso do PSD», reagiu Francisco de Assis à notícia do lançamento de «uma comissão de inquérito para investigar a Fundação das Comunicações Móveis, criada para gerir o financiamento do Magalhães».
Tem o líder parlamentar do PSD toda a razão. Imagine-se que todas as trapalhadas passadas, presentes e futuras perpetradas pelos governos em exercícios fossem alvo de comissões de inquérito. Ainda dando de barato que as trapalhadas passadas da iniciativa do PSD estariam todas “prescritas”, e então as do futuro? Desistiu o PSD de chegar ao poder? É uma irresponsabilidade, senhores.
Tem o líder parlamentar do PSD toda a razão. Imagine-se que todas as trapalhadas passadas, presentes e futuras perpetradas pelos governos em exercícios fossem alvo de comissões de inquérito. Ainda dando de barato que as trapalhadas passadas da iniciativa do PSD estariam todas “prescritas”, e então as do futuro? Desistiu o PSD de chegar ao poder? É uma irresponsabilidade, senhores.
SERVIÇO PÚBLICO: Inganni ad arte
Se os nossos pintores tivessem uma tradição no trompe l’œil como têm os nossos políticos, estaríamos hoje muito bem representados na exposição Meraviglie del trompe l’œil dall’antichita al contemporaneo no Palazzo Strozzi, em Florença. Apressem-se, encerra no dia 31.
Escapando de la crítica, 1874, Pere Borrell del Caso
07/12/2009
Pior é difícil
Numa conjuntura deflacionista (1), com o desemprego mais elevado desde que existem dados, com um sistema de segurança social insustentável a prazo (2), qual a última medida política que o governo deveria tomar? Aumentar o salário mínimo, subsidiando o aumento com uma redução das contribuições para a segurança social.
(1) Variação homóloga do IPC em Outubro -1,5%.
(2) Fundo de Estabilização Financeira tem cerca de 8 mil milhões o suficiente para pagar pensões alguns anos.
(1) Variação homóloga do IPC em Outubro -1,5%.
(2) Fundo de Estabilização Financeira tem cerca de 8 mil milhões o suficiente para pagar pensões alguns anos.
ARTIGO DEFUNTO: o novo ranking APT-FG
O nosso jornalismo desportivo não foge à regra do jornalismo de causas. Causas próprias, mas causas, umas inspiradas pelo clubismo parolo, quando falam de futebol, e todas pelo patriotismo parolo, quando se trata de competições internacionais. Ele é o Inter de Mourinho, o Real de CR9, o Chelsea de Ricardo Carvalho e de Deco, o Atlético de Simão Sabrosa, etc.
Tudo isto já faz parte da rotina das causas do jornalismo desportivo. Verdadeiramente inovador é tomar como referência no ranking a posição dum jogador português. Foi o caso do Sol, onde sob o título «Davydenko passa a sexto», nos informa que o russo depois de ter ganho o Masters ficou «64 posições acima de Frederico Gil». Já agora, aqui fica o novo ranking ATP-FG:
0 Gil, Frederico (POR)
…
60 Tsonga, Jo-Wilfried (FRA)
61 Verdasco, Fernando (ESP)
62 Soderling, Robin (SWE)
63 Roddick, Andy (USA)
64 Davydenko, Nikolay (RUS)
65 Del Potro, Juan Martin
66 Murray, Andy (GBR)
67 Djokovic, Novak (SRB)
68 Nadal, Rafael (ESP)
69 Federer, Roger (SUI)
Tudo isto já faz parte da rotina das causas do jornalismo desportivo. Verdadeiramente inovador é tomar como referência no ranking a posição dum jogador português. Foi o caso do Sol, onde sob o título «Davydenko passa a sexto», nos informa que o russo depois de ter ganho o Masters ficou «64 posições acima de Frederico Gil». Já agora, aqui fica o novo ranking ATP-FG:
0 Gil, Frederico (POR)
…
60 Tsonga, Jo-Wilfried (FRA)
61 Verdasco, Fernando (ESP)
62 Soderling, Robin (SWE)
63 Roddick, Andy (USA)
64 Davydenko, Nikolay (RUS)
65 Del Potro, Juan Martin
66 Murray, Andy (GBR)
67 Djokovic, Novak (SRB)
68 Nadal, Rafael (ESP)
69 Federer, Roger (SUI)
06/12/2009
Deve haver uma explicação
Ao contrário dos nossos corruptos, os corruptos americanos apanhados nas malhas da justiça, frequentemente declararam-se culpados. Deve haver uma explicação. Pode ser a eficácia da investigação a reunir as provas, pode ser o quadro processual penal mais simplificado, pode ser a eficácia e sentido prático do sistema judicial que encosta os arguidos à parede e troca uma redução do pedido de condenação por uma confissão, pode ser a ética protestante (ou o que resta dela). O segredo de justiça é que não parece ter nada a ver.
Quanto à ética protestante (ou o que resta dela), estamos conversados, mas, quanto ao resto, estamos à espera de quê para dar corda aos sapatos?
Quanto à ética protestante (ou o que resta dela), estamos conversados, mas, quanto ao resto, estamos à espera de quê para dar corda aos sapatos?
Terroristas, ainda vá
Os revolucionários da FARC adquiriram os costumes degenerados da burguesia: «festas, prostitutas e bebedeiras». No próximo ano lá estarão outra vez na festa do Avante!
