19/12/2009

CASE STUDY: já não sabe distinguir a verdade da mentira

Apesar de o fenómeno ser conhecido dos psicólogos, permanece para mim um grande mistério a capacidade que certas criaturas têm para mentir com o ar mais inocente do mundo. Ao que parece esta capacidade é bastante comum em certas classes profissionais. Desde sempre na classe dos vendedores de banha-da-cobra, e, mais acentuadamente nas últimas décadas, na classe política. É claro que há quem tenha um verdadeiro talento, como Bill Clinton ou Barack Obama, outros, como José Sócrates, coxeiam esforçadamente atrás desses faróis da mistificação. E há os que, como o camarada e amigo Armando Vara, compensam a óbvia falta de talento com uma notável falta de vergonha.

Isto tudo a propósito da entrevista que o doutor (Universidade Independente) Armando Vara deu ao canal de serviço público a semana passada e que ontem o director do Sol, José António Saraiva, comentava no seu editorial com as seguintes palavras:
«A propósito, fiquei impressionado com a entrevista … Porque o ouvi desmentir, com a maior naturalidade, coisas que sei serem verdadeiras – e que ele sabe que várias pessoas conhecem.
Fiquei com a ideia de que perdeu as referências, já não sabe distinguir a ‘verdade’ da ‘mentira’, tudo o que lhe interessa é safar-se
Perante este estado terminal da prática política socialista, «o ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor», para citar o Pertinente. Eventualmente esse silêncio pode significar que já não existe gente honrada no PS o que me recorda as palavras do doutor Soares que escreveu, logo após a fuga do Eng. Guterres, que «ao PS fará bem uma cura de oposição ... para livrar-se de um certo oportunismo interesseiro e negocista que o atacou, como musgo viscoso». Imagine-se o que ele hoje escreveria, se aplicasse o mesmo critério ou se ainda estivesse completamente lúcido – esta segunda hipótese, contrariamente ao que possa parecer, sendo a mais benigna é uma cortesia minha.

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