30/12/2009

SERVIÇO PÚBLICO: os irlandeses deviam aprender connosco (3)

A respeito da falta de atenção que a Irlanda dedica às políticas de investimento público em elefantes brancos do engenheiro Sócrates, aqui e aqui já referida, no artigo «A Irlanda, outra vez», Miguel Frasquilho faz uma retrospectiva do processo que levou este país da posição que partilhava com Portugal nos últimos lugares da União Europeia nos anos 80 até ao segundo nível de vida mais elevado. Faz também uma referência às seguintes medidas que o governo vai pôr em prática:
«… o Governo irlandês pretende implementar um plano draconiano de cortes na despesa, que inclui a descida dos salários na Administração Pública, a redução de benefícios sociais (Segurança Social, subsídio de desemprego, abono de família, sistema de saúde), o aumento da idade de reforma para os funcionários públicos de 65 para 66 anos, e a diminuição do investimento público. Ao todo, uma queda prevista da despesa pública superior a EUR 4 mil milhões em 2010 face ao valor estimado para 2009 (cerca de EUR 77 mil milhões, 46.9% do PIB)… a que se seguirá nova queda, de cerca de EUR 2 mil milhões em 2011. É particularmente impressivo o corte de 10% que, em média, sofrerão os cerca de 400 mil funcionários públicos irlandeses em 2010… E como o exemplo vem de cima, o primeiro-ministro verá o seu salário reduzido em 20% (!) e os ministros em 15%... Do lado da receita, merece destaque a introdução de uma taxa ambiental (de carbono) sobre os combustíveis, que deverá render cerca de EUR 500 milhões… mas, ao mesmo tempo, a Irlanda ainda arranjou espaço para descer a taxa normal do IVA, de 21.5% para 21% (uma pequena ajuda à economia doméstica). E mantém como ponto de honra não subir a taxa de IRC, que continuará a ser de 12.5% (muito atractiva para investidores).»
Dentro de 2 ou 3 anos, quando os portugueses estivem a tentar perceber como foram levados pelas patranhas do senhor engenheiro, na melhor hipótese, ou, na pior e mais provável, quando os portugueses ainda estiverem a remoê-las, já os descendentes dos comedores de batatas descolaram outra vez.

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