SERVIÇO PÚBLICO: agora é oficial
Quando o Diário do Governo de Notícias pinta a situação do endividamento público com as cores que aqui se podem ver, a gravidade da situação passou a ser oficial. Infelizmente, o endividamento público total no final do ano ultrapassará os 113,3% do PIB referidos pelo DN e muito provavelmente não será inferior a 120% (estimativa de Vítor Bento).
05/12/2009
Estado empreendedor – (23) a estrada para a bancarrota - 3.ª parte
Uma das tácticas de manipulação dos governos Sócrates consiste na repetição periódica das suas alegadas realizações, visando instilar no bestunto dos eleitores distraídos a adição de feitos supostamente notáveis. Os exemplos são uma legião. Tomemos um dos últimos, o lucro de 50 milhões de euros da Estradas de Portugal, várias vezes anunciado, segundo as contas de 2008 que até hoje não foram publicadas - os cínicos dirão que as contas ainda estar a ser «massajadas», porque como diria o doutor Barroso, sabe-se que o resultado da soma algébrica é 50 milhões, só não se sabe quanto são as parcelas. Anyway, o passivo da EP equivale a 25 anos dos alegados lucros de 2008.
E, por falar em parcelas, uma delas resulta de reverter para a EP as portagens das SCUTS que os respectivos concessionários deveriam receber e, não as recebendo, vão continuar a ser-lhes pagas as compensações previstas nos contratos de concessão, como aqui já se referiu. Por estas e por outras, como o financiamento da EP com dinheiros públicos que não têm relação directa com os serviços que presta, o lucro da EP é uma medida tão boa da sua eficiência como o ordenado do filho do patrão é uma medida de sucesso.
E, por falar em parcelas, uma delas resulta de reverter para a EP as portagens das SCUTS que os respectivos concessionários deveriam receber e, não as recebendo, vão continuar a ser-lhes pagas as compensações previstas nos contratos de concessão, como aqui já se referiu. Por estas e por outras, como o financiamento da EP com dinheiros públicos que não têm relação directa com os serviços que presta, o lucro da EP é uma medida tão boa da sua eficiência como o ordenado do filho do patrão é uma medida de sucesso.
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (40) "discurso de campanha combinado com a retórica de Bush"
À superfície as reacções oficiais dos países aliados ao discurso de Obama anunciando a nova estratégia para o Afeganistão foram aparentemente positivas, ainda que obviamente nada entusiásticas. E não admira que assim tenha sido porque, para usar as palavras dum comentador alemão do Spiegel, «nunca nenhum discurso do Presidente Barack Obama foi sentido tão falso. Pareceu um discurso de campanha combinado com a retórica de Bush – e desapontou quer os sonhadores quer os realistas.»
Começa a ser preocupante o percurso errático de Obama que colecciona cedências aos adversários, sem nenhuma contrapartida (veja-se a visita recente à China donde regressou de mãos a abanar), ao mesmo tempo que aliena os seus aliados (veja-se a ausência simbólica das comemorações da queda do muro de Berlim).
Começa a ser preocupante o percurso errático de Obama que colecciona cedências aos adversários, sem nenhuma contrapartida (veja-se a visita recente à China donde regressou de mãos a abanar), ao mesmo tempo que aliena os seus aliados (veja-se a ausência simbólica das comemorações da queda do muro de Berlim).
04/12/2009
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: querem-nos abater, mas nós não deixaremos
João Duque, a quem a Nossa Senhora da Maldita Realidade terá aparecido faz tempo, e por isso não me lembro de fazer parte dos Pastorinhos dos Amanhãs que Cantam, deu hoje mais um passo em frente com o seu artigo «Agarrem-se!» onde, a propósito das estatísticas de desemprego do Eurostat, escreve o script para o filme: « 2012 está a chegar a Portugal».
É grave quase 20% dos portugueses até aos 25 anos estarem desempregados? É grave, mas não é nada que os pais desses portugueses não aguentem – afinal os filhos já hoje ficam acampados na casa paterna materna até aos trintas e tais. Aliás, a coisa até potenciará um prolongamento do suplemento de felicidade das mães desses jovens, que assim disporão de mais uns anos para lhes fazerem as camas e lhes darem as papinhas.
Estamos bem servidos de profetas da desgraça. Ao princípio era o Medina Carreira, e os optimistas, ou seja os pessimistas mal informados, diziam pois, lá está ele. Agora que o campo dos Amanhãs que Cantam está cada vez mais deserto, chegou a minha vez de dizer BASTA! É um exagero. Os amanhãs nunca cantaram a não ser nas meninges dos lunáticos e não foi por isso que os portugueses não resistiram a mais de 5 séculos de decadência. Temos uma grande experiência e podemos aproveitá-la para ensinar aos espanhóis e outros povos cheios de guelra como ser feliz na infelicidade. É só uma questão de baixar as expectativas e fazer aquilo que sabemos fazer melhor: adoptar uma atitude de songamonga, com um olho no burro e outro no cigano, a deixá-los pousar, que nós cá estamos à espera que eles se estendam ao comprido. Enquanto os europeus prosseguem o projecto burocrático de transformar a Europa numa Grande Bélgica, nós os portugueses acalentamos um sonho que é um desígnio de um povo: construir o Quinto Império.
É grave quase 20% dos portugueses até aos 25 anos estarem desempregados? É grave, mas não é nada que os pais desses portugueses não aguentem – afinal os filhos já hoje ficam acampados na casa paterna materna até aos trintas e tais. Aliás, a coisa até potenciará um prolongamento do suplemento de felicidade das mães desses jovens, que assim disporão de mais uns anos para lhes fazerem as camas e lhes darem as papinhas.
Estamos bem servidos de profetas da desgraça. Ao princípio era o Medina Carreira, e os optimistas, ou seja os pessimistas mal informados, diziam pois, lá está ele. Agora que o campo dos Amanhãs que Cantam está cada vez mais deserto, chegou a minha vez de dizer BASTA! É um exagero. Os amanhãs nunca cantaram a não ser nas meninges dos lunáticos e não foi por isso que os portugueses não resistiram a mais de 5 séculos de decadência. Temos uma grande experiência e podemos aproveitá-la para ensinar aos espanhóis e outros povos cheios de guelra como ser feliz na infelicidade. É só uma questão de baixar as expectativas e fazer aquilo que sabemos fazer melhor: adoptar uma atitude de songamonga, com um olho no burro e outro no cigano, a deixá-los pousar, que nós cá estamos à espera que eles se estendam ao comprido. Enquanto os europeus prosseguem o projecto burocrático de transformar a Europa numa Grande Bélgica, nós os portugueses acalentamos um sonho que é um desígnio de um povo: construir o Quinto Império.
03/12/2009
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor
Percebe-se que estamos com um desemprego aflitivo. Percebe-se que para um apparatchik socialista (ou, em boa verdade, para um qualquer apparatchik) conseguir um emprego decente, ou simplesmente um emprego, agora mais do que nunca, é um objectivo difícil de realizar. Percebe-se, até, com algum esforço, que mesmo nas vacas gordas não está alcance de um apparatchik socialista nenhum emprego melhor do que o partido lhe providencia ou que ele espera lhe venha a providenciar em breve.
Percebendo tudo isso, ainda assim, não haverá ninguém no partido Socialista, para além de Henrique Neto, um homem honrado, que se distancie publicamente da «convivência com maus líderes»? Se é verdade que é possível enganar toda a gente durante algum tempo, alguns toda a vida, mas não é possível enganar todos para sempre, chegará a vez da clique de José Sócrates perder o pouco que lhe resta de credibilidade.
E não, não estou a falar de segredos de justiça, de presunções de inocência, nem de outros artefactos da engenharia jurídica. Nada disso. Estou a falar de honra. Sabeis o que é um homem honrado? Onde estão os socialistas capazes de apresentar-se ao eleitorado como uma liderança alternativa sem a trapaça colada às vestes e isenta das suspeitas que contaminam o governo e a actual direcção do PS?
Não venham dizer-nos depois que não sabiam de nada.
Percebendo tudo isso, ainda assim, não haverá ninguém no partido Socialista, para além de Henrique Neto, um homem honrado, que se distancie publicamente da «convivência com maus líderes»? Se é verdade que é possível enganar toda a gente durante algum tempo, alguns toda a vida, mas não é possível enganar todos para sempre, chegará a vez da clique de José Sócrates perder o pouco que lhe resta de credibilidade.
E não, não estou a falar de segredos de justiça, de presunções de inocência, nem de outros artefactos da engenharia jurídica. Nada disso. Estou a falar de honra. Sabeis o que é um homem honrado? Onde estão os socialistas capazes de apresentar-se ao eleitorado como uma liderança alternativa sem a trapaça colada às vestes e isenta das suspeitas que contaminam o governo e a actual direcção do PS?
Não venham dizer-nos depois que não sabiam de nada.
02/12/2009
PUBLIC SERVICE: Climategate: Follow the Money
«But the deeper question is why the scientists behaved this way to begin with, especially since the science behind man-made global warming is said to be firmly settled. To answer the question, it helps to turn the alarmists' follow-the-money methods right back at them.
Consider the case of Phil Jones, the director of the CRU and the man at the heart of climategate. According to one of the documents hacked from his center, between 2000 and 2006 Mr. Jones was the recipient (or co-recipient) of some $19 million worth of research grants, a sixfold increase over what he'd been awarded in the 1990s.
Why did the money pour in so quickly? Because the climate alarm kept ringing so loudly: The louder the alarm, the greater the sums. And who better to ring it than people like Mr. Jones, one of its likeliest beneficiaries?»
[«Climategate: Follow the Money», BRET STEPHENS, The Wall Street Journal]
Consider the case of Phil Jones, the director of the CRU and the man at the heart of climategate. According to one of the documents hacked from his center, between 2000 and 2006 Mr. Jones was the recipient (or co-recipient) of some $19 million worth of research grants, a sixfold increase over what he'd been awarded in the 1990s.
Why did the money pour in so quickly? Because the climate alarm kept ringing so loudly: The louder the alarm, the greater the sums. And who better to ring it than people like Mr. Jones, one of its likeliest beneficiaries?»
[«Climategate: Follow the Money», BRET STEPHENS, The Wall Street Journal]
Mulheres tuteladas uni-vos e ide a Espanha
O título do Diário do Governo de Notícias era deprimente: «Mais portuguesas solteiras vão a Espanha engravidar». O texto continuava: «as maiores clínicas espanholas estão a receber cada vez mais mulheres vindas de Portugal para engravidar». Pensei o pior. Estaria o lendário macho português em extinção e milhares de fêmeas, quem sabe se dezenas de milhar, abandonadas à lendária inclinação castelhana pelas nossas apetitosas damas?
Felizmente a continuação da leitura sossegou o meu espírito atormentado. Afinal a maioria das fêmeas, chamemos-lhe assim indevidamente, é homossexual e «tenta contornar a lei portuguesa». E quantas seriam, interroguei-me, ainda preocupado. Nas duas maiores clínicas espanholas, numa «já atenderam 12 portuguesas solteiras» este ano e na outra em 3 anos foram 29.
São poucas mas, segundo dizem, têm gasto imenso dinheiro nesse «turismo civilizacional», como lhe chama uma das criaturas ouvidas e tudo porque só as mulheres «tuteladas por homens» podem ser inseminadas. É uma injustiça e um grave problema civilizacional que requer medidas urgentes. Aqui fica a sugestão para o grupo parlamentar berloquista bloquista tratar do assunto com a prioridade que merece. Seria mais do que nunca apropriada uma ejaculação do órgão legislativo AR, como prevista no Glossário.
Felizmente a continuação da leitura sossegou o meu espírito atormentado. Afinal a maioria das fêmeas, chamemos-lhe assim indevidamente, é homossexual e «tenta contornar a lei portuguesa». E quantas seriam, interroguei-me, ainda preocupado. Nas duas maiores clínicas espanholas, numa «já atenderam 12 portuguesas solteiras» este ano e na outra em 3 anos foram 29.
São poucas mas, segundo dizem, têm gasto imenso dinheiro nesse «turismo civilizacional», como lhe chama uma das criaturas ouvidas e tudo porque só as mulheres «tuteladas por homens» podem ser inseminadas. É uma injustiça e um grave problema civilizacional que requer medidas urgentes. Aqui fica a sugestão para o grupo parlamentar berloquista bloquista tratar do assunto com a prioridade que merece. Seria mais do que nunca apropriada uma ejaculação do órgão legislativo AR, como prevista no Glossário.
01/12/2009
DIÁRIO DE BORDO: estórias do outro mundo (2) – dêem-lhes uma oportunidade, disse ele
Já contei como um dia cheguei à fala com Alf e porquê, uma vez ou outra, me telefona – quase sempre a propósito de notícias sobre Portugal que vê na Holomac (a TV por holograma de Melmac). Desde o caso da sugestão do bastonário dos economistas de juntar os ministérios da Economia e das Finanças que Alf não dava notícias.
Telefonou ontem a questionar-me sobre o Face Oculta, o segredo de justiça e outras trapalhadas que a Holomac tratou num programa sobre costumes tribais em regiões atrasadas da galáxia. «Porque chamam segredo a coisas que toda a gente conhece? E porque chamam justiça a uma coisa que todos classificam de injusta? Porque não comunicam os ministros entre si e com os amigos por telepatia, como fazem aqui em Melmac?» Foram algumas das incontáveis questões que em torrente espasmódica me colocou.
Lá lhe fui explicando que o governo, os amigos, a maçonaria, as corporações, os interesses, a corrupção, patati patatá. Interrompeu-me, impaciente: «E a oposição não diz nada, não faz nada?» A oposição tem telhados de vidro e enrola-se na manta da presunção de inocência, do segredo de justiça, patati patatá, lá fui dizendo. «A oposição? E vocês não conseguem um governo melhor do que esse? Não há outros partidos?» Há sim, expliquei, porém as coisas também não correram bem. O PCP e os apêndices arruinaram o país em 74 e 75, e desde então o PS, o PSD, sozinhos ou acolitados com o táxi, que agora é um autocarro, do CDS, revezaram-se para continuar a arruiná-lo. «E não há mais partidos?». Há aquela esquerdalhada do Bloco de Esquerda, disse. «Quem? Os que antigamente eram trotskistas, marxistas-leninistas e maoístas?» Perguntou, demonstrando um insuspeitado conhecimento do PREC. Esses mesmos, juntamente com bichas e outras criaturas de género indeciso, acrescentei. «E esse gajos já governaram?» Ainda não, só fazem manifestações, esclareci. «O que estão à esperam para lhes dar uma oportunidade?»
Arrepiei-me e mudei de conversa, falando de gatos que é a única coisa que faz Alf mudar de conversa.
Telefonou ontem a questionar-me sobre o Face Oculta, o segredo de justiça e outras trapalhadas que a Holomac tratou num programa sobre costumes tribais em regiões atrasadas da galáxia. «Porque chamam segredo a coisas que toda a gente conhece? E porque chamam justiça a uma coisa que todos classificam de injusta? Porque não comunicam os ministros entre si e com os amigos por telepatia, como fazem aqui em Melmac?» Foram algumas das incontáveis questões que em torrente espasmódica me colocou.
Lá lhe fui explicando que o governo, os amigos, a maçonaria, as corporações, os interesses, a corrupção, patati patatá. Interrompeu-me, impaciente: «E a oposição não diz nada, não faz nada?» A oposição tem telhados de vidro e enrola-se na manta da presunção de inocência, do segredo de justiça, patati patatá, lá fui dizendo. «A oposição? E vocês não conseguem um governo melhor do que esse? Não há outros partidos?» Há sim, expliquei, porém as coisas também não correram bem. O PCP e os apêndices arruinaram o país em 74 e 75, e desde então o PS, o PSD, sozinhos ou acolitados com o táxi, que agora é um autocarro, do CDS, revezaram-se para continuar a arruiná-lo. «E não há mais partidos?». Há aquela esquerdalhada do Bloco de Esquerda, disse. «Quem? Os que antigamente eram trotskistas, marxistas-leninistas e maoístas?» Perguntou, demonstrando um insuspeitado conhecimento do PREC. Esses mesmos, juntamente com bichas e outras criaturas de género indeciso, acrescentei. «E esse gajos já governaram?» Ainda não, só fazem manifestações, esclareci. «O que estão à esperam para lhes dar uma oportunidade?»
Arrepiei-me e mudei de conversa, falando de gatos que é a única coisa que faz Alf mudar de conversa.
30/11/2009
Inclino-me a pensar o mesmo
«Com este Estado, talvez o Dr. Salazar não tivesse precisado de PIDE e de censura.»
Rui Ramos, «A Víbora», Correio da Manhã (via Blasfémias)
Rui Ramos, «A Víbora», Correio da Manhã (via Blasfémias)
BREIQUINGUE NIUZ: comunicação ao País do PR anunciando a demissão do governo e a dissolução da AR
Hackers amigos contam-me (mas a gente sabe que hackers a contarem intrusões são parecidos com pescadores a contarem pescarias) que, aproveitando uma falha na segurança dos servidores da Presidência da República, conseguiram ter acesso ao draft duma comunicação ao País que poderia ter lugar no próximo dia 10 de Dezembro. Eis alguns excertos em absoluto exclusivo:
O texto acima é obviamente falso, ou melhor são excertos obviamente verdadeiros da comunicação ao País de 10 de Dezembro de 2004 do doutor Jorge Sampaio, anunciando o fim do XVI governo de Santana Lopes, por umas rídiculas trapalhadas. Se o PR em exercício tivesse o mesmo critério, teria razões todos os meses para demitir o XVII governo e nem sequer dar posse ao XVIII.
Desde a posse do XVII Governo Constitucional, e depois de lhe ter assegurado todas as condições necessárias para o desempenho da sua missão, o País assistiu a uma série de episódios que ensombrou decisivamente a credibilidade do Governo e a sua capacidade para enfrentar a crise que o País vive.ESCLARECIMENTO:
A sucessão negativa desses acontecimentos impôs uma avaliação de conjunto, e não apenas de cada acontecimento isoladamente. Foi essa sucessão que criou uma grave crise de credibilidade do Governo, que surgira como um Governo sucedâneo do anterior, e relativamente ao qual, por conseguinte, as exigências de credibilidade se mostravam especialmente relevantes, e, como tal, tinham sido aceites pelo Primeiro Ministro. Aliás, por diversas vezes e por formas diferentes, dei sinais do meu descontentamento com o que se estava a passar.
A persistência e mesmo o agravamento desta situação inviabilizou as indispensáveis garantias de recuperação da normalidade e tornou claro que a instabilidade ameaçava continuar, com sério dano para as instituições e para o País, que não pode perder mais tempo nem adiar reformas.
Criou-se uma instabilidade substancial que acentuou a crise na relação de confiança entre o Estado e a sociedade, com efeitos negativos na posição portuguesa face aos grandes desafios da Europa, no combate pelo crescimento e pela competitividade da economia, na solidez e prestígio das instituições democráticas.
A insustentável situação a que se chegou – e que certos comportamentos e reacções dos últimos dias só têm contribuído para confirmar – mostra que as tendências de crise e instabilidade se revelaram mais fortes que o Governo e a maioria parlamentar, que se tornaram incapazes de as conter e inverter. Neste quadro, que revelou um padrão de comportamento sem qualquer sinal de mudança ou possibilidade de regeneração, entendi que a manutenção em funções do Governo significaria a manutenção da instabilidade e da inconsistência. Entendi ainda que se tinha esgotado a capacidade da maioria parlamentar para gerar novos governos.
Assim, e face a uma situação cuja continuação seria cada vez mais grave para Portugal, entendi, em consciência, que só a dissolução parlamentar representava uma saída.
Após as eleições, que têm, aliás, como vantagem alargar para quatro anos o horizonte do Governo que delas resultar, espero que seja possível encarar com mais determinação o grave problema orçamental que o País tem para resolver.
O texto acima é obviamente falso, ou melhor são excertos obviamente verdadeiros da comunicação ao País de 10 de Dezembro de 2004 do doutor Jorge Sampaio, anunciando o fim do XVI governo de Santana Lopes, por umas rídiculas trapalhadas. Se o PR em exercício tivesse o mesmo critério, teria razões todos os meses para demitir o XVII governo e nem sequer dar posse ao XVIII.
28/11/2009
O jus primae noctis dos alegados senhores da sucata (2)
«Armando Vara, um dos arguidos do caso "Face Oculta", foi apanhado nesta investigação com elementos de um processo que corre no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e que, de acordo com fontes contactadas pelo DN, deveria estar em segredo de justiça.» (no insuspeito Diário de Notícias)
De onde se conclui que o Impertinente tem que reformular esta antiga definição:
Segredo de justiça (Juridiquês)
Mecanismo processual que obriga o putativo arguido a comprar jornais ou a ver televisão para tomar conhecimento da acusação.
De onde se conclui que o Impertinente tem que reformular esta antiga definição:
Segredo de justiça (Juridiquês)
Mecanismo processual que obriga o putativo arguido a comprar jornais ou a ver televisão para tomar conhecimento da acusação.
O jus primae noctis dos alegados senhores da sucata
No Portugal medieval havia o direito de pernada dos senhores sobre os servos da gleba. No Portugal do socialismo pós-moderno a primeira violação do segredo de justiça parece ter sido reservada aos senhores da sucata que, nos dias imediatos à chegada das certidões da DIAP de Aveiro à Procuradoria-Geral da República, por uma misteriosa alegada coincidência trocaram alegadamente de telemóvel (usando alegados cartões descartáveis) para fintar as escutas. E, segundo o Sol, fizeram-no alegadamente todos (incluindo o alegado querido líder) em alegada perfeita sintonia.
ARTIGO DEFUNTO: os desígnios do jornalismo de causas são insondáveis (5)
É sempre reconfortante saber que há mais criaturas que partilham o mesmo espanto com as aparições da Nossa Senhora da Maldita Realidade aos Pastorinhos da Economia dos Amanhãs que Cantam. Ainda para mais quando se trata de um jornalista económico, como Camilo Lourenço, que há muito tempo antecipou os apertos porque estamos a passar e as desgraças que nos esperam. Aliás, Camilo Lourenço vai mais longe e já anuncia uma aparição colectiva aos portugueses: «de repente o País descobriu que está na bancarrota». Não o acompanho nessa sua visão optimista sobre o realismo dos portugueses. Teremos que esperar algum tempo, mas lá chegaremos, lá chegaremos.
Quem parece definitivamente convertido, depois da primeira aparição da Nossa Senhora, que o levou a concluir «Está tudo doido», é Daniel Amaral. Já não consegue «imaginar o choque que uma tal violência [a violência das medidas que ele próprio considera necessárias] irá provocar no país» e neste seu último artigo («O assador») parece queixar-se das oposições que não fazem nada para derrubar o governo deixando-o com a responsabilidade de tomar medidas a que DA chama «o ónus do "trabalho sujo"», ónus que a mim me parece mais o de limpar a sujeira deixada pelos quase 5 anos de governos Sócrates, sem esquecer os quase 7 anos de governos Guterres.
Quem parece definitivamente convertido, depois da primeira aparição da Nossa Senhora, que o levou a concluir «Está tudo doido», é Daniel Amaral. Já não consegue «imaginar o choque que uma tal violência [a violência das medidas que ele próprio considera necessárias] irá provocar no país» e neste seu último artigo («O assador») parece queixar-se das oposições que não fazem nada para derrubar o governo deixando-o com a responsabilidade de tomar medidas a que DA chama «o ónus do "trabalho sujo"», ónus que a mim me parece mais o de limpar a sujeira deixada pelos quase 5 anos de governos Sócrates, sem esquecer os quase 7 anos de governos Guterres.
27/11/2009
A atracção fatal entre a banca do regime e o poder
Não é de hoje nem de ontem o desvelo com que alguns bancos procuram saltar para o colo do governo em exercício, desvelo sempre retribuído pelos governos com atenções e, sobretudo, com negócios.
Há alguns casos que podemos considerar exemplares, até porque envolvem gerações de banqueiros e camadas sucessivas de políticos. Não posso dizer gerações de políticos porque, apesar de tudo e só por excepção da família Soares e pouco mais, os seguintes não são filhos dos anteriores. Em vez disso, são como camadas sedimentares que se vão depositando umas em cima das outras, distinguindo-se apenas alguns notáveis fósseis que, pelo acaso da vida e da morte, por lá jazem.
Um desses casos exemplares é o dos Espíritos, recorda Pedro Jorge Castro no seu livro recém-publicado «Salazar e os Milionários». Ricardo Espírito Santo que um dia escreveu ao Botas, lamentando a sua ausência numa inauguração, «para mim, foi como um dia de sol em que também chovesse. No andor maravilhoso que eu tinha ideado e realizado faltava o santo», permanece como um paradigma para os seus herdeiros. Herdeiros que ainda hoje se afadigam a saltar para o colo do governo, primeiro do doutor Cavaco, depois do engenheiro Guterres, episodicamente do doutor Barroso e, com manifesto enlevo, para o colo do engenheiro Sócrates. Está-lhes no ADN.
Quando, como inexplicavelmente parece ter sido o caso, os banqueiros não saltam para o colo do governo, assalta o governo os conselhos de administração. Aqui o paradigma é o Millenium bcp, que capitaneado pelo doutor Santos Ferreira está a praticar um mix entre a política do governo por outros meios (empréstimos à Mota Engil de 1,2 mil milhões e à Controlinvest do amigo Oliveira) e a retribuição aos accionistas pela participação no assalto (Teixeira Duarte, Soares da Costa, Berardo). Resultado: 6 clientes devem o equivalente a 80% da capitalização bolsista do Millenium bcp.
Há alguns casos que podemos considerar exemplares, até porque envolvem gerações de banqueiros e camadas sucessivas de políticos. Não posso dizer gerações de políticos porque, apesar de tudo e só por excepção da família Soares e pouco mais, os seguintes não são filhos dos anteriores. Em vez disso, são como camadas sedimentares que se vão depositando umas em cima das outras, distinguindo-se apenas alguns notáveis fósseis que, pelo acaso da vida e da morte, por lá jazem.
Um desses casos exemplares é o dos Espíritos, recorda Pedro Jorge Castro no seu livro recém-publicado «Salazar e os Milionários». Ricardo Espírito Santo que um dia escreveu ao Botas, lamentando a sua ausência numa inauguração, «para mim, foi como um dia de sol em que também chovesse. No andor maravilhoso que eu tinha ideado e realizado faltava o santo», permanece como um paradigma para os seus herdeiros. Herdeiros que ainda hoje se afadigam a saltar para o colo do governo, primeiro do doutor Cavaco, depois do engenheiro Guterres, episodicamente do doutor Barroso e, com manifesto enlevo, para o colo do engenheiro Sócrates. Está-lhes no ADN.
Quando, como inexplicavelmente parece ter sido o caso, os banqueiros não saltam para o colo do governo, assalta o governo os conselhos de administração. Aqui o paradigma é o Millenium bcp, que capitaneado pelo doutor Santos Ferreira está a praticar um mix entre a política do governo por outros meios (empréstimos à Mota Engil de 1,2 mil milhões e à Controlinvest do amigo Oliveira) e a retribuição aos accionistas pela participação no assalto (Teixeira Duarte, Soares da Costa, Berardo). Resultado: 6 clientes devem o equivalente a 80% da capitalização bolsista do Millenium bcp.
Nove meses depois a ERC diz que vai averiguar a alegada interferência
Em Fevereiro teve lugar a primeira denúncia de alegada chantagem de Sócrates, via um dos seus alegados amigos que alegadamente colocou no Millenium bcp, sobre o Sol na pessoa do seu director José António Saraiva. Nove meses depois, segundo o diário que merece o carinho do querido líder e dos seus amigos e por isso nunca se queixará de interferências, a ERC diz que «vai averiguar alegadas interferências na independência de alguns órgãos de comunicação social por parte do Estado».
Espera-se, com alegada ansiedade, o resultado da alegada averiguação.
Espera-se, com alegada ansiedade, o resultado da alegada averiguação.
ARTIGO DEFUNTO: os desígnios do jornalismo de causas são insondáveis (4)
Tenho vindo a celebrar as aparições da Nossa Senhora da Maldita Realidade aos Pastorinhos da Economia dos Amanhãs que Cantam. Primeiro foi o pastorinho Nicolau Santos, depois foi o pastorinho Daniel Amaral, depois foi o pastorinho Vital Moreira (que não é economista, mas escreve como se fosse).
Foi agora a vez de João Ferreira do Amaral que mostra no artigo «O tempo esgotou-se» que foi também atingido pela revelação. Admite JFA que o que aí vem «fará da crise de 1983-84 uma brincadeira de crianças». Só podemos concordar, acrescentando que não será para crianças e muito menos curta.
Esperam-se novas conversões a todo o momento. Como é habitual nas conversões, haverá um ponto em que o fenómeno atingirá en masse a corporação dos economistas, seguida das restantes corporações que compõem a intelligentzia doméstica. Será nessa altura que todos cantarão em coro, em vez dos amanhãs, uma ladainha com um refrão: «como eu sempre disse bla bla bla».
Foi agora a vez de João Ferreira do Amaral que mostra no artigo «O tempo esgotou-se» que foi também atingido pela revelação. Admite JFA que o que aí vem «fará da crise de 1983-84 uma brincadeira de crianças». Só podemos concordar, acrescentando que não será para crianças e muito menos curta.
Esperam-se novas conversões a todo o momento. Como é habitual nas conversões, haverá um ponto em que o fenómeno atingirá en masse a corporação dos economistas, seguida das restantes corporações que compõem a intelligentzia doméstica. Será nessa altura que todos cantarão em coro, em vez dos amanhãs, uma ladainha com um refrão: «como eu sempre disse bla bla bla».
26/11/2009
SERVIÇO PÚBLICO: As contas do TGV
Dois artigos imperdíveis de Avelino de Jesus sobre o maior elefante branco deste século, so far:
O quadro seguinte de Avelino de Jesus é eloquente quer a respeito da megalomania patente nos 5 indicadores de peso relativo, quer a respeito da deliberada subavaliação do investimento necessário em infra-estruturas e dos custos de manutenção.
O quadro seguinte de Avelino de Jesus é eloquente quer a respeito da megalomania patente nos 5 indicadores de peso relativo, quer a respeito da deliberada subavaliação do investimento necessário em infra-estruturas e dos custos de manutenção.
SERVIÇO PÚBLICO: o défice de memória (2)
[Actualização deste post]
17-12-2008
O ministro das Finanças (MF) diz que o défice em 2009 será de 3% do PIB e não 2,2% .
05-02-2009
É aprovado pelo PS o Orçamento suplementar com uma previsão 3,9% do défice.
21-04-2009
O MF diz que «a despesa está perfeitamente controlada» e que o défice se mantém (3,9%)
15-05-2009
O MF diz que o défice será 5,9% em vez de 3,9%
04-07-2009
O MF mantém que o défice será 5,9%.
22-07-2009
José Sócratez diz que «está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu».
09-10-2009
O MF mantém a previsão de 5,9%.
03-11-2009
A CE anuncia uma previsão de 8% e o MF admite a revisão da estimativa anterior (5,9%).
24-11-2009
Défice do Estado dispara para 8,4% do PIB em 2009, em resultado do orçamento rectificativo redistributivo apresentado à AR.
Entretanto, segundo as estimativas de Miguel Frasquilho, o aumento do limite de endividamento em 4,9 mil milhões não encontra justificação a menos que o défice seja ainda maior do que o implícito. Enfim mais uma trapalhada do melhor dos piores ministros das Finanças.
17-12-2008
O ministro das Finanças (MF) diz que o défice em 2009 será de 3% do PIB e não 2,2% .
05-02-2009
É aprovado pelo PS o Orçamento suplementar com uma previsão 3,9% do défice.
21-04-2009
O MF diz que «a despesa está perfeitamente controlada» e que o défice se mantém (3,9%)
15-05-2009
O MF diz que o défice será 5,9% em vez de 3,9%
04-07-2009
O MF mantém que o défice será 5,9%.
22-07-2009
José Sócratez diz que «está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu».
09-10-2009
O MF mantém a previsão de 5,9%.
03-11-2009
A CE anuncia uma previsão de 8% e o MF admite a revisão da estimativa anterior (5,9%).
24-11-2009
Défice do Estado dispara para 8,4% do PIB em 2009, em resultado do orçamento rectificativo redistributivo apresentado à AR.
Entretanto, segundo as estimativas de Miguel Frasquilho, o aumento do limite de endividamento em 4,9 mil milhões não encontra justificação a menos que o défice seja ainda maior do que o implícito. Enfim mais uma trapalhada do melhor dos piores ministros das Finanças.
25/11/2009
Boas práticas
A General Motors, ressuscitada à custa da injecção de milhares de milhões de dólares dos contribuintes americanos, decidiu reembolsar integralmente o crédito de 1,5 mil milhões de euros que o governo alemão lhe concedeu para manter a flutuar a Opel, poupando assim aos contribuintes alemães a factura que Angela Merkel, para garantir os empregos alemães, se propunha pagar ao consórcio que compraria a Opel.
A raison d’être do mercado não é só eficiência
O problema da corrupção não é só moral e a raison d’être do mercado não é só eficiência, é também moral. A economia de mercado é o único sistema que permite, promove e gratifica a livre iniciativa e a livre iniciativa é um exercício de liberdade.
Tudo isto fará sentido se houver iniciativa e uma pulsão para a liberdade.
Tudo isto fará sentido se houver iniciativa e uma pulsão para a liberdade.
24/11/2009
Procura-se o Vital Moreira de 2002
Dão-se alvíssaras a quem encontrar o Vital Moreira que defenderia que seria legítimo discutir «a substância do problema (ou seja, a censurabilidade política dos factos em causa)», por exemplo as escutas das conversas de Sócrates com o seu amigo Vara sobre temas públicos, independentemente da «legitimidade ou pertinência da apreciação da conduta». Foi isso que ele defendeu em 2002, a propósito de Paulo Portas que no caso Universidade Moderna nem sequer era arguido, como muito oportunamente recordou Pedro Lomba em «A apologia da ignorância».
CASE STUDY: deve haver uma explicação
Deve haver uma explicação para a megalomania esquizofrénica dos portugueses a que o jornalismo de causas se pela por dar eco. Veja-se como uma trivialidade que é um operador de televisão comprar um serviço de partilha de um satélite de telecomunicações, juntamente com mais umas dezenas de outros operadores, é transformada numa epopeia descrita em estilo gongórico:
Em rigor, a única coisa que merece destaque nesta notícia plena de pompa e circunstância é a parceria leonina com a filha do czar angolano, uma espécie de royalty que qualquer investidor tem que pagar à nomenclatura.
"Zon lança satélite a partir do Cazaquistão"
"Zon segue as pisadas de Yuri Gagarin"
«Segundo a Eutelsat, este é o "satélite mais poderoso" construído até à data e vai posicionar-se a 36º graus Este, uma localização que permite a cobertura de um território extenso, desde a Rússia até à África sub-sariana, possibilitando a difusão de serviços digitais e televisão paga. Precisamente o modelo de negócio escolhido pela operadora liderada por Rodrigo Costa para entrar no mercado angolano, onde, tal como o Diário Económico avançou em primeira mão, conta com a parceria da empresária Isabel dos Santos, que ficará com 70% do consórcio.»Em rigor, a única coisa que merece destaque nesta notícia plena de pompa e circunstância é a parceria leonina com a filha do czar angolano, uma espécie de royalty que qualquer investidor tem que pagar à nomenclatura.
Trabalhar dá muito trabalho
«A MAN Diesel, fornecedora alemã de motores diesel para a marinha e instalações estacionárias - que entrou agora directamente no mercado português -, teve dificuldade em recrutar engenheiros de máquinas, maquinistas navais e mecânicos dispostos a deslocarem-se a bordo dos navios e a trabalhar na sala das máquinas.
Não por falta de trabalhadores com formação, mas porque esta é uma tarefa árdua, de longas horas, e feita num ambiente difícil.
"Implica ficar algum tempo fora. Estes engenheiros e mecânicos chegam a trabalhar dez horas seguidas", explicou ao PÚBLICO António Penaforte, um dos responsáveis pelo negócio em Portugal. Bem remunerada, a função de service engineer exige experiência anterior na reparação de motores a bordo.
"Neste momento tenho um trabalhador dinamarquês, porque não foi possível encontrar um português com a mesma experiência", ilustra.» [Público]
Para quê tanta maçada, se sempre há esperança de encontrar um emprego para toda a vida, em ambiente climatizado, numa repartição pública ou numa das empresas públicas ou semi-públicas que produzem bens ou prestam serviços não transaccionáveis?
Não por falta de trabalhadores com formação, mas porque esta é uma tarefa árdua, de longas horas, e feita num ambiente difícil.
"Implica ficar algum tempo fora. Estes engenheiros e mecânicos chegam a trabalhar dez horas seguidas", explicou ao PÚBLICO António Penaforte, um dos responsáveis pelo negócio em Portugal. Bem remunerada, a função de service engineer exige experiência anterior na reparação de motores a bordo.
"Neste momento tenho um trabalhador dinamarquês, porque não foi possível encontrar um português com a mesma experiência", ilustra.» [Público]
Para quê tanta maçada, se sempre há esperança de encontrar um emprego para toda a vida, em ambiente climatizado, numa repartição pública ou numa das empresas públicas ou semi-públicas que produzem bens ou prestam serviços não transaccionáveis